P.O.V Regina

Antes mesmo de abrir os olhos já sinto as consequências da noite anterior, eu estou quase considerando falar que estou doente para não ter que sair do quarto, mas sei que por mais que eu consiga convencer meu pai a minha mãe saberia que estou mentindo e as consequências disso seriam mil vezes piores do que estou sentindo, e além disso tem a Emma.

— Puta merda a Emma. – Falo abrindo os olhos de uma vez e me arrependendo imediatamente quando a claridade ataca os meus olhos.

Quando meus olhos se acostumam com a claridade começo a me arrumar enquanto repasso os eventos da noite anterior na minha cabeça, me questionando se a Emma lembra o que aconteceu na noite passada ou se estava mais bêbada do que parecia, eu estou feliz, ansiosa, nervosa e com medo tudo ao mesmo tempo. A Emma é apaixonada por mim, eu definitivamente sinto algo por ela e ela está disposta a me dar a chance de descobrir, eu fico repetindo isso mentalmente, mas ainda não parece real, uma parte de mim, uma grande parte devo acrescentar, não consegue entender o porquê alguém tão incrível quanto a Emma está interessada em mim, uma voz me tira dos meus pensamentos antes que eu entre nessa espiral.

— Irmãzinha acorde que você tem um grande dia hoje. – Minha irmã entra em meu quarto, seu tom de voz quase como se estive cantando as palavras.

— Devo me preocupar com a sua felicidade repentina? – Olho desconfiada para a minha irmã.

— Não tem nada de repentina Gina, eu tenho a minha garota, você depois de hoje vai ter a sua e depois disso nossas garotas ficarão aqui com a gente. – Ela fica seria por um instante. – Então não estrague as coisas se auto sabotando. – Eu odeio o fato que a Zelena me conhece tão bem. – Agora se arrume e vamos comer porquê se você atrasar para a aula de magia não vai estar viva para ver a Emma. – Ela fala antes de sair do quarto.

Eu preciso me recompor pelo menos um pouco porquê se continuar assim não vou conseguir focar na minha aula, mas como posso focar em qualquer coisa quando só consigo pensar na Emma e seu sorriso?

Após me vestir desço para que possa tomar o café da manhã, ao chegar à mesa vejo a Emma e preciso desviar o olhar para disfarçar o sorriso, quando sento no meu lugar na mesa e olho em sua direção vejo Graham sussurrando algo em seu ouvido e consigo ver que ela ficou envergonhada enquanto Graham e Ruby riem da sua reação.

A café da manhã ocorreu de forma tranquila, pelo menos é o que eu acho não conseguia prestar atenção nos meus arredores, eu estava muito ocupada pensando na Emma e olhando discretamente, pelo menos eu espero que tenha sido discreta o bastante, para sua direção. No momento estou com a minha mãe e Zelena esperando a aula começar enquanto finjo que estou ouvindo o que minha mãe está falando sobre um torneio ou algo do tipo, sim tudo que eu preciso, mais visitas para fingir simpatia, nunca vou perdoar a Zelena por ter abdicado o trono, minha mãe está me encarando como se soubesse de algo, mas não fala nada.

A aula logo começa e talvez minha irmã esteja na mesma situação que eu referente a sua morena, pois hoje estamos no mesmo nível, infelizmente o nível em questão é bem baixo e a cada minuto que passa minha mãe fica mais estressada.

— Nunca me importei com as escapadas da Zelena no meio da noite, do mesmo jeito que não me importo com vocês saindo escondidas no meio na noite, apesar de que eu esperava mais de você Regina. – Não sei porque estou surpresa pela minha mãe saber sobre isso, não é como se muita coisa acontecesse por aqui sem ela saber. – Mas isso nunca atrapalhou a Zelena antes, mas se for começar a virar uma distração acredito que vou ter que tomar as devidas medidas para que isso não aconteça.

— Me desculpe mamãe, foi minha culpa, eu convenci Regina a ir comigo e fiz ela ficar até tarde cuidando de mim, não faça ela ser punida só por amar sua irmã. – Minha irmã fala enquanto abraça a minha mãe e minha mãe sempre teve um ponto fraco pela Zelena então ela só revira os olhos e nos libera com um aviso.

