Recomeçar escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 9
Elliot


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de Recomeçar, e com vocês mais um pouco do nosso casal preferido.
Beijos e boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/775314/chapter/9

—Ária, o que disse foi rude. - repreendi minha filha assim que Leah havia nos deixado a sós e fomos nos sentar em uma mesa perto das janelas.

—O que foi que eu disse, pai? - ela questionou se fazendo de inocente e a olhei sem graça por ter que repetir o que ela insinuou.

—Eu não estava... Flertando com a Leah. - sussurrei constrangido e ela me olhou como se não acreditasse na minha palavra.

—Pai, eu tenho olhos. E o que que tem? Ela é legal, linda e parece ser desimpedida, dou a maior força. Não sei explicar, mas gosto da Leah. - ela disse simples e suspirei.

—Não acredito que estou ouvindo concelhos amorosos da minha filha adolescente.

—Para você ver como a sua vida amorosa está péssima. - ela disse e sorri a sua franqueza. Ária era direita e verdadeira como a mãe, ela não possuía um filtro, tudo que pensava minha filha falava.

—Amor, fico comovido com sua preocupação, mas não estou pronto para isso, nem sei se um dia estarei. - disse sincero e segurei suas mãos.

—Eu sei pai, você ainda ama a mamãe. Pode até parecer egoísta, mas pai você precisa tentar de novo. Não pode passar a vida toda de luto.

—Carolina, eu estou bem assim. Eu tive a chance de amar e ser amado, poucas pessoas tem isso na vida. - disse e ela suspirou enquanto olhava em meus olhos.

—Nós dois sabemos que o seu casamento não era um conto de fadas pai, eu era pequena mas me lembro das discussões. Vocês não eram feliz, só nunca entendi porque não se separaram. - ela disse e respirei fundo antes de olhar para a janela, vendo a chuva que caia lá fora.

—Qualquer casal briga Ária Marshall, e não quero mais ouvi-la dizendo que não fui feliz com a sua mãe. Porque fomos, estamos entendidos? - questionei serio assim que me virei para vê-la.

—Estamos, só promete que se algum dia, você achar a mulher certa não vai perdê-la.- ela implorou olhando em meu olhos e suspirei tentando me acalmar, afinal tudo que minha filha queria era a minha felicidade.

—Eu já a perdi meu bem.- sussurrei com pesar enquanto me lembrava de Clara.

—Estou interrompendo? - Leah questionou perto de nós com uma bandeja que possuía três xicaras e uma cesta repleta de biscoitos de chocolate, muffins, brownies e bolos.

—Não está tudo bem, só estávamos tendo uma conversa entre pai e filha.- Ária disse e Leah sorriu sem jeito.

—Entendo, se for algo sério, posso deixa-los a sós.

—Claro que não, já terminamos, porque não se senta conosco. - ofereci e Ária concordou, afinal estávamos atrapalhando seu dia, o mínimo que poderia fazer era lhe convidar para sentar, pois tínhamos muito o que conversar sobre Ária.

—É muito gentil da parte de vocês. Trouxe algumas guloseimas, para acompanhar o seu chocolate quente e o nosso café.- ela disse sorrindo enquanto colocava uma xicara em frente à minha filha, repleta de chantili.- E para você, um café preto forte, sem açúcar e sem leite.

—Como é que você sabe? - questionei confuso assim que ela colocou a xicara na minha frente, afinal não havia lhe dito que queria café e muito menos como gostava do mesmo.

—Eu adivinhei. Você tem cara de quem bebe café forte, sem açúcar e sem leite, não sei como consegui. - ela disse sorrindo antes de tomar um gole do seu café. E o sorriso de Leah era algo lindo, seus olhos escuros pareciam se iluminar com esse ato.

—Eu me pergunto isso todos os dias. - Ária brincou e elas sorriram.

—Leah, sabia que meu pai salvou um bebê hoje? - Ária questionou enquanto pegava um pedaço de bolo, que parecia muito apetitoso na minha opinião. Fiquei tentando a comer um, mas me detive quando olhei sua coloração de um marrom claro. Será que havia canela no bolo?

