Recomeçar escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 2
Leah


Notas iniciais do capítulo

E com vocês mais um capitulo de Recomeçar, boa leitura



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Mal podia acreditar que Ayla estava vindo morar conosco, pelo menos seria uma prima minha que não tinha me apunhalado pelas costas. Mamãe sempre me dizia que deveria perdoar Emily, afinal ela não tinha culpa de nada. Mas era mais forte do que eu, ela era da minha família, onde estava a lealdade ao sangue quando se precisava?

Pelo menos Ayla entendia o que era ser traída por quem menos esperamos, afinal ela pegou seu noivo com a madrinha do casamento se agarrando durante o jantar de ensaio. Depois que surpreendeu a traição do noivo com a até então melhor amiga, minha prima me ligou devastada e não soube o que dizer, tudo que pude fazer foi ouvir seu choro e assegurar que estava ao seu lado. Alguns dias depois ela me ligou dizendo que havia pedido transferência do hospital de Seattle, onde trabalhava como enfermeira, para o hospital de Forks, segundo ela iriamos formar o bando das garotas traídas, e achei graça, afinal ela nem era uma loba.

Havia se passado oito anos desde que Renesmee havia nascido, e muita coisa havia mudado em La Push. Mamãe finalmente havia aceitado o pedido de casamento de Charlie, e agora os dois moravam na casa dele, Seth não pensou duas vezes e decidiu também se mudar para a nova casa, já eu preferi ficar na minha antiga casa, mesmo que ela ficasse longe da cafeteria onde trabalhava, afinal ser uma loba em tempo integral não pagava as contas.

Meu irmão finalmente havia tido o seu imprinting, o nome dela era Molly, ela era uma garota legal que havia acabado de mudar para a casa em frente a de Charlie. Todos do bando estavam felizes com seus imprinting, e eu era a única que não havia tido um, depois de oito anos já havia desistido da ideia de algum dia tê-lo.

—Nem acredito que vou olhar minha sobrinha depois de tanto tempo. - mamãe disse eufórica enquanto tirava um assado forno e eu preparava uma salada para o almoço de boas-vindas a Ayla.

Ali na cozinha da nossa antiga casa, fazendo o almoço, parecia que estávamos de volta ao passado e isso me fez sorrir. Não é que eu não gostasse de Charlie, longe disso, ele era maravilhoso conosco, quase como um segundo pai e fazia minha mãe muito feliz, mas sentia falta dela aqui, da nossa convivência do dia-a-dia. E apesar da saudade estava feliz por ela, por ter se dado outra chance.

—Eu também mãe, a última vez que nos vimos foi no seu casamento.- disse e vi seus olhos brilhando ao se lembrar daquele dia, e era por causa desse brilho de felicidade em seus olhos que me conformava em sentir saudades dela, porque ela estava feliz e isso amenizava a minha saudade.

—É verdade, todos estão empolgados para vê-la.- ela disse e revirei os olhos.

Claro que La push inteira estava empolgada para olhar Ayla, afinal ela havia se mudado daqui com o pai após a morte da mãe, se formado e se tornando alguém, para todos ela seria como uma atração no circo.

—Só espero que não façam perguntas que a deixem desconfortável.

Porque essa era uma das especialidades do povo de La Push.

—Leah, meu bem, tenho certeza que todos irão saber se comportar.

—Eu duvido mãe.- disse pensando nas fofoqueiras da tribo, que sempre me censuravam por andar com um bando de homens.

—Consigo sentir o cheiro dessa comida maravilhosa lá de fora.- Ayla disse assim que entrou na cozinha.

—Ayla.- mamãe disse emocionada antes de largar o pano de prato e correr para abraçar a minha prima.- Olhe só para você, está tão linda e a cara da minha irmã.

—Obrigada tia, e a senhora também está de parar o trânsito. Pelo que vejo seu segundo casamento está lhe fazendo bem.- Ayla disse maliciosa e minha mãe corou sem graça.

—Que isso garota, me respeite. - mamãe disse sem graça e sorrimos.

—E olhe só para você, Lele, está linda. - ela disse admirada e revirei os olhos antes de nos abraçarmos. -Senti tanto a sua falta.

—Eu também Ayla. Você não sabe o quanto. - disse tentando segurar as lágrimas.

