O sucessor escrita por HinataSol


Capítulo 14
A montanha que pega fogo


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos favoritos e comentários no capítulo anterior!
Agradeço de coração a cada um de vocês que vêm comentando e marcado o favorito! ♥
Perdoem a minha demora, para compensar, o capítulo é o maior até aqui (apesar de eu não gostar de capítulos maiores que 3 mil palavras)...

Boa leitura!



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Hinata comprimiu os lábios em uma linha fina.

As palavras haviam deslizado por seus lábios sem que ela as contivesse ou ponderasse. A vontade de saber o que Naruto sentia em relação à mãe, e se aceitaria conhecê-la, fê-la questioná-lo, mesmo que receasse.

— É claro! — E, sem hesitação, a resposta de Naruto veio até ela. No entanto, ele abriu a boca e fechou, como se procurasse algo mais para dizer. Com as sobrancelhas vincadas acima do nariz, parecia considerar se aquilo seria realmente uma possibilidade. — Mas... não acho que isso aconteceria... Quero dizer, depois de quase vinte anos, qual a chance disso acontecer?

— Naruto-san... — Hinata mordeu o lábio inferior.

Ela quis dizer. Quis dizer a ele que estava ali para isso. Para levá-lo até Tóquio, levá-lo até Kushina, levá-lo até a mãe. Que era uma oportunidade real para ele. Que não era uma ilusão.

Mas não teve coragem.

Um sentimento estranho lhe remexeu as entranhas, fazendo-a sentir um sabor amargo na boca.

É para isso que você está aqui, Hyūga Hinata! Abra essa sua boca e diga a ele! Repreendeu-se amarescente.

Todavia, como se teimasse contra suas ordens, seu corpo retesou, e nem o menor movimento sua boca produziu. As cordas vocais, desrespeitando-a em sua vontade, não emitiram som algum.

Não queria admitir, porém o ceticismo dele a fez parar e raciocinar. Naruto não acreditar na possibilidade, desarmou Hinata e sua súbita coragem esvaiu de seu corpo, assim como a água que desce por um ralo.

O medo de uma reação negativa dele fez Hinata hesitar.

Sentiu-se covarde.

Queria dizer toda a verdade a ele e se resignou por não o fazer por puro receio. Receio de que ele a olhasse com decepção ou a acusasse de o ter enganado.

Ela gemeu internamente, revoltada consigo, e desviou sua atenção para um outro ponto qualquer.

— Eu... Desculpe-me por isso. Não tinha a intenção de causar isso a você... Sinto que fui inconveniente. — Sua voz soou mais arrastada do que esperava. Sentiu-se mal.

— Não há problema. — Naruto negou com um balançar de cabeça e um sorriso simples. Ele observou os ombros dela meio encolhidos e riu, tentando descontrair o assunto, quando falou — Bom, mas agora eu vou mesmo fechar o dojô.

Ela o fitou embaraçada.

— Ah, claro. — Titubeou, a encaminhar-se até à saída.

Ao deslizar a porta, Naruto voltou-se para Hinata, que o esperava ali em frente. Olhou para o alto e tornou seus olhos a ela.

— Hm... você vai ficar aqui mais um pouco? — Ele lançou o questionamento como quem não quer nada e esfregou levemente as mãos — O Konohamaru não disse se você ia almoçar com a gente ou não.

Hinata o fitou.

— Eu não sei ao certo. — Admitiu ela, juntando as sobrancelhas. Seus olhos foram para longe dele e voltaram — Realmente, não pensei sobre isso antes de vir para cá.

Naruto então a olhou por um momento e ofereceu o convite.

— Então fique aqui com a gente. O Konohamaru vai ficar feliz e... o otou-san também gosta de você, então... — falou ele, como pretexto — além disso, é melhor do que almoçar sozinha em casa, certo?

— Hm, acredito que sim. — Murmurejou Hinata, após considerar e emendou — Mas não quero incomodar.

— Não vai! — Garantiu — Você já é quase da família.

Ela se constrangeu com a amistosidade dele.

Mesmo sendo bem recebida, Hinata não acreditava que Minato compartilhasse da mesma opinião que o filho e gostasse de tê-la ali. Não o culpava, porém. Ela estava ali com o intuito de levar Naruto para longe do pai. Em seu entendimento, era impossível que ele pensasse o mesmo que o filho mais velho.

Internamente, ela quis emitir um profundo suspiro quando aceitou o convite.

Eles adentraram a casa pela porta que ficava na cozinha e, na sala de jantar, se depararam com Minato-san já terminando de ajeitar a mesa, enquanto ouvia alguma reclamação do chateado filho mais novo — que mantinha a cabeça abaixada, apoiada sobre os braços cruzados, estando já assentado.