— Dessa vez vai passar, mas eu espero que estejam aqui amanhã com o dobro da disposição pois se amanhã a aula for tão improdutiva quanto hoje. – Ela encara a gente com um sorriso aterrorizante antes de continuar. – Bom vamos torcer para que vocês não descobrirem. – Ela sai da sala após dizer isso e Zelena soltamos a respiração que nem percebemos que estávamos segurando.

— Bom, eu vou atrás da minha garota e recomendo que você vá atrás da sua Gina. – Zelena começa andar em direção a saída e volto a ficar nervosa.

— Espera! – Chamo um pouco desesperada fazendo minha irmã parar, virar em minha direção e me encarar com a sobrancelha arqueada. – Eu não sei o que fazer. – Falo olhando para o chão levemente corada, a risada, ou melhor gargalhada, da Zelena faz com que eu levante minha cabeça irritada.

— Me desculpa Regina, é só que eu nunca imaginei que iria te ver assim. – O comentário dela me faz corar e abaixar a cabeça de novo. – Irmãzinha não tem porquê você estar nervosa assim, é só a Emma, vocês se conhecem desde sempre, fica tranquila vai ficar tudo bem. – Por estar com a cabeça abaixada não percebi minha irmã se aproximando até sentir sua mão em meu ombro enquanto ela fala a última frase.

— Eu sei, mas e se eu não corresponder às expectativas dela? – Dessa vez minha irmã me olha incrédula.

— Você não pode estar falando sério, Regina o que eu falei hoje mais cedo sobre se auto sabotar? – Apesar de ela ter feito a pergunta Zelena não me dá tempo para responder. – Eu genuinamente acredito que não tem nada que você possa fazer que vai deixar aquela mulher menos apaixonada por você. – Ela levanta meu rosto para falar a ultima parte. – Agora vai lá se preparar para ver sua garota. – E depois de dizer isso ela deixa a sala, me deixando sozinha tentando organizar meus pensamentos antes de respirar fundo e ir me preparar para encontrar a Emma.

Após passar em meu quarto para me arrumar, na verdade só tirar os vestígios do treino de mim, sigo para encontrar Emma até que percebo que não combinamos um lugar para nos encontrar, porém antes que eu possa me preocupar escuto batidas na porta, quando abro a porta vejo Emma e não consigo evitar meu sorriso.

— Zelena falou que você estaria aqui, e depois de perceber que não marcamos onde iriamos nos encontrar achei melhor vim aqui, espero que não se importe. – Ela desvia o olhar levemente envergonhada.

— Claro que não me importo, até porquê eu estava a um segundo de começar a me preocupar com o fato de não saber onde você estaria, então você chegou na hora certa. – Quando falo isso seu olhar encontra o meu e ela sorri, tem algo sobre o sorriso da Emma que parece que pode iluminar até a caverna mais escura.

— Bom parece que tudo está conspirando ao nosso favor hoje não é mesmo? – Dessa vez o sorriso no rosto dela é o sorriso brincalhão que ela sempre tem quando está me provocando.

— Parece que sim, espero que tenha planos para aproveitar essa sorte. – Resolvo entrar na brincadeira e respondo no mesmo tom.

Seguimos para “o nosso lugar preferido” segundo Emma, que nada mais é que a floresta que nós costumávamos ir quando criança, o caminho na maior parte é em silencio, não um silencio desconfortável, mas consigo perceber que ela está nervosa, fico curiosa com o ela considerar esse nosso lugar preferido, sim nós passamos muito tempo aqui quando éramos novas, mas também é o lugar dos nossos maiores traumas, a vez que a idiota da Emma quase se matou afogada e o dia que ficamos presas na floresta.

~ flashback ~

— Regina a gente precisa voltar, não quero que sua mãe brigue com a gente. – Falou a Emma. – Além de que está ficando escuro, é perigoso ficar na floresta quando escurece.

— Não sabia que você era tão medrosa Emma. – Regina provoca a loira. – Achei que era uma nobre guerreira que fosse me proteger. – Completa com um tom dramático no fim. – Além de essa floresta faz parte da corte, ninguém entra aqui sem permissão.

— Bom fala isso para os lobos. – Responde em um tom brincalhão, mas ainda sério. – E eu sempre vou te proteger princesa. – Emma fala em um tom sério. – E é por isso que eu quero evitar te colocar em perigo, vamos princesa. – Ela fala enquanto da a mão para Regina apoiar e subir em seu cavalo.

