Resident Evil: Dark Heart escrita por Léo Silva


Capítulo 2
Capítulo 2: Águas escuras




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Caverna Ordinskaya, Rússia, dias atuais

As cavernas se estendiam por quilômetros embaixo da água mas, antes de chegar a elas, era preciso atravessar longo corredor, igualmente inundado e terrivelmente estreito. Como deve ser o caminho para o céu, pensou o Dr. Erick Bernstein enquanto avançava um pouco mais. Detestaria ser claustrofóbico. Fez um OK para o Paul, que estava um pouco acima dele, e então percebeu que Derek e Virgínia já haviam desaparecido. Somos mesmo uma equipe?

Apontou na direção em que a caverna parecia subir. Se tivessem sorte poderiam até mesmo encontrar um tesouro de pirata – supondo que um pirata fosse tão longe somente para esconder seu ouro. Não era mais criança para acreditar em histórias de piratas, fadas e duendes mas, de vez em quando, elas apareciam em seus pensamentos. E não é a ciência, também, um pouco de magia?

Quando chegou ao fim do corredor Erick viu a caverna se alargar, formando uma grande galeria. Nadaram por mais cem metros, então um declive assinalou o fim do alagamento, e um grande espaço de terra firme se abriu para eles. Caminhando desajeitadamente com os pés de pato, Erick e Paul saíram da água e, deslumbrados, não conseguiam dizer uma única palavra, apenas observar. Aquela caverna subterrânea era simplesmente uma maravilha da natureza – um presente de Deus que não apenas atestava sua existência, mas também dizia que Ele tinha bom gosto.

Paul abriu a mochila e retirou o medidor de gases de dentro dela. O pequeno aparelho de cor preta e com um visor de cristal líquido era capaz de detectar monóxido de carbono, gás sulfídrico, oxigênio e metano. Um bip soou, e ele verificou que o ar era respirável.

Os cientistas retiraram as máscaras, e se encararam mutuamente.

— Paul, tem ideia do que é isso? – perguntou Erick.

— Novos artigos?

Erick riu e deu um soco de brincadeira no ombro do colega – eram amigos de longa data. Tão longa que Erick nem se recordava mais.

— Ah, claro, você só pensa em trabalho.

Começaram a caminhar, e não tardaram a encontrar as máscaras e os pés de pato de Derek e Virgínia.

— Parece que eles estão bem à vontade – comentou Paul, segurando um dos pés de pato.

Erick deu um risinho e continuou andando.

— Só espero que eles, por acaso, não tenham encontrado o cupido dentro desta caverna.

— Você é impagável – disse Paul.

Deram apenas alguns passos, e então pararam novamente.

Havia algo ali dentro que, com toda certeza, não era obra de Deus – apesar de igualmente impressionante. Observaram, boquiabertos, o enorme complexo que surgira diante de seus olhos – algo tão grande quanto La Bombonera, talvez maior.

A construção tinha o formato de meia esfera, e do topo da mesma se erguia uma grande coluna retangular, como se fosse um edifício (e do mais ou menos do tamanho do mesmo), subindo na direção do teto da caverna.

— Meu Deus, quem construiu isso? – sussurrou Paul.

Alguém com dinheiro suficiente para usá-lo para limpar a bunda diariamente e, ainda assim, continuar no pódio da Forbes, pensou Erick. Então deu dois passos e alisou os cabelos com a mão – o que sempre fazia quando estava excitado com algum resultado científico.

— Parece uma estufa gigante – chutou Erick, encontrando mais um equipamento de pesquisa no chão: o medidor de gases de Virgínia, lindamente decorado com um adesivo da Hello Kitty. Mais à frente encontraram as mochilas dos pesquisadores.

— Eles sabem quanto isso custa? – perguntou Paul.

Erick não demonstrou seu nervosismo diante do amigo – mas, certamente, estava nervoso com aquela descoberta. Pegou o aparelho e colocou no bolso de sua mochila.

Por que Virgínia abandonaria seu equipamento?

Várias coisas passaram por sua cabeça ao mesmo tempo. Eles foram atacados por algum animal selvagem e correram para a construção, por isso deixaram as coisas jogadas na pressa de fugir. Virgínia teve um de seus ataques de pânico (que ela tinha sem explicação alguma desde a adolescência) e Derek tentou acalmá-la, os dois lutaram e as coisas ficaram jogadas ali. Derek quis voltar, Virgínia (cabeça dura como era) quis prosseguir e, para aliviar o peso, deixaram os equipamentos... Mas, de alguma forma, ele sabia que qualquer explicação que elaborasse não chegaria nem perto da verdade.

— Paul, acho que estamos em apuros – disse Erick, olhando para o companheiro.

Paul deu um sorriso sem graça.

— Você acha que...

Antes que Paul terminasse sua frase, porém, algo saltou do meio dos arbustos e derrubou-o. Erick não teve tempo de ajudar o amigo, pois a criatura que um dia fora Virgínia dilacerou sua garganta com os dentes.

Então levantou-se e caminhou na direção de Erick.


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