Recomeçar escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 25
Elliot


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindo a mais um capitulo de Recomeçar e se preparem, porque teremos grandes emoções, beijos e até sexta.



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Me despedir de Leah foi dificiel, parecia que estava deixando um pedaço de mim para trás, mas Cece precisava de mim e jamais a deixaria sozinha, mesmo que tivesse que deixar a mulher que amava sozinha. O que nunca agradou Clara, já Leah era diferente.

Ela entendeu porque tive que deixa-la, e isso só me fazia amá-la ainda mais, por não me obrigar a escolher entre ela e a minha amiga.

Assim que chegamos em casa, Ária subiu para o seu quarto e fiz o mesmo, mandei uma mensagem para Leah aviando que havia chegado bem antes de tomar banho. Coloquei uma calça de moletom e uma camisa leve, antes de descer até a cozinha e pegar o pote de sorvete preferido de Cece e duas colheres, e subi para o seu quarto. Bati na porta e esperei que minha amiga dissesse que eu poderia entrar.

—Elli, o que faz aqui tão cedo? Você devia estar na festa dando uns amassos na Leah.- Cece disse  com a voz chorosa assim que entrei em seu quarto.

Ela tentou disfarçar o choro enxugando o rosto com um lenço de papel que estava em suas mãos, e chutou a caixa do lenço para o chão em seguida, tentando esconder de mim o fato de que ela havia chorado sem parar. Mas eu sabia que ela saiu no meio da festa para vir embora por não suportar estar em um evento do qual sua mãe fazia questão de participar sempre.

—Você precisava de mim. E além o mais preciso de ajuda para comer esse sorvete de chocolate delicioso, que por coincidência é da sua marca favorita. E então? - questionei balançando o pote e ela sorriu comovida com meu gesto antes de bater no espaço que havia ao seu lado, um convite mudo para que me sentasse ali.

—E então, como foi beijar alguém que você ama depois de oito anos? - ela questionou enquanto abria o pote de soverte e lhe entregava sua colher.

—Tem certeza que quer falar sobre isso? - questionei antes de pegar um pouco do sorvete.

—Tenho, isso vai me distrair. - ela disse pegando uma colherada generosa antes de colocar na boca.

—Ok. Mas depois você vai me dizer como se senti, ou nada feito. - disse e ela concordou resignada.

—E então? - ela questionou ansiosa e sorri por vê-la animada.

—Foi bom. Nunca pensei que seria melhor do que quando beijava a Clara. - disse me lembrando da sensação dos lábios de Leah contra os meus.

—Eu sempre disse isso e vou continuar repetindo. Você nunca amou a Clara, o que vocês tiveram foi um namorico na adolescência, e quando cresceram ela se agarrou a você apenas para sair do orfanato, já que você estava se destacando na residência. - Cece disse séria e suspirei antes de comer uma generosa colher de sorvete.

—Você tem razão. - disse e ela me olhou chocada.

—O que você disse?

—Disse que você tem razão Cecilia, e agora sei disso. Achava que amava a Clara, mas aquilo não era amor. Nós dois só estávamos juntos porque tínhamos medo de enfrentar o mundo sozinhos, e com a Leah...É tudo diferente. O amor que sentimos um pelo outro é quase palpável, Cece.

 -Você realmente gosta dela, não é Elli?

—Não Cece, eu estou apaixonado pela Leah.  Não consigo imaginar viver sem ela.

—E como é estar apaixonado?

—É a coisa mais forte e verdadeira do mundo. Você se senti tão forte e ao mesmo tempo tão fraco. Seria capaz de qualquer coisa para ver a pessoa que ama feliz, capaz de morrer e matar por ela. É doloroso, assustador, mas é a melhor coisa que senti na vida e não a trocaria por nada nesse mundo. - sussurrei perdido em pensamentos.

—Isso é lindo Elli, e estou feliz que esteja sentindo isso. Você mais do que qualquer um merece ser feliz.

—Você também merece Cece. Agora, como está se sentindo? Está tudo bem? - questionei antes de voltarmos a comer nosso sorvete.

—Não Elli, eu não estou bem. - ela soluçou com dor, como se não conseguisse mais esconder o que estava sentindo. -Acho que vou morrer de tanta saudade da minha mãe, ela iria querer que fosse a sua menininha corajosa, e estou tentando Elli, mas é tão dificiel e dói tanto. Juro que tentei sufocar tudo isso e seguir em frente, mas estou sufocando em dor.

—Há Cece. - sussurrei e a puxei para um abraço apertado. - Você não precisa sufocar toda a dor, precisa senti-la. Passe por todo o processo de luto, minha amiga.

—Não quero passar por isso sozinha, estou assustada. - ela soluçou em meu peito.

—Você não está sozinha Cecilia. Eu estou com você, a Ária também e ainda tem a Leah. Nós vamos te ajudar, não importa o tempo que custar, e um dia toda essa dor vai amenizar e você conseguirá respirar novamente. Mas para isso, você precisa sentir a perda. Precisa chorar pela sua mãe. - sussurrei acariciando seu cabelo de leve enquanto Cece chorava sem parar.

