Depois daquele amor escrita por ChattBug


Capítulo 6
Lágrimas


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aqui está o sexto capítulo, espero que gostem.



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O loiro virou-se para a janela do quarto, imaginando que encontraria sua lady pendurada no ioiô, mas quando se deparou apenas com a paisagem nublada e ouviu batidas, notou que a voz vinha da porta. Percebendo que seu rosto demonstrava as lágrimas que tinha derramado, tratou de secá-las imediatamente.

— Adrien? — A voz tornou a chamar e ele identificou Nathalie. Tinha ficado tanto tempo pensando em Ladybug que acabou acreditando que ela estava ali.

— Pode entrar. — Falou, notando que sua voz também entregava o choro. Passou as mãos novamente pela face na tentativa de secar as lágrimas e sentou na cama, de costas para a porta. Rapidamente, pegou o celular e fingiu que estava lendo algo.

— Só vim avisar que o almoço já está pronto. Quer que traga aqui? — A mulher encarou o modelo e estranhou o fato de ele não estar olhando.

— Não, não precisa. Eu vou lá embaixo. — Disse ele, fazendo a secretária perceber que sua voz estava embargada. Na verdade, o loiro gostaria de almoçar em seu quarto, já que ficaria sozinho na mesa como sempre, mas, ao pensar que alguém poderia perceber suas lágrimas ao entrar no quarto, mudou de ideia.

— Tudo bem. — Respondeu um pouco embaraçada. Então era por isso que ele não a encarou, estava chorando. Nathalie começou a caminhar para fora do quarto, mas parou na porta. Queria saber o motivo da tristeza do menino, queria poder ajudá-lo de alguma forma. Estava trabalhando naquela mansão há tempo suficiente para notar que o garoto merecia mais atenção, principalmente nos últimos meses em que havia ficado preso na casa. Mas o que poderia fazer? Não era muito próxima de Adrien, não dava para chegar ali e simplesmente perguntar o que estava acontecendo, pois ele, provavelmente, não contaria. Além disso, já imaginava que deveria ser por conta da solidão que o menino tinha de suportar todos os dias desde que seu pai decidiu proibí-lo de ir ao colégio. Contendo o ímpeto de abraçá-lo, a secretária saiu do local, sentindo um aperto no peito por ter deixado o filho de Gabriel sozinho naquela situação.

Assim que Nathalie saiu, Adrien lavou o rosto e conseguiu disfarçar um pouco os olhos inchados. Logo em seguida, desceu as escadas para almoçar. E, quando encontrou a enorme mesa vazia que parecia gritar a palavra "solidão", se esforçou para conter mais lágrimas.

***

Marinette se afastou da janela que lhe trouxe recordações e pegou o celular na tentativa de se distrair, mas não conseguiu. Os sentimentos daquela tarde vivida há alguns meses ainda a atormentavam.

Ela lembrou das incontáveis lágrimas que derramou naquele dia após ter se transformado e saído do local em que estava com Adrien. Foram tantas que, em alguns momentos, ela precisou parar no meio do caminho, pois sua vista estava embaçada e não queria cair daqueles telhados. Em uma dessas paradas, tentou respirar fundo e se acalmar. Tinha beijado Adrien e descoberto que ele a ama, era para estar feliz. Mas a dor insistente em seu peito a lembrava de tudo o que poderia ter dito para o garoto e guardou para si, além, é claro, da insegurança e das incertezas sobre o futuro que a atormentavam. Ela sabia muito bem que, a partir do momento em que as identidades deixaram de ser secretas, muitas coisas seriam diferentes. Tinha sofrido por tanto tempo tentando se declarar para Adrien e sentido um aperto no coração ao rejeitar os sentimentos de Chat Noir quando ele se declarou e, agora, sabia que os dois eram a mesma pessoa.

