Recomeçar escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 10
Leah


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do capitulo de hoje pois ele está repleto de emoção.
Beijos e boa leitura.



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Passar algumas horas ao lado de Elliot e Ária foi maravilhoso, apesar de quase ter colocado tudo a perder quando deixei meu lado irracional assumir o controle, por ele ter me afastado quando toquei sua mão, e sua atitude me surpreendeu, pois sempre achei que Elliot fosse alguém doce e sensível, mas a sua reação mostrou que ele possuía um forte senso de lealdade, mesmo que a dona de tal sentimento estivesse morta a oito anos.

Apesar disso não poderia desistir, ele era o meu imprinting, e se foi o escolhido era porque no final iriamos ficar juntos. Afinal, qual seria a finalidade de ter tido um imprinting por alguém que possuía uma fidelidade cega pela esposa morta? Será que até a magia que regia os quileutes estava querendo me ver sofrer novamente por um homem que era louco por outra?

—Está tudo bem? Você passou a viagem toda calada, o que não é normal.- Ayla questionou enquanto dirigia pela estrada que nos levaria a reserva.

Ayla fazia questão de me buscar no café, mesmo dizendo que não precisava, poderia muito bem voltar para casa correndo pela floresta como loba. Mas minha prima disse que minha companhia seria uma maneira de mantê-la acordada enquanto dirigia para casa, e isso me fez perceber que precisava aprender a dirigir, para poupar Ayla de uma viagem de volta após um plantão exaustivo no hospital.

—Só estou pensando no porquê disso tudo. - disse olhando o vidro do carro embaçar por causa da chuva.

—Tudo o que Leah? - ela questionou confusa enquanto parava em um sinal vermelho.

—Do porquê ser a única loba? Porque tive um imprinting com alguém que é devotado a falecida esposa? Porque não tenho um ciclo menstrual? - perguntei para mim mesma e minha prima suspirou, afinal ela mais do que ninguém sabia o quanto isso me deixava inquieta.

—Sobre você ser a única loba e não ter um ciclo menstrual, não sei lhe responder. Mas quanto ao Elliot, tenha fé. Você mesma disse que sabe que ele senti algo por você, apenas dê tempo ao tempo.- ela sussurrou fazendo uma curva, entrando assim na rua que nos levaria a nossa casa.

—Minha cabeça diz isso, mas quem disse que meu coração ou meu instinto escutam.- disse e ela sorriu.

—Pense no Elliot como uma recompensa. Uma doce e deliciosa recompensa, que só será saboreada depois de muito trabalho duro.

—Vou tentar manter isso em mente, mas você sabe o quanto sou impaciente. - disse frustrada e minha prima riu antes de estacionar na frente da nossa casa e percebermos que havia alguém sentado no balanço da varanda, que meu pai havia construído quando eu era criança.

—Aquela é a Emily? - Ayla questionou confusa enquanto desligava o carro.

—Acho que sim. O que ela faz aqui? E ainda por cima nessa chuva? - questionei sem entender o porquê da visita repentina da minha prima, afinal havíamos cortado relações desde que Sam teve um imprinting por ela.

—Me prometa que você vai se comportar e não vai surtar? Vamos ouvir o que ela tem a dizer antes de você a colocar para fora. - Ayla me pediu e revirei os olhos. Também não era para tanto, não ia escorraçar Emily da minha varada no meio da chuva.

—Eu sei me comportar. - sussurrei para Ayla antes de sairmos do carro e corremos para a varanda, afinal havíamos esquecido os guarda chuvas em casa.

—Emy, que surpresa. Pensei que íamos ao parque com as crianças amanhã à tarde. - Ayla disse antes de abraçar nossa prima e pisquei confusa.

Quando é que ela teve tempo de fazer planos para passear com a Emily? E porque elas não pensaram em me convidar também? Afinal nos três éramos primas e amigas inseparáveis desde que me lembrava. E foi naquele momento que percebi que algo havia mudado.