—Olhe só para nós, chorando como duas bobas.- ela disse sorrindo enquanto nos separávamos.

—Quero saber sobre todas as novidades da tribo.- ela disse sorrindo enquanto olhava para mim e para mamãe.

—Não se preocupe, não perdeu muita coisa por aqui. Agora, que tal te mostrar seu quarto? Tenho certeza que deve estar louca para tomar uma banho depois da viagem.

—Isso é verdade, Seth e Charlie já devem ter levado minhas malas para cima.- ela disse suave antes de dar um tau para a minha mãe.

—Quer dizer que vamos morar sozinhas aqui? - Ayla questionou para mim enquanto saíamos da cozinha.

—Sim.

—Lembra como sempre desejamos isso? E agora somos as garotas Uley contra o mundo. - ela disse e sorriu triste enquanto subíamos as escadas, afinal faltava outra garota no nosso trio.

—Ayla, não vou ficar chateada se quiser ir vê-la, ela é sua prima também. - disse tentando não ficar magoada, afinal não podia impedir minha prima de ver quem quisesse.

—Eu sei, mas o quanto isso iria lhe magoar?

—Acredite em mim, minha gota de mágoa já extrapolou. - disse abrindo a porta do quarto para ela.

—Isso não existe Lele, sempre há uma nova forma de sermos magoados. - ela disse sincera.

—Acho melhor deixar você tomar um banho e relaxar, enquanto vou ajudar mamãe com o almoço.

—Tudo bem, e obrigada por me receber aqui Lele.- ela disse agradecida.

—Que isso Ayla, você é a minha prima e seria capaz de tudo por você.- disse suave e ela sorriu antes de nos despedirmos e eu descer para ajudar minha mãe com o almoço.

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Era ótimo ver que minha prima estava se divertindo enquanto matava a saudade de todos os meninos da matilha, afinal havíamos passado a infância com todos eles, foi até engraçado ver o Paul tentando explicar a Rachel, sua esposa, que Ayla havia sido sua ex-namorada.

—Leah.- Sam disse assim que se aproximou de mim enquanto arrumava a mesa.- Será que poderíamos conversar?

Apesar de ter se passado anos, ainda não conseguia olhar para Sam ou Emily, ainda havia magoa demais em mim, para que pudesse conviver com eles.

—Não. - disse firme enquanto olhava em seus olhos. -Porque não me deixa em paz?

—Porque sei que a magoei profundamente, e tudo que quero é lhe pedir perdão, para que possamos viver em paz. - ele sussurrou culpado. - Se quer sentir ódio de alguém sinta de mim, não da sua prima, ela não teve culpa de nada. Lee, ela senti a sua falta. Tudo que Emily mais quer é ter a prima de volta.

—Não me chama de Lee, você não tem mais direito de me chamar assim.- disse furiosa enquanto olhava para ele. - Isso não irá acontecer. Desejo que vocês dois vivam bastante para verem no que me transformaram. Posso sofrer com a felicidade de vocês, mas vocês irão sofrer com a minha dor também.

—Leah.- Sam disse tentando argumentar mais o deixei falando sozinho, não queria mais ouvir as desculpas dele.

Entrei em casa e fui para o meu quarto, tudo que queria naquele momento era deitar na minha cama e chorar escondida. Às vezes me pegava desejando ter o meu imprinting, talvez assim toda dor, raiva e decepção fossem embora. Mas a minha crise de choro foi interrompida pelo toque do meu celular. Limpei minhas lágrimas e respirei fundo antes de atender ao telefonema de Cece, a filha da minha chefa.

—Cece, aconteceu alguma coisa? - questionei preocupada, afinal Elba não estava nada bem.

—Há Leah, minha mãe quer falar com você. - ela disse com a voz chorosa e senti meu coração errar uma batida.- Não demora, por favor, não sei quanto tempo ela ainda tem.

—Não se preocupa, estou indo.- disse tentando controlar as minhas lágrimas.

Elba havia se tornado uma segunda mãe para mim, ela havia me dado uma chance quando ninguém mais havia, afinal, só tinha o ensino médio. Ela acreditou em mim e sempre relevava meus atrasos excessivos no trabalho, quando era a minha vez de fazer a roda pela reserva. Ela me aceitava como eu era, uma garota cheia de segredos, com um passado doloroso, mas apesar disso acreditava em mim, assim como a minha mãe acredita.

