Depois daquele amor escrita por ChattBug


Capítulo 3
Garota mascarada


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aqui está o terceiro capítulo, espero que gostem!



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— Marinette! Filha, você está aí? — Sabine gritou do andar de baixo, fazendo a azulada despertar de seu transe e retornar ao presente. A menina saiu da varanda e desceu as escadas para falar com a mãe, mas antes voltou o olhar para as paredes do quarto nas quais, há dois meses, estavam incontáveis fotos de Adrien.

Não muito longe dali, o modelo ainda encarava a manhã parisiense da janela de seu quarto e, embora fosse doloroso, tentava lembrar os detalhes daquela discussão que teve com o pai. Observando as nuvens cinzas, percebeu que uma chuva fina começava a cair e, enquanto olhava as primeiras gotas molharem o vidro, se permitiu voltar, mais uma vez, para aquele dia marcante.

***

Há dois meses:

 

Gabriel encarou o semblante apavorado do filho, mas tentou não se sensibilizar com aquilo. "Eu tomei a decisão certa, um dia ele vai entender", pensou e começou a caminhar até o escritório. Mas, para sua surpresa, o garoto não aceitou aquelas palavras em silêncio.

— O quê? Como assim não vou mais para a escola? Ficou louco? — Adrien gritou sem pensar, mas, quando seu pai se virou, arrependeu-se na hora. Ao encarar a expressão séria de Gabriel, o modelo sentiu que ficaria de castigo pelo resto da vida.

— O que foi que você disse? — O garoto não respondeu a pergunta, sabia muito bem que o homem havia escutado. Adrien lembrou que, há alguns meses, o pai também o proibiu de voltar ao colégio após descobrir que ele havia perdido um livro importante. Mas depois Gabriel voltou atrás e o garoto pôde ir para escola. Por isso, o modelo não conseguia acreditar que o pai estava fazendo a mesma coisa novamente e, o pior, por um motivo que nem fazia sentido.

— Você não está falando sério, está? Voltar a estudar em casa? Ah, mas eu não vou mesmo! — Disse impulsivamente de novo e ficou surpreso quando seu pai, ao invés de dar uma resposta para aquilo, se aproximou lentamente. Mas essa atitude o deixou apavorado. O olhar sombrio de Gabriel parecia condená-lo de todas as formas possíveis. E a expressão do garoto, que antes era de raiva, foi se tornando de pavor à medida que o homem se aproximava.

— Você acha que tem escolha? Já está decidido, Adrien. Um dia você vai me agradecer. — O homem falou e começou a caminhar até o escritório novamente, deixando o garoto furioso, pois este achava que aquilo era muito injusto.

— Agradecer pelo quê? Por me deixar preso aqui? Quero ver me impedir de fugir de novo. — O loiro disse baixo, imaginando que o pai não tinha escutado. Mas, quando Gabriel parou de andar e olhou para o tablet, o menino percebeu que tinha se enganado.

— Já pode ir para o quarto. — O designer de moda falou em um tom de ordem e Adrien subiu as escadas com o sangue fervendo.

Chegando ao local, bateu a porta com toda a força e pensou em fugir novamente para esfriar a cabeça, mas, se seu pai descobrisse, aí sim é que ficaria trancado ali para sempre. Passou as mãos nervosamente pelos cabelos loiros e jogou-se na cama. Usando o travesseiro para abafar o grito de raiva guardado, ele sentia o sentimento tomar conta de seu corpo em uma velocidade inesperada. Exausto, o que mais queria era dormir até o dia em que conseguisse sua tão sonhada liberdade.

Plagg encarou o menino, sabia que o relacionamento dele com o pai era complicado. Pensou em fazer alguma piadinha para fazê-lo se acalmar ou questionar como o garoto conseguiria salvar Paris com Gabriel o vigiando na maior parte do tempo. Além disso, ele tinha que falar com o dono pelo menos sobre a atitude dele mais cedo, quando se transformou e o impediu de contar o que tinha descoberto sobre o poema de Marinette. Mas, ao olhar a expressão cansada do loiro, notou que não era um bom momento para falar sobre as cartas de amor da menina ou sobre a discussão que ocorreu há poucos minutos. Percebeu que o garoto estava exausto e que precisava de um tempo sozinho para acalmar os pensamentos. Portanto, o kwami apenas continuou  em silêncio, comendo o camembert que segurava no outro lado do quarto. "Por isso é que gosto de queijos, com eles não tenho esse tipo de problema", pensou.

Adrien resolveu tomar um banho, talvez assim esfriasse um pouco a cabeça que não parava de gritar para que fugisse novamente, mas dessa vez para bem longe daquela casa.

Quando saiu do chuveiro, ainda com a toalha sobre os ombros, iria jogar-se na cama para tentar dormir. Mas seus olhos voltaram-se novamente para a enorme janela do quarto e o desejo de sumir do mapa, ou melhor, do radar de seu pai, voltou a invadi-lo. Mas sabia que, dessa vez, fugir daquela casa não seria tão simples. Quando Gabriel tomava uma decisão, ia até o fim e o loiro tinha certeza de que, se tentasse pular a janela novamente, apareceria não apenas seu segurança, mas toda a polícia francesa. "Eu não posso sair de novo!", tentava se convencer a parar com aqueles pensamentos enquanto caminhava até o vidro. Sabia que Gabriel estava vigiando as câmeras externas da casa e não gostaria de que o pai visse Chat Noir saindo de lá.