Toda raiva, dor e magoa que sentia em relação a minha prima, por ela ter ficado com o meu ex namorado, havia ido embora. Não havia restado nada, só o grande carinho e amor que sentia por ela antes de toda essa loucura de lobisomem acontecer, e constatar esse fato fez as lágrimas rolarem dos meus olhos, porque havia sido injusta, cabeça dura e cruel.

Nem Emily ou Sam tinham como controlar o imprinting, o que aconteceu não foi culpa de ninguém, foi a magia que escolheu por eles, e sei que se pudessem os dois jamais teriam me magoado.

—Está tudo bem Leah? - Emily questionou preocupada e concordei entre lágrimas antes de abraçá-la o que lhe deixou confusa.

—Me desculpe por todas as coisas horríveis que disse a você durante todos esses anos. Você não teve culpa de nada, isso é algo que não se escolhe. - sussurrei entre lágrimas enquanto abraçava minha prima apertado, me arrependendo de ter perdido tanto tempo com raiva dela ou de Sam. -Fui tão cruel com você e com o Sam, perdi tanto tempo sentindo raiva de vocês.

—Leah, perdoei você há muito tempo. Jamais iria ficar com raiva de você, a errada nessa história fui eu. - Emily disse entre lágrimas e me separei dela para olhar em seus olhos.

—Claro que não Emy, não se decide por quem vamos ter um imprinting, isso simplesmente acontece. E quando acontece, você faz de tudo para estar ao lado do seu objeto de desejo, até passar por cima dos sentimentos dos outros. Hoje consigo ver que nunca existiu uma pessoa errada nessa história, houve apenas vítimas da magia da nossa tribo.

—Oh meu Deus. Você teve o seu imprinting. Por isso você conseguiu me perdoar, pedi tanto a Deus para que você fosse feliz. Que achasse alguém que te amasse da forma que você merece, talvez assim pudesse ter a minha prima de volta. -Emily disse emocionada antes de nos abraçarmos de novo.

—Quem dera ele sentisse algo por mim além de amizade. - disse frustrada ao lembrar dos sentimentos de Elliot pela falecida esposa.

—Acho melhor entrarmos e fazermos um chocolate quente, porque a conversa será longa, afinal temos muita coisa para colocar em dia.- Ayla disse e concordamos antes de entrar em casa.

—É verdade. Vim aqui lhe entregar algo, mesmo que você batesse a porta na minha cara. Mas ai tenho essa surpresa incrível da minha prima me perdoar. - Emily disse ainda emocionada e colocou sua sacola em cima do sofá antes de irmos para a cozinha fazer o chocolate quente e Ayla subiu para tomar um banho.

 -E então, quem é o felizardo? Eu o conheço? - Emily questionou curiosa enquanto procurava no armário da cozinha por biscoitos e eu colocava água na chaleira para fazer o nosso chocolate quente. -Ele já sabe? Por acaso ele é bonito?

A curiosidade de Emily me fez rir, afinal parecia que havíamos voltado a ser adolescentes trocando confidências durante uma noite das garotas em meu quarto.

— Se lhe contar você tem que prometer que não contará nada a ninguém. Promete? E esse ninguém inclui o Sam.

—Porquê? - ela questionou confusa. - Achei que quando isso acontecesse, você iria querer que todos soubessem quem é.

—É uma situação delicada Emy. Apenas me prometa. - pedi olhando em seus olhos e ela suspirou resignada.

—Tudo bem, não conto para ninguém, principalmente para o Sam. - ela jurou e sorriu ansiosa. -E então, quem é ele?

—Você não o conhece. Ele é o melhor amigo da Cece, veio de Nova York para ficar ao lado dela quando a Elba morreu. - expliquei e ela me olhou ansiosa por mais detalhes. -O nome dele é Elliot Marshall, é viúvo, tem uma filha de quinze anos, é médico e super alérgico a canela. E não, ele não sabe sobre o imprinting.

—Porque não contou a ele Lele? - ela questionou confusa e a chaleira apitou, respirei fundo antes de desligar o fogo e começar a fazer o nosso chocolate.

