Recomeçar escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 29
Elliot


Notas iniciais do capítulo

Bem vindos a mais um capitulo de Recomeçar e se preparem porque teremos segredos revelados hoje...
Beijos e até segunda.



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Passar um momento a sós com Leah estava sendo incrível, apesar dela ter cuidado de mim por uma semana, quase não podemos ficar a sós porque minha filha ou Cece sempre estavam em nossa companhia. Durante a curta semana em que fiquei afastado do hospital e Leah ficou comigo, podemos nos conhecer melhor, conversamos sobre várias coisas, assistimos a muitos filmes deitados na cama além de namorarmos bastante.

Apesar de estarmos juntos há poucas semanas, sentia que a conhecia por uma vida inteira e era grato por isso. Leah não era simplesmente a mulher por quem estava perdidamente apaixonado, ela era a minha amiga, a minha companheira, a pessoa com quem queria dividir a minha vida, e a cada dia esse sentimento ficava ainda mais forte.

—O que deseja pedir querida? - questionei assim que nos sentamos a mesa que havia reservado por telefone, e encararmos os cardápios.

—Não sei. Só sei o que não devemos pedir. - Leah disse olhando para o cardápio de forma concentrada e desviei a atenção do meu para vê-la.

— O que não devemos pedir? - questionei confuso para ela.

—Nada que possa provocar uma crise alérgica em você, como camarão, castanha e definitivamente nada com canela. - ela disse séria e foi impossivel não rir.

—Leah, amor, eu estou bem. Você acha que seria tão irresponsável de sair de casa se não estivesse recuperado da crise que tive?

—Eu sei que não Elliot, mas não consigo evitar. Sei que estou estragando a nossa noite, mas prometo que vou tentar não pensar nisso. - ela disse envergonhada por não conseguir se concentrar no momento em que estávamos vivendo agora.

Sem dizer nada segurei sua mão por cima da mesa e a apertei de leve enquanto olhava em seus olhos.

—Está tudo bem, não estou chateado com você. Entendo porque está preocupada, Leah, você não está acostumada a ver uma anafilaxia e isso te assustou, mas não pode deixar que o medo te impeça de viver, principalmente de desfrutar momentos como esse ao meu lado. Me promete que vai tentar? - pedi olhando em seus olhos e ela respirou fundo antes de concordar.

—Prometo que vou tentar.

—Isso já é um bom começo, e como incentivo, quero lhe dar uma coisa. - disse pegando algo de dentro do meu paletó e a mão de Leah ficou gelada o que me fez rir. -Relaxa, ainda não vou lhe pedir em casamento. Acho que quando lhe pedir você vai ter um ataque.

—Ainda bem que você é cardiologista. - ela apontou e foi impossivel não rir.

—Sei que minha anafilaxia te assustou e peço desculpas por isso, mas quero que entenda que isso nunca mais vai se repetir, porque se antes eu tomava cuidado agora tomarei mais ainda e por isso quero que fique com isso. - disse colocando a caneta de adrenalina que estava no bolso do meu paletó na mão de Leah, a qual eu estava segurando.

—É igual a caneta que a Ária usou para salvar a sua vida. - ela disse olhando para o objeto em suas mãos.

—Sim. Sempre ando com uma na minha maleta, outra comigo, a Cece tem uma e a Ária também e essa é a sua. Não se preocupe, porque vou explicar passo a passo da aplicação e quando ela deve ser usada. -expliquei e percebi que Leah estava com os olhos cheios de lágrimas o que me deixou confuso.

—Amor não precisa chorar, não quis te assustar ao te dar a caneta de adrenalina, só quis te deixar mais tranquila, porque assim se acontecer alguma coisa, você poderia me ajudar. Me desculpe se te assustei.

—Não quero que se desculpe Elliot, entendi seu gesto e agradeço por pensar em mim nesse sentindo. Por me considerar tão importante ao ponto de me entregar algo que vai salvar a sua vida. - ela disse olhando para a caneta em suas mãos.

—Claro que você é importante Leah, eu te amo. Você faz parte da minha vida e nada mais justo do que você ter também algo que pode me salvar quando for preciso.

—Elliot Marshall, você me dar essa caneta de adrenalina foi melhor do que um pedido de casamento.

—E você aceita-la é praticamente um casamento Leah Clearwater.