Cece chorou por horas enquanto acariciava suas costas de leve, tentando lhe garantir naquele gesto que estaria ali por ela de todas as formas que um amigo poderia estar. E quando a exaustão a dominou fazendo-a pegar no sono, a deitei com cuidado e a cobri desejando que sua vida fosse melhor e mais feliz. Porque Cece merecia, ela era a pessoa mais gentil e leal que conhecia e não era justo está passado por tanta dor, mas sabia que quando tudo isso passasse ela seria uma outra mulher. Uma mais forte e decidida do que ela já era.

—Boa noite Cece. - sussurrei baixinho antes de sair do seu quarto e ir para o meu, porque precisava dormir um pouco.

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—Pai, apenas respira. Até parece que você nunca foi em uma encontro. -Ária disse assim que olhei pela quinta vez meu relógio de pulso, odiava admitir mais estava parecendo uma criança contando os minutos para ir ao parque de diversões.

—Já fui em um encontro Ária, só não entendi porque a Leah não quis que eu a buscasse. - disse frustrado por ela não me permitir conhecer o local onde ela cresceu e minha filha revirou os olhos antes de pegar um pacote de biscoito do armário da cozinha e abri-lo.

Assim que acordei, mandei uma mensagem para Leah convidando-a para almoçar comigo e ela concordou, o que me deixou feliz porque queria muito conhecê-la melhor, queria saber tudo sobre ela, dos seus sonhos até seus medos e queria que ela soubesse o mesmo de mim.

—Nesse quesito concordo com ela, La Push é complicada. Fui de carro para lá uma vez e acabei me perdendo. - Cece disse assim que entrou em casa e jogou a chave do meu carro para mim.

 Depois do café da manhã minha amiga se prontificou em ir buscar meu carro no aeroporto, tentei até recusar mas ela disse que era a sua maneira de se desculpar por me fazer sair cedo da festa e ainda ter arruinado a minha camisa com suas lágrimas. Tentei em vão argumentar, mas sabia que seria tempo perdido, então apenas entreguei minhas chaves e lhe agradeci por buscar o meu carro.

—Tudo bem, já que é assim. Mas espera, desde quando você é especialista em encontros Ária? - questionei desconfiado antes de roubar um biscoito do pacote de Ária, enquanto me lembrava que nenhum garoto tinha vindo pedir permissão para mim para sair com a minha filha.

—Sabe aquela noite em que fugi de casa, e acabei indo parar na cadeia? - ela questionou comi meu biscoito antes de entender onde ela queria chegar.

 -Lembra do garoto loiro de olho azul que usava um pirce no nariz? - ela questionou e parei de respirar enquanto entendia o que minha filha estava sugerindo. -Pois é, a polícia estragou meu encontro com o Gabe e você piorou tudo chegando lá bancando o rei leão protegendo a cria.

—Você estava tendo um encontro com um garoto? Porque ele não veio falar comigo? - questionei furioso e comecei a sentir meu corpo formigar e minha garganta ficar irritada, me fazendo tossir.

—Vou pegar um copo de água para você. - Cece disse e foi até geladeira pegar uma garrafa de água para mim.

—Pai qual é? Já sou adulta. E além do mais, você não falou com o pai da Leah antes de beijar ela. E não preciso da sua permissão toda vez que beijar um garoto, estamos no século vinte e um. - Ária destacou séria e comecei a sentir falta de ar, como se minha garganta estivesse se fechando.

Foi inevitável não lembrar de quando Ária era um bebê e roubei um biscoito dela, por causa disso quase morri, pois não percebi que se tratava de um biscoito de canela. Tentei dizer a elas que precisava de adrenalina, a qual sua caneta injetável sempre estava presente em minha maleta, porque minha crise alérgica sempre evoluía para uma reação extrema mais conhecida como anafilaxia, e quando começava só a adrenalina poderia me estabilizar até que recebesse o socorro necessário. Mas não consegui dizer uma palavra, porque minha garganta me impedia de falar, em meio a dor de tentar respirar acabei perdendo o equilíbrio e cai no chão, fazendo Cece e Ária gritarem apavoradas antes de correrem para o meu lado.

—Elliot, pelo amor de Deus, não morre. Não vou aguentar mais um enterro nessa casa. - Cece disse praticamente histérica enquanto minha filha chorava sem parar.

—Adrenalina. -sussurrei sem voz enquanto olhava para as duas torcendo para que conseguissem ler meus lábios e entender o que estava falando, mas as duas estavam descontroladas demais para prestarem atenção em mim.

Enquanto olhava para as duas, percebi que meus sintomas estavam piorando rapidamente, já estava muito difícil respirar e muito menos manter a consciência. E isso me deixou com raiva, porque não queria morrer agora. Queria ver a minha filha crescer e se tornar uma mulher, queria cumprir a promessa que fiz a Elba de levar Cece ao altar, quando liguei para me despedir dela, e queria viver o amor que sentia por Leah, era tão injusto eu estar praticamente morrendo sem ter passado a minha vida ao lado da mulher que amava. Queria ao menos me despedir dela antes de ir.