Konohamaru apenas se silenciou quando ouviu a voz do pai recepcionando Hinata e falando com o irmão mais velho. Os dois se encararam e Naruto quase revirou os olhos e riu quando o irmão desviou o olhar, ao virar a cabeça, emburrado.

Minato lavou as mãos e se assentou ao lado do filho mais novo; Hinata assentou-se de frente para Konohamaru e Naruto ao lado dela.

Logo, assim como Naruto havia dito, Hinata sentiu-se. Ela parecia realmente pertencer à família; estava completamente à vontade, como se estivesse em casa. A sensação de poucos minutos atrás havia ido embora tão rápido quanto veio. Os sentimentos maus que vieram sobre ela, simplesmente sumiram. O clima se tornava leve ali com eles e toda aquela frustração evaporava à medida que vinha.

Foi durante a refeição que Konohamaru se distraiu com a conversa e, ao ouvir algo que lhe chamou atenção, a Hyūga indagou-o.

— Festival?

O mais novo ali presente se voltou para ela, ao arquear as sobrancelhas. Ele engoliu a porção de arroz com pressa para poder falar.

— Hai. É um festival local aqui de Nara-shi. Acontece todo ano no final de janeiro, no quarto sábado do mês. — Contou ele — Pensei que já soubesse...

— Acho que já ouvi falar, mas, quando ainda estava em Tóquio, não aqui. — Considerou ela e falou — O último sábado do mês já é o próximo... vocês sempre assistem ao festival?

— Hunhum!

— Hm... — murmurejou Hinata.

— Quer ir com a gente? — Fora Naruto quem a indagara.

Ela o olhou surpresa e, depois, com sutileza, fitou Konohamaru e Minato ali, um tanto constrangida.

— Hm, bom, eu...

— Não diga que não quer incomodar — Naruto a cortou, repreendendo-a de maneira leve. — Eu estou te convidando porque realmente quero que você vá com a gente. Não precisa ter vergonha.

Hinata aspirou levemente o ar, fintando-o consternada.

— Não estou com vergonha. — Contestou ela, e levou uma porção de soba à boca.

— Hunhum! — Ele resmungou com entonação, sem acreditar e sorriu, a recordar-se de um momento anterior semelhante.

Hinata corou e encolheu os ombros. O sorriso de Naruto aumentou. Ele estava convicto de que ela se lembrou do mesmo que ele. O dia em que ele a ofereceu ajuda com as sacolas do mercado e ela recusou por se sentir, nas palavras dele, envergonhada.

Konohamaru estreitou os olhos na direção dos dois, enquanto Minato-san franziu as sobrancelhas, um tanto desassossegado com aquelas reações.

Ver como a menina Hyūga e o filho mais velho vinham construindo um laço de amizade o incomodava, apesar de tudo. Imaginar o que poderia surgir no futuro deles era algo que lhe poderia perturbar. Ele sentia que Hinata não era uma pessoa ruim. Kushina quem a enviou à Nara, afinal. Mas não achava que se aproximarem tanto um do outro, sob as circunstâncias em que estavam, poderia ser bom. Naruto e Hinata aparentavam muita compatibilidade, conquanto fossem diferentes. Mas ela estava em Nara devido a um motivo bem definido, ele sabia; apesar de que ela mesma parecia esquecer-se disso com frequência.

Ele queria estar errado em seus recentes pensamentos, mas não era um tolo. Sua capacidade dedutiva não o enganaria assim.

Suspirou inaudível e com lentidão.

— Shikamaru-kun e os outros também vão, Hinata-san. — Falou Minato, tentando dispersar seus pensamentos e dissipar qualquer sentimento aflitivo ali — Se te deixar mais confortável, pense que poderá ficar junto à Temari-san.

Ao ouvi-lo, Hinata consentiu com um gesto anuente. Temari e ela não eram amigas, mas não se incomodaria em estar próxima à namorada de Shikamaru-kun. Seria bem menos embaraçoso.

Isso a fez lembrar do amigo Nara, o gênio preguiçoso que assistia Kurenai na biblioteca, e seu relacionamento que parecia estar conturbado, no momento.

Mas ela balançou a cabeça, como se estivesse afastando esses pensamentos. Não tinha nada a ver com aquilo.

Hinata ajeitou-se ainda cedo. Fazia frio naquele dia.

Vestiu-se com uma roupa mais quentinha. Uma saia clara e comprida que ia até abaixo do joelho e uma calça escura por baixo; além de uma blusa cinza de mangas compridas, uma camiseta rosa e o casaco lilás.

Ela esperaria Shiho-san e, juntas, iriam até os outros para aproveitarem o festival.

Shiho não morava longe. Das pessoas que conheceu em Nara, ela era quem morava mais perto.