—Eu aceito. - ela disse comovida antes de beijar as minhas mãos com carinho e eu fazer os mesmo com as suas. - Agora, por favor, vamos comer porque estou morrendo de fome.

E quando é que ela não estava morrendo de fome? Muitas vezes me pegava pensando em como Leah conseguia ser magra diante do tanto que ela comia.

—Posso lhe perguntar uma coisa que tenho pensando há alguns dias? - questionei assim que terminamos de jantar e estávamos esperando a sobremesa.

—Claro.

—Como você conseguiu identificar o cheiro de canela no meu rosto quando estava caído no chão? -questionei curioso e Leah me olhou surpresa, como se não esperasse por essa pergunta.

—Eu meio que sou sensível a cheiros.

—Meio sensível como?

—Trabalhar cozinhando doces te deixa meio sensível a certos aromas, ainda mais aqueles que uso diariamente, como canela. - ela explicou suave enquanto olhava em meus olhos.

—Isso tem uma certa lógica. - disse e ela concordou.

—Bom, agora é a minha vez de lhe fazer uma pergunta, aquela que queria fazer enquanto você estava meio dopado.

—Tudo bem, pode fazer.

—Porque colocou o nome da sua filha de Ária? É um nome bem incomum para uma bebezinha. - ela disse curiosa e concordei.

—É uma boa pergunta, poucas pessoas a fazem. Coloquei o nome de Ária na minha filha por causa da música clássica, especificamente a ária Nessun dorma da ópera Turandot. - expliquei e ela me olhou surpresa.

—Você gosta de música clássica?

—Amo música clássica, aprendi a tocar piano no orfanato e Nessun dorma era minha ária favorita. Clara não gostou nenhum um pouco quando sugeri o nome, para ela nossa filha deveria se chamar Carolina, foram longos meses brigando quando cedi. Mas quando olhei para aquela garotinha em meus braços, a qual chorava mais do que todos os bebês do berçário sabia que ela não era apenas Carolina. Então, registrei a minha filha como Ária Carolina.

—E o que aconteceu quando a Clara descobriu? - Leah questionou curiosa e sorri me lembrando da reação de Clara quando viu o registro da nossa filha.

—Passei dois meses dormindo no sofá, até hoje minhas costas doem e olha que isso já faz quase dezesseis anos. - segredei e sorrimos.

—É um belo nome, e combina com ela.

—Sempre soube disso. - disse orgulhoso e sorrimos.

—Que tal se você tocasse alguma coisa. - ela sugeriu indicando o piano que havia no restaurante, o qual desde que estávamos ali alguns clientes já haviam ido tocar várias músicas.

—Eu não toco piano a anos, acho que nem lembro mais a posição das notas. - disse sem graça e ela revirou os olhos.

—O marido da minha irmã de consideração, sempre diz que tocar vem do coração. Se você ama a música, seu coração não esqueceu as notas.

—Você me coloca em cada uma querida. - disse me levantando e ela sorriu enquanto fazia o mesmo e íamos em direção ao piano.

—Está tudo bem, eu sei que você é capaz. - Leah me assegurou sentada ao meu lado e respirei fundo antes de levantar a tapa do teclado e começar a ária que espirou o nome da minha filha.

Não prestei atenção na reação das pessoas, apenas me concentrei na melodia e nas notas, que por incrível que pareça ainda sabia todas de cor, assim que terminei de tocar fui surpreendido por uma salva de palmas de todos os clientes do restaurante, o que me deixou sem graça. O dono do restaurante até quis me contratar, o que me deixou ainda mais sem jeito ao lhe explicar que não era pianista profissional e sim médico.

—Não acredito que você me fez tocar em um restaurante lotado. - disse ainda perplexo pela minha atitude enquanto andávamos pelas ruas de Port Angeles com nossas sobremesas embaladas para a viagem, afinal depois do meu pequeno show ficou impossivel continuar no restaurante, pois a todo momento alguem mandava um bilhete pelo garçom pedido uma música.

—Eu sei, nem eu acredito nisso. - ela disse sorrindo e indicou que nos sentássemos em um banco que havia em uma praça ali perto. -Só me diga uma coisa Elli, você se divertiu?

—Muito. - confessei e sorrimos enquanto sentávamos no banco, em seguida Leah tirou a nossa sobremesa, que era um generoso pedaço de torta de maça com sorvete, a sua sobremesa preferida e duas colheres antes de começarmos a comer ali mesmo.