—O que está havendo? Ouvi os gritos de vocês da esquina. - Leah disse preocupada assim que entrou na minha casa e agradeci a Deus por me dar a chance de me despedir dela.

—Elliot. - Leah sussurrou com dor assim que percebeu que eu estava no chão e correu para o meu lado.

—Não, não, não. - Leah disse desesperada enquanto me segurava de encontro ao seu peito e me doeu ver em seus olhos o quanto ela estava desesperada por estar me perdendo, e foi inevitável controlar minha lágrimas, porque não queria deixá-la. - Não faz isso comigo, amor. Não agora que acabei de achar você.

—Elliot, não faz isso, não vou conseguir viver sem você. Você prometeu que nunca iria me deixar...Não faça isso comigo, eu te amo. Só fica comigo, por favor. - ela soluçou com dor e encostou sua testa na minha, e tentei dizer a ela o quanto a amava também e quanto queria ficar com ela, mas a minha voz não saia.

— Espera...- ela sussurrou e deslizou o nariz por meu rosto antes de me olhar alarmada. - Seu cheiro está errado querido... Está cheirando a canela. Você nunca teve cheiro de canela amor... Alergia...Ele precisa de adrenalina.

E se pudesse beijar a minha namorada agora faria isso, apesar de não compreender o assunto do meu cheiro.

—O que isso tem haver? - Cece questionou histérica.

—Alergia... - Ária sussurrou entendendo tudo e correu escada acima atrás da minha maleta.

—Há meu Deus, você está tendo uma crise alérgica. - Cece disse alarmada e subiu correndo atrás de Ária para ajudá-la a achar minha maleta.

—Sei que está dificiel respirar amor, mas tente aguentar um pouco mais. - Leah implorou enquanto olhava em meus olhos e segurei a sua mão enquanto olhava nos seus olhos e tentava manter minha respiração regular, o que estava cada vez mais dificiel. - Nós dois ainda temos tanto o que viver juntos, e não posso fazer isso sem você. Eu amo você Elliot, e preciso que fique do meu lado, me promete?

Por mais que quisesse dizer que sim, minha voz não saia e tudo que pude fazer foi apertar a sua mão, assegurando a minha promessa e percebi em seus olhos que Leah entendeu o significado do meu gesto.

—Achei a caneta. Dinda, vá até o carro e deixe-o ligado, depois da injeção temos que levar o papai imediatamente para o hospital. - Ária disse com a caneta injetável nas mãos enquanto descia as escadas e Cece concordou antes de correr para fora da casa.

—Você sabe o que fazer? - Leah questionou a minha filha sem desviar os olhos de mim.

—Sim. Papai me explicou como injetar adrenalina nele desde que eu tinha sete anos. - minha filha disse enquanto tirava a tampa da caneta injetável e a pressionava na lateral da minha coxa esquerda, apertando a caneta liberando assim o medicamento. Não demorou muito para que pudesse começar a senti o alivio proporcionado pela adrenalina.

—Ele precisa ir para o hospital agora, a adrenalina não vai durar por muito tempo. -Ária disse à Leah que concordou antes das duas me levantarem do chão, na realidade minha namorada estava praticamente me segurando sozinha.

Assim que estava no carro, devidamente acomodado no peito da minha namorada já que Leah não queria se afastar de mim, pedi a Deus e a todos os santos que nos protegem, porque do jeito que Cece estava nervosa, não sabia se chegaríamos inteiros ao hospital. Quando chegamos, entrei pela emergência e logo vários profissionais vieram me socorrer.

—Elliot? Mas o que aconteceu com você? - Carlisle questionou confuso assim que me viu deitado em uma maca.

—Uma anafilaxia. Eu mediquei o papai com adrenalina, mas demoramos demais para reconhecer os sintomas. - Ária explicou nervosa a Carlisle que balançou a cabeça antes de dar ordem a todos enquanto me levavam às pressas para ser avaliado.

Carlisle fez questão de me atender e administrar todos os medicamentos, ele ficou ao meu lado durante todo o momento.

—Como se senti Elliot? - Carlisle questionou preocupado assim que percebeu que minha respiração estava mais regular.

—Um pouco melhor. - sussurrei com a voz grossa, efeito da anafilaxia e ele concordou antes de pegar um copo de água e me oferecer. -Obrigado.

— Foi muita sorte sua ter uma caneta de adrenalina em casa.

—Não foi sorte. - sussurrei depois que tomei um pouco de água. - Sou extremamente alérgico a canela desde criança, sempre que entro em contato com essa especiaria entro em anafilaxia, então sempre mantenho uma caneta de adrenalina em casa. Ensinei até a minha filha a como aplicar o medicamento.

—Igual ao Adrian. - Carlisle disse perdido em pensamentos e pisquei confuso.

—Quem é Adrian?

—Apenas alguém que conheci a muito tempo que tinha o mesmo tipo de alergia que você. - ele disse sem importância e concordei.

—Posso ver as minhas garotas agora? Elas devem estar preocupadas. - pedi e ele sorriu concordando antes de programar o monitor de medicamentos e me deixar.


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