O festival começaria 12h, então todos eles combinaram de chegar lá entre dez e quinze minutos antes. Como era realizado às bases do monte Wakakusa, na região extremo-leste do Parque de Nara, Shiho e Hinata pegaram um ônibus por volta das 11h, evitando assim qualquer atraso.

Embora trabalhassem na mesma escola, Hinata e Shiho não se viam muito. Enquanto esta passava o dia todo na secretaria, aquela estava na biblioteca, do outro lado da escola. Não havia muito assunto aparente entre elas e era, de certo modo, estranho seguirem assim. As poucas vezes que tentavam suscitar um diálogo, estes não perduravam. Eram apenas cumprimentos simples, observações e comentários desconexos uns dos outros, aleatórios. Criava-se um certo silêncio entre elas. Não era ruim, mas também não parecia ser bom. Era bem objetivo, quase seco.

Se Shikamaru estivesse ali, provavelmente, diria que era problemático.

E, logo que chegaram ao parque, avistaram o amigo Nara e Temari à entrada. Hinata notou que Shiho se remexeu ao seu lado e estranhou aquela atitude.

Juntas, as duas seguiram até o casal.

— Shikamaru-kun, Temari-san — Hinata os cumprimentou, enquanto Shiho apenas balançou a cabeça, reforçando sua saudação e desviando os olhos, encabulando ainda mais a jovem Hyūga.

— Hinata, vocês chegaram cedo... — Falou Shikamaru. Cumprimentando-a também com um aceno e acrescentou — por enquanto só chegou a gente.

— Ah... acho que ainda é cedo — Murmurou ela, olhando ao redor e vendo que ainda não havia tantas pessoas por ali — Então... vamos esperar aqui enquanto eles não chegam?

Shikamaru balançou a cabeça.

— Acho melhor... o Naruto e o Konohamaru vão passar a tarde toda reclamando se não encontrarem a gente aqui quando eles chegarem. — Resmungou — “A gente chegou na hora. Vocês é que chegaram muito cedo”, tenho certeza de que eles vão dizer algo assim.

Ela riu.

— Tudo bem, então.

Temari desviou os olhos por um momento e, avistando um lugar para ficar, ela indicou e, com um sorriso convicto, avisou.

— Não vou ficar em pé esperando.

Shikamaru coçou a cabeça, enquanto a viu seguir até um assento público.

Arf!

— Que mulher problemática! — ele comentou e se virou para as outras duas — Gomen.

Hinata negou com a cabeça.

— Tudo bem. Acho que ela tem um pouco de razão. A gente pode ficar esperando ali.

Se sentindo vencido, Shikamaru foi até a namorada e se assentou em uma das pontas do banco. Temari estava ao seu lado, Hinata ao lado dela e Shiho na outra ponta.

Enquanto observavam as pessoas indo e vindo a sua volta, houve silêncio.

Diferente do que a situação poderia sugerir, Temari parecia estar com o humor leve. Ela não aparentava estar chateada com Shikamaru. No entanto, Hinata percebeu que Shiho estava completamente silenciosa.

Não era como se a assistente de Yūgao-san fosse uma pessoa extremamente falante, todavia, ela parecia tensa demais ali, evitando olhar na direção em que eles estavam. Parecia que tinha medo de olhar na direção de Shikamaru e Temari...

Hinata arqueou as sobrancelhas, surpresa com suas conclusões. Será que...?

— Shiho-san...? — Ela balbuciou baixo, sem se conter. Logo fechou a boca.

A assistente de secretaria negou com a cabeça, discretamente.

Antes que ela pudesse dizer algo mais, Hinata avistou Naruto chegando com o irmão mais novo um pouco à frente.

— Minna! — Konohamaru acenou sorridente ao chamá-los. Ele deu uma pequena corrida até eles.

Parecia estar de bom humor. Talvez fosse o festival.

— Konohamaru-kun, Naruto-san. — Hinata respondeu ao cumprimento quando eles já estavam mais perto.

— Oe! Não seja tão escandaloso — Reclamou Shikamaru.

Naquele momento, Hinata reparou que o Nara-san estava sempre a chamar a atenção de Konohamaru por seu jeito espalhafatoso. Ela riu com isso.

O cenho de Temari se fechou um pouco e ela estreitou os olhos quando se pôs a falar.

— Hm, eu achei que era apenas impressão minha ou que eu estivesse cismada, mas por que você chama o baka de Naruto-san e o preguiçoso de Shikamaru-kun?

— Huh?! — Articulou Hinata, genuinamente pega de surpresa.

— Temari! — Shikamaru a repreendeu, quase desacreditado.

Ela, porém, deu de ombros e bufou, sem arrependimentos. Queria saber.

— Só estou curiosa — Desconversou, embicando os lábios pintados de rosa salmão.