Assim que nos despedimos, sai correndo do meu quarto e fui atrás de Charlie, para lhe pedir uma carona, quando minha mãe ouviu que Elba havia piorado, ela me abraçou com força antes de entrar em casa para começar a fazer uma novena para ela. Todos que estavam presentes na festa de boas vindas da minha prima, ficaram consternados com a situação da minha chefa, afinal todos sabiam o quanto ela era importante para mim.

—Vou espera-la aqui fora.- Charlie disse assim que estacionou na porta do hospital.

—Tudo bem e obrigada pela carona Charlie.- disse tirando meu sinto de segurança.

—Não precisa agradecer garota, mande lembranças minhas a Elba.- Charlie disse e concordei antes de sair do carro.

Andei o mais rápido que pude até chegar ao corredor que dava acesso ao quarto de Elba.

—Que bom que você veio rápido.- ela disse fraca e sorriu assim que entrei em seu quarto.

—Jamais negaria um pedido seu. - disse tentando me fazer de forte enquanto ia me sentar ao seu lado.

—Há querida, nada de tristeza. - Elba disse amorosa enquanto segurava a minha mão.- Já vivi demais, e estou conformada que chegou a minha hora. Estou feliz, que as duas garotas que mais amo no mundo estão comigo em meus últimos momentos.

—Não são seus últimos momentos mãe, você ainda terá muito o que viver. - Cece disse enxugando as suas lágrimas enquanto segurava a outra mão de sua mãe.

—A pessoa sabe quando é a sua hora meu bem, e a minha chegou.- Elba disse suave enquanto nos olhava. -Pedi que viesse Leah, porque queria me despedir e lhe dar um presente.

—Presente?- questionei confusa e o celular de Cece começou a tocar.

—É o Elliot, mãe. Vou atender lá fora. Tudo bem?

—Tudo querida, e diga a ele que quero vê-lo antes de morrer.- ela disse e Cece concordou antes de sair do quarto.

—Ele é um ótimo rapaz, tem uma filha maravilhosa, mas que vive aprontando com ele. Acho que Elliot terá cabelos brancos antes dos cinquenta anos por causa da Ária. - ela disse e sorrimos.

—Ele é o namorado da Cece? - questionei sem saber de onde vinha o meu interesse.

—Oh não. Eles são grandes amigos, quase como irmão. E isso é raro hoje em dia.- ela disse suave enquanto me olhava e concordei.- Conversei com Cece, sobre meus últimos desejos e ela concordou comigo. Sei que você irá cuidar muito bem da minha cafeteria.

—Claro, não se preocupe com nada. Vou cuidar de tudo até que Cece possa assumir.- disse e ela sorriu suave enquanto segurava minha mão.

—Estou deixando a minha cafeteria para você, Leah. Para que possa ter algo que te motive a ser feliz e quem sabe até voltar a estudar.

—Mas Elba, a cafeteria deveria ser da sua filha. Eu não posso aceitar.

—Sei disso. Mas Cece e eu sabemos que ela não leva o menor jeito para a cafeteria.- ela disse e rimos.-Por favor, atenda ao último pedido de uma moribunda, isso me deixaria feliz e em paz, porque você estará bem antes de eu ir, assim como minha filha ficará.

—Se isso lhe deixa feliz eu aceito.- disse sorrindo e ela sorriu agradecida.- Obrigada por tudo que fez por mim Elba Ellis, e foi um grande prazer em conhecê-la.

—O prazer foi meu Leah Clearwater, e espero que você seja incrivelmente feliz.- ela desejou sincera e agradeci.

Depois que me despedi de Elba, Cece entrou no quarto e resolvi deixa-las a sós, pois sabia que elas precisavam desses últimos momentos, mas assegurei que ficaria no hospital, caso elas precisassem de alguma coisa. E Cece me garantiu que ficaria bem e que eu poderia ir para casa, pois queria ficar aqueles últimos minutos com a mãe, e que seu amigo chegaria em Forks amanhã cedo, o que me deixou feliz, afinal num momento como aquele só a família e os amigos poderiam nos manter interiores.

E naquela mesma tarde, Elba Ellis, a melhor pessoa que tive a sorte de conhecer partiu em paz, deixando o mundo um pouco mais apagado sem a sua luz.


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