Drakons escrita por Astrynology, Angelina Salvatore


Capítulo 2
Capítulo 2




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                                                                       Seryn

Me arrumei o mais lento possível, cantando uma musica qualquer na minha cabeça, além disso, eu ainda não tinha arrumado minhas coisas na bolsa como sempre fazia antecipadamente, encarei minha figura albina no espelho, meus cabelos brancos e ondulados que iam até a altura do ombro estavam presos em uma trança elegante, o vestido tomara que caia preto, justo e curto demais na minha opinião, faziam um contraste com minha pele extremamente clara, calcei minha costumeiras botas pretas, ignorando completamente a ordem do meu pai de ir com algum salto chique e novamente evitei meu telefone tocando quando vi que era ele que estava me ligando, muito provavelmente pelo meu atraso, eu odiava me atrasar, porém para ir na casa do meu pai “conversar” com homens de terno e olhar falso, eu fazia questão de demorar, coloquei tudo o que precisava na bolsa e sai, arrastando meus pés a cada passo.

Algumas horas depois de uma caminhada vagarosa cheguei a casa dele e logo entrei com cara de poucos amigos, Arker, meu meio-irmão mais novo, estava encostado na parede de braços cruzados encarando a porta e quando me viu suspirou, seus cabelos pretos, que lembravam muito o de nosso pai, estavam muito desarrumados e ele estava com a primeira roupa que encontrou no ninho que era seu quarto, sinal de que tinha acabado de acordar, olhei o relógio e passava do meio-dia, arqueei a sobrancelha, eu tinha certeza, ele passou a madrugada jogando, ele somente deu uma risada baixa pra mim.

— Já aviso que ele está muito bravo com você. – Estávamos em frente a entrada da sala em um lugar onde as pessoas de dentro não podiam ver.

— E quando é que ele não estar? – Disse, cética.

Arker pareceu pensar e vendo que não chegou a nenhuma conclusão apenas suspirou, ele era moreno como a mãe, que morreu quando ele nasceu, porém tirando isso possuía todas as características iguais a do pai, queixo quadrado, um bom porte físico e intimidador, além de sua altura, que muitos diriam que ele podia ser meu irmão mais velho facilmente, mas ele era nove anos mais novo que eu.

— Só venha me visitar mais vezes, você sabe que essa casa é praticamente minha, ele passa vários dias, ou até meses fora. – Ele disse dando um leve soco no meu ombro.

— Mesmo assim não se acomode, arranje logo um emprego e dê um jeito de sair daqui. – Arker não tinha a ideia do monstro que estava sentado naquele sofá. – Irei entrar. – Não queria que ele descontasse sua raiva em Arker.

— Boa sorte. – Ele falou subindo as escadas em direção ao seu quarto. Não sei se ele dar ouvidos ao que eu falo, mas eu só podia torcer para que sim.

Dei um passo em direção a ele, seus olhos foram tão cortantes e medonhos, mas eu não me importava, fazia tempo que eu tinha deixado de me importar. Depois de horas de conversas entediantes sobre negócios onde eu fingia estar me interessando a visita finalmente disse que iria embora, acompanhei o homem até a porta dizendo palavras vazias e ele saiu com um sorriso no rosto, parecendo satisfeito com a conversa.

— Não ache que o seu atraso irá ser esquecido Seryn. – Quase revirei os olhos enquanto olhava para o meu pai. Quase.

— Eu sei, meu pai. Não irá se repetir novamente. – Disse com a cabeça baixa.

— E não ouse entrar mais nessa casa com essas botas horrorosas, já falei sobre isso e na próxima vez não terá aviso. – Ele se aproximou do meu rosto, sua cara severa e dura estava estampada lá. – Você sabe do que eu estou falando. – Ele foi em direção a porta do seu escritório. – Agora que você, inutilmente, serviu ao seu propósito pode ir pra qualquer lugar, só saia da minha frente.

E sua figura nojenta foi para dentro daquele escritório que somente ele entrava, sua fortaleza divina, já fazia muito tempo que eu não me perguntava mais o que havia lá dentro ou o porque ele passava tanto tempo trancado lá, lembro que quando criança insistia avidamente para entrar, uma simples curiosidade de criança, a criança que naquele dia, morreu junto com a minha mãe.

Dei um suspiro longo e sai daquela casa, decidi que depois chamaria Arker para passar uns dias na minha casa, o fato dele ficar tanto tempo sozinho me preocupava, andei meio que sem rumo por algumas horas, não queria voltar para casa, hoje eu estava de folga do trabalho o que me garantia várias horas de tempo livre e Denebola, minha prima e amiga mais próxima estava ocupada na sua entrevista de emprego, em outras palavras, tédio completo.

Olhando a longa calçada que parecia se estender infinitamente suspirei o que pareceu ser a milésima vez, até que vi um homem vindo na direção contraria a minha, só havia nos dois caminhando naquela rua e tudo o que veio na minha cabeça é que ela parecia extremamente suspeito, continuei andando aumentando o passo e quando ele passou por mim percebi que ele riu, vi de relance ele fazer um movimento brusco na minha direção e então eu corri, olhei para trás e ele corria atrás de mim, meu coração bateu mais rápido e comecei a entrar em desespero, alguém, alguém tem que aparecer! De longe vi a porta do que parecia ser alguma livraria sendo aberta, corri o mais rápido possível, conseguia sentir que ainda estava sendo perseguida e então um homem saiu de dentro da livraria e eu simplesmente me joguei contra ele, porém parece que não com força suficiente pois ele não mexeu um músculo. 

