Assim que minha visão se adequou a luminosidade do local, pude perceber que estávamos em uma sacada enfeitada por luzes e flores, havia uma mesa posta para dois que contemplava a vista de Portland.

—Feliz aniversário amor. -Elliot disse atrás de mim e me joguei em seus braços o que lhe fez rir. - Então isso quer dizer que você gostou?

—Eu amei. Ninguém nunca fez algo assim pra mim, muito obrigada. - disse emocionada e ele sorriu antes de me beijar com carinho.

—Não precisa agradecer, sempre vou fazer algo especial para você, porque te amo e quero que seja feliz. - ele disse suave e sorri antes de beijá-lo novamente.

—Como você descobriu esse lugar? - questionei assim que me separei dele e fomos para a mesa, onde Elliot puxou uma cadeira para que me sentasse.

—A Cece me ajudou. Ela tinha um amigo que devia um favor a ela, então esse local é nosso pela noite toda. - Elliot segredou e sorri animada antes dele começar a me servir.

—Eu posso fazer isso, sabia Elliot? - questionei sorrindo e ele revirou os olhos.

—Sei disso. Mas quero paparicar você, apenas me deixe fazer isso. - ele pediu me olhando com seus lindos olhos castanhos.

—Tudo bem, afinal é meu dia. - disse e ele sorriu concordando antes de terminar de me servir, em seguida ele se serviu.

Depois que contei todos os meus segredos a Elliot, estávamos mais unidos do que nunca, praticamente não conseguia mais ficar longe dele, e a prova disso era que metade das minhas roupas já brigava por espaço no guarda roupa dele, erámos praticamente um casal, dos mais melosos, como diz Sebastian.

 Quando Elliot levantava cedo para trabalhar eu fazia o mesmo, enquanto ele tomava banho e se arrumava, preparava seu café da manhã e lhe fazia companhia enquanto ele o tomava. E foi uma verdadeira batalha fazê-lo sentar para tomar café. Aos poucos consegui mudar esse hábito dele, e percebi que ele estava feliz por ter alguem que cuidasse dele, que percebesse suas necessidades sem que as expressasse.

Havíamos desenvolvido uma cumplicidade tão grande, que sabíamos as necessidades do outro sem ao menos precisar falar, tudo apenas pelo olhar. E isso era a parte mais linda da nossa relação, Elliot não era apenas meu imprinting, ele se tornou meu companheiro, meu amigo, meu porto seguro e eu era a mesma coisa para ele.

—Como estava o jantar? - ele questionou recolhendo os pratos e colocando-os em um aparador que havia perto da mesa.

—Maravilhoso, como toda a comida que você faz.- disse e ele sorriu surpreso por ter reconhecido o seu tempero. E eu tinha que admitir, meu namorado cozinhava muito bem.

—Exceto os doces. Por isso, achei mais segurou comprar do que fazer. - ele disse e sorrimos.

Elliot podia cozinhar muito bem, mais quando se tratava de sobremesas ele era uma verdadeira negação.

— O que você comprou? - questionei curiosa e ele sorriu antes de colocar o prato na minha frente.

— A sua sobremesa preferida. Torta de maça com sorvete de creme. - ele disse enquanto colocava duas bolas de sorvete de creme em meu prato.

O prato possuía um gênero pedaço de torta, em que duas pessoas poderiam dividi-lo, sorri assim que Elliot me entregou uma colher e ele ficou com a outra, mas antes que ele voltasse a se sentar, me levantei da minha cadeira e indiquei que ele sentasse, em seguida sentei em seu colo antes de começarmos a saborear a nossa sobremesa.

—Eu tenho um presente para você. - ele disse deixando a sobremesa de lado enquanto pegava um envelope pardo que estava na mesa, o qual nem havia notado.

—O que é? - questionei deixando minha sobremesa de lado.

—Não posso dizer, porque gostaria de ver a sua reação. Só espero que fique feliz e não com raiva de mim. - ele disse nervoso antes de me entregar o envelope.

—Só pra constar, jamais vou ficar com raiva de você. Não importa o que faça.

—Ás vantagens de ser um objeto de imprinting. - ele brincou e sorrimos.

Respirei fundo e abrir o envelope, não acreditando no que meus olhos estavam vendo.

—Cara senhorita Clearwater, a Universidade de Harvard tem o prazer de informar que a senhorita foi aceita para ingressar no curso de medicina da nossa instituição no próximo semestre. Queremos ressaltar, que ficamos impressionados com as suas notas e com as cartas de indicações dos seus professores, que foram categóricos em exaltar as suas excelentes qualidades de aluna aplicada. Aguardamos ansiosos a sua matricula, e bem vinda a nossa família. - lê em voz alta enquanto sentia as lágrimas molharem a minha face.

—Você conseguiu meu amor, meus parabéns. - Elliot disse feliz e virei para vê-lo.

