Recomeçar escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 1
Elliot


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a fic Recomeçar, e espero que se deliciem com cada capitulo no qual começará a contar o final feliz da Leah.
Boa leitura gente.



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Parecia até um milagre que a emergência estivesse vazia em pleno sábado à noite, o que era estranho, todos os dias a emergência era tumultuada, principalmente nos finais de semana.

Dei uma volta na enfermaria, para saber se tudo estava sob controle, e assim que confirmei que tudo estava calmo fui para a ala de descanso dos médicos, afinal dormir durante um plantão ás vezes era impossivel.

Assim que deitei a cabeça no travesseiro, após tirar meu jaleco e pendurá-lo no meu armário, meus pensamentos começaram a vagar incontroláveis com imagens do meu passado, e foi inevitável não segurar minha mão esquerda, a qual possuía duas alianças de casamento em meu dedo anelar. Clara havia me deixado de uma maneira tão prematura e trágica, nossa filha tinha apenas sete anos quando a mãe foi atropelada por um motorista bêbado que fugiu antes de prestar socorro, deixando minha esposa agonizando no asfalto. Havia se passado oito anos desde essa tragédia, e nunca havia me recuperado. Nem eu, nem nossa filha.

Ária havia se tornando uma linda jovem, uma mistura perfeita minha e de Clara, só que essa linda jovem, vivia me dando dor de cabeça, ás vezes pensava que não iria conseguir passar são pela fase da adolescência da minha filha. Mas a vibração que vinha do meu lado, me tirou do meus pensamentos. Confuso, olhei para a tela sem reconhecer o número e atendi preocupado, afinal da última vez que atendi um número desconhecido as notícias não foram nada boas.

—Boa noite, gostaríamos de falar com o senhor Elliot Marshall. - a voz do outro lado disse entendida assim que atendi.

—É ele quem está falando. Do que se trata? - questionei com o telefone no ouvido enquanto me sentava na cama.

—Sr. Marshall, precisamos que o senhor venha até a décima quarta delegacia, é sobre a sua filha, Ária Marshall. - ele disse e senti o meu coração se apertar.

—O que aconteceu com a minha filha? Ela está ferida? - questionei em pânico enquanto levantava da cama em um salto.

—Acalme-se Sr. Marshall.

—Não venha me pedir calma cara. Ela é a minha única filha. Agora, me diga o que houve com ela. - exigiu furioso.

—Vou relevar seu desacato Sr. Marshall, afinal também tenho uma filha. - a voz disse compreensiva. - Sua filha foi detida, ela estava em uma festa em um local nada amigável.

—Isso é impossivel. Ária está em casa com a babá, a Sra. Dolores. Vocês devem estar com a garota errada. - disse convicto, afinal a Sra. Dolores cuidava da minha filha, desde que a mãe havia morrido. Confiava plenamente nela, só não confiava na minha filha. Afinal, Ária era muito determinada quando queria algo.

—Sr. Marshall, não há nenhum erro. Confirmamos a identidade dela pelo banco de dados do seguro de saúde.

—Será que posso falar com a minha filha, policial. - pedi e ele concordou e escutei a zoada do telefone sendo passado para outra pessoa.

—Qual é o seu nível de raiva, pai? - Ária questionei nervosa e sorri sem humor.

—Não existe nível de raiva para isso Ária. - disse furioso, enquanto andava em direção ao meu armário para trocar de roupa.

—Em minha defesa, fui abordada de forma ilegal. Eu poderia até processar a polícia de Nova York. - ela se defendeu tentando soar inocente e bufei de raiva.

Era isso que dava deixar minha filha passar as férias com a madrinha advogada.

—Vou fingir que acredito Ária. E qual é a sua justificativa para não estar no seu quarto dormindo a uma hora dessas? - questionei severo.

—Talvez ser um sábado à noite? - ela questionou e respirei fundo, automaticamente encostei meu celular na testa contando mentalmente até três. Afinal, não queria dizer algo que iria me arrepender para o resto da minha vida.

—Papai, você ainda está ai? -ouvi Ária chamar nervosa.

Respirei fundo e coloquei o telefone novamente no ouvido.

—Estou. Estou indo te buscar, e tenta não aprontar mais nada garota.

—Tudo bem, vou me comportar enquanto o espero. - ela prometeu antes de desligar o telefone.

Sem pensar muito, troquei de roupa rapidamente antes de ir até a sala dos médicos, informar meus colegas que teria que me ausentar por alguns minutos.

Enquanto dirigia pensava no castigo que daria a Ária, pois dessa vez ela havia passado de todos os limites, e não tive nenhuma ideia brilhante.

—Já liguei para a delegacia, e exigi um tratamento adequado para a Ária. - Cece disse pelo viva voz do carro. - Se não, vou processar aquela delegacia inteira.

Cece era a madrinha da minha filha, ela era uma advogada temida por todos da cidade, dos policiais aos bandidos, mas no fundo sabia que ela era uma pessoa doce e sensível. Havíamos nos conhecido nos corredores da faculdade, quando Cece esbarou em mim e derrubou meus livros de anatomia, desde aquele dia viramos amigos inseparáveis, e foi inevitável ela não se tornar amiga da minha falecida esposa.

