Depois daquele amor escrita por ChattBug


Capítulo 8
Desejos


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aqui está o oitavo capítulo.
Espero que gostem!



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O coração do modelo que escutava tudo na sala ao lado acelerou-se e ele se aproximou ainda mais da parede. Porém, antes que a joaninha respondesse, o garoto conseguiu ouvir mais um apito dos brincos dela. E notou que, pelo visto, restava apenas um minuto para Alya descobrir quem era Ladybug por trás da máscara.

A morena abraçou a heroína, sabendo que aquela situação era um pouco complicada, e o silêncio dominou o local durante alguns segundos. Marinette notou que uma lágrima percorreu seu rosto e os acontecimentos que viveu há pouco mais de dois meses voltaram a atormentá-la naquele dia novamente.

— Vocês revelaram as identidades, não é? — Disse a morena, mas não conseguiu ver a reação e nem obteve resposta da joaninha. Sabendo que faltavam poucos segundos para que a menina se transformasse, Alya se separou do abraço. — Eu sei que é complicado, mas apenas tente falar com ele. Não sei qual foi a promessa que quebraram, não sei como estão se sentindo, mas sei que vocês dois são imbatíveis juntos e que têm muito o que conversar. — Notou que a azulada pareceu pensativa — Por favor, faça isso não por mim, mas por vocês dois. Vocês precisam voltar a tocar a mesma música. — A morena sorriu e, ao ouvir o último apito dos brincos de Ladybug, saiu da sala e fechou a porta. Ela revelaria sua identidade quando se sentisse segura e, enquanto esse dia não chegava, restava para Alya apenas imaginar quem poderia ser a heroína mais famosa da cidade por trás da máscara.

Na sala ao lado, Adrien se afastou da parede assim que ouviu a porta se fechar. Pensando no que a morena tinha dito, queria ir até onde Marinette estava e conversar com ela, mas lembrou que deveria voltar para a mansão antes que Gabriel ou Nathalie descobrisse. O loiro tocou a parede que o separava da menina e suspirou, teria que esperar mais um pouco.

***

Quando a azulada finalmente voltou para casa, pegou o celular e, com as palavras de Alya ecoando em sua mente, pensou em mandar uma mensagem para Adrien. Mas, além de não saber o que dizer, reconhecia que aquilo não era algo que poderia ser resolvido por mensagem. Então desligou a tela e tentou terminar o desenho de uma peça que começou no dia anterior. Porém, cada vez que rabiscava algo, apagava logo em seguida. Era muito difícil se concentrar em algo quando a mente e o coração estavam em outro lugar.

Marinette desistiu do desenho e resolveu se entregar às lembranças novamente. As palavras de Alya ainda ressoavam em sua cabeça, fazendo com que se sentisse ainda mais culpada pelo afastamento de Adrien. Depois de perceber que, se tivesse simplesmente dito para o loiro que o amava ao invés de enviar aqueles poemas, as coisas teriam sido bem diferentes, um sentimento de culpa começou a atormentá-la. Mas uma voz dentro de si lhe dizia para não se culpar tanto, afinal, isso não adiantaria nada. Adrien ainda estava distante e ela não conseguiria mudar isso se culpando.

Lembrou que, no dia seguinte ao beijo deles no telhado, Alya ligou informando que o modelo disse para Nino que não iria mais ao colégio. Naquele momento, Marinette não  conseguiu acreditar, mas quando chegou na escola na segunda-feira e seu amado não estava, sentiu a tristeza invadi-la, porém ainda tinha esperança de que aquilo não passasse de alguma loucura repentina do pai dele e que o loiro logo voltaria, como aconteceu quando o garoto pegou o livro de Gabriel.

Dois dias se passaram e seus colegas de turma organizaram uma visita à mansão Agreste para tentar convencer Gabriel a deixar o filho voltar ao colégio. A azulada foi com eles, embora soubesse que mudar a opinião do designer de moda seria bem complicado. Quando chegaram ao local, nem passaram do portão. A secretária da família atendeu o interfone e confirmou a decisão de Gabriel. Os amigos tentaram ao menos entrar na casa para visitar Adrien, mas nem isso conseguiram. Nesse mesmo dia, um akumatizado atacou a cidade e, no fim da luta, Marinette tentou falar com o parceiro, mas ele foi embora antes que ela começasse a dizer algo. Foi nesse momento que começou a sentir que seria difícil de se aproximar dele novamente.

As semanas foram passando e seus amigos tentaram diversas vezes mudar a opinião do pai de Adrien, mas nunca conseguiam. A azulada já tinha desistido de ir até a casa dele e esperava ansiosamente para a próxima batalha apenas para tentar conversar com o garoto, mas ele saía sem nem fazer o cumprimento com as mãos que eles sempre faziam. Em uma das lutas, a menina conseguiu perguntar a ele se estava tudo bem e se sabia quando voltaria ao colégio, mas, para sua tristeza, ele respondeu "não" para as duas coisas e, ao ouvir um apito dos miraculous, disse que deveria voltar para casa antes que alguém notasse sua ausência. Ela assentiu e o observou saltar sobre os telhados.

