Parecia que todos os problemas do mundo resolveram acontecer em uma só noite.

Porque eu simplesmente não poderia ficar dançando com meu namorado e depois fugirmos para algum lugar discreto antes de trocarmos vários beijos apaixonados, como qualquer garota normal?

Mas você não é uma garota normal Leah, você é uma loba, minha cabeça sempre fazia questão de me lembrar isso.

—Será que poderíamos ir mais rápido. - Seth pediu enquanto eu tentava me equilibrar nos saltos enquanto andávamos pela floresta.

—Não é você que está de saltos Seth. - disse furiosa e parei perto de uma árvore me apoiando para tirá-los e entrega-los ao meu irmão enquanto segurava a barra do meu vestido.

—Porque Jacob e Sam não podiam fazer uma reunião amanhã? - questionei assim que recomeçamos a andar.

—Não sei, mas deve ser algo muito sério, pelo uivos que ouvimos.

E ao me lembrar dos uivos que somente eu e meu irmão ouvimos fiquei preocupada e com raiva, afinal eles interromperam a minha dança com Elliot, e foi dificiel lhe dá uma desculpa para me afastar dele.

Me afastar do meu imprinting estava ficando cada vez mais dificiel, e só estávamos juntos a menos de quatro horas.

—Que bom que estão todos aqui. - Sam disse assim que chegamos ao local em que todos estavam reunidos, que era na área da floresta que ficava perto da prefeitura.

—O que aconteceu? Porque todos aqueles uivos? - questionei preocupada e os meus irmãos de bando me olharam surpresos.

Será que eles nunca pensaram que eu poderia ficar bem usando um vestido? Tudo bem que eu era uma loba, mas ainda sim continuava sendo uma garota.

—Paul e os outros estavam fazendo uma ronda de rotina quando sentiram um cheiro diferente, eles seguiram o rastro e descobriram que se tratava de outro lobo, ou melhor um filho da lua.- Sam explicou desviando a atenção de todos da minha roupa e revirei os olhos enquanto todos ficavam alarmados por nosso visitante.

—Só pode ser o lobo que abordou Leah no bar. - Seth disse juntando as peças e todos concordaram.

—É ele, seu nome é Gael Amorini. - disse e todos me olharam confusos.

—De onde você conhece esse cara? - Jacob questionou confuso.

—Não conheço. Só fui saber o nome dele hoje no jantar de caridade, quando ele me tirou para dançar, porque queria me propor uma aliança.

—Que tipo de aliança?

—Ele desertou do seu bando por causa de um inimigo, agora precisa de um refúgio e aliados para lutar contra o inimigo dele.

—E porque ajudaríamos um completo estranho? - Paul questionou sem entender o porquê de estarmos perdendo tempo discutindo aquele assunto.

— Por causa do Elliot. - disse e todos me olharam sem entender.

—O que seu imprinting tem a ver com isso? - Jacob questionou confuso.

—O inimigo de Gael está vindo atrás do meu imprinting.

—O que o Elliot tem há haver com o inimigo do Gael? - Sam questionou perdido.

—Eu não sei e nem Gael sabe. Mas não vou arriscar a segurança do Elliot para descobrir, então aceitei o acordo. - disse e todos me olharam chocados.

—Leah, você não podia aceitar um acordo com um completo estranho, ainda mais sem consultar os demais e o concelho. - Jacob me repreendeu usando seu tom de alfa.

—Eu pensei que fosse a sua beta Jacob, a segunda no comando.

—É, mais isso não lhe dá o direito de tomar decisões sem me consultar, ainda mais uma que pode afetar a segurança da tribo inteira. - ele esclareceu severo e tive que admitir que ele tinha razão.

—Me desculpem. Não devia ter aceitado o acordo sem falar com vocês, mas não pensei direito, só queria proteger o Elliot. - disse tentando explicar a minha decisão.

—Apesar de ter sido precipitada, está tudo bem Leah. Qualquer um aqui faria a mesma coisa se seus imprinting estivessem ameaçados. - Sam disse e olhou para Jacob que gemeu a contra gosto.

—Quem sou eu para recrimina-la.- Jacob sussurrou lembrando do passando quando ele se união aos Cullen contra Sam para proteger Renesmee. -Diga ao Gael, quando você o ver, que queremos um encontro no próximo sábado, assim nos dará tempo de conversar com o concelho e elaborar as estratégias de defesa. E temos que avisar os Cullen.