—Qual é o seu maior medo? - Leah questionou antes de comer um pedaço do seu doce.

—Antes eu tinha medo de não ser um bom pai para a Ária. Dela crescer e dizer que destruí a sua vida. - disse antes de comer um pedaço da torta.

—Isso é impossivel, Elliot você é um pai incrível. Você faz de tudo pela Ária. Não tem como você ser um péssimo pai. - ela disse convicta e sorri triste por lembrar do passado. -Elliot, você quer me contar alguma coisa?

—Talvez. Mas nunca contei isso a ninguém, nem a Cece sabe disso.

—Prometo que não vou contar para ninguém. No momento em que você terminar de falar esquecerei o que disse e não tocaremos mais no assunto. -Leah jurou olhando em meus olhos e concordei antes de respirar fundo e lhe contar o segredo que escondia por anos.

—Quando a Ária nasceu, Clara e eu já não vivíamos bem, nós brigávamos constantemente porque ela não queria ter a nossa filha.  Clara nunca quis ter filhos, ela tomava pílula e ainda usamos camisinha, mas por vontade de Deus ela acabou engravidando quando estávamos recém casados. E foi uma verdadeira guerra convencê-la a ter a Ária. Havíamos deixado de ser marido e mulher, para nos tornamos dois estranhos que tiveram uma filha. - disse me lembrando do passado.

—Mas pelo que você dizia vocês dois pareciam ser felizes. - Leah disse confusa.

—Porque eu implorei a ela que na frente da nossa filha fossemos uma família e ela aceitou, afinal Clara sabia assim como eu como era doloroso não ter uma família.

—E você ficou preso a um casamento praticamente falido por todos esses anos?

—Sim, no começo ainda tinha esperanças de resolvermos nossas diferenças e sermos uma família, mas tudo mudou quando Ária fez cinco meses. Clara levou a nossa filha para o parque, algo que ela fazia todos os dias, mas nesse dia ela esqueceu a bolsa da bebê, então fui atrás dela. Foi quando descobri o porquê da minha esposa ser tão indiferente a mim. Clara, a única mulher que tive na vida estava tendo um caso, e o seu amante olhava para a minha filha como se fosse dele, depois daquele dia não conseguia parar de pensar que Ária, aquela garotinha que eu amava desde o momento que soube que seria pai podia não ser a minha filha. E pensar nisso estava acabando comigo.

—E o que você fez?

—Levei a minha bebê para o hospital, alegando que iria leva-la para o pediatra e fiz um exame de DNA, porque não conseguiria viver com a duvida da sua paternidade. - confessei a Leah envergonhando por duvidar da paternidade da minha filha.

—Você não deve se envergonhar Elliot, você estava sendo enganado e tinha o direito de saber se era ou não o pai da Ária. E qual foi o resultado?

—Ária é a minha filha biológica. Não só pelos olhos que herdou de mim, por algumas características fiscais e por ter meu sangue. Mas ela é a minha filha porque antes de abrir o exame, jurei com o meu bebê no colo que não importasse o resultado eu seria seu pai, porque a amava como tal. E desde então, faço de tudo para reparar essa minha falta, por ter duvidado sobre a sua paternidade. - disse envergonhado por meu momento de fraqueza.

—E mesmo sabendo que sua esposa te traia, porque ainda continuou casado com ela?- leah questionou confusa e parei para pensar em sua pergunta.

Sempre achei que decide continuar casado com Clara porque no fundo a amava, mas agora posso perceber que isso nunca foi verdade. Na realidade nunca amei de verdade a minha esposa, podíamos gostar um do outro mas isso não chegava a ser amor. Eu não sentia a necessidade de estar ao lado de Clara a todo instante, ou de tocá-la e muito menos beijá-la, algo que era totalmente diferente com Leah. E no fundo soube a verdade. Só fiquei durante anos com Clara por causa da nossa filha.

—Ária. Minha garotinha merecia ser criada pela mãe, ela merecia ter a família que eu não tive. -disse suave e Leah me olhou nos olhos e percebi que havia um certo brilho neles, um brilho que jamais olhei nos olhos da minha falecida esposa.

Aquele brilho correspondia a orgulho, admiração e respeito que ela estava sentia por mim naquele momento. E isso me deixou o homem mais feliz do mundo, por finalmente ter alguém, além de Ária, que me admirasse.

—Eu te amo.- Leah  sussurrou antes de nos beijarmos com carinho.


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