Quando completou um mês que Adrien não ia para a escola, a azulada finalmente resolveu lhe mandar uma mensagem. A conversa foi rápida, pois o modelo teria aula de chinês em alguns minutos, e, mesmo que tenha sido apenas sobre o colégio, fez a menina sentir que seu amado não estava tão distante quanto imaginava.

Eles conversaram por mensagem mais algumas vezes, mas ela sempre falava sobre a escola e ele nunca se abria para contar o que realmente tinha acontecido em sua casa para que se tornasse prisioneiro dela. Também nunca falaram sobre o beijo no telhado ou sobre os poemas que enviaram um para o outro. Durante as batalhas contra os akumas, o silêncio prevalecia e só era quebrado quando necessário. Uma vez a garota o seguiu até a mansão, esperando que conversassem sobre o que tanto a atormentava, mas isso não aconteceu, fazendo com que sentisse novamente a distância do loiro.

Ela teve algumas oportunidades de falar sobre os poemas, mas nunca achava que era uma boa hora. Sabia que o modelo tinha que voltar para casa rápido depois da batalha para que ninguém soubesse sobre sua fuga e não era uma boa ideia falar sobre suas identidades por mensagem. Pensou em visitá-lo como Ladybug, mas sabia que a heroína não poderia ser usada para resolver seus problemas pessoais.

Dias depois, Tikki se encontrou com Plagg e lhe contou sobre a discussão que Adrien teve com o pai, o que fez com que o garoto parasse de sair de casa. O kwami também disse que o loiro tentou diversas vezes pedir para que voltasse a ir ao colégio ou pelo menos que seus amigos pudessem visitá-lo, mas não conseguiu. Gabriel realmente estava decidido a prender o filho dentro da mansão. Mais tarde, em uma batalha, Marinette contou o que sabia e o loiro se abriu um pouco, contando que estava cansado daquilo e que queria sua pequena liberdade de volta. A azulada sentiu vontade de abraçá-lo e dizer que tudo se resolveria, mas ele teve que voltar para casa. Depois desse dia, os dois se distanciaram novamente e só falavam o necessário durante as batalhas, parecia que tinham perdido a sincronia ou, como Alya tinha dito, estavam tocando músicas distintas.

Marinette lembrou que a amiga havia perguntado diversas vezes sobre o resultado do envio dos poemas na escola e o que tinha acontecido entre ela e Adrien, mas nunca respondia. Contar aquela história sem falar sobre sua identidade secreta era bem complicado, então ela apenas dizia que o loiro realmente leu as cartas e até revelou sobre o beijo deles na cafeteria, mas que, com ausência dele na escola, ela não falava mais com o modelo sobre isso.

Depois de um tempo, a menina acabou se acostumando com o lugar vazio ao lado de Nino, mas era só chegar em seu quarto e ver aquelas fotos nas paredes que sentia um aperto no peito. Queria tanto voltar a falar com ele novamente, mas com aquela distância que não era apenas física, seria muito difícil. Foi então que, após derramar algumas lágrimas ao encarar as fotografias, ela decidiu substituí-las. Assim não se sentiria tão mal quando entrasse no quarto e isso até adiantou por um tempo.

Agora, com as palavras de Alya sobre a sincronia dos heróis rondando em sua mente, ela pensava que não era para ter feito nada daquilo. Era como se tentasse esquecer o loiro e não queria isso. Ao relembrar a batalha que aconteceu há algumas horas e os momentos em que ficaram mais próximos, ela sentiu que ainda tinha uma chance, que ainda poderia resolver aquela situação. É claro que seria difícil fazer com que o loiro voltasse ao colégio e conversar sobre assuntos sérios em apenas alguns minutos depois da batalha era complicado, mas deveria tentar. Pensou que, há algum tempo, ela lutava muito para conseguir apenas se declarar para seu amado, passou de cartas não assinadas a enganos na entrega. Ao relembrar o dia em que entregou a receita dos remédios de Mestre Fu para Adrien, ela soltou uma risada.

Desejou por tanto tempo se declarar para ele e agora que finalmente tinha conseguido ia deixar isso de lado? Na luta que tiveram mais cedo, notou que o loiro, assim como ela, desejava ter ficado mais tempo na batalha apenas para ficarem juntos.

Ela suspirou enquanto pensava no que poderia fazer para recuperar esses dois meses que se afastou de seu amado, mas, antes que conseguisse ter alguma ideia, seu celular despertou, indicando que o horário do almoço já tinha terminado e ela deveria voltar ao colégio.

***

O modelo saltou pelos telhados o mais rápido que conseguiu até chegar à mansão. E, para sua sorte, passou pela janela antes que alguém notasse que ele não estava ali. Não aguentava mais aquilo. Precisava sair daquela prisão, precisava voltar a falar com seus amigos e, principalmente, precisava voltar a conversar com Marinette.