Observou a manhã nublada e olhou para a direção em que ficava a casa de Marinette. Com toda aquela discussão que teve com o pai, tinha até esquecido que entregou o poema para a menina. "Será que ela já leu?", pensou, sentindo um aperto no peito ao pensar na azulada triste e começou a andar até a cama para finalmente tentar cair no sono, mas seus pés tocaram em algo que o fez olhar para o piso do quarto. Ele encarou o papel em formato de coração e imediatamente lembrou da amiga.

— Mas… como foi que ela deixou isso aqui? — Pensou alto enquanto procurava alguma assinatura no cartão. Segundos depois, encontrou o que buscava. "Marinette", leu mentalmente e abriu a carta, ainda tentando entender como tinha parado ali.

Quando notou que era mais um poema, pensou que fosse uma resposta para a carta que tinha deixado na mesa da azulada. Então, pelo visto, ela já tinha lido e até respondido sua mensagem. "Ela é rápida", pensou. Mas quando seus olhos percorreram o texto do cartão, descobriu que aquilo não era uma resposta para seu poema. E, notando que o papel estava um pouco amassado, imaginou que aquilo estava mais para algo que ela tinha escrito há algum tempo e não enviou. Ele sentiu seu coração falhar uma batida quando leu o título do poema, que era "garota mascarada".

 

Depois que eu descobri

Quem era sua escolhida, sua paixão

Notei que estava se realizando

Um desejo que havia em meu coração

 

Mas tinha um problema:

Você não sabe a verdade sobre mim

E eu preciso te esconder isso

Por que tem que ser tão difícil assim?

 

Mas chega de segredos!

Eu não aguento mais fingir

Sei que pode ser complicado

Mas está na hora de você descobrir

 

Quem é que imaginaria

Que aquela garota mascarada,

Forte, imbatível e corajosa

É apenas uma menina desastrada?

 

Finalmente os segredos acabaram

E não, você não entendeu errado

Eu sou a garota por trás de tudo

Aquela que você está apaixonado

 

Assim que terminou a leitura, ainda incrédulo com aquela revelação, ele leu o poema novamente para certificar se tinha entendido direito.

— Isso… isso é… — Murmurou para si, deixando a frase morrer. Não conseguia descrever o que estava sentindo.

"Pode ser que não seja a Marinette, pode ser que seja alguém se passando por ela", pensou enquanto olhava, mais uma vez, o nome da amiga na carta. Ele sabia como poderia se certificar daquilo. Rapidamente, foi até a caixa que guardava os outros poemas da azulada e comparou a letra. Ele suspirou quando percebeu que era a mesma. "Foi ela". Atônito com aquela descoberta, nem se preocupou em guardar as outras cartas que estavam na caixa, deixando diversas declarações de fãs e até mesmo os outros cartões de Marinette no chão.

Adrien olhou para o poema mais uma vez, sentindo sua mente a mil por hora. Eram tantos pensamentos que já estava sentindo dor de cabeça. "Talvez ela esteja mentindo, talvez seja apenas uma forma de declarar seu amor por mim depois que descobriu que sou o Chat Noir e que recebeu meu poema dizendo que não gosto dela", pensou, ainda desorientado com aquela revelação. Leu os versos novamente e percebeu que estava enganado. Ele conhecia Marinette e sabia que ela nunca faria aquilo, a garota não mentiria sobre ser uma heroína apenas para impressioná-lo. Notando isso, o modelo repreendeu-se mentalmente por ter pensado aquilo sobre a amiga e, agora sabia, parceira na batalhas.

"Então esse tempo todo a Ladybug estava estudando na mesma sala que eu?", concluiu, sentindo diversas coisas ligarem-se em sua mente, como peças de um quebra-cabeça. "Por isso a Marinette sempre sumia quando Ladybug aparecia! Não porque estava apaixonada por mim, mas por que estava lutando ao meu lado!", pensou, lembrando do dia em que a menina tinha revelado seu amor por Chat Noir em sua varanda. "Ela deve ter falado aquilo para encobrir o segredo", concluiu, sentindo-se um pouco desapontado ao notar que a primeira vez que uma garota disse que o amava poderia ter sido uma mentira. Mas, ao lembrar das diversas declarações de amor da menina, sentiu um sorriso formar-se em seus lábios. "Marinette", suspirou ao recordar o beijo deles na cafeteria. A garota que escreveu todos aqueles poemas e que o fazia sorrir sem perceber era a mesma garota que havia roubado seu coração logo na primeira vez que se encontraram. Lembrou do que sentia quando suas mãos se tocavam sem querer e, ao pensar que tinha passado tanto tempo com sua lady, suas bochechas coraram.

Mas foi então que ele percebeu. Tinha deixado uma carta no quarto da azulada dizendo que não a amava e precisava resolver aquilo. O garoto olhou para a enorme janela do quarto, que agora estava molhada com as gotas da chuva fina que caía sobre Paris naquela manhã.

— É… pelo visto vou ter sair de qualquer jeito. — Concluiu, lembrando que tinha prometido para si mesmo que não fugiria. Correria riscos, muitos riscos, mas agora ele teria um bom motivo: tinha que conversar com sua amiga, ou melhor, sua lady.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? O próximo capítulo será postado na sexta-feira. Obrigada por ler!



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