— Não seja uma ciumenta chata, Temari. Hinata-san também fala assim com outros. Comigo, com o Kiba, o Shino, o Lee e o Chouji. — Konohamaru interveio, enumerando-os com os dedos.

— Hã?! — Temari olhou para o menino, colocando uma expressão debochada no rosto e, depois, voltou-se para o mais velho dos irmãos, concluindo com acidez — Parece que o problema dela é com você, então, Naruto-san.

Naruto estreitou os olhos e quis mostrar a língua. Mas já era um homem adulto. Então conteve-se, estando satisfeito por Konohamaru tê-lo feito por ele.

Shikamaru envergonhou-se com aquilo. Ele se levantou com brusquidão do banco e, puxando Temari pela mão, saiu dali com ela.

Surpreendidos com a atitude do Nara, os quatro que ficaram ali, seguiram-nos com os olhos, ainda conseguindo ouvir quando ela exprimiu um “Ei, Shikamaru” e ele rebateu com “mulher problemática”.

Konohamaru balançou a cabeça em negação, como se quisesse deixar sua indignação explícita. Hinata abaixou um pouco a cabeça e Naruto a fitou com as sobrancelhas juntas.

Shiho sentiu-se excluída. As coisas andaram em uma direção na qual ela não se encaixava e isso a deixou desconcertada e deslocada.

— Eto... eu acho melhor eu ir... — iniciou Shiho, esfregando a palma de uma mão no braço.

— Shiho-san! — Hinata a impediu de continuar o que dizia, temendo que ela se afastasse, deixando-a a sós com Naruto e Konohamaru. Com os olhos meio arregalados, ela continuou — Hm, por que não vamos comprar algo para comer?

— Ettoo... — Shiho tentou resistir, mas o semblante suplicante de Hinata a coagiu. Sem ter coragem de negar, ela concordou — H-hai!

Com Shikamaru e Temari fora de suas vistas, Hinata seguiu ao lado de Shiho-san. Logo atrás delas vinha a dupla de irmãos.

Shiho ajeitava a armação dos óculos com frequência anormal, enquanto olhava tudo ao seu redor. Diferente da primeira vez que fez aquilo, não parecia nenhum pouco distraída. Ela estava bem atenta a tudo e, visivelmente, incomodada.

Hinata observou o caminhar dela. Os claros cabelos estavam da forma habitual; arrumados, mas meio arrepiados. Sua roupa era comum. Uma calça cor bege e um casaco branco pesado que impossibilitava a visualização do modelo de sua blusa. Assim como Hinata, ela carregava uma bolsa transversal sobre o ombro.

— Eto, Shiho-san...

— Hai?

— Hm, você...  — Hinata iniciou, mas hesitou.

Ela ponderou um momento e desistiu. Seria invasiva demais. Shiho e ela não eram tão próximas para perguntar algo assim.

Desviou os olhos.

A assistente de secretaria arqueou as sobrancelhas.

— Você... — ela olhou para os dois rapazes ali, pelo canto dos olhos, e abaixou o tom de voz — você queria perguntar sobre o Shikamaru-san?

Iie, não precisa falar sobre isso.

Shiho balançou a cabeça.

— Hm, há uma barraquinha de dangos ali. — Apontou para indicar — o que acha?

Hinata assentiu com a cabeça, voltou-se para Naruto e Konohamaru e eles consentiram.

Sentaram-se numa mesinha disposta em frente à barraca de dango. Cada um com um palito com os doces.

— Eu já gostei dele, mas não foi nada impressionante. Foi quando eu tinha idade do Konohamaru-kun — Shiho falou, logo mordendo um dango. Depois de comê-lo, continuou — Eu gosto de pessoas inteligentes, então acho que foi mais um deslumbre do que qualquer outra coisa. — Ela disse — Não acho que a Temari-san saiba disso, mas ela me olha de um jeito estranho de vez em quando e isso me assusta. — Admitiu, encolhendo os ombros, e acrescentou — Shikamaru-san é tão cômodo, é estranho ele estar com alguém tão enérgica e impositiva como a Temari-san. Mas eles até que combinam.

Hinata enrubesceu, surpreendida com a naturalidade da moça ao dispor sobre aquilo. Shiho fez seu relato sem quaisquer dificuldades. Sentiu que o tom dela soaria da mesma forma se elogiasse os dangos ou dissesse que estava frio.

— Você é muito corajosa. Eu não acho que teria coragem de admitir algo assim dessa forma. — Confessou num murmurar baixo, suas bochechas ainda avermelhadas.

Naruto e Konohamaru a fitaram com curiosidade e interesse, em silêncio até ali.

— Eu... acho que entendo. Mas é algo passado e superado. Acho que, por isso, eu não me constrangi. — Shiho, porém, corou ao dizer.