—Sério, como isso aconteceu? - Leah questionou curiosa enquanto pegava um pedaço do bolo e colocava em um prato antes de colocá-lo em minha frente.

—Eu sou muito alérgico a canela. - disse sem jeito e ela me olhou surpresa.

—Eu sei disso. Esse bolo é de doce de leite, por isso está marrom. Pode confiar, jamais tentaria envenená-lo.- ela brincou e sorri suave da sua brincadeira.

— Na realidade Leah, você não iria envenenar o papai, iria matá-lo. -minha filha disse e Leah me olhou aterrorizada.

—Você é tão alérgico assim?

—Sim, se alguém quiser me matar é só usar canela. - brinquei antes de tomar o meu café e ela não riu.

—Nunca mais fale isso nem de brincadeira. - ela disse séria enquanto me olhava nos olhos, era como se minha não existência lhe causasse dor.

—Desculpe. - disse sem jeito enquanto tentava entender o porquê da minha morte imaginaria lhe perturbar tanto.

—Pode confiar pai, não tem gosto de canela. - Ária disse mudando de assunto antes de colocar outro pedaço de bolo na boca e gemer satisfeita o que deixou Leah contente, distraindo-a do meu comentário infeliz e me dediquei a provar o pedaço de bolo que estava em minha frente.

Eu não era muito fã de doces, mas aquele bolo estava uma delícia, era praticamente um pedaço do paraíso.

—Isso está uma delícia.- disse depois que engoli o primeiro pedaço e tomei um gole do meu café, e meu elogio a fez sorrir o que me deixou feliz.

—Tem certeza disso? Porque estou testando essa receita, e queria colocar esse bolo no cardápio da reinauguração do café.

—Você fez esse bolo?- questionei surpreso, afinal Leah não me parecia alguém que gostava de cozinhar.

—Fiz. Cozinhar é uma terapia para mim, então não espalhem por ai que sou boa nisso.- ela brincou e sorrimos.

—Você cozinha sobremesas melhor que meu pai, ele pode ser bom para fazer comida, agora doces é uma negação. - Ária disse antes de se servir de mais um pedaço e sorri, afinal era verdade. - Se não fosse por ele, iriamos morrer de fome em casa, porque a minha mãe era péssima na cozinha.

—Você cozinha? - Leah questionou surpresa enquanto eu comia mais um pedaço de bolo.

—Eu me viro na cozinha. Clara era uma ótima mãe e uma esposa incrível, mas como cozinheira, ela era uma negação. - disse e sorri triste enquanto me lembrava de todas ás vezes em que ela inventava de cozinhar e quase colocava fogo em nossa cozinha, mas no final da noite acabávamos rindo do seu desastre culinário enquanto ligava para a pizzaria.

—Você ainda senti muito a falta dela. - Leah disse suave e concordei.

—Todos os dias. Clara era o amor da minha vida, isso só acontece uma vez. - disse e olhei para a minha mão esquerda que ostentava a minha aliança e a dela, um lembrete silencioso do meu juramento diante do seu tumulo.

—E então, soube que serei a mais nova funcionaria do seu café. - Ária disse de repente tentando mudar de assunto e agradeci a ela com um sorriso.

—Como você soube? - Leah e eu questionamos juntos e Ária revirou os olhos.

—Gente, qual é? Tenho quinze anos. Percebo quando estão conspirando contra mim.

—Não estávamos conspirando contra você. Só acho que será bom, ter algum tipo de responsabilidade. - disse tentando não me sentir culpado, afinal não sabia mais o que fazer sobre as rebeldias de Ária. Eu me sentia um fracasso como pai, havia tentado compensar a falta da mãe dela e tudo que fiz foi mimar e proteger a minha garotinha do mundo.

—Só quero que saibam que adorei a ideia. Eu gostei do café e também gostei muito da Leah, acho que posso me dar bem aqui. - minha filha disse sorrindo diante das possibilidades.