Quando seu parceiro a impediu de sair e chamou-a para conversar hádois meses, imaginou que tudo seria resolvido. Mas não foi preciso palavras para lhe provarem o contrário. Naquela tarde, a azulada sentiu que tudo ficaria pior. Nem ela e nem seu amado estavam prontos para aquela revelação e reconhecia isso. Não estavam preparados para descobrirem que seus amores não correspondidos eram, na verdade, alguém que consideravam como amigos, alguém que já haviam rejeitado o amor.

Marinette suspirou e voltou o olhar para seu diário sobre a mesa. Queria escrever o que estava sentindo naquela tarde tão semelhante àquela que foi um marco para si. Caminhou até o local e abriu a caixa onde guardava o objeto que continha suas lembranças e pensamentos. Ao abrir o diário, encontrou algumas folhas de caderno que serviram de rascunho para as cartas que enviou para Adrien. E pensar que tudo aquilo começou com aqueles cartões. Toda aquela confusão com os poemas a lembrava de quanto havia sido egoísta e irresponsável com seu segredo. Ela tinha usado Ladybug para ter seu tão desejado amor correspondido e agora sabia que isso não era necessário. A menina suspirou e começou a ler, mais uma vez, os versos que iniciaram tudo aquilo.

Assim que terminou a leitura do "garota mascarada", lembrou do dia em que tinha brigado com Tikki por causa desse poema que revelava a identidade de Ladybug e da dificuldade que foi para recuperá-lo no armário de Adrien. Ela riu ao perceber que nada disso era necessário.

"Ah, Adrien…", pensou, "Por que teve que ser assim?", sentiu uma lágrima se formar ao permitir as lembranças do que viveu há dois meses invadirem sua mente de novo. A revelação das identidades não tinha sido nem um pouco parecida com o que havia imaginado. Mas, ao recordar o beijo de seu amado, conseguiu sorrir, o que não acontecia quando pensava nele nos últimos dias. O modelo não merecia  toda aquela que ela raiva que sentiu e sabia disso, mas era difícil se sentir feliz ao lembrar que ele poderia ter falado algo naquele dia, embora ela mesma também tenha ficado em silêncio.

Depois de um tempo, Tikki acabou revelando sobre a interpretação equivocada do loiro sobre o poema "segredo". Também contou que, ao conversar com Plagg, descobriu que Adrien se transformou antes que o kwami pudesse contar a verdade sobre a carta. "Caramba! Ele achou que eu tinha descoberto a identidade secreta dele?", a azulada perguntou quando estavam tendo aquela conversa e a kwami assentiu. "Por isso ele mandou aquele poema falando sobre desmascarar!", ela concluiu naquele dia e percebeu que não deveria culpar seu amado pela revelação das identidades.

Ao relembrar essa conversa esclarecedora com Tikki, a azulada sentia um aperto no peito ao notar o quanto havia sido injusta com ele. Ele tinha sim um pouco de culpa, mas não merecia toda aquela raiva que ela sentiu quando voltou para casa após beijá-lo no telhado. Ninguém merecia.

Foi quando ela percebeu que, se não tivesse enviado aqueles poemas, mas falado diretamente com ele sobre seu amor, nada daquilo estaria acontecendo.

***

Adrien já tinha terminado de almoçar, mas continuava na mesa, perdido em seus pensamentos. Aquela solidão transmitida pelo enorme local e pelas cadeiras vazias era semelhante ao que tinha vivido durante aqueles meses.

Depois de ter voltado daquela "conversa" que teve com Marinette, sentiu-se aliviado por ninguém da mansão ter percebido sua fuga. E, assim que chegou ao quarto, Nathalie apareceu para certificar se ele estava lá. Embora tenha ficado feliz por não ter sido descoberto, logo a realidade voltou a atormentá-lo. Ainda estava proibido de ir ao colégio e o sistema de segurança foi ativado mais tarde para lembrá-lo disso. Porém, depois de algumas semanas, o sistema da casa parou de ser ativado, mas ele ainda não podia sair.