— Já eu acho que aquela mulher bruta ainda vai acabar matando o Shikamaru-nii-san. — Konohamaru declarou, fazendo um bico ao se intrometer — Ela é muito mandona.

— Não diga isso, Konohamaru-kun. Ele gosta dela. Eu sei disso. — Hinata falou. Mas, mesmo que afirmasse, ela não poderia realmente dar certeza sobre isso.

— Hunf!

— O Shikamaru realmente gosta da Temari. — Naruto afirmou intervindo, convicto do que disse. — Ele não continuaria com ela se não gostasse muito dela.

— Você parece bastante certo do que diz, Namikaze-kun. — Shiho exclamou.

Hinata arqueou as sobrancelhas. Aquela foi a primeira vez que ouviu o sobrenome de Naruto ser dito de forma direta a ele. Soou-lhe estranho em demasia que o chamassem de “Namikaze-kun”, não atrelando o sobrenome Uzumaki a ele.

Naruto anuiu com a cabeça.

— Eu conheço ele desde sempre. Alguém como o Shikamaru não estaria com alguém tão... alguém como a Temari se não gostasse dela. — Ele declarou, sem receios.

— O Naruto-nii-chan tem razão. O Shikamaru-nii-san é preguiçoso demais. Não aguentaria a chata da Temari se ela não fosse importante pra ele. — Konohamaru admitiu, por fim se rendendo aos fatos.

Hinata olhou para o alto, sorrindo com simplicidade.

— Acho que vocês têm razão. Shikamaru-kun está sempre reclamando de como tudo é complicado... e a Temari-san parece ser sempre cheia de energia... Mas, de qualquer forma, eles formam um belo casal.

A concordância quanto àquilo foi unânime.

Depois disso, eles encerraram o assunto. Pelo menos por hora.

A cada instante que passava, era possível notar que o número de pessoas andando pelo parque ia aumentando.

— Acho que vou indo... — Shiho-san comentou de súbito — A Yūgao-san também disse que viria... Acho que vou procurar por ela. — Levantou-se e logo se despediu.

Hinata balançou a cabeça, enquanto a via se distanciar e, depois, olhou para os dois que ainda estavam ali.

— Isso foi repentino.

— A Shiho-san sempre foi assim. Mas agora entendo por que ela ficava nervosa quando falava com a gente. Ela gostava do Shikamaru.  — Naruto falou e soltou um comentário — Quem diria.

Konohamaru não deu muita atenção para aquilo. Ele estava mais preocupado em pensar como aproveitar o festival. Ponderando entre as atividades que mais gostava, ele enumerou mentalmente tudo que fez nos últimos anos, considerando o que Hinata poderia achar interessante ou não. Franziu as sobrancelhas e, depois de murmurar algo incompreensível, falou:

— Ei! Hinata-san, vamos participar do arremesso de sembei. — A empolgação dele ao sugerir era bastante visível a qualquer um.

A Hyūga embaraçou-se sem saber como recusar. A ideia de arremessar biscoitos de arroz não lhe parecia muito atrativa. Na verdade, não parecia nada atrativa.

O irmão mais velho revirou os olhos em um meio sorriso.

— Hm, ao invés disso, por que a gente não compra o sembei para dar para os cervos? — Naruto interveio — Acho que é algo mais interessante, não?

— Ah... — o menino murchou — acho que pode ser.

 

— NH -

 

Hinata sabia que a cidade de Nara era famosa por ter mais de mil cervos, mas, em quase quatro meses, era a primeira vez que passava pelo parque e via tantos deles.

O lugar era bonito e enorme, difícil até mesmo de descrever. A região em que estavam era aberta e tinha um gramado baixo e verdinho e, apesar do frio, havia bastante luz solar. Perto dali, podia-se ver alguns pessegueiros e cerejeiras e, mais ao longe, várias outras espécies de árvores — ainda tímidos em meio ao frio.

Com o tempo avançando, mais e mais pessoas apareciam por ali, andando de um lado para o outro. Alguns vestiam quimonos, outros carregavam câmeras fotográficas e folhetos informativos em suas mãos, registrando tudo ao redor com admiração. Desde os templos que ficavam no parque aos animais que caminhavam por ele.

Hinata ia pegando os sembei no pacote e oferecia aos cervos. Ao seu lado, Konohamaru imitava-a. Era divertido os ter se aproximando para comerem o biscoito, mesmo que alguns demonstrassem certa hostilidade.

Konohamaru a havia dito que os cervos de Nara eram extremamente mansos, mas que um ou outro se tornava um tanto agressivo quando as pessoas tentavam alimentá-los. Ela questionou a ele, então, se não seria perigoso tentar dar comida a eles. Dando de ombros, o menino lhe mostrou um sorriso travesso, dizendo que aqueles eram animais naturalmente selvagens. Os cervos de Nara eram exceções à regra. Só não deveriam abusar da sorte.

