Recomeçar escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 7
Elliot


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de Recomeçar, espero que estejam gostando da fic.
Beijos e boa leitura.



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—Você o que? - Cece gritou chocada com a minha revelação.

Protelei o quanto pode, evitando dizer a ela por quanto tempo duraria a minha estadia aqui em Forks, mas depois de três dias, não tive mais como fugir da minha amiga e lhe contei a verdade.

—Cece, se você gritar mais alto vai acabar acordando a Ária. - disse enquanto virava minha panqueca.

—Me desculpe, se não estou me servindo da panqueca que você está fazendo como se nada tivesse acontecido. Elliot, você pediu demissão do seu emprego, o qual você trabalha desde que estava na faculdade. O que pretende fazer agora? Como vai se sustentar?

—Por acaso, está pensando em me despejar Cecilia? - questionei me fingindo de magoado.

—Claro que não, você sabe que pode contar comigo para o que der e vier. Mas ninguém vive só de amizade, um dia as faturas do cartão de crédito chegam e destroem nossos sonhos. - ela disse e sorri da sua analogia.

—Não se preocupe, tenho uma boa reserva da pensão que recebo do meu padrinho anônimo. - disse desligando o fogo da panela e lhe servido algumas panquecas no prato, antes de colocar bastante calda de chocolate e lhe entregar.

Apesar de tentar fazer com que o dinheiro voltasse, afinal não precisava mais dele, não consegui nenhuma informação no banco de quem seria o meu benfeitor, então decide destinar o dinheiro que ainda recebia para a faculdade da minha filha, qualquer que fosse ela.

—E quando pretende voltar para Nova York?- Cece questionou antes de colocar um bom pedaço da panqueca na boca e gemer satisfeita o que me fez rir.

—Não sei Cece. Eu realmente gostei daqui, não sei explicar porque.

Apesar desse lugar ter ampliado a regularidade do meu pesadelo, o qual deixou de ser algo eventual para se tornar rotineiro nas últimas semanas.

—Você sabe que pode ficar o tempo que precisar, minha casa é sua e da Ária.- ela disse e agradeci.

—Falando em Ária, preciso coloca-la de castigo.- disse com pesar, pois odiava colocar minha filha de castigo e minha amiga me olhou confusa.

—Porque?

—Ária fugiu de casa para ir a uma festa Cece, e ainda usou o cartão de crédito que dei a ela, para emergências, para comprar um vestido que parecia uma toalha de rosto de tão curto. Ela traiu a minha confiança, só temos um ao outro, como vou poder voltar a confiar nela de novo depois disso?- questionei com pesar, afinal odiava colocar minha filha de castigo.

—Eu vi o vestido Elli, e nem era tão curto assim, tenho vestidos mais curtos que aquele. - Cece explicou antes de colocar outro pedaço de panqueca na boca, mastiga-lo e engoli-lo antes de voltar a falar. -Odeio o que vou dizer, mas sou sua amiga, e ás vezes os amigos precisam dizer umas verdades ao outro. Elli, você mimou demais a Ária depois que a mãe dela morreu, fez todas as vontades dela e tirou todas as responsabilidades que ela deveria ter. Acho que Ária está precisando de um choque de realidade, ela está precisando de um pai e não de um amigo.

Doeu ouvir o que Cece me disse, mas não reclamei, afinal ela tinha razão.

Depois que Clara morreu, coloquei minha filha em uma redoma, tentando protegê-la de tudo, e quando ela aprontava sempre relevava dizendo para mim mesmo que Ária só fazia isso porque queria a atenção do pai dela, que trabalhava demais.

—O que você me sugeri então? Porque estou sem ideias. - disse desesperado por uma solução.

—Você pode arrumar um emprego para ela no café que era da minha mãe, assim a Ária vai aprender a ter responsabilidades. E confie em mim, a Leah é a chefe certa para a Ária. Nossa garota vai andar na linha com ela.

—Não sei.- disse meio incerto, afinal ainda não conseguia entender a forma com que Leah me olhou três dias atrás, era assustadoramente íntimo e perturbador demais.

—Dê uma chance Elli, o que você tem a perder? Afinal, o ano letivo da Ária ainda não começou.

—Tudo bem, vou aceitar a sua ideia, afinal estou sem alternativas.

—Que bom, vou ligar para ela e falar sobre a minha ideia. E você tem um currículo?- ela questionou e pisquei confuso.

—O que vou fazer com um currículo?

—Você vai deixar no hospital daqui, vai que consegue algo.- ela disse dando de ombros antes de voltar a comer.

—Talvez eu queira curtir esse momento de desempregado um pouco.- disse dando de ombros e ela sorriu.

—Você relaxando? Duvido. Não dou uma semana para que já esteja subindo pelas paredes para usar seu jaleco e socorrer alguém.

—Odeio quando você tem razão.- disse frustrado, afinal sentia falta da rotina do hospital.