—Porque Elliot não é daqui Emy, ele não faz ideia das lendas dessa cidade. Por mais que deseje tê-lo ao meu lado, sei o quanto o fato de estar ligado a mim mudará a sua vida, e seria cruel colocá-lo nesse mundo sobrenatural.

—Cruel Leah é não lutar pelo seu imprinting. Você esperou tanto por ele e agora que está aqui, quer desistir? - minha prima questionou seria e virei para vê-la.

—Jamais vou desistir do Elliot...Só estou apavorada. - disse entre lágrimas.

—Pelo o que Leah?

—Emy, ele ainda é apaixonado pela falecida esposa. A história deles não teve um final, ela foi interrompida. E isso me deixa apavorada, porque não tenho certeza se algum dia Elliot irá me amar da mesma forma que ama a falecida esposa. E ainda por cima, ele pode ir embora daqui a qualquer momento. Eu não sei o que fazer, estou de mãos atadas. - solucei desamparada e minha prima veio me abraçar com carinho.

—Ele pode estar ligado emocionalmente a esposa dele, mas o imprinting e forte demais para que esse laço dure por muito tempo. Elliot vai sentir a necessidade de estar ao seu lado, vai gostar da sua companhia e quando perceber estará apaixonado por você. Digo isso por experiência própria, não tem como resistir ao imprinting, não importa se você é um lobo ou um humano. - Emily disse suave enquanto acariciava minhas costas.

—Mas quero que ele escolha ficar comigo porque me ama e não porque o imprinting o forçou. - disse entre lágrimas e minha prima sorriu com carinho para mim assim que nos separamos.

—O imprinting não força ninguém Leah, temos a opção de não querer, mas isso se torna dificiel quando você tem alguém ao seu lado capaz de tudo para te fazer feliz, que te aceita da maneira que é, que é leal a você sem ao menos pensar. Eu tentei afastar o Sam, mas isso só estava machucando a nós dois, e não me arrependo de tê-lo aceitado, porque jamais fui tão feliz quanto sou com ele. A única coisa que me arrependo é de ter magoado a minha prima no processo. -ela disse arrependida e segurei suas mãos.

—Está tudo bem Emy, vamos deixar isso no passado. - pedi e ela concordou.

—Tenho certeza que apesar dos obstáculos você e Elliot ainda ficaram juntos.

—É o que espero. - disse sorrindo enquanto enxugava as minhas lágrimas e voltávamos a fazer o nosso chocolate.

—E então, você não terminou de falar sobre o Elliot. - ela disse curiosa e sorri.

—Ele é um homem incrível. É um pai maravilhoso, louco pela filha. Elliot cuidou dela desde que a esposa morreu há oito anos atrás em um acidente, ele é apaixonado pela profissão, acho que não consigo imagina-lo fazendo outro coisa na vida. Ele tem o sorriso mais lindo e amável do mundo, como se fosse capaz de aquecer tudo ao seu redor. - disse me lembrando do sorriso de Elliot e Emily sorriu feliz.

—Ele parece ser um homem incrível Lele, estou tão feliz por você. Mas ele é bonito? - ela questionou curiosa e revirei os olhos enquanto colocava as três xicaras em cima da mesa.

—Ele é um gato Emy. - Ayla disse descendo as escadas e a olhei confusa, ela mal tinha visto Elliot no enterro de Elba, como poderia saber tanto sobre ele? -Elliot é um homem alto, acho que deve ter em volta de um e oitenta no mínimo, tem a pele clara, olhos castanhos escuros, cabelos pretos, uma barba por fazer que deixaria qualquer mulher doida e acho que ele deve malhar. Resumindo, a nossa prima tirou a sorte grande.

—Como você sabe tantos detalhes do Elliot? - questionei ciumenta enquanto olhava para Ayla.

