O loiro estava prestes a colocar seu plano em ação quando foi interrompido pelo som de notificações do seu celular. Quando pegou o aparelho e viu o que era, não conseguiu conter um sorriso. Depois de tanto tempo, uma mensagem de Marinette.

Oi

O modelo estava surpreso com aquilo, a azulada não falava com ele há semanas, como notou ao ver a data das últimas mensagens que trocaram.

Oi, tudo bem?

Ele enviou e aguardou durante alguns segundos a resposta. Na batalha que tiveram mais cedo, sentiu que não estava tão distante dela como imaginava. Será que a menina pensou o mesmo?

Estou bem, só um pouco cansada por causa da luta e da escola, e você?

O garoto percebeu que, pelo horário, a menina já devia ter saído do colégio.

Bem, mas estaria melhor se pudesse ter minha antiga vida de volta.

Ele enviou a mensagem e esperou a azulada responder.

Eu também ficaria bem melhor se pudesse te ver na escola todos os dias.

Adrien não conseguiu resistir a um sorriso.

E como estão as coisas lá? As provas estavam difíceis? Esqueci de te perguntar sobre aquela prova de física que estudamos juntos…

O loiro sorriu ao recordar o dia em que ele, Marinette, Alya e Nino estudaram para a prova. Lembrou que, quando ficou sozinho com a azulada, suas mãos se tocaram sem querer e riu ao pensar em como tinha ficado nervoso naquele momento.

As próximas provas serão só no mês que vem, por enquanto está bem tranquilo por lá. Sobre aquela prova de física… eu errei só duas questões, dá para acreditar? Muito obrigada, mais uma vez, por ter me ajudado! A Alya e o Nino também conseguiram notas boas e ficaram muito felizes.

Ele a parabenizou pela prova e os dois conversaram sobre a escola durante mais alguns minutos.

O pessoal lá da turma vive perguntando por você. Estão organizando mais uma visita para tentar convencer seu pai.

O loiro recebeu a mensagem de Marinette e ficou surpreso. Os amigos já tinham tentado aquilo diversas vezes e nem tinham passado do portão. E agora estavam querendo fazer isso de novo? O garoto se sentiu muito feliz por ter pessoas que se importassem tanto assim com ele.

Sério? E você vem?

Perguntou, pois soube por Nino que a azulada não tinha ido na última vez.

Acho que sim.

A resposta o deixou um pouco desapontado, imaginou que ela explicaria sua ausência da outra vez. Mas, de qualquer forma, não tinha muita esperança de que o pai escutasse o pedido de seus amigos. Eles ficaram alguns minutos em silêncio e o loiro pensou que a menina tinha saído da rede social, o que acabou fazendo com que criasse coragem para perguntar algo que tanto queria saber.

Vou te fazer uma pergunta e gostaria muito que respondesse. Tem alguma chance da minha lady me fazer uma visita hoje? Não se preocupe com a porta da frente, a janela do meu quarto está aberta.

Ele riu da própria mensagem e, após esperar alguns minutos pela resposta, imaginou que a garota realmente tinha entrado em outra rede social. Mas ele foi surpreendido segundos depois pela resposta dela.

Eu queria muito, gatinho, mas você sabe que não podemos abusar dos nossos poderes.

"Queria muito?", "Gatinho?", ele repetiu para si. O loiro enviou uma imagem de Chat Noir fazendo biquinho e a azulada respondeu com uma risada.

Ah, queria tanto te ver.

Adrien enviou a mensagem, sentindo um desejo enorme de descobrir como Marinette teria reagido ao ler.

Mas a gente se viu mais cedo.

Ela mandou e o fez lembrar da batalha contra a Rainha, que possibilitou que se aproximassem diversas vezes.

Você sabe como nós, gatos, somos carentes, não sabe?

O loiro foi surpreendido segundos depois por uma imagem de Ladybug revirando os olhos.

Ora, ora, parece que não sou o único que procuro memes da Ladybug e do Chat Noir na internet.