Hinata largou o pacote.

Eles ouviram cochichos ao redor e olharam para de onde vinha o som, admirando-se do tanto de animais que cercavam o mais velho dos dois irmãos.

Avistaram o jovem Naruto rasgar um pouco mais a embalagem e a deixar aberta sobre a palma de uma mão, enquanto tentava distribuir mais do biscoito de arroz com a outra. Mal conseguia se mexer em meio aos cervos os quais se ajeitavam ali. Uns nem demonstravam interesse na comida, apenas se deitavam próximos a ele.

Logo Naruto se sentou no chão, sendo rodeado pelos bichos que aparentavam querer estar próximos a ele. Sua expressão tornou-se aflita e ele parecia querer sair dali.

— Isso acontece com frequência? — Questionou Hinata, realmente admirada com aquilo.

— Não mesmo. — Konohamaru falou e balançou a cabeça, negando com um ar de riso. — Deve ter comida no bolso dele.

Embora não fosse nada demais, Hinata constrangeu-se por Naruto. Ele parecia realmente frustrado com a situação.

— Os cervos de Nara são considerados animais celestes, mensageiros divinos. Talvez queiram nos dizer algo com isso. Não é, Hinata-san? — A voz soou amistosa e chamou a atenção deles. — Talvez o Naruto seja alguém especial.

Hinata estremeceu. Konohamaru e ela desviaram a atenção para o orador.

Era alto, magro e possuía os cabelos claríssimos e espetados. Com as mãos no bolso e um a expressão simpática, ele se aproximou mais um pouco.

— Ei, Kakashi-sensei, eu também estou aqui. Não me ignore! — Ao reconhecê-lo, Konohamaru exprimiu seu descontentamento e questionou — Além disso, o que está fazendo aqui?

Os olhos do sensei foram até ele.

— Eu vim assistir ao festival. Estava passando por aqui quando vi vocês e pensei em dar um oi. — Kakashi falou, sorriu e olhou ao redor — Hm, já faz um tempo que não vejo o Minato-sensei. Ele não veio?

— Não. — Disse — E eu também não sei se ele vai vir.

Hinata observou o curto diálogo entre eles.

— Minato-sensei? — Questionou ela a Kakashi. Mesmo que hesitasse em seu interior, fez-se firme ao dizer.

Ao se mostrar presente, Kakashi fizera um comentário peculiar e o dirigiu, enfaticamente, a ela. “Mensageiros divinos”, “alguém especial”. Como um professor de língua japonesa, ela considerou que ele não usou as palavras de modo ambíguo aleatoriamente. A fala dele parecia um código direto a ela e Hinata quis confirmar, desconfiada e, de certa feita, temendo.

O professor da Nara Gakuen voltou a fitá-la. O olhar dele foi profundo e claro ao mesmo tempo. Kakashi não parecia querer ludibriá-la, apenas informá-la de algo. Mas o quê Hinata não sabia ainda.

— Hai. Não sei se você sabe, mas, antes do Naruto, Minato-sensei era o mestre do dojô. Estudei com ele quando eu ainda era novo. — Ele disse e, após breve pausa, acrescentou — Isso de antes até um pouco depois do Naruto nascer.

Então teve certeza.

Aquelas palavras realmente não foram ditas sem propósito. Cada uma delas foi cuidadosamente pesada antes de ser proferida. Hinata entendeu o que ele queria, não foi difícil saber.

Ao dizer que fora discípulo de Minato-san, antes e depois de Naruto nascer, Kakashi-sensei fê-la tomar ciência de algo importante.

A conclusão de Hinata foi simples. Se ele estava lá de antes até depois de Naruto nascer. Ele estava lá quando Naruto nasceu. Kakashi quis que ela soubesse que ele também sabia quem era a mãe de Naruto. Uzumaki Kushina, a imperatriz do Japão, mãe de Uzumaki Naruto, o próximo imperador do Japão.

Dizer isso a ela implicava em mais uma coisa. Kakashi também sabia quem ela era e devia suspeitar, se já não tivesse certeza, o porquê de uma Hyūga estar ali.

Com isso em mente, não sabia, entretanto, a fim de que objetivo ele estava. Não foi capaz de entender o que Kakashi queria ao deixá-la ciente de sua condição.

Quereria chantageá-la? Intimidá-la? Constrangê-la?

Não sabia.

Por isso, resolveu que não exporia suas indagações naquele momento. Faria parecer que não entendeu.

