Recomeçar escrita por KayallaCullen, Miss Clarke
Notas iniciais do capítulo
Sejam bem vindos a mais um capitulo de Recomeçar, espero que estejam ansiosos pois teremos um pouco mais de Elliot & Leah.
Beijos e boa leitura.
Depois que mamãe e eu fizemos as pazes, todos começaram a me encher de perguntas sobre o imprinting, as quais respondi pacientemente antes de dizer a todos que precisava dar uma volta, para reorganizar os meus pensamentos. Mas antes, implorei que meu imprinting deveria ser um segredo por enquanto e todos respeitaram.
Apesar de confiar e saber que a minha família guardaria o meu segredo, sabia que ele não iria durar por muito tempo, pois assim que me transformasse todos iriam ver e sentir a minha experiência, como um filme e isso me deixava furiosa. Devíamos poder escolher o que compartilhar e quando compartilhar, já me sentia uma invasora por ter visto as memórias e os sentimentos mais profundos de Elliot na minha cabeça, e não queria que mais ninguém os visse.
Eu precisava ajudá-lo a lidar com todas as perdas que houveram na sua vida.
A primeira delas foi a de ser deixado no orfanato ainda bebê, quando seus pais morreram. A segunda foi de nunca ser escolhido, quando os casais iam adotar as crianças. Elliot nunca se encaixava no perfil das crianças que os casais queriam, o que para mim era confuso, afinal ele era uma criança linda, segundo as suas memórias. E a terceira, foi a perda da esposa, o luto que ele carregava durante oito anos, era um fardo tão pesado e sombrio que me assustava.
E ainda havia Ária.
Foi impossivel não me apaixonar por ela através das memórias de Elliot, pode presenciar cada momento especial que envolvia sua filha, desde o momento em que ele soube que seria pai até algumas semanas atrás, quando ela o decepcionou por ter fugido de casa e sido presa ao estar em uma festa impropria. Sabia que apesar de amar a filha, Elliot estava se culpando pela rebeldia dela, ele achava que tinha feito tudo errado. Sentia como se ela fosse minha filha também, e faria de tudo para ajudá-la a encontrar seu caminho na vida, qualquer que fosse ele.
Deixei meus pés me levarem de forma inconsciente para qualquer lugar, até que percebi onde estava e parei.
Estava parada perto de algumas árvores que me protegiam de ser vistas pelos moradores da casa, sorri assim que vi Elliot chegando a sala com uma vasilha de pipoca enquanto Ária e Cece estavam assistindo a um filme. Eles eram um retrato perfeito de uma família de comercial, sorrindo e jogando pipoca um no outro antes de voltarem sua atenção ao filme. Vê-lo tão perto de Cece não me incomodou mais, pois havia visto na mente de Elliot a forma como ele a via, e para ele, Cece era uma irmã querida, com quem poderia contar sempre. Ela era sua família além de Ária.
Mas agora, mesmo que Elliot ainda não soubesse, ele tinha a mim.
Alguém capaz de fazer tudo para vê-lo feliz.
Alguém que iria preencher todos os vazios que existiam dentro dele, assim como ele havia preenchido os meus.
Fiquei horas admirando-os e desejando poder participar daquele momento, mas sabia que Jacob tinha razão. Elliot ainda não estava pronto para se envolver com alguém, e eu entendia e respeitava isso. Naquele momento tudo que poderia oferecer a ele era a minha amizade e faria isso da melhor forma possível.
Depois que todos foram dormir, não resistir e fiquei ali por mais algum tempo antes de começar a ouvir o coração de Elliot bater acelerado, o que me deixou alarmada. Desde que havia ouvido seu coração pela primeira vez quando o conheci, poderia reconhecer seu som no meio de um estado de futebol lotado, jamais iria confundi-lo com o de ninguém, afinal aquele era o som mais lindo e doce do mundo.
Agindo por instinto, escalei a árvore que dava acesso a sacada do segundo andar, assim que estava dentro da casa, segui o som que me guiava como um canto de uma sereia para o seu dono, devagar abri a porta do quarto e pisquei algumas vezes, para que minha visão se acostumasse a escuridão. Entrei no quarto com cuidado, a procura de algum perigo, mas não havia nada ali. Apenas o dono dos meus pensamentos, deitado em uma cama, dormindo profundamente. Mas logo percebi, que Elliot estava tendo um pesadelo, pois além do coração acelerado sua respiração estava ofegante, o que lhe deixava inquieto.