—Posso falar com o Carlisle, ele está na festa.- disse e todos concordaram.-Bom, se já terminamos preciso voltar pra festa.

—Você nem gosta desse tipo de festa Leah.- Jacob disse surpreso por minha pressa em voltar para o evento.

—É mais agora eu tenho um namorado que está me esperando. - disse e todos me olharam surpresos.

—Espera, o Elliot? -Sam questionou feliz pela novidade.

—Quem mais séria. - disse dando de ombros.

—Até que fim o doutorzinho deixou de se fazer de dificiel.- Paul brincou e revirei os olhos.

—Eu preciso ir. Mas assim que ver o Gael vou marcar o encontro com ele.- disse e todos concordaram mas antes de sair dali virei para olhar nos olhos dos meus irmãos de bando.

—Obrigada. Obrigada por me ajudarem a proteger o Elliot.-disse agradecida e eles sorriram.

—Somos irmãos Leah, e apesar de alguns sempre implicarem com os outros, nunca deixaremos nossos irmãos sozinhos. - Jacob disse e sorri agradecida para eles antes de voltar para a festa com Seth.

Assim que entrei no salão procurei Elliot com os olhos, e sorri encantada ao vê-lo dançando com a filha. A forma como ele a olhava era de pura devoção, carinho, amor e orgulho. Ele seria capaz de tudo por ela, era nítido isso em seu olhos. E quando eles riram por Ária ficar tonta quando o pai a girou, foi perceptível a cumplicidade e companheirismo dos dois, Elliot era um pai incrível que olhava para a sua filha com saudade do tempo em que ela era apenas uma garotinha.

E foi ali que percebi que jamais poderia proporcionar outro momento assim, jamais poderia dar outro filho a Elliot, e isso acabou comigo, porque queria ser capaz de atender todos os seus desejos, mas por causa do que eu era, ser mãe estava fora do meu alcance.

Eu era grata por ser uma loba, afinal sem isso jamais teria encontrado o amor da minha vida, mas a consequência disso me trazia tantas provações.

—Está tudo bem Leah?- Seth questionou confuso ao meu lado.

—Estou, porque você não vai tirar a Molly para dançar. - sugeri a meu irmão que me olhou desconfiado. - Eu estou bem Seth, não se preocupe.

—Tudo bem, vou dançar com a Molly. - ele disse sorrindo antes de ir até o seu imprinting.

Seth havia tido um imprinting por Molly, quando a mesma se mudou com os pais para a casa em frente a de Charlie e desde então os dois não se desgrudavam mais. Eu gostava dela, Molly era doce, gentil, engraçada e fazia meu irmão feliz.

Assim que a música terminou, algumas pessoas saíram da pista o que permitiu que Elliot pudesse me ver. Ele falou algo com Ária que concordou, antes dele beijar a testa da filha e vir em minha direção.

—Ai está você, a mulher mais encantadora e sumida desse baile. - ele brincou se aproximando de mim e parou de sorrir assim que me viu. - O que foi, você parece triste? Aconteceu alguma coisa?

—Só me abraça Elliot, por favor. - pedi quase chorando e ele me envolveu nos seus braços de forma protetora e acolhedora.

Eu podia ser mais forte do que qualquer humano ali presente, era a mais veloz dos meus irmãos de bando. Mas ali diante de uma ameaça invisível contra Elliot, me sentia frágil, fraca e assustada, apenas não iria suportar se algo acontecesse a ele, ainda mais agora que havíamos revelado o que sentíamos e que estávamos juntos.

Eu morreria sem ele.

—Está tudo bem amor, estou aqui com você. Não vou deixar que nada de ruim aconteça, vou te proteger de qualquer coisa. - Elliot sussurrou acariciando minhas costas com carinho e apenas me permiti fechar os olhos sentindo seu perfume, me permitindo esquecer de tudo que houve, lembrando apenas do momento que havíamos compartilhado mais cedo.

—Se senti um pouco mais calma agora? - ele questionou suave depois de um tempo assim que me afastou de leve para que pudesse ver meus olhos.

—Um pouco. - disse e ele pegou um copo de água da bandeja do garçom que se aproximou para oferecer alguma bebida.

—Beba um pouco de água, isso vai ajudar. - ele disse me entregando a taça e agradeci antes de tomar um gole. - O que houve, porque você começou a chorar?