— Ah, isso é... interessante — Ela respondeu, não encontrando uma resposta melhor para entregá-lo. Torceu para que não estivesse transparecendo seu grande incômodo. Pediu que sua voz não falhasse — Acho que Konohamaru-kun comentou algo comigo antes.

Não conhecedor das questões alheias, o menino balançou a cabeça, afirmando.

— Ele, às vezes, ainda dá aula. Mas, quase sempre, só quando o Naruto-nii-chan não pode.

Hinata anuiu.

Kakashi puxou um livro compacto do bolso e o ergueu.

— Sabe o que é isso?  — Mostrou-o a Konohamaru, o qual negou — Isso é um lembrete de que você deve estudar bastante para as provas finais. Não esqueça disso!

E deu uma leve livrada na cabeça do menino, apenas para reforçar o que disse.

Itai! Pra quê isso? Era só falar. Não precisava me bater! — Reclamou Konohamaru.

— Não teria tanta graça. — O sensei falou e olhou para a Hyūga — Hinata-san, espero que você esteja preparada. — Depois de dizer isso, acrescentou — Meus alunos irão à biblioteca muitas vezes ainda antes da prova.

— Hã? — Reclamou o aluno — Por que cultivar tanta maldade dentro do seu coração, Kakashi-sensei?

— Para torná-los mais fortes — Rebateu Kakashi e emendou — Aliás, não vi o Shikamaru-kun hoje. Ele e o Naruto sempre foram tão amigos. Pensei que estariam juntos.

— Ele saiu com a Temari-san mais cedo — Murmurou Konohamaru, ainda contrariado.

O professor concordou com a cabeça.

— Oe, Kakashi-sensei! — Naruto cumprimentou, falando alto.

Ele se levantou e, desviando dos cervos, foi até onde estavam os outros três.

— Ei, Naruto! Já faz algum tempo, não? — Respondeu Kakashi e, provocando, o questionou — Tem estudado bastante?

Naruto coçou a cabeça, desconcertado e sorrindo.

Hinata olhou para ele e, mesmo consternada, sentiu vontade de sorrir também. O sorriso dele lhe era tão bonito e sincero.

— Acho que isso já responde — Kakashi tornou a dizer. Ele deu uma tapinha no ombro de Naruto e acrescentou — Bom, eu vou indo. Mande lembranças ao Minato-sensei por mim. Qualquer dia, vou lá visitá-lo.

E, acenando com uma das mãos, ele se foi.

Os três o observaram até perderem de vista entre as pessoas que caminhavam por ali.

Konohamaru voltou-se para o irmão e, usando o cotovelo, o cutucou nas costelas.

— O que foi aquilo? — O menino questionou — Nii-chan, desde quando você é encantador de cervos?

Naruto fez uma careta, ultrajado.

— E você acha que eu sei? Não faço ideia do que esses bichos queriam comigo.

— Talvez só tenham achado Naruto-san simpático — Hinata interveio, mesmo que não acreditasse nas próprias palavras.

Ela então desceu seus olhos ao chão, com as sobrancelhas juntas, compenetrada em seus questionamentos.

Kakashi já a conhecia há quatro meses. Então, por que isso? E por que só agora? Seria porque ela e Naruto estavam no mesmo ambiente?

Inquietou-se.

Naruto estreitou os olhos na direção dela.

— Aconteceu algo, Hinata? Você parece meio pra baixo agora.

— Iie! Não é nada — Ela negou prontamente e, fazendo-se sorrir, sugeriu — Por que não aproveitamos o restante do festival?

Àquela hora, o parque de Nara já estava lotado.

E, em meio à andança, o trio seguiu entre as barraquinhas preparadas especialmente para o festival, participando das atrações. Pararam em uma de petiscos assados, comeram bananas caramelizadas com chocolate e algodão doce colorido.

Eles também pararam na de tiro ao alvo, onde Hinata e Konohamaru conseguiram chaveirinhos com cervos de plástico pendurados. Aquele parecia ser um dos prêmios de menor pontuação e o menino constrangeu-se por não ter conseguido um brinde melhor para dar de presente à Hinata-san. Já Naruto acertou uma das plaquinhas de maior pontuação, ganhando um panda de pelúcia branco e rosa gigante e encabulou-se por não saber o que fazer com aquilo, enquanto andava em meio àquela multidão de gente.

O irmão mais novo começou a gracejá-lo, zombando de que a melhor pontuação não trouxera o melhor prêmio, mas o mais pomposo.

Ao lado deles, Hinata parecia, subitamente, ter ficado melancólica outra vez. A abordagem de Kakashi parecia que lhe atormentaria por algum tempo ainda. E, ao notar o seu estado cabisbaixo e disperso, Naruto usou aquilo como desculpa para entregar o grande urso a ela, dizendo a si mesmo que apenas queria a distrair do que quer que fosse que a estava incomodando. Ela, um tanto envergonhada, ainda assim, sorriu agradecida e aceitou o presente. Ele retribuiu o sorriso e o irmão mais novo emburrou o bico, não realmente chateado, mas ciumento.