—Fica calma prima, não estou interessada nele. Eu o vi hoje, ele tinha acabado de socorrer um bebê na emergência e o doutor Cullen me pediu para acompanhar a mãe e a criança para o pediatra, e a Carla, que trabalha na recepção, começou a contar para todo mundo na hora do almoço o quanto o Elliot era lindo, ela até puxou a ficha do cara no antigo hospital em que ele trabalhava. Ela se mostrou bem interessada nele. - Ayla disse e respirei fundo tentando me acalmar.

—Como se fosse deixar a Carla chegar perto do Elliot. - disse ciumenta antes de me sentar e as duas riram.

—Voltando ao assunto Elliot, como ele é fisicamente? Porque sei que você anda frequentando o quarto dele a noite toda. - Ayla disse maliciosa enquanto se sentava e em seguida tomava seu chocolate. -Porque só sei o que todos podem perceber ao olhar para ele.

—Como é que você sabe? - questionei sem graça e as duas riram.

—Você não dorme em casa há três dias Leah. Desconfiava, mas agora tenho certeza.

—Em minha defesa, entrei no quarto dele porque escutei seu coração acelerar, e pensei que pudesse estar em perigo, e depois não consegui mais sair de lá. - disse me lembrando daquela noite e foi como se estivesse novamente naquele quarto, cercada por seu cheiro.

—E então? - Ayla questionou curiosa enquanto me olhava com expectativa.

—Ele é maravilhoso. - disse ainda perdida em minhas lembranças da noite em que o olhei sem camisa e elas sorriram.

Havíamos passado uma tarde incrível, conversamos sobre a nossa vida depois que nos separamos, sobre nossos relacionamentos, sobre como havíamos mudado durante os últimos anos. Era como se o tempo não houvesse passado e fossemos novamente as garotas Uley, como nos chamávamos, e tinha que admitir, sentia muita falta de ter nós três juntas novamente, mas isso só foi possível graças a Elliot.

Se ele não tivesse vindo para Forks e não tivéssemos sido apresentados naquele dia triste, no qual Elba, minha adorada chefe havia nos deixado, isso jamais aconteceria. E seria eternamente grata a ele por começar a transformar a minha vida, por me permitir crescer como pessoa ao perdoar a minha prima.

—Conversamos sobre tantas coisas, que acabei esquecendo o real motivo de ter vindo aqui. - Emily disse enquanto tirava algo da sacola que trouxe e me surpreendi por ver um grosso livro encadernado. - Todo mundo sabe que eu e o concelho estamos transformando a casa mais antiga da reserva em um museu, para preservar a nossa história, por causa disso recolhi inúmeros documentos históricos da tribo, que estavam em posse de várias pessoas daqui, os quais estavam guardados sem qualquer cuidado. Entre os vários documentos, encontrei algo que sabia que iria lhe interessar. Então, pedi a ajuda de Nessie e Esme, afinal as duas entendem muito de documentos antigos e como restaurá-los, elas escanearam esses documentos e imprimiram para que você pudesse lê-los.

—Sobre o que se trata esses documentos Emy? - questionei curiosa, afinal para que elas tivessem tido todo esse trabalho devia ser porque eles eram muito importantes.

—São relatos dos primeiros quileutes sobre uma garota da tribo que virou uma loba, o que deixou todos assustados, afinal essa magia parecia ser apenas destinada aos homens mais fortes e corajosos. - ela disse sorrindo antes de me entregar o livro e senti as lágrimas caírem de meus olhos.

—Isso quer dizer, que não sou a única? Que houve outra antes de mim?- questionei surpresa e feliz por finalmente ter conseguido uma explicação sobre o porquê ter me tornado uma loba.

—Sim, houve outra antes de você, e espero sinceramente, que todas as suas dúvidas sejam respondidas com esses documentos. - ela disse feliz e segurei a sua mão em sinal de gratidão.

Afinal, podíamos estar separadas antes e apesar disso, quando minha prima descobriu algo que sabia que era de vital importância para mim, ela não pensou duas vezes em me entregar aquele livro e seria eternamente grata por seu gesto.


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