—Se me conhecesse do jeito que conheço você, estaria feita na vida.

—Mas qual seria a graça de sermos amigos? Amizade é isso, um conhecer o outro profundamente. - disse e ela concordou. -Vou acordar a Ária e me arrumar.

—Coloca aquele seu suéter azul escuro que lhe dei de aniversario, o qual você nunca usou, e além do mais você fica muito bem nele.

—Cece, não vou a um encontro. - disse me lembrando do momento em que ela me deu o suéter no meu aniversário desse ano.

Ela disse que deveria usá-lo quando fosse a um encontro, o que me fez rir. Afinal desde que Clara havia morrido, era como se não conseguisse mais me sentir atraído por mulher nenhuma, porque a única que havia amado tinha morrido, então para mim não havia sentindo em tentar outra vez, como minha amiga queria que eu fizesse.

—Nunca se sabe Elli, só faz o que estou dizendo. Quando chegar ao hospital, procure pelo doutor Carlisle Cullen, ele é o diretor geral do hospital. Agora suba, antes que você chegue atrasado.

Sem reclamar subi as escadas e fui acordar Ária, antes de ir para o meu quarto tomar um banho.

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—Acho que estão nos dando um chá de cadeira pai.- Ária disse impaciente enquanto estávamos sentados na recepção do hospital.

—Querida, o doutor Cullen deve estar ocupado, afinal a emergência está lotada. - disse e ela suspirou entediada, e isso me fez sorrir pois ela havia suspirando igual a mim quando ficava entediado. Mas antes que pudesse dizer algo, a recepção do hospital foi invadida por uma mulher em pânico com um bebê que aparentava ter no máximo quatro meses, e que não me parecia muito bem.

—Eu preciso de um médico.- ela gritou para a recepcionista de forma desesperada.

—Senhora se acalme, o que houve?- a recepcionista questionou paciente.

Sem perceber me levantei da cadeira onde estava e fui em direção a mulher que carregava o bebê, que não parecia estar respirando direito.

—Eu sou médico, senhora. O que houve com o seu bebê?- questionei preocupado e ela respirou aliviada.

—Estava amamentando meu filho e ele se engasgou com o leite...- ela soluçou desesperada sem conseguir terminar de falar, rapidamente peguei o bebê de seu colo e examinei suas vias áreas, constatando que todas estavam obstruídas por leite.

Me sentei em uma das cadeiras que estavam desocupadas e coloquei o bebê de bruços em meu braço apoiando sua cabeça em minha mão, com cuidado efetuei cinco tapas nas costas do bebê, sem muita força, para que pudesse expulsar todo o leite que bloqueava suas vias aéreas, logo o bebê colocou o leite para fora e começou a chorar. O que me fez respirar aliviado.

—Você foi um garoto muito corajoso e guerreiro. - disse aconchegando o bebê em meu colo enquanto examinava novamente seu nariz e sua boca, para ter certeza de que tudo havia saído.

—Ele está bem agora, mas recomendo que a senhora fique aqui e veja um pediatra, afinal ele ficou alguns minutos desacordado, e todo cuidado e pouco. - disse serio enquanto lhe entregava seu bebê. E logo pode ouvir todos batendo palmas, o que me deixou confuso.

—Obrigada por ter salvo a vida do meu pequeno Douglas, não sei como posso pagá-lo.- ela sussurrou repleta de gratidão enquanto desviava os olhos do seu bebê.

—Não precisa me agradecer ou me pagar senhora, só de ter salvado o seu filho já me sinto feliz.- disse sincero e ela soluçou emocionada antes de me abraçar em sinal de gratidão.

—Que Deus o abençoe doutor.- ela sussurrou agradecida em meu pescoço.

—Parabéns doutor Marshall, o senhor salvou a vida desse bebê.- ouvi alguém dizer assim que me separei da senhora. Confuso olhei para um homem loiro de olhos dourados, que aparentava ter em volta dos vinte oito ou trinta anos.

— Sua ação rápida foi crucial para que nada de ruim acontecesse com ele.- ele disse caminhando em minha direção e chamou uma enfermeira.

—Ayla, por favor leve essa senhora e seu bebê para a emergência pediátrica. O bebê se engasgou, mas foi muito bem atendido pelo doutor Marshall. Informe o quadro ao pediatra de plantão, para que ele realize uma bateria de exames para ver se o bebê está bem.- ele pediu a enfermeira que concordou antes de conduzir a mãe e o bebê para a enfermaria.

— Sou o doutor Cullen, poderia me acompanhar doutor Marshall.- ele pediu e concordei antes de seguirmos o médico até a sua sala.

—Boa sorte pai.- Ária desejou para mim, assim que preferiu esperar do lado de fora da sala.

—Me desculpe, fazê-lo esperar tanto, mas a emergência estava um caos.- ele se desculpou enquanto indicava a cadeira a sua frente para que eu sentasse.