—Como isso aconteceu? Eu não me inscrevi, na realidade nem sabia que as inscrições estavam abertas. - disse confusa e ele me olhou culpado.

—Culpado. - ele disse suave e o olhei confusa. -  Depois da nossa conversa, aquela em que me contou sobre a bolsa que perdeu, falei com a sua mãe e ela me ajudou a conseguir suas antigas notas na escola, depois conversamos com alguns dos seus professores e eles se prontificaram a escrever as cartas de indicação.

—Mas Elliot, para entrar é preciso fazer um teste. - disse confusa e ele sorriu culpado.

—Lembra do teste que Ária pediu para você responder junto com ela? - ele perguntou e concordei.

Nossa filha havia chegado da escola, dizendo que os professores tinham indicado que os alunos fizessem alguns testes das universidades apenas para conhecer como eram as suas avaliações, e me prontifiquei em ajuda-la com a tarefa, mas Ária pediu para que fizéssemos os testes separadamente.

— Pois é, a nossa filhote enviou as suas respostas. E então, já ficou brava comigo?

—Não, isso foi lindo amor. Foi a maior prova de amor que já recebi na vida, mas não posso ir. - disse com pesar e ele me olhou confuso.

—Porque não? Leah esse é o seu sonho, já desistiu dele uma vez, não faça isso de novo.

—Não posso deixar minhas responsabilidades aqui. Jacob precisa de mim.

—Eu conversei com ele, e Jacob fez questão de levar a sua documentação para o correio. Ele frisou que o bando pode sobrevir enquanto você realiza seus sonhos.

—Mas nós temos uma vida aqui. Eu tenho o café e você tem o seu emprego.

—Não me importo de pedir demissão, porque vou segui-la para onde for. Não importa se será em Massachusetts ou na Sibéria. - Elliot disse e acariciou meu rosto com carinho enquanto pensava. - Pela primeira vez na vida, pense um pouco em você. Pense no quanto você quer ser médica, o quanto quer ajudar os outros. Pense no quanto ficaria feliz e realizada em fazer algo que ama. Apenas, diga sim amor.

—Sim. - disse empolgada e ele sorriu antes de nos beijarmos. - Obrigada pelo presente, foi o melhor presente de aniversário que já ganhei.

—E eu achando que o melhor presente da sua vida fosse ter me conhecido. - ele disse fingindo magoa e sorri antes de acariciar seu rosto com carinho.

—Você não foi um presente Elliot, foi uma benção. Uma benção, que me deu a chance de realizar o meu sonho de ser mãe, através da sua filha. E serei eternamente grata por ter te conhecido. - disse olhando em seus olhos e Elliot sorriu emocionado antes de encostar sua testa na minha.

—Eu é que agradeço por você ter cruzado a minha vida. - ele disse assim que se afastou para me olhar nos olhos. - Você respondeu a todas as perguntas que existiam dentro de mim, você me deu um lar, Leah. Me amou mais do que já fui amado durante toda a minha vida, com você eu aprendi o que era amar e ser correspondido, e simplesmente não consigo imaginar a minha vida sem vida, nem por um segundo.

—Nem eu Elliot. - disse suave e ele sorriu amoroso antes de me beijar com carinho.

—Me daria a honra de dançar comigo? - Elliot perguntou no meu ouvido assim que nós separamos e concordei antes de nos levantarmos. Em seguida, ele tirou o celular do bolso tocando na tela em seguida, logo todo o ambiente se encheu com uma música lenta.

Com carinho, ele entrelaçou sua mão a minha antes de começarmos a dançar de forma lenta pela varanda, nos braços de Elliot senti que estava no lugar certo e que nada no mundo poderia nos separar, pois pertencíamos um ao outro, isso era visível na forma em que nos olhávamos, e pela primeira vez desde que comecei a namorar com Elliot senti uma sensação ruim tomar conta de mim.

Como se fosse a última vez em que ficaríamos juntos dessa forma.

A última vez em que Elliot me olharia de forma tão apaixonada e devotada.

—Amor, o que foi? Você estava tão feliz, porque está chorando? - ele perguntou preocupado assim que escondi meu rosto em seu peito antes de começar a chorar. - Leah, meu bem você está me assustando. Fiz algo errado?

—Não. - disse assim que consegui parar de chorar.

—Então, porque está chorando?

—Só fiquei com medo de te perder.

—Isso não vai acontecer Leah. Você jamais vai me perder.

—Mas e se acontecer?

—Prometo que vou fazer de tudo para voltar para você. - ele jurou me olhando nos olhos.

—Promete?

—Prometo. E como um lembrete da minha promessa...- Elliot disse suave antes de se separar de mim, pegar uma pequena caixa em seu paletó e se ajoelhar em minha frente.

Assim que percebi o que Elliot iria fazer meu coração começou a bater acelerado, como se fosse sair do peito e foi impossivel conter as lágrimas, afinal não esperava que ele fosse me pedir em casamento.