A garota riu e eles ficaram conversando durante mais alguns minutos sobre as fotos engraçadas que encontraram ao buscar o nome de seus alter-egos na internet. Depois de rirem bastante com as fotos hilárias que mandaram um para o outro, o modelo surpreendeu a menina com uma mensagem inesperada.

Senti sua falta.

Ele enviou, sentindo mais vontade ainda de estar ao lado dela naquele momento só para saber sua reação. Percebeu que a garota demorou alguns segundos para responder.

Eu também.

***

Na manhã seguinte, o modelo não conseguia parar de pensar na conversa que teve com Marinette. Sentiu-se tão bem por saber que ela não estava tão distante quanto pensava, mas ele queria mais. Queria vê-la mais vezes, não só nas batalhas ou através de fotos no celular. Não conseguia receber visitas e a azulada deixou claro que não se transformaria apenas para visitá-lo. Além disso, ele também não usaria seu alter ego para fugir e encontrá-la, pois sabia que era arriscado.

Após realizar a ideia que teve na noite anterior, o garoto concluiu que realmente não dava mais para ficar trancado em casa. Aquilo já estava o enlouquecendo há semanas e, com a aproximação da azulada no dia anterior, sentiu mais necessidade ainda de sair daquela prisão. Mas ele tinha certeza de que seria muito complicado convencer o pai. Já tinha tentado falar com ele tantas vezes e nunca conseguiu, o que garantia que agora daria certo?

Foi então que percebeu que falar com Gabriel realmente não resolveria, mas tinha outra pessoa naquela casa que poderia ajudá-lo: Nathalie. "Talvez ela consiga convencê-lo", pensou, lembrando que, há muitos meses, a mulher tinha feito seu pai deixá-lo ir ao colégio pela primeira vez.

O loiro desceu as escadas sentindo uma pequena esperança invadi-lo, mas, quando chegou na entrada da mansão, não encontrou ninguém. Ele achou estranho não escutar nenhuma voz no local, mas logo pensou que talvez o pai tivesse ido a uma reunião ou algo assim. Chamou por Nathalie e não obteve respostas, então continuou procurando pela casa. Quando entrou no local em que ficava o enorme quadro de sua mãe, chamou pela secretária novamente, mas o silêncio continuou ali, até que ouviu passos.

Gabriel estava sentindo fortes emoções negativas e teve que terminar a ligação que realizava para descobrir quem seria seu próximo akumatizado. O homem começou a caminhar até a sala que dava acesso ao esconderijo de Hawk Moth e ficou surpreso quando encontrou o filho lá.

— Pai? Pensei que não estivesse em casa. — O garoto falou, mas o designer de moda, visivelmente desconfortável com aquela situação, não respondeu. Precisava que Adrien saísse dali para que pudesse colocar a senha no quadro. Ele pensava no que fazer quando sentiu as emoções negativas se enfraquecerem. "Tenho que ir antes que os sentimentos desapareçam!", concluiu.

— Você não deveria estar tocando piano? — Disse, na tentativa de fazer o menino sair dali.

— Não, eu já treinei hoje. E… eu finalmente consegui tocar aquela música sem nenhum erro, lembra que me pediu para treinar mais? Quer me ouvir tocando? Faz tempo que não faz isso… — Gabriel nem prestava atenção ao que o garoto falava, sentindo as emoções negativas da próxima vítima ficarem fortes novamente. "Eu preciso akumatizá-la logo!", ele pensava quando, para sua surpresa, a secretária apareceu na porta.

— Nathalie! — Pai e filho disseram juntos, embora por razões diferentes. O designer de moda apontou para seu miraculous e depois para Adrien com a cabeça, indicando que queria ir ao esconderijo. A mulher entendeu o sinal e pensou em algo que fizesse o garoto sair dali.

— Eu estava querendo falar com você. — O modelo disse, para a surpresa dela, e a secretária o chamou, fazendo com que Gabriel finalmente pudesse ir ao esconderijo.