—Obrigado por se preocupar com a minha filha, Cece. - disse enquanto fazia uma curva para entrar na rua da delegacia.

—Não precisa me agradecer, Elli, eu amo a Ária. - ela disse simples e sorri comovido. - E além do mais, que tipo de dinda seria se não ligasse para tirar a minha afilhada da delegacia.

—Eu preferia que ela nem estivesse em uma delegacia. -disse frustrado, estava me sentindo um fracasso como pai.

—Odeio não estar ai perto de você para lhe dá apoio. - ela disse culpada.

—Nada disso Cece, não se sinta culpada. Sua mãe precisa de você ai. - disse suave, afinal a mãe da minha amiga estava em estado terminal.

—Eu sei. - ela sussurrou com a voz abalada.

Sabia que ela precisava de mim, e me sentia horrível em não estar ao seu lado em um momento como aquele.

—Cece, não importa que eu esteja longe de você, sempre vou estar ao seu lado. Pode me ligar a qualquer hora. - disse suave enquanto estacionava em frente ao prédio da delegacia. - Vou ver a minha escala, e dá um jeito de ir até ai.

—Estou bem Elli, não precisa fazer sacrifícios para vir até Forks.

—Cece, somos amigos. E não me importo de ir até o fim do mundo só para segurar a sua mão e dizer que tudo ficará bem. Não importa o que você diga.

—Eu sei. -ela disse com a voz embargada e respirou fundo antes de voltar a falar. - Depois falamos sobre isso, agora vá tirar nossa menina levada da delegacia. E diga que mandei um beijo.

—Eu vou dizer. - disse antes de nos despedirmos e ela desligar.

Respirei fundo antes de sair do carro e ir em direção a delegacia, depois que me identifiquei, assim que entrei na delegacia, o policial que havia me ligado me conduziu até onde minha filha estava, e me surpreendi por vê-la usando um vestido tão curto que mais parecia uma toalha de rosto. Um vestido que não me lembrava de ter comprado para ela, com certeza Ária havia usado o cartão de emergência que lhe dei para adquiri-lo.

—Você está bem? - questionei preocupado enquanto tirava meu casaco e oferecia a ela.

—Estou pai. - ela disse aceitando o casaco de bom grado antes de vesti-lo.

—Ótimo. - disse olhando para a minha filha conferindo com os olhos se ela possuía algum machucado, antes de virar para o policial que estava ao meu lado. - O que devo fazer para liberarem minha filha?

Assim que terminei de fazer todos os tramites legais para liberar minha filha, saímos da delegacia e fomos em direção ao meu carro.

—Vai me torturar com o seu silêncio agora? - ela questionou enquanto andava ao meu lado.

—Você me decepcionou Ária. Eu confiei em você, e você traiu a minha confiança. - disse magoado enquanto olhava em seus olhos. - E ainda teve a coragem de usar o cartão que te dei para emergência, para comprar esse vestido minúsculo.

—Pai, me desculpe. Mas sou jovem e nunca havia ido a uma festa. Vai me dizer que você nunca aprontou na vida? E ter um vestido novo para a festa era uma emergência. - ela explicou séria e respirei fundo tentando não gritar com ela.

—Eu nunca aproveitei a vida, porque sempre soube que tinha que ser responsável, afinal não tinha ninguém por mim além da sua mãe. - disse sério e ela me olhou com pesar. -Não podia me dar o luxo de ser rebelde Ária, ou poderia ser transferido para um orfanato a altura da minha rebeldia.

—Pai, eu não sabia que era assim.

—Claro que não, sua mãe e eu sempre tentamos lhe poupar sobre a nossa vida no orfanato. - disse suave enquanto olhava para ela.

Havia sido deixado no orfanato Solaria ainda bebê por um homem, um médico que havia atendido meus pais no hospital, pois segundo ele os mesmos haviam sido levados a obtido após terem sofrido um acidente de carro, do qual fui o único sobrevivente. Desde esse dia, esse médico misterioso bancava todas as minhas despesas, tentei muitas vezes fazer contato, mas madre Angélica sempre me dizia que ele não queria contato comigo. Sempre fui uma criança tímida e quieta, vivia com um livro embaixo do braço, até que Clara chegou ao orfanato e mudou a minha vida, tornando-a mais agitada. E tinha certeza que a nossa filha tinha puxado isso dela.

—Eu entendo pai. Mas não sou mais uma criança. - ela disse abrindo os braços para que pudesse vê-la.

—Você ainda é uma criança Ária.

—Pai, qual é? Não sou mais uma criança. - Ária disse séria enquanto me olhava com seu queixo erguido em desafio, um gesto que ela havia herdado da mãe. Muitas vezes achava esse seu gesto adorável, pois sempre me fazia lembrar o grande amor da minha vida Clara. Mas agora seu gesto me deixava furioso.

—Não me venha com qual é, Ária. Eu sou seu pai e você me deve respeito. - disse severo enquanto olhava em seus olhos. - E quem disse que você não é mais uma criança? Garota, você só tem quinze anos, ainda é uma criança. Agora, para de discutir comigo e entra nesse carro, Ária.

—Eu odeio você. - ela gritou com raiva antes de entrar no carro e bater à porta com força.

—Não se preocupe, posso conviver com isso. - disse serio antes de entrar no carro.


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