—Só me lembrei da Elba. Ela adoraria tudo isso. - menti, o que não era uma mentira, porque senti sua falta desde o momento em que entrei naquele salão.

—Eu sei, Cece também se emocionou muito. Tentei animá-la de todas as formas, mas ela preferiu ir para casa, e estava te procurando para me despedir, não posso deixá-la sozinha agora. - ele disse se desculpando e concordei.

Sabia que Elliot jamais deixaria a amiga sozinha em meio a tristeza, e isso era uma das suas melhores qualidades, a sua empatia. Apesar de querer ficar comigo ele sabia que deveria estar ao lado da amiga e jamais o proibiria disso, de apoiá-la.

—Está tudo bem, a Cece precisa de você e eu entendo isso. - disse suave enquanto acariciava seu rosto de leve. -Diga a ela que se precisar de qualquer coisa, que não hesite em me ligar. E isso vale para você também.

—Eu digo o mesmo. - ele segredou e sorrimos. - Que tal, se amanhã fossemos ao cinema e depois eu te levasse para jantar?

—Eu adoraria Elliot.

—Te ligo depois para combinarmos tudo.

—Tudo bem. - disse suave e ele se inclinou para perto de mim e me beijou carinhosamente.

Beijar Elliot era como cair em um abismo profundo, onde eu sentia tudo e nada ao mesmo tempo, era algo profundo, envolvente e maravilhosamente delicioso. A cada beijo que trocávamos a nossa ligação se tornava cada vez mais forte e era perceptível que ficava cada vez mais dificiel nos afastarmos.

—Eu preciso ir. - Elliot sussurrou tentando ser forte para ser afastar de mim, mas sabia que ele não conseguiria enquanto o olha-se implorado que ficasse.

—Tudo bem. - sussurrei tentando me fazer de forte enquanto soltava seu paletó.

Ficamos nos olhando por alguns minutos, era como se estivéssemos presos aos nossos lugares, impedidos de sair, mas eu precisava ser forte. Precisava garantir que tudo ficaria bem para que ele pudesse ir.

—Estou bem, não se preocupe. - assegurei novamente e Ária se aproximou de nós.

—Desculpe interromper, mas pai estou cansada. Posso te esperar no carro? - Ária questionou sonolenta e Elliot piscou confuso quebrando assim nosso contato visual antes de virar para a ver a filha que estava com o seu casaco nas mãos.

—Claro amor, só estava me despedindo da Leah.- ele disse enquanto entregava a chave para a filha.

—Que aliás ficou linda nesse vestido. Tenho certeza que meu pai gostou muito mais do vestido que você, Leah.  -Ária comentou maliciosa e Elliot corou sem graça o que nos fez rir.

—Carolina, vai para o carro. - Elliot disse sério e Ária revirou os olhos antes de se despedir de mim e sair.

—Sabia que você tem a péssima mania de repreender sua filha quando ela está certa. - disse e ele revirou os olhos antes de rir.

—Cece vive me dizendo isso.

—Então são duas contra um doutor Marshall. -segredei e sorrimos.

—Me acompanha até o carro? - ele pediu e concordei antes de sairmos do prédio.

—Obrigado pela noite incrível Leah, faz muito tempo que não me divirto assim.- Elliot disse enquanto caminhávamos lado a lado pelo estacionamento.

—Não precisa agradecer, eu também me diverti muito com você. E me desculpe por sumir por algumas horas. - disse culpada por não poder lhe contar onde estava e ele sorriu.

—Tudo bem, já entendi que você é uma mulher cheia de mistérios.

—E você não acha isso ruim? - questionei confusa enquanto parávamos perto do carro de Cece.

—Claro que não amor, acho que isso faz parte do seu charme. - ele brincou e rimos. - Quando se sentir pronta, tenho certeza que irá me contar algum deles, e vou estar pronto para ouvi-la.

—Obrigada por entender. - disse agradecida e Elliot sorriu doce.

—De nada. - ele disse e ouvimos alguém buzinando. - Acho que é a minha deixa.

—Tudo bem, dirija com cuidado, e quando chegar me manda uma mensagem. - pedi suave e ele concordou antes de me dar um último beijo e entrar no carro.

Olhei uma última vez para a rua onde seu carro estava se distanciando e respirei fundo antes de voltar para a festa, afinal ainda precisava conversar com Carlisle.