Respirei fundo algumas vezes, pois sabia que se o tocasse não haveria mais volta, mas sabia que precisávamos disso. Com cuidado, me aproximei da cama onde ele estava deitado e me sentei ao seu lado, e foi impossivel não sentir seu cheiro com nitidez agora, uma mistura perfeita de madeira, homem e mel.
Devagar segurei a sua mão na minha e a beijei, sentindo o quanto sua mão era quente e aveludada, antes de acariciar seus cabelos com a mão livre.
—Está tudo bem meu querido, nada no mundo irá lhe fazer. Estou aqui com você. - sussurrei baixo sem deixar de segurar a sua mão e acariciar o seu cabelo.
—Esperei tanto por você, Elliot. Que por um momento achei que jamais iria encontrá-lo. - sussurrei assim que ele se acalmou e voltou a ressonar profundamente. -Sei que precisa de um tempo, e lhe darei todo o tempo do mundo querido, não importa quanto dure. Tudo que quero é que seja feliz.
Deixar Elliot aquela noite foi a coisa mais dificiel que fiz na vida, foi uma verdadeira tortura física, mas não tinha o direito de invadir a sua privacidade e apesar de ser errado não conseguia me sentir culpada por isso. Tanto que acabei repetindo minhas visitas, pois precisava estar perto dele e algo me dizia que Elliot também precisava de mim.
Estava uma noite quente e abafada, o que era raro em Forks, a cidade mais chuvosa de toda Washington, foi dificiel me manter racional assim que entrei no quarto de Elliot e o vi totalmente descoberto, usando apenas uma calça de moletom e tendo o peito livre de qualquer camisa, no qual ele ostentava uma fina corrente de ouro que possuía uma medalhinha, que não consegui identificar a que santo pertencia. Foi inevitável não sentir atração por ele ou por seu cheiro, que me deixava cada vez mais sensível a sua presença.
Todos os meus instintos, principalmente o mais irracional deles clamava por Elliot e quanto mais tentava resistir, mas dor isso me causava. Pois tudo dentro de mim, o reconhecia como meu parceiro e ser privada da sua companhia era demais para mim.
—Você precisa se controlar, ou vamos ter que ir embora. - disse para mim mesma tentando assumir o controle dos meus instintos, ou acabaria fazendo uma loucura.
Assim que estava mais controlada depois de muitas respirações, me aproximei da cama de Elliot e me sentei ao seu lado antes de segurar a sua mão.
—Sei que lhe prometi espaço, mas não sei se vou conseguir Elliot. - sussurrei envergonhada por ser fraca enquanto segurava a sua mão. -Sei que ainda não está pronto pra mim, mas preciso de você, nem que seja como meu amigo. Só me permita ser a sua amiga, apenas me deixe conhecê-lo melhor, por favor.
Foi inevitável não chorar enquanto implorava para um Elliot adormecido que me deixar entrar na sua vida, nunca havia me sentindo tão vulnerável e amedrontada. Nunca havia sentido algo tão forte, puro e arrebatador como o que sentia por Elliot, era algo livre de qualquer sentimento de posse, tudo que desejava era vê-lo feliz. Mas no fundo sabia que todo esse sentimento, apesar de puro e verdadeiro, poderia assustá-lo e fazê-lo se afastar de mim, mesmo querendo evitar que isso acontecesse teria que respeitar a sua escolha, qual ela fosse.
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—Está tudo bem Leah?- Julie questionou assim que suspirei recordando das três ultimas noites em que velava o sono de Elliot.
—Aconteceu alguma coisa? - questionei voltando minha atenção ao presente e ela sorriu curiosa.
—Não. Por acaso você está pensando em alguém? -ela questionou curiosa e lhe olhei chocada. Como se fosse contar da minha vida para a maior fofoqueira de Forks.
—Claro que não Julie, e porque você não se mete com a sua vida. Tenho certeza que Sônia está precisando de ajuda na cozinha.- disse seria e ela sorriu sem graça antes de correr para a cozinha, em seguida meu celular começou a tocar e fiquei preocupada quando olhei o nome de Cece na tela. Será que havia acontecido algo com Elliot ou com Ária? Ou até com a própria Cece?
—Cece, aconteceu alguma coisa? - questionei nervosa assim que atendi.
