Eu estava um pilha de nervos desde que deixei Elliot na casa da amiga, não conseguia me concentrar em nada, ainda bem que havia feito todos os doces para o evento um dia antes pois se deixasse para a última hora tenho certeza que eles não estariam bons.

Instrui a todos que estavam me ajudado na disposição dos doces para o jantar, que os que possuíssem canela deveriam estar todos identificados, porque não queria que Elliot comesse algo com essa especiaria por engano e passasse mal.

Assim que Ária chegou para ajudar na arrumação da festa, fui cumprimenta-la e ela sorriu para mim, como se soubesse um segredo que me envolvia. Mas não tive tempo de perguntar a ela, pois Esme, que era a responsável pela organização do evento esse ano, teve a ideia de organizar o jardim e Ária se voluntariou para ajudá-la.

Tentei até falar com ela, mas parecia que Ária estava fugindo de mim, com medo de revelar alguma coisa, e tive que respeitar o fato de que ela escondia algo e que não iria me contar, porque jamais iria lhe pressionar para confessar algo que não queria. Após deixarmos tudo pronto, fui para a casa da minha mãe me arrumar, afinal lá era mais perto que La Push.

Meu vestido para o evento havia sido uma presente da minha mãe, que havia feito questão de fazê-lo. O vestido era azul marinho e possuía um decote ombro a ombro, que revelava meu colo de maneira discreta e sutil e seguia justo até a metade das minhas coxas onde se abria delicadamente. Me apaixonei pelo vestido assim que mamãe me entregou e fiquei surpresa por ela ter acertado as medidas, pois não tinha provado nenhuma vez ele.

—Olhe só para você está uma deusa. - Ayla disse emocionada ao me ver descendo as escadas devidamente arrumada.

—Não exagera Ayla. - disse sem graça e ela revirou os olhos.

—Deixa de ser modesta, esse vestido caiu como uma luva em você. Tenho certeza que se o Elliot não se apaixonar quando a ver assim tão linda é porque ele não tem olhos. - Ayla disse e sorri da empolgação da minha prima.

—Boa sorte querida, e espero que sua noite seja inesquecível. - minha mãe desejou esperançosa e agradeci antes de me despedir dela e de Charlie que iriam mais tarde.

—Viu, disse que você estava um espetáculo.- minha prima disse ao meu lado assim que entramos na festa e alguns homens se viraram para nos ver.

— Você sabe que nenhum deles me interessa. Só quero o Elliot.- disse tentando ver se ele havia chegado e minha prima sorriu da minha ansiedade.- Será que ele já chegou?

—Acho que não. Mas vamos tomar uma bebida enquanto ele não aparece.- Ayla sugeriu e concordei enquanto íamos em direção ao bar.

—Não é que a lobinha fica bem de vestido de festa.- uma voz disse atrás de mim e virei para encarar aqueles olhos verdes. Os mesmos olhos verdes do lobo misterioso que me abordou outra noite.

—O que você faz aqui? - questionei baixo olhando em seus olhos tentando não chamar a atenção de Ayla que estava em uma conversa animada com o bar man.

—Vim lhe oferecer um acordo, ou melhor um tratado de ajuda mutua. - ele sussurrou e me olhou de cima a baixo, se demorando em minhas curvas.

—E porque faria um acordo com você? Me dê apenas um motivo. - questionei séria e ele sorriu da minha audácia, logo começou a tocar uma música lenta e ele e me ofereceu a sua mão.

—Tenho certeza que você irá aceitar porque isso envolve seu macho, o doce e inocente doutor Elliot Marshall. Agora que tal se discutíssemos nosso acordo enquanto dançamos, porque não quero que as pessoas escutem.

Apesar de não querer aceitar sua mão, minha opinião contraria foi embora quando ele mencionou o nome do meu imprinting, seria capaz de tudo por Elliot. Até ter a minha primeira dança com um completo estranho, quando a havia prometido ao homem que amava.

—Já estou dançando com você, agora comece a falar. - disse seria enquanto dançávamos pelo salão e minha prima ficou surpresa em me ver dançando com um desconhecido, afinal ela sabia que jamais iria dançar com outra pessoa que não fosse Elliot.

—Por onde devo começar lobinha? - ele questionou tentando organizar os pensamentos e revirei os olhos impaciente o que lhe fez rir.