Quando Regina sobe em seu cavalo Emma sente algo passando rente ao seu rosto, um vento mexendo em seu cabelo, logo ela identifica esse algo, era uma flecha, uma flecha que acertou o cavalo da Regina fazendo ela cair do mesmo e machucar seu tornozelo no processo, o cavalo de Emma se assusta com a situação e sai em disparada. Emma sabe que elas não estão sozinhas e tudo que ela consegue fazer é puxar Regina que está presa em baixo do seu cavalo e arrasta ela para a caverna mais próxima.

— Princesa eu sei que você está com dor, mas eu preciso que você fique bem quieta agora para não sermos descobertas tudo bem? – Pergunta com um sussurro enquanto cobre a boca da Regina com uma mão e com a outra pega seu punhal. Ao fundo ela consegue ouvir vozes desconhecidas e percebe a respiração da Regina ficando mais pesada. – Calma princesa, não vou deixar nada acontecer com você.

— Estranho um cavalo desses por aqui, não é qualquer cavalo. – Uma das vozes fala.

— Bom o dono não deve estar muito longe, talvez a gente consiga alcançar ele. – A outra voz respondeu.

— Regina a gente precisa sair daqui, eu duvido que a gente consiga voltar hoje considerando que estamos sem os cavalos, a gente precisa achar um lugar seguro para passar a noite. – Emma consegue sentir que Regina está com medo e isso parte seu coração. – Vamos.

Emma apoia Regina em seu ombro e segue para o mais longe possível do local. Elas chegam em uma caverna relativamente afastada.

— Acho que aqui é seguro o bastante. – Emma fala quando chega em uma caverna mais afastada do lago onde estavam. – Deixa eu ver seu tornozelo princesa. – Regina tem um espasmo de dor quando a loira toca no local machucado. – Está bem feio agora, mas você vai melhorar logo pode ficar tranquila.

— Emma eu estou com medo. – A morena fala com os olhos marejados. – E com frio. – Após ouvir isso Emma tira sua capa e cobre Regina com ela.

— Calma Regina vai ficar tudo bem, assim que começar a amanhecer nós já podemos voltar para o castelo, isso se não encontrarem a gente antes. – Emma pensa nos próximos passos, ela precisa arrumar comida, água e uma forma de elas se manterem aquecidas. – Princesa eu vou precisar sair um pouco para pegar algumas coisas. – A morena segura o braço da Emma para a impedir de sair.

— Emma não me deixa sozinha por favor. – A loira retira a mão da Regina do seu pulso e pega seu punhal.

— Eu prometo que vou ser o mais rápida possível, enquanto isso você fica aqui fazendo o mínimo de barulho possível, vou deixar esse punhal com você. – Ela da um beijo na testa da Regina antes de sair da caverna.

A Regina não saberia dizer quanto tempo ela ficou sozinha, mas pareceu uma eternidade, todo barulho que ela escutava era o suficiente para deixá-la ainda mais assustada, além disso ela estava preocupada com a Emma, pois se ela está com o punhal significa que a loira está desprotegida. A morena começa ouvir passos que cada vez mais se aproximam, ela segura o punhal com força e prende sua respiração.

— Ei Regina sou eu, está tudo bem. – A voz de Emma a tranquiliza e ela finalmente consegue soltar a respiração.

O resto da noite é relativamente tranquila, Emma faz uma fogueira e elas vão para a parte mais funda da caverna para não chamar a atenção, Emma trouxe alguns peixes mas a ultima coisa que Regina consegue pensar é comida, ela não sabe quando mas em algum momento ela dormiu apoiada na loira, que passou a noite acordada para proteger a morena, ela acorda com Emma se mexendo para verificar o que é o barulho na parte de fora, quando a loira volta ela está acompanhada de algum guarda do castelo.

~ flashback ~

— Princesa? – A voz de Emma me tira dos meus pensamentos e vejo que chegamos no lago. – Minha companhia já está tão chata que você prefere fica dentro da sua própria cabeça? – Pergunta com um tom humorado enquanto me ajuda a descer do meu cavalo.

— Na verdade estava me perguntando porquê a sua ideia de me seduzir envolve me trazer no lugar que me causou um dos meus maiores traumas. – Respondo no mesmo tom.

— Bom, já que esse lugar foi tão importante para gente por motivos bons e ruins, nada mais justo que a gente crie novas boas memorias aqui para apagar as ruins. – Ela tem um ponto, esse lugar é tão importante para gente não é justo fingir que nunca aconteceu por causa de experiencias ruins. – E também porquê é oportunidade perfeita de usar meu corpo para te seduzir. – Ela me da uma piscada após falar isso e eu não consigo segurar a risada.