—Está tudo bem, eu entendo. - disse me lembrando da várias vezes em que a emergência do antigo hospital em que trabalhava virava uma zona de guerra bem rápido.

— Se bem que foi até providencial a demora, afinal pude vê-lo em ação e fiquei impressionado com a sua rapidez em tomar decisões. O doutor deve ter passado muito tempo na emergência. - ele especulou enquanto lhe entregava meu currículo e o mesmo analisava.

—Sim. Fiz residência em cardiologia, mas preferi atender na emergência e fiquei por três anos nela, só me afastei com o nascimento da minha filha, ficando apenas como especialista. Voltei quando ela fez sete anos. - expliquei e ele me olhou surpreso.

—Impressionante. - ele disse sorrindo enquanto me olhava, podia parecer estranho, mas tive a impressão de que o conhecia de algum lugar, só não sabia dá onde. -Cece, me ligou pedindo que o entrevistasse, ela exaltou fervorosamente suas qualidades médicas.

—Minha amiga tem tendência aos exageros. - disse constrangido porque sabia como Cece poderia exagerar. - Só tento fazer o que amo da melhor maneira possível, pois assim poderei ajudar mais pessoas.

—“[...] A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação.[...]”.- o doutor Cullen citou uma parte do juramento de Hipócrates e concordei.- Você realmente cumpri o que prometeu, e o hospital ficaria muito feliz em tê-lo no nosso corpo médico.

—Isso é sério? - questionei surpreso e ele sorriu concordando.

—Claro que sim, não posso deixar um profissional do seu gabarito à deriva. E além do mais, vou me mudar daqui há alguns meses, e ficaria muito mais tranquilo sabendo que deixei em meu lugar alguém comprometido e que se preocupa de verdade com os pacientes. Minha secretaria entrará em contado com o doutor para lhe informar sobre a documentação necessária para que seja efetivado.

—Muito obrigado doutor Cullen. - disse sorrindo e ele pareceu ter visto um fantasma. -O doutor está bem?

—Estou, só que o seu sorriso me lembrou alguém. - ele disse e balançou a cabeça de leve, como se pudesse espantar as lembranças.

—Engraçado, porque tive a mesma impressão quando olhei para o doutor. Por acaso o senhor já trabalhou no hospital Santa Eulália? - questionei curioso, afinal só podíamos ter nos esbarados pelos corredores do antigo hospital onde trabalhava.

—Não. Talvez tenha sido em algum congresso de medicina. - ele disse dando de ombros enquanto concordava. -Se não se incomoda doutor Marshall, preciso ver alguns pacientes.

—Tudo bem eu entendo e me desculpe por ocupar o seu tempo. Mas uma vez, foi um prazer em conhecê-lo.- disse apertando sua mão antes de sair da sala, ainda com a sensação de que o conhecia de algum lugar.

—E então pai? - Ária questionou se levantando assim que me viu quando sai da sala do doutor Cullen.

—Eu consegui o emprego. - disse contente e ela sorriu antes de me abraçar apertado.

—Estou tão orgulhosa do senhor. Conseguiu salvar um bebê indefeso e um emprego, tudo isso sem suar ou despentear o cabelo. Você é um verdadeiro herói pai. - ela sussurrou em meu peito e sorri antes de beijar seus cabelos.

—Não sou um herói meu amor, só cumpri o juramento que fiz.- disse assim que nos afastamos.

—Mas para mim, você foi um herói hoje, e estou orgulhosa. - ela disse olhando em meu olhos e lhe dei um beijo carinhoso antes de começamos a andar para longe da sala do doutor Cullen. - Que juramento foi esse que você fez?

—No dia da minha formatura, que aconteceu há um tempo, eu levantei a minha mão esquerda  e jurei: “Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade. Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão.  Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade. A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. Respeitarei os segredos a mim confiados. Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão médica. Meus colegas serão meus irmãos. Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes. Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza. Faço estas promessas, solene e livremente, pela minha própria honra.” – disse e ela me olhou admirada.

—O que foi? - questionei confuso e ela sorriu suave.

—Pai, você já está formado a tanto tempo e ainda lembra o seu juramento de cabeça?! Isso é de se admirar.

—Não é para tanto querida, lembro do meu juramento, porque todos os dias antes de começar a trabalhar eu o repito, para nunca esquecer qual é o meu propósito.

—Que séria?

—Salvar vidas, e quando não consigo, o que me deixa muito mal, tento ao menos fazer com que meus pacientes tenham uma partida digna e confortável. -disse suave enquanto passávamos pelas portas automáticas da emergência. - Agora, que tal se fossemos a cafeteria tomar um chocolate quente.

—Quer dizer, você tomar um café e eu o chocolate quente. - ela disse sorrindo ao aceitar a minha proposta e concordei antes de desligar o alarme do carro e entramos.

 

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam desse encontro entre o Elliot e o Carlisle?
Louca para saber a teoria de vocês, beijos e até quarta.