—Graças a Deus não Leah. Respira mulher, nada de ruim aconteceu. - ela me tranquilizou e respirei aliviada o que lhe fez rir.- Você anda muito nervosa Leah. Tá precisando relaxar um pouco.
—Acho que relaxar não combina muito comigo. - disse e ela sorriu.
—Realmente não, você e o Elliot deveriam fazer um clube, porque nunca vi duas pessoas que não sabem relaxar. - ela comentou e sorri de forma involuntária, por ter algo em comum com Elliot.- Eu liguei, porque preciso de um favor. De uma amiga para outra.
—Claro, pode pedir.
—O Elliot irá ai hoje com a Ária, que não anda sendo uma boa garota. Ela é um doce, mas a adolescência está sendo uma fase dificiel. - ela disse e me lembrei da conversa que tinha ouvido dos dois quando estava vigiando a casa pela manhã.
—Entendo, como posso ajudar?- questionei só para manter as aparências, afinal já sabia o que eles tinham decidido.
—Será que você poderia dar um emprego para a Ária? É só para ela aprender a ter responsabilidade, porque amo a minha afilhada, mas o meu amigo mimou a filha dele demais. E ela precisa crescer, e essa é a nossa última saída.- ela implorou desesperada.
Sabia que não era a primeira vez que Ária aprontava, e apesar de algo dentro de mim querer defende-la com unhas e dentes, ela precisava disso para crescer e a ajudaria.
—Isso é algo que nem precisava me pedir Cece, claro que vou contratar a Ária. - disse sorrindo e logo meu corpo se arrepiou ao sentir o cheiro de Elliot por perto assim como o som do seu coração.
Assim que consegui localiza-lo estacionando o carro sorri de forma involuntária, e agradeci mentalmente por ter escolhido um dos meus antigos vestidos florais, os quais usava com um cardigã, meias e botas, pois o clima hoje estava frio para as pessoas comuns e eu deveria aparentar estar com frio. Até a minha prima ficou surpresa por minhas roupas nessa manhã.
—Deus, está um gelo lá fora. - Elliot reclamou de frio assim que entrou na cafeteria e sorri maravilhada por ouvir novamente a sua voz. - Não sei como as pessoas daqui conseguem sobreviver ao clima, me sinto como se estivesse no polo norte.
—Não exagera pai. - Ária disse tirando o casaco e Elliot sorriu, aquele sorriso maravilhoso que iluminava e aquecia tudo ao seu redor e fazia surgir ruguinhas aos lados do seus olhos.
—Que bom que você não gosta de frio. - disse indo até onde ele e a filha estavam.
Assim que me viu Ária sorriu, o mesmo sorriso do pai e sorri para ela, pois estava com saudades. Já Elliot pareceu surpreso com o meu comentário, mas pode perceber o momento em que ele reparou nas roupas em que usava, demorando bastante em sua análise, quando percebeu o que estava fazendo, ele corou sem graça o que lhe deixou ainda mais lindo.
—Que tal se vocês se sentassem? Vou servir uma bebida quente para vocês. - sugeri e Ária concordou sorrindo antes de me entregar seu casaco.
—Não precisa se incomodar Leah, e além do mais sei que o café está fechado. - ele disse sem jeito e revirei os olhos.
—Não é incomodo algum, vocês devem estar congelando. E não vou permitir que isso aconteça, agora me passa o seu casaco Elliot e se sente. - disse esticando a minha mão e ele sorriu da minha audácia antes de começar a tirar o seu casaco. E eu tive que concordar com Cece, aquele suéter azul escuro deixava Elliot ainda mais bonito.
—Você realmente é audaciosa sabia?- ele questionou sorrindo e sorri para ele enquanto pegava o seu casaco que estava impregnando pelo seu cheiro.
—Você não sabe o quanto Elliot.- disse e pode ver em seus olhos o quanto ele ficou curioso para saber até que ponto iria a minha audácia.
—Me desculpe interromper o flerte de vocês, mas tem uma adolescente faminta aqui. Que gostaria de ser alimentada. - Ária disse nos interrompendo e ficamos sem graça, principalmente Elliot que corou em um rosa adorável.
—Vou lá dentro buscar algo quente para vocês.- disse me afastando do dois a contra gosto, deixei seus casacos no cabide antes de ir para a cozinha.
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