Quando Adrien e Nathalie chegaram na sala, o garoto ficou alguns segundos pensando em como diria aquilo.

— Eu queria te pedir para… — Ele parou de falar e suspirou, pensou que seria mais fácil. — Eu tentei várias vezes fazer meu pai mudar de ideia sobre a escola, mas não adiantou. Será que… — Foi interrompido.

— Também já tentei, Adrien e acho que não vai adiantar muito falar isso de novo. — A resposta dela o surpreendeu, como assim já havia tentado?

— Eu sei que vai ser difícil convencê-lo a me deixar ir ao colégio, mas eu queria pelo menos que ele deixasse meus amigos virem aqui. Já falei com ele e se eu pedir isso de novo, não vai me escutar. — A secretária ficou em silêncio durante alguns segundos, lembrando que tinha prometido para si que resolveria aquela situação. Percebendo que não aguentava mais encarar aquela tristeza no olhar do filho de Gabriel, ela suspirou.

— Eu posso tentar. — O garoto sorriu e, para a surpresa dela, a abraçou.

— Muito obrigado, Nathalie! — Disse ele e subiu as escadas.

Assim que chegou ao quarto e pegou seu celular, descobriu que mais akumatizado atacava a cidade.

— Plagg, mostrar as garras!

***

Ladybug e Chat Noir estavam indo bem na luta, o que não acontecia há algumas semanas por conta da falta de sincronia entre eles. O felino usou seu cataclismo para tentar distrair o vilão, porém, quando os heróis menos esperavam, o akumatizado os atacou e os dois acabaram presos em uma espécie de freezer gigante.

— Me entreguem seus miraculous, ou terei que tirar de vocês quando estiverem congelados! — Gritou o vilão e Ladybug invocou seu talismã, ficando extremamente confusa quando um lençol caiu em suas mãos. A joaninha olhou para todos os lados, mas não encontrou nada que pudesse ajudá-los a sair dali.

— Estranho… — Ela murmurou para si.

— Sem planos? — Disse o loiro e a garota negou com a cabeça, ainda procurando ao redor uma forma de escapar daquele local congelante. Quando olhou para o parceiro, percebeu que estava tremendo de frio e se aproximou lentamente dele, colocando o lençol em seus ombros.

— Sabe, eu não entendi por que você disse que sentiu minha falta ontem. — Ele a encarou com uma expressão confusa e a azulada se aproximou um pouco mais, ajeitando o tecido no corpo do loiro. — Eu sempre estive aqui. — O gato ficou surpreso com as palavras dela e com a aproximação, mas logo quebrou o silêncio.

— Tem razão, fui eu que me distanciei. — O herói admitiu e ela sorriu levemente.

— A cada minuto que passa, fica ainda mais frio! Me entreguem seus miraculous! — O vilão gritou, fazendo os dois heróis se afastarem. Foi quando Ladybug finalmente conseguiu visualizar o plano de seu talismã.

Assim que saíram de onde estavam presos, derrotaram o akumatizado facilmente. E, após tudo voltar ao normal, Chat Noir observou a azulada conversar com a vítima do akuma. O loiro estava quase indo para casa quando sentiu que deveria voltar.

A heroína, ao ouvir um apito dos brincos, se afastou do homem que foi akumatizado e ficou surpresa ao ver que seu parceiro ainda estava ali, o que não acontecia há um bom tempo. Mas ela se surpreendeu mais ainda quando ele estendeu o punho para que fizessem o cumprimento com as mãos que nunca mais tinham feito.

— Zerou? — O gato disse ao notar a hesitação dela, mas foi surpreendido por um abraço da garota.

— Zerou. — Ela disse e o loiro sorriu.

***

Quando chegou em casa, Adrien foi até a cozinha e pegou um croissant. Iria voltar para o quarto quando lembrou do pedido que tinha feito para Nathalie antes da batalha. O garoto começou a procurar a secretária pela casa e, ainda com seu lanche nas mãos, encontrou-a conversando com Gabriel na sala que tinha o quadro de sua mãe.