— Me ajuda! – Minha voz saiu fraca, ofegante, desesperada. – Tem alguém... Alguém atrás de mim.

O homem colocou um dos seus braços a minha volta e me senti em segurança, uma tranquilidade se apossou de mim e por um breve momento esqueci que estava sendo perseguida, por instinto abracei o homem com força, eu estava sentindo medo do perseguidor sim, mais eu queria sentir aquela tranquilidade mais um pouco, ele tinha um cheiro bom, de terra e chás, minha consciência estava se esvaindo aos poucos, senti uma leve pontada de dor no meu pulso e então apaguei.

Acordei sentindo minha cabeça latejar, olhei em volta e minha visão estava embaçada, balancei a cabeça tentando ter noção do espaço onde me encontrava, o que não foi uma boa ideia, pois minha cabeça doeu ainda mais, me senti insegura e tonta, depois de um tempo encarando o nada minha visão voltou ao normal lentamente e percebi que eu estava sentada em uma poltrona rodeada de livros, estava perto de uma grande janela e vi que já estava escuro, o lugar não era grande, eu conseguia ver bem o balcão de atendimento daqui, havia prateleiras de livros até o teto e muitos papéis espalhados por algumas escrivaninhas que imaginei que deveriam ser usadas para leitura, aquela livraria parecia antiga, porém tinha um ar aconchegante.

— Como se sente? – A voz angelical de uma mulher chamou minha atenção, seus cabelos pretos estavam amarrados em um coque desarrumado e ela parecia cansada, sinal de que estava tentando pôr onde no lugar, ela tinha uma xícara de algo fumegante na mão e vendo que eu percebi estendeu para mim sorrindo.

— Eu estou bem, obrigada. – Peguei e bebi um pouco, era chá, calmante pelo visto, o que logo me fez lembrar do homem que me ajudou. – Um homem me ajudou, eu queria agradecer a ele.

— Ah, o Sr. Fallenius, ele está no andar de cima, se se sente bem para andar posso levá-la até lá. – Ela disse apontando para uma escada no canto do lugar que eu não havia percebido.

— Senhor? – Perguntei, eu não lembrava nada dele, seria um velho?

— Albus Fallenius, ele é o dono desse estabelecimento, o comprou recentemente e quis transforma em uma livraria, eu trabalho aqui como atendente e como você pode ver, tentando arrumar essa bagunça. – Ela me fitou, porém, seus olhos castanhos pareciam estar em outro lugar. – Ele sempre diz para mim chama-lo pelo nome, mas eu simplesmente não consigo me acostumar. – E eu sabia o que era aquele olhar, ela estava gostando dele, bebi um pouco mais do chá. – Além disso, meu nome é Myna Scarlis, foi uma surpresa você abraçando o Sr. Fallenius tão de repente. – Então, ela viu.

— Sim, não costumamos pensar em momentos de desespero e eu me chamo Seryn Natassya, e eu gostaria sim de vê-lo. – Falei confirmando o pedido que ela me fez. – Além disso, o que aconteceu com o perseguidor?

— Ele somente saiu correndo quando olhou para o Sr. Fallenius, deve ter ficado com medo, ele pode ser muito intimidador quando quer. – Myna deu um sorriso preocupado. – Fico feliz que ele não tinha nenhuma arma. – Eu não sabia se ela estava falando do homem que me salvou ou do perseguidor.

— Sim, eu também. – Disse somente.

Levantei com a cabeça ainda latejando, Myna chegou mais perto de mim, provavelmente temendo que eu iria cair, fiz um sinal com a mão dizendo que estava tudo bem e pedi para ela me guiar até ele, subimos as escadas em forma de espiral feita de madeira, tinha entalhes muito detalhados nela, como ramos de flores e espinhos por todo seu corrimão, passamos por um corredor e chegamos em frente a uma porta simples de madeira escura, ela bateu duas vezes na porta e a abriu, o escritório estava pouco iluminado, somente havia alguns candelabros acessos, e por causa desse detalhe senti que estava em uma época diferente.

— Sr. Fallenius a garota acordou e disse que queria falar com o senhor. – Myna falou abrindo mais a porta.

E então eu consegui o ver e perceber, ele estava encostado na mesa da sua escrivaninha olhando alguns papéis enquanto fumava um cigarro, seus olhos mudaram para a nossa direção e eu senti um arrepio na espinha, olhos cor de âmbar que pareciam brilhar naquela escuridão, Albus Fallenius me fitou diretamente e notei um desconforto no meu pulso, olhei para meu braço e vi algo que com certeza não estava lá antes, uma tatuagem, um ouroboros de dois dragões, onde o preto e o branco pareciam dançar harmoniosamente, minha cabeça latejou ainda mais e o fitei de novo, o tempo pareceu parar enquanto eu olhava aqueles olhos, um dragão de verdade, dei um passo para trás, e ele parecia querer me matar.


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