Durante aqueles dois meses, ele tentou fazer o pai mudar de ideia, mas não adiantou. Começou a chegar no horário certo em seus compromissos e, para sua felicidade, Gabriel estranhamente nunca estava em casa quando Chat Noir deveria sair para salvar a cidade, portanto, o pai nunca sabia de sua fuga. Mas todo o seu esforço para convencer o designer de moda a deixá-lo voltar ao colégio foi em vão. E, durante todos aqueles dias, o garoto realmente compreendeu o significado de solidão.

Quando seus amigos souberam que ele voltaria a estudar em casa, tentaram convencer Gabriel a desistir da ideia, mas também não conseguiram. E, embora conversasse com seus colegas por mensagens e ligações do celular, ele sentia-se muito sozinho.

As únicas vezes que saía de casa era para as sessões de fotos, reuniões, desfiles e quando deveria salvar Paris. E, com excessão da última, sempre era acompanhado de seu segurança. Parecia que tinha voltado para a época em que não tinha seu miraculous. Até as aulas de esgrima parou de freurntar, já que estas eram no colégio. Ele sentia, mais do que nunca, que aquela casa era uma prisão.

Estudar em casa era tão entediante, sentia falta de conversar com os amigos durante o intervalo, de se encontrar com Marinette na biblioteca e de escutar as histórias dos colegas. Tudo agora parecia ter perdido a graça e, assim como as paredes daquela casa, ter ficado acinzentado.

Voltou a pensar em sua lady. Desde aquele dia em que se transformaram na frente do outro, tinham parado de se falar. E, como não ia mais ao colégio e estava proibido de sair, só a encontrava durante as batalhas e deveria voltar para casa antes que descobrissem que fugiu, então não tinha muito tempo. Tinha pensado em ir na casa dela durante a madrugada, quando não perceberiam sua fuga, mas nunca teve coragem. Até coisas simples, como o cumprimento que faziam após as batalhas, tinha acabado. Era como se o que os conectava tivesse se rompido, como se não fossem mais uma dupla.

Adrien estava perdido em seus pensamentos quando Nathalie chegou ao local e lhe entregou um tablet.

— Seus compromissos da semana. — Disse ela.

— Obrigado. — O garoto falou baixo e olhou aquela agenda que parecia não ter fim. Teria reuniões, um desfile e uma sessão de fotos, além das aulas de chinês e piano em casa. A secretária assentiu e começou a caminhar até a saída, mas encarou o loiro antes de ir. Mais uma vez tinha encontrado o menino com aquela expressão que transparecia sua tristeza. Ela achava que a decisão tomada por Gabriel de proibir o modelo de sair de casa foi muito precipitada e até tinha dito isso para o designer algumas vezes, mas ele não a escutou. E, durante aqueles meses, foi obrigada a encontrar Adrien sempre com aquele semblante solitário e a sentir uma enorme vontade de ajudá-lo, mas sabia que ele só ficaria bem se voltasse a ter a pequena liberdade que tinha antes, que realmente não era muita, mas era bem melhor do que ser prisioneiro da própria casa. Nathalie suspirou e saiu do local, prometendo para si que tentaria resolver aquela situação, não aguentava mais aquilo.

O loiro finalmente levantou e foi para seu quarto. Encarou o relógio, percebendo que, se estivesse na escola, provavelmente estaria conversando com seus amigos, já que era hora do intervalo. Ele pegou o celular e, assim que a tela acendeu, uma notificação o fez dar um pulo da cama. Era uma transmissão ao vivo do Ladyblog mostrando mais um akumatizado. Após certificar que nem seu pai e nem Nathalie estavam por perto, o modelo se transformou e, saindo pela janela, foi até o local do akumatizado.

Quando encontrou Ladybug em um telhado, sentiu seu coração falhar algumas batidas. 


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? O próximo capítulo será postado na sexta-feira.
Ah, antes que eu me esqueça! Eu também tenho conta no Spirit e no Wattpad (pode falar os nomes das outras plataformas aqui ou tem algum problema?). Caso queiram me encontrar lá, no Spirit, o nome do meu usuário é o mesmo do daqui. Mas, no Wattpad, é ChattBugg.
Obrigada por ler!



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