— Eu vou encontrar o guardião, Nathalie, e nesse dia, vou conseguir todos os mira… — O designer de moda interrompeu a própria frase ao perceber a presença do filho no local. O homem fingiu uma tosse tentando disfarçar e Adrien, notando que aquele não seria um bom momento para conversar com Nathalie, saiu dali sem falar nada.

Quando o modelo chegou ao seu quarto, abriu a página do Ladyblog e encontrou informações sobre a batalha que ocorreu há poucos minutos. Ficou algum tempo lendo tudo e observando bem as imagens, como se pudesse resgatar aqueles momentos. Ao ver a foto de sua lady, um sorriso formou-se em seus lábios e, ao lembrar das mensagens que trocaram no dia anterior, foi invadido novamente pela esperança de que conseguiria voltar a falar com ela novamente. Com esses pensamentos, ele ouviu batidas na porta e, para sua surpresa, era seu pai.

— Você disse que tinha aprendido aquela música. Posso ouvir? — Gabriel disse e o garoto tocou a melodia no piano, porém o homem não falou nada. — Vou ser bem breve. A Nathalie me falou sobre seu pedido de receber visitas. — "E você disse não?", o garoto pensou enquanto o silêncio tomava conta do local — Te proibi de ir ao colégio porque achei que seus amigos eram uma péssima influência e que seriam ruins para você, mas percebi que o pior é te deixar trancado em sua própria casa. — Adrien sentiu uma pequena esperança invadi-lo e Gabriel suspirou. — Você poderá voltar para escola e sair com seus amigos, exceto nos dias em que tiver compromisso. — O modelo sorriu e abraçou o pai, sem conseguir acreditar naquilo. "Nathalie, você é incrível!", ele pensou, tentando lembrar de agradecê-la depois.

— Eu… posso sair com meus amigos agora? — Adrien falou e o pai fez uma careta, mas logo assentiu, pensando no que tinha escutado minutos antes.

Quando Gabriel saiu do quarto, lembrou das palavras da secretária que fizeram com que mudasse de opinião. Ela estava certa, realmente o garoto tinha ficado muito mal com aquela proibição. E, além disso, durante aqueles dois meses, Adrien diversas vezes quase descobriu sobre o esconderijo de Hawk Moth e manter o garoto preso em casa era muito arriscado para sua identidade secreta. Porém, ao lembrar a felicidade do filho quando recebeu a notícia, o designer de moda não conseguiu resistir a um sorriso.

— Finalmente livres! — Plagg gritou enquanto voava.

— Você atravessa as portas e janelas, sempre esteve livre. — Disse Adrien, que, ao encarar a enorme janela do quarto percebeu que não poderia perder tempo. E, quando olhou para o resultado da ideia que teve, decidiu, finalmente, falar com Marinette sobre tudo que tinha guardado durante todas aquelas semanas.

O loiro saiu de casa pela porta da frente e caminhou até a casa de Marinette. Quando chegou ao local, perguntou a Tom e Sabine sobre a menina e estes disseram que ela estava no quarto. Adrien subiu as escadas, mas não a encontrou, foi até a varanda e ela também não estava lá. Plagg chamou por Tikki e não obteve respostas. Com isso, Adrien pensou em voltar e comunicar os pais dela, mas achou que isso não seria uma boa ideia, não queria deixá-los preocupados, talvez a azulada tivesse saído como Ladybug.

Sem hesitar, se transformou e saiu à procura da menina pela cidade. Olhou pelos telhados e ficou apreensivo ao imaginar o que poderia ter acontecido com ela, mas, quando estava perto da mansão dos Agrestes, a encontrou com o traje de Ladybug em um telhado. E, quando ele se aproximou, percebeu que ela tinha nas mãos uma rosa vermelha muito semelhante àquela que ele havia dado após a batalha contra Glaciator há alguns meses.