—Primeiramente, meu nome é Leah e não lobinha. E Quem é você?

—Mas lobinha combina tanto com você. E não vou parar de chama-la assim. - ele disse sedutor e me inclinou de lado aproximando seu rosto do meu.

—Não se atreve. - sussurrei ameaçadora e ele sorriu antes de voltarmos a nossa posição normal.

—Eu me chamo Gael. Gael Amorini, e sou um filho da lua. - ele disse e me girou afastando-me dele antes de me puxar de volta para os seus braços.

—Um filho da lua. Mas pensei que vocês estivessem extintos. - disse me lembrando das histórias que Carlisle havia contado sobre a erradicação deles pelos Volturi.

—Quase lobinha, quase.

—Então o que veio fazer aqui? - questionei curiosa, afinal nunca havia ouvido falar em uma visita de algum filho da lua a La Push.

—Eu desertei do meu bando e vim para Forks atrás de uma garantia de vida. Algo que meu inimigo deseja. E achei que você poderia querer fazer um acordo comigo.

—E onde o meu imprinting entra nisso? - questionei sem paciência e ele sorriu como se tivesse acertado um palpite.

—Tudo a haver. Meu inimigo está vindo atrás do seu macho. E pensei, porque não unir forças com os lobos daqui. É como dizem por ai, o inimigo do meu inimigo é o meu amigo. E então, quer unir forças comigo?

—O que seu inimigo deseja com o Elliot?

—Com certeza não é uma consulta medica. E então, lobinha? Aceita meu acordo?

—Se eu aceitar, você jura que irá me ajudar a proteger o Elliot?

—Eu juro. Dou a minha palavra de beta que irei fazer de tudo para proteger seu macho. E também vou adorar ver a cara de surpresa do meu inimigo quando perceber que frustrei seus planos. - ele disse perdido em meio aos seus planos de vingança e revirei os olhos.

Homens e seus sonhos de serem heróis.

—E qual será o seu benefício nesse acordo?

Afinal, Gael não iria se arriscar a entrar em território estranho apenas para me avisar do perigo que Elliot estava correndo.

—Preciso de um refúgio e aliados para lutar.

—Pois bem Gael, temos um acordo. Espere apenas eu conversar com meu bando. - pedi e ele concordou.

—E se eles não aceitarem? - ele questionou preocupado.

—Problema deles. Sou capaz de passar por cima da decisão de dois bandos de lobisomens pelo Elliot. -disse convicta e ele sorriu pela minha resposta e olhou por cima do meu ombro antes de fazer uma careta.

—Falando no doutor Marshall, parece que ele não gostou nada de vê-la dançando comigo.- Gael disse e me separei dele para olhar na direção que o mesmo indicava, e vi um Elliot nada feliz em me ver dançando com outro homem.

—Me desculpe por isso, nunca quis te causar problemas com o doutorzinho.- ele disse se referindo a Elliot.

—Tudo bem, eu cuido disso. E obrigada Gael, por vir até aqui me alertar. - disse antes de me virar para ir de encontro a Elliot, mas me detive e virei para ver Gael. Encarando-o de forma ameaçadora e letal.

— Se estiver mentindo, juro que irá se arrepender disso. E principalmente, por fazer meu macho achar que tenho algo com você. - sibilei furiosa e ele sorriu feliz por me ver daquele jeito, dominada por meu instinto de loba.

—Até que fim mostrou a sua postura de rainha. E não se preocupe, não estou mentindo. - ele jurou e concordei antes de seguir em direção a Elliot que havia ido em direção ao bar e tomado uma dose de uísque de uma só vez sem tirar os olhos de mim.

—Que bom que você chegou, estava te esperando. - disse feliz assim que parei ao seu lado e ele me olhou com os olhos repletos de magoa e isso fez meu coração doer.

—Não foi o que pareceu. Você estava se divertindo com o seu amigo pelo que vi.- ele disse magoado antes de pedir mais uma dose para o bar man.

—Eu não estava me divertido, e ele nem é meu amigo, está mais para um conhecido. - disse meio incerta, afinal Gael estava mais para um conhecido de negócios. -Elliot, por favor, não fica magoado comigo, ele era apenas um conhecido que me pediu uma dança e começou a fazer perguntas sobre a minha família.