— Então é esse o seu plano? Vai realmente descer nesse nível? – Me aproximo dela que está amarrando nossos cavalos.

— Mas é claro princesa, não dizem que na guerra e no amor vale tudo? – Meu coração erra uma batida com a frase, não sei dizer se ela sabe as implicações do que acabou de dizer ou se ela só está me provocando. – Eu sei que está ansiosa por esse momento, mas antes vamos comer. – Vejo que Emma está segurando uma cesta com comida.

— Não achava que você era do tipo romântica. – A indignação em seu rosto me faz rir.

— Em primeiro lugar eu sou uma Charming, está no meu sangue, mais respeito por favor. – Seu drama só me faz rir mais. – Segundo que eu sempre dei flores.

— Flores do meu próprio jardim. – Eu a interrompo.

— Está cada vez mais difícil te agradar princesa. – Eu juro que não existe alguém mais dramática que essa mulher. – O que você espera que eu faça? Traga uma flor do meu próprio reino? Para que ela chegue aqui morta? Onde fica o romantismo nisso? Eu roubo do seu jardim por necessidade. – Rio novamente com seu drama.

— Eu gostaria de ter uma flor de inverno. – Comento mais como se estivesse externalizando um pensamento que fazendo um pedido.

— Eu vou pessoalmente colher todas as flores do meu reino e trazer para você princesa. – Ela fala com uma súbita determinação que me faz rir.

— Não era você que estava falando que não consegue trazer sem ela morrer no meio do caminho? Como que vai conseguir essa proeza Swan? – Ela me olha como se estivesse prestes a falar a coisa mais séria que já falou em sua vida.

— Princesa não subestime as coisas que eu faria para te ver sorrir. – É isso, ela ganhou, não é possível ouvir essas palavras com os olhos da Emma parecendo olhar dentro da minha alma e conseguir resistir.

— Você tem certeza que sua linhagem não tem nenhuma ligação com magia? É impossível todo esse charme ser natural. – Falo corando enquanto desvio o olhar.

— Você diria que está encantada princesa? – Ela parece orgulhosa do seu trocadilho e por mais brega que seja o sorriso que ela tem nos lábios agora faz valer a pena.

— Você é uma grande idiota Swan. – E talvez eu seja mais ainda por estar nessa situação.

— Tudo bem, eu sei que você gosta. – Pois é, talvez até demais.

P.O.V Emma

Deuses, Deuses, Deuses, Deuses.

Eu acho que vou colapsar, ok Emma respira fundo, não deixa transparecer que você está quase desmaiando, ela é a mesma pessoa que você conhece desde que é criança, a única diferença é que agora você tem uma chance real com ela e qualquer decisão errada pode fazer você estragar tudo, então sem pressão.

— Emma você sabe que não precisa ficar nervosa né? – Regina fala quebrando o silencio em estávamos enquanto comemos.

— Além de fazer bolas de fogo você também sabe ler mentes? – Ela apenas ri com a minha resposta.

— Mesmo se eu soubesse não é como se eu precisasse ler sua mente para saber o que você está pensando, não é como se eu te conhecesse. – Ela se aproxima mais um pouco de mim, o que não ajuda com meu nervosismo, e toca na minha mão. – Ei relaxa, sou só eu, cadê a Emma de cinco minutos atrás que estava lançando cantada atrás de cantada?

— Você me pegou Regina, eu sou uma fraude, aquela Emma não existe de verdade, ela é uma farsa. – Ela apenas arqueia a sobrancelha como resposta. – Desculpa, estou com medo de fazer algo errado e você perceber que sou idiota demais para você ter algo. – Desvio o olhar do dela, Regina solta minha mão e segura meu rosto de leve fazer com que eu a encare novamente.

— Emma você é uma grande idiota, sempre foi e aposto que sempre vai ser, porém eu não trocaria esse seu jeitinho por nada. – Ela fala antes de encostar os lábios no meu. É rápido e leve, porém é o suficiente para fazer meu coração acelerar, quando ela se afasta consigo perceber que ela está corada, pelos Deuses eu preciso fazer essa mulher ser minha porquê não sei se vou conseguir viver sem sentir o toque dos seus lábios novamente.