—Fico feliz que esteja contente por trabalhar aqui Ária, e também gosto muito de você. Mas vai ter que andar na linha enquanto estiver aqui, ou nada feito. - Leah disse olhando nos olhos da minha filha que concordou sem reclamar o que me deixou surpreso.

—Posso dar uma olhada no café?

—Claro querida.- Leah disse e fez sinal para uma mulher que estava arrumando algumas mesas.- Julie, você pode mostrar o café para a Ária, por favor. Ela irá trabalhar conosco no mês que vem.

Mesmo que o café pertencesse agora a Leah, como Cece havia me explicado, a mesma optou por deixa-lo fechado por um mês, em sinal de luto pela antiga dona.

—Claro, venha comigo Ária.- Julie disse convidando a minha filha para segui-la. Tentei até pedir para Ária não ir, pois não queria ficar a sós com Leah, ela estava despertando em mim coisas que jamais senti na vida e isso estava me assustando.

—Não se preocupe, vou cuidar da Ária. Ela é garota maravilhosa, Elliot. Você está fazendo um trabalho incrível com ela.- Leah disse assim que minha filha nos deixou e a olhei surpreso por seu comentário.

—Eu espero, sempre me sinto inseguro em relação a isso. Ainda mais diante das rebeldias dela.- disse preocupado e ela sorriu suave antes de colocar sua mão em cima da minha, e aquele simples gesto foi capaz arrepiar meu corpo inteiro, por medo das minhas reações me afastei de seu toque e pode ver em seus olhos que meu ato a deixou triste, mas logo ela soube disfarça suas emoções.

— Isso é coisa da idade Elliot. Mas sabe o que eu acho a respeito de você? - Leah questionou depois de um longo período em que ficamos em silêncio apreciando nossos cafés enquanto comíamos nossos pedaços de bolo.- Acho que tem medo que alguém te ame de novo, e que você ame essa pessoa, muito mais que amou a sua falecida esposa.

—Isso jamais vai acontecer. - disse sério e furioso, afinal quem ela pensava que era para me dizer uma coisa dessas. Nós mal nos conhecíamos.

—Nunca duvide de nada doutor Marshall, a vida pode nos surpreender.- ela disse antes de me deixar a sós na mesa e ir em direção a cozinha.

Tudo bem, eu havia sido grosso com Leah, talvez ela só quisesse me reconfortar e eu imaginei outra coisa. Afinal, nem toda garota que segura a mão de um cara está a fim dele. E odiava admitir, mas ela estava certo sobre eu ter medo de amar outra pessoa mais do que amava Clara. Antes era simplesmente impossivel cogitar tal ideia, mas agora eu andava angustiado, por mais que não quisesse admitir para mim mesmo, Leah me perturbava.

Respirei fundo e me levantei da mesa antes de ir em direção a cozinha, precisava pedir desculpas por ter interpretado as coisas errado. Assim que entrei na cozinha me surpreendi ao vê-la sovando uma massa com força demais em uma mesa de mármore.

—Olha Leah, me desculpe.- disse envergonhado por minha atitude e ela não parou de sovar a massa, só que agora ela fazia isso com mais força. Como se estivesse descontando a sua raiva na massa.

—Se foi só isso que veio fazer pois bem, já fez pode ir embora. - ela disse severa sem desviar os olhos do que fazia.

—Olha, quando alguem está tentando se desculpar com você, o mínimo que poderia fazer era olhar nos olhos da pessoa. - disse sério e ela parou o que estava fazendo para me ver.

—Pronto, está feliz agora? - ela questionou séria, e fiz uma nota mental: Nunca mais deixar Leah irritada, porque ela brava era capaz de assustar qualquer um.

—Me desculpe, eu fui um idiota. Achei que você...- sussurrei sem jeito e ela me olhou de cima a baixo, se demorando bastante em sua análise o que me deixou sem graça, mas eu merecia essa, afinal fiz o mesmo com ela.