—Elliot, o que você está fazendo? -questionei entre lágrimas e ele sorriu surpreso pela minha pergunta.

—Estou tentando te pedir em casamento, apenas me deixe concluir. - ele implorou e sorri emocionada concordando.

— Leah Clearwater, te conhecer foi o maior presente que recebi da vida, ser amado por você foi uma verdadeira dádiva. Você me permitiu recomeçar, Leah. Me amou por inteiro, com todos os defeitos e qualidades que tenho, se tornou minha companheira para todas as horas. E eu te amo a cada respiração minha, a cada dia que abro meus olhos, você é o meu primeiro e último pensamento, amar você tem sido a única certeza da minha vida e não sei mais viver sem tê-la ao meu lado. Então, Leah Clearwater, você aceita se casar comigo? - Elliot questionou abrindo a pequena caixa e arfei surpresa.

A caixa de joias possuía um delicado solitário de diamantes em ouro branco, o qual possuía um diamante do tamanho mediano em formato oval, todo seu aro era incrustado por pequenos diamantes. O anel era discreto e nem por isso deixava de ser encantador.

Apesar de querer dizer sim, sabia que não seria o certo, afinal ainda escondia a verdade sobre as suas origens, e conhecia o bastante de Elliot para saber que essa mentira, ele não perdoaria. Mas ali olhando em seus olhos, que estavam ansiosos esperando pela a minha resposta, simplesmente não conseguir dizer outra palavra que não fosse sim.

—Sim. É tudo que mais quero na minha vida. - disse emocionada e ele sorriu antes de colocar o anel em minha mão direita e se levantar para me beijar de forma apaixonada.

—Pela sua demora, achei que fosse dizer não. - ele disse assim que nos separamos para respirar.

—Eu considerei. - disse e ele me olhou surpresa.

—Sério? Porque?

—Você não acha que ainda está cedo para me pedir em casamento? Só estamos namorando há quatro meses. - disse usando uma desculpa qualquer e ele me olhou sério.

—Pode até ser, mas não acho. Esperei por você durante trinta e oito anos sem ao menos saber, e não quero perder mais nenhum minuto. - Elliot disse e concordei antes de beijá-lo com todo amor que sentia por ele.

—Você gostou do anel? - ele questionou assim que paramos de nos beijar para respirar-

—Você sabe que não me importo com isso.- disse e ele sorriu suave concordando antes de pegar a minha mão direita e segurá-la para que pudéssemos ver o anel.

—Por mais que quisesse te dar o maior diamante da loja, sabia que você não gostaria de algo chamativo e que vivesse engatando na sua roupa, então escolhi algo delicado e discreto. - Elliot explicou enquanto olhávamos meu anel e ele era realmente lindo.

—Ele é lindo, e obrigada por pensar no que me agradaria.

—De nada meu bem, era o mínimo que poderia fazer.

—Obrigada pela noite maravilhosa Elliot. - agradeci olhando em seus olhos e ele sorriu carinhoso antes de voltarmos a dançar.

—Mas a noite ainda nem terminou querida, ela está apenas começando. - ele segredou antes de me girar de leve o que me fez rir por causa da surpresa.

—E o que vamos fazer agora? - questionei curiosa enquanto olhava nos seus olhos.

—Bom, gostaria muito que você me permitisse amá-la. - Elliot pediu carinhoso e sorri concordando antes de nos beijarmos.

Sem interromper o nosso beijo, Elliot me pegou no colo antes de sairmos do terraço e entrarmos. O quarto estava todo decorado com velas perfumadas e pétalas de rosas vermelhas, e foi impossivel não me emocionar por todo cuidado e dedicação que Elliot havia tido para me surpreender essa noite.

Com cuidado, como se eu fosse de cristal, Elliot me colocou deitada na cama e o puxei para lhe dar um beijo.

—Nervosa? - ele questionou suave assim que nos separarmos para respirar.

—Um pouco, não faço isso a um bom tempo. - segredei e sorrimos.

—Que coincidência, porque eu também não faço isso a muito tempo. - ele disse suave e beijei a ponta do seu nariz.

— Eu te amo Leah. Te amo mais do que tudo no mundo. - ele disse suave e acariciou seu nariz com o meu.

—Eu também te amo Elliot, mais do que tudo no mundo. - sussurrei olhando em seus olhos antes de nos beijarmos apaixonadamente.

Jamais iria esquecer a forma como Elliot me amou naquela noite, ele havia sido tão carinhoso, tão atencioso e cuidados. Pela primeira vez na minha vida, havia me sentindo realmente amada, senti que estávamos mais unidos, que nada poderia nos separar.

E por um momento fechei os olhos e agradeci ao universo por ter colocado esse homem incrível na minha vida, que me mostrou o verdadeiro significado da palavra felicidade.