Depois que se transformou, desceu as escadas, decidido a falar com o pai mais uma vez e tentar convencê-lo a, pelo menos, permitir alguma visita em casa. Talvez a azulada fosse até lá e eles finalmente conseguissem se resolver. Porém, o que viu no andar de baixo o surpreendeu: Gabriel saindo de uma espécie de elevador perto do quadro de Emilie Agreste.

O loiro, curioso, se aproximou um pouco mais do local de forma que não fosse visto e pôde perceber que Nathalie estava lá.

— Eu poderia ter ajudado. — Disse a mulher quando o designer de moda sentou na poltrona com uma aparência cansada.

— Não, não podia. Eu já te disse que ele está quebrado e que é perigoso.

— Mas… — Ela foi interrompida.

— Quando descobrirmos uma forma de consertá-lo, aceitarei sua ajuda. — A secretária suspirou e começou a caminhar para sair dali, mas ao encarar a expressão de tristeza dele, voltou.

— O senhor está bem? — Disse, contendo o ímpeto de abraçá-lo.

— Conseguirei na próxima vez. — Ela assentiu e começou a sair do local. Adrien tentou se afastar dali antes que Nathalie o visse, mas quando ela o encontrou com uma expressão confusa e tão perto do lugar em que Gabriel se escondia, sentiu o coração acelerar. "Será que ele viu alguma coisa?", pensou.

— E-eu vim beber água. — O garoto mentiu e subiu as escadas, não conseguindo parar de pensar no dia em que Ladybug disse que Gabriel poderia ser o portador do miraculous da borboleta. "Mas, se meu pai foi akumatizado, ele não pode ser o Hawk Moth", pensou, mas aquela imagem do pai saindo de uma espécie de elevador e aquela conversa estranha com Nathalie não saíam de sua mente.

Quando chegou ao quarto, voltou a tocar o piano e, com isso, acabou esquecendo toda aquela história do pai que o estava atormentando. Aquela melodia o lembrava da comparação que Alya fez entre a relação de Ladybug e Chat Noir com a música. "Parece que a dupla se separou e vocês estão tocando músicas diferentes, mas no mesmo palco. De longe dá para perceber que tem alguma coisa errada", foi o que a morena dissera. As palavras dela repetiam-se em sua mente, como se quisessem lembrá-lo que não deveria estar ali em seu quarto tocando piano, mas ao lado de Marinette.

Depois que seu pai o proibiu de ir ao colégio e sair com os amigos, ele conversou com a azulada algumas vezes por mensagem e outras logo depois das batalhas, mas nunca sobre o que realmente queria falar. Quer dizer, eles tinham revelado as identidades e se beijado! Claro que deveriam ter tocado nesse assunto. Ele queria tanto saber como ficaria dali para a frente. Desejou por tanto descobrir quem era a garota mascarada que roubou seu coração e agora que finalmente sabia, ia fingir que tudo continuava da mesma forma?

Mas toda vez que a encontrava durante as batalhas, não achava que era uma boa hora. Tinha que voltar para casa antes que descobrissem que saiu e não teria muito tempo para isso.

Ele desejava resolver aquela situação mais do que tudo. Desejava ficar ao lado dela sem se preocupar com alguém descobrindo que fugiu de casa. Desejava contar tudo o que tinha pensado durante aqueles meses. Desejava revelar que tinha se apaixonado por ela antes de descobrir que era Ladybug. Desejava dizer que sentia muito por ter revelado a identidade antes da hora, já que, depois de um tempo, Plagg disse que o segredo que Marinette descobriu não era aquele, mas sua paixão por Ladybug. Desejava saber se ela estava bem. Desejava sentir seu perfume. Desejava abraçá-la. Desejava sentir o gosto de seus lábios novamente. Mas não conseguiria nada disso com apenas alguns minutos depois das batalhas ou através de mensagens no celular.

O loiro parou de tocar o piano e foi até a caixa onde guardava as cartas de Marinette. Durante aquelas semanas que ficou em casa, já tinha feito isso diversas vezes, pois tinha a sensação de que ela estava mais perto, o que não acontecia na realidade em que vivia. A garota tentou se aproximar várias vezes e ele reconhecia isso, mas na maioria delas estava estressado por conta de mais uma tentativa fracassada de convencer o pai a mudar de ideia e não queria que isso interferisse. Queria resolver aquele problema em casa primeiro, só assim conseguiria conversar com a menina com mais tranquilidade.

Ele leu os poemas da azulada mais uma vez e quase conseguia ouvir a voz dela. Enquanto ainda lia um deles, fechou os olhos e respirou fundo, repetindo para si os versos que sabia de cor e, antes de abrir os olhos, conseguiu visualizar a menina em sua mente. Linda como sempre. Com um sorriso irresistível e aquelas sardas que havia aprendido a amar ainda mais durante o tempo que conseguia admirá-la apenas por fotos, sonhos ou poucos minutos de batalha.

Quando voltou à realidade, uma ideia surgiu como um estalo. E ele estava disposto a cumpri-la.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
O próximo (e penúltimo) capítulo será postado na quarta-feira.
Obrigada por ler!



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