—Que eu estava interessada em você? Porque uma garota não pode simplesmente querer ser amiga de uma cara? Porque pelo que sei você não tem muitos amigos por aqui. - ela disse me interrompendo e percebi que Leah tentava me convencer de que não estava interessada em mim, mas a sua análise cuidado alguns minutos atrás me comprovou o contrário.

—Eu tenho amigos. - disse e ela me olhou desconfiada.

—Conheço seus amigos, e eles totalizam o número de um, isso sem incluir a sua filha.

—Vim aqui para me desculpar e não para ser ofendido. -disse revoltado.

—Não estou ofendendo você. Viu é isso o que você sempre faz. Quando alguem lhe diz a verdade, você foge ou fica agressivo, depois eu que sou a nervosinha.

—Não preciso de análise, pra isso tenho a Cece.- disse sério e ela suspirou antes de colocar as mãos para cima o que me deixou confuso.

—Eu me rendo. Não quero brigar com você, se algum dia precisar de outra amiga vou estar aqui pronta para ouvi-lo. Se fui invasiva, quero que me desculpe.- ela pediu arrependida por ter me magoado. Novamente estava sendo um idiota com ela, que só queria ser a minha amiga.

—Talvez, eu realmente precise de outra amiga, afinal já conheço os concelhos da Cece de cor.- disse dando um voto de confiança a ela que sorriu surpresa por minhas palavras.- Você gostaria de ser a minha amiga?

—Eu adoraria... Adoraria de verdade, Elliot. - ela disse e sorriu de forma amável.

—Então...acho que acabamos de virar amigos, Leah.

—É acho que sim. - ela disse sem jeito e me aproximei dela.

—O que está fazendo? - questionei apontando para a massa.

—Pão doce. Quer tentar? - ela ofereceu e fiquei receoso, afinal uma coisa era saber cozinhar a comida do dia a dia, outra era fazer guloseimas.

— Você ouviu a minha filha, sou péssimo com doces. - disse inseguro e ela revirou os olhos.

—Com certeza você não deve ser tão ruim assim. Vamos lá, seja corajoso. - ela disse me incentivando enquanto dividia a massa em dois e colocava o pedaço ao seu lado.

—Tudo bem, mas não me responsabilizo se o pão doce não ficar comestível. - disse arregaçando as mangas do meu suéter, tirando minhas alianças e o meu relogio antes de coloca-los no bolso da frente da calça jeans que usava, e logo Leah começou a explicar o que deveria fazer.

—E então, como foi a história de você ter salvado o bebê? Afinal, conversamos sobre tantas coisas que acabei não sabendo o que houve. - ela disse de repente e sorri enquanto sovávamos a massa juntos.

—Você quer dizer brigamos. - esclareci e rimos.

—Um pouco de cada. - ela disse e sorrimos antes de começar a lhe contar sobre o meu dia no hospital. Do momento em que a mãe desesperada com o bebê no colo entrou no hospital até a minha entrevista com o doutor Cullen, e a impressão de o já ter conhecido.

—Então, isso quer dizer que você vai ficar em Forks? - ela questionou esperançosa.

Eu pensei muito bem antes de lhe dar uma resposta, e fui o mais sincero que pude.

Afinal, ela merecia isso como a minha amiga.

—Sinceramente estou tentado a ficar, nem que seja por um ano. Não quero deixar Cece sozinha tão cedo, ela ficou comigo durante todo o tempo que precisei e quero poder fazer o mesmo com a minha amiga. Mas preciso conversar com Ária antes de resolver tudo, não serei apenas eu o afetado nessa história.

—Entendo. - ela disse pensativa enquanto dividia a massa em algumas partes e comecei a imitar a sua ação. - Posso lhe dar um concelho?

—Claro.

—Ouça sua filha, mas o voto final precisa vir do seu coração. Não escute apenas a razão, ás vezes ela está enganada. - ela disse e concordei antes de voltarmos a fazer os pães.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Recomeçar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.