—Eu não estou magoado com você, a palavra certa seria com ciúmes. - ele disse olhando no meus olhos. -Leah, você me prometeu a primeira dança, e quando chego no baile te vejo dançando com outro cara. Como quer que eu me sinta?

—Me perdoa, não quis te deixar com ciúmes. Como posso me redimir? Você quer que eu ajoelhe e te implore para dançar comigo, eu faço isso. - disse e fiz menção de me ajoelhar e ele me impediu segurando minhas mãos.

—Não precisa fazer isso. - ele disse envergonhado por me fazer chegar a tal ponto. - Me perdoa, não devia ter surtado por causa de uma dança.

—Não devia mesmo. - disse e o puxei pelo paletó para que ele ficasse mais perto de mim. - Eu me arrumei toda para você, e ao em vez de me elogiar e me tirar para dançar, você preferiu ficar no canto como um menino birrento.

—Eu mereci essa. - ele disse sorrindo sem graça e sorri do seu jeito tímido.

 E foi com muita satisfação que segui o olhar de Elliot passando por meu vestido, e sorri assim que percebi que seu olhar se demorou em minhas curvas principalmente em meu decote.

—E então? - questionei esperando o seu convite e ele desviou a atenção com muita dificuldade do meu decote antes de me oferecer sua mão, a qual aceitei.

—Você está deslumbrante. E gostaria de saber, se me concederia uma dança? - ele questionou suave enquanto olhava em meus olhos e beijou a minha mão.

—Uma não, varias. - segredei e ele sorriu amoroso antes de me levar para a pista de dança.

E ali nos braços do homem que eu amava, senti que estávamos somente nós dois no mundo, compartilhando algo íntimo e profundo, simplesmente perdidos um no outro sem perceber nada ao seu redor.

 A forma que Elliot segurava a minha cintura era ao mesmo tempo delicada e possessiva, e quando a sua mão se encaixou na minha foi como se elas houvessem sido feitas para isso. Como se tivéssemos sido feitos um para o outro, e foi com surpresa que vi que sua mão esquerda estava livre das alianças que ele usava quando chegou a Forks.

—O que aconteceu com as suas alianças? - questionei confusa ao voltar para seus braços após ele me girar para longe dele.

—Eu as dei para a minha filha, para que ela as usasse quando se casar algum dia.- ele sussurrou e parei de dançar tentando compreender o que esse ato queria dizer.

—Acho que precisamos ter a nossa conversa agora. Tem algum lugar reservado para irmos? - ele questionou e meu coração começou a bater acelerado.

—Acho que o jardim lá fora deve servir. - disse me lembrando que Ária e Esme haviam arrumado aquele local, a sorte era que estava fazendo uma noite quente em Forks para poder ficarmos lá fora.

Sem dizer uma palavra Elliot manteve nossas mãos entrelaçadas enquanto me levava em direção ao local que indiquei, assim que entramos no jardim ficamos maravilhados como o local que possuía inúmeros vasos de pequenas flores de cores vibrantes, que haviam sido destacadas por pisca piscas.

—Esse lugar é lindo.- Elliot disse e concordei enquanto ele soltava a minha mão e pequena uma pequena flor azul que havia ali.

—É verdade. Ária e Esme fizeram um trabalho incrível. - disse e ele me olhou surpreso antes de colocar a flor em minha orelha.

—Minha filha fez isso? Ela nunca me disse que gostava de decoração. - ele disse surpreso por minha revelação.

—Fez, ela tem talento. - disse olhando ao redor e vendo como tudo se harmonizava, tanto as luzes quanto os sofás que haviam sido colocados ali. - Que flor é essa?

—Ela se chama amor perfeito. São as flores mais delicadas da natureza. No orfanato em que cresci havia inúmeras delas pelo jardim, e a madre me contou que elas significam o amor romântico e duradouro, infinito. E a azul combinou muito com o seu tom de pele. - Elliot disse e acariciou meu rosto de leve.

—Elliot, eu...-sussurrei e ele colocou sem dedo indicador em meu lábios me impedindo de falar.

—Apenas, me deixe confessar o que sinto Leah.- ele implorou enquanto olhava em meus olhos e percebi que a partir daquele momento nosso destino estaria traçado para sempre.