Conforme foi entardecendo, eles se ajeitaram em um lugar entre o templo Tōdai-ji e o monte para que pudessem apreciar o ponto principal do festival.

Eram quase cinco horas da tarde quando a procissão dos monges começou. Saindo do Tobio de Kasuga no Taisha e parando no Santuário de Mizuya, para acenderem as tochas que seriam usadas durante o festival, eles seguiriam até à montanha.

Por volta das 17h30, uma fogueira acesa pelos monges crepitou atrás da barreira que restringia o acesso ao público. Houve uma bela queima de fogos de artificio a partir das 18h. Os hanabi enfeitaram o céu com sua luz agitada e multicolorida, um atrás do outro, perdurando por cerca de quinze minutos.

Depois disso, o clímax do festival: fogo foi ateado à montanha.

A equipe local do corpo de bombeiros estava ali próxima, atenta o todo o processo de queima, enquanto as chamas avançaram gradativamente pelo monte, impregnando-se no mato seco e tornando a montanha em uma grande tocha, reluzindo os tons laranja e vermelho do fogo, visível de toda a cidade de Nara.

Mesmo estando consideravelmente distantes, Hinata teve a sensação de que o calor das chamas os alcançava naquela noite fria.

A origem do Wakakusa Yamayaki era incerta. Uns diziam que o queimar a montanha iniciou-se com conflitos sobre a fronteira dos grandes templos de Nara-shi; outros, que o costume tinha por finalidade espantar os javalis selvagens. Sobre isso, apenas se tinha a certeza de que acontecia há algumas centenas de anos.

O que era certo, também, era que os templos Tōdai-ji, Kōfuku-ji e Kasuga atualmente trabalhavam em consonância no ponto mais importante do festival: queimar a montanha.

Ao fim do evento, enquanto o monte ainda ardia em chamas, Naruto recebeu uma mensagem de Shikamaru, dizendo que havia encontrado Yūgao-san e Shiho-san e que elas já estavam indo embora e Shiho pediu para ele avisar à Hinata.

Dado o recado, Naruto e Konohamaru insistiram em acompanhá-la até em casa, mesmo que recusasse, lembrando-os que morava distante deles.

Naquela noite, em sua casa, Hinata banhou-se agitada e com pressa.

Ela sentou-se na cama, pegou o celular que Kushina a entregara e o fitou por longos momentos. Não conseguindo decidir se ligava ou não, colocou-o na cabeceira ao lado da cama. Jogou-se sobre o colchão, olhou para o teto e, depois, suspirou resignada.

Pensou no dia atual, na semana passada e nos dias anteriores; em todas as chances que teve de dizer a Naruto que ele era o príncipe herdeiro do império japonês e que estava ali para levar ele até a mãe. Todas as chances que ela teve de contá-lo sobre sua ascendência e não o fez. Todas as chances de dar à Kushina a presença do filho e a Naruto a oportunidade de conhecer a mãe.

Frustrou-se consigo, com seu medo e hesitação.

As lágrimas se juntaram no canto de seus olhos e Hinata abraçou o panda, escondendo-se ali na pelúcia como uma covarde.

Sentiu-se miserável e cansada.

 

Dainibotan

 


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Notas finais do capítulo

As coisas se complicando para a Hinata... nem falo nada... Só que a gente tem que pensar que a Kushina e o Minato tinham “conhecidos”, né?
Alguém lembrava da Shiho?
Kakashi foi mencionado no capítulo 5.
Naruto foi mencionado como o segundo sensei do dojô no capítulo 8, pois o primeiro foi o Minato.
Até pouco tempo atrás, o imperador do Japão era tido como descendente de Amaterasu, a maior divindade do xintoísmo, a religião oficial do imperador (essa ideia do imperador ser uma "divindade" foi "renunciada" após a segunda guerra mundial). Por isso quando o Kakashi disse “Mensageiros divinos” e a Hinata logo associou, além de “alguém especial”.

"De acordo coma a lendária história do Santuário Kasuga, o deus Takemikadzuchi chegou a Nara montado em um cervo branco para proteger a recém-construída capital de Heijō-kyō".

P.S.: sobre o Shikamaru e a Temari, peço paciência. Não esqueci deles. Logo a situação vai ser resolvida. Eles têm que parecer bobos assim mesmo pra solução ter graça. :)

Postei uma oneshot hoje (NaruHina e no Japão também): https://fanfiction.com.br/historia/784936/Dainibotan/

Comentem! Deixem-me saber o que acharam. Capítulos maiores sempre me deixam nervosa.



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