Recomeçar escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 17
Elliot


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo da Fic Recomeçar.
Espero que gostem beijos e boa leitura.



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—Tau.-sussurrei olhando Leah entrar no carro da prima como se estivesse fugindo de alguém, ou melhor de mim. Será que havia feito algo errado para que ela fugisse de mim daquela maneira? Apesar de ter garantindo que não havia feito nada errado, me sentia culpado por seu afastamento. Afinal, foi perceptível que Leah não gostou de saber da minha viagem repentina.

Na realidade nem eu queria me afastar dela agora, mas precisava ir, pois havia tido um problema na minha documentação que só poderia ser revolvido por mim, aproveitaria minha volta para Nova York para visitar madre Angélica, porque precisava desesperadamente do seu colo materno, talvez isso acalmasse minha mente.

 Me sentia no meio de uma tormenta desde que cheguei a Forks, todos os meus sentimentos estavam uma confusão, era como se não me reconhecesse mais depois que cheguei aqui. Algo havia me mudado, algo que não conseguia entender ou nomear, mas sabia que era forte e que me direcionava para Leah.

Podia não saber o que sentia por Leah, mas não podia negar a forte atração que sentia por ela. Não era simplesmente desejo, era algo mais forte e enlouquecedor, que ás vezes me fazia esquecer tudo e isso era assustador. Nunca havia esbarado com uma mulher que me fizesse esquecer minha promessa de fidelidade a Clara, e em menos de algumas semanas Leah me fez questionar tudo dentro de mim, ela derrubou minhas defesas e tomou conta dos meus pensamentos.

Leah havia me transformado sem ao menos perceber e isso era assustador e fascinante, a cada dia sentia que ela era a minha chance de recomeçar. De ser verdadeiramente amado e cuidado, algo que jamais havia acontecido comigo.

Sempre fui aquele que amava demais, que colocava os outros em primeiro lugar e já estava tão cansado disso. Estava cansado de ficar sozinho, eu queria alguem que se importasse de verdade comigo. Mas para isso, precisava ter um encontro com meu passado antes de caminhar em direção ao meu possível futuro.

—Pai, cadê a Leah?- ouvi minha filha questionar me tirando dos meus pensamentos.

—A prima dela veio busca-la.- disse dando uma última olhada na direção em que elas foram antes de fechar a porta e virar para ver minha filha.- Amor, preciso ir até Nova York, houve algum problema com a minha documentação de demissão e preciso resolver pessoalmente. Você vai ficar bem aqui com a sua madrinha?

—Vou pai, não se preocupa.

—Promete que não vai aprontar nada.- pedi e ela jurou de dedos cruzados o que me fez rir.

—Por quanto tempo você vai ficar fora? - ela questionou enquanto andava atrás de mim em direção ao meu quarto.

—Acho que alguns dias. Vou aproveitar para visitar o orfanato e resolver algumas coisas. - disse indo em direção ao guarda roupa pegando minha mala e colocando-a em cima da cama.

—E o que digo para a Leah? - Ária questionou se sentando na cama enquanto colocava as roupas na mala.

—Nada, eu vou ligar para ela.- disse arrumando a minha mala e minha filha sorriu maliciosa.

—Então, quer dizer que vocês dois estão ficando?- ela questionou e a olhei surpreso por sua pergunta.

—Claro que não Ária. Somos amigos. - disse meio incerto enquanto ia até o banheiro recolher meus produtos de higiene pessoal para coloca-los na nécessaire.

—Essa sua afirmação foi meio insegura. Pai, eu vi o jeito que vocês estavam se olhando no almoço, achei que iriam se beijar em algum momento.

—Você está andando demais com a Cece. - disse me lembrando do comentário de mais cedo da minha amiga.

—Pai, dá pra ver e sentir o clima entre vocês dois. A química é forte.

—Eu sei.- disse e ela sorriu surpresa por minha resposta, mas eu não podia mentir para a minha filha.

Ária me conhecia bem demais para perceber quando estava mentindo.

—Se for por minha causa que você não quer ficar com a Leah, pra mim não tem problema. Eu gosto muito dela.- ela disse me seguindo de volta para o quarto e sorri antes de colocar a nécessaire na mala.

— Não é por sua causa filha. Só que as coisas não acontecem assim rapidamente.- disse sem saber como explicar o que sentia por Leah.- Só gostar de um pessoa não é capaz de construir algo, você precisa amar  para que algo dure.

—Mas gostar já é um primeiro passo para amar não é?- ela questionou e sorri vencido antes de acariciar seu cabelo de leve.

—Acho que é um bom começo meu amor.- disse e ela sorriu para mim.

—Pai, posso lhe dar um concelho.- ela pediu e concordei surpreso.- Aproveita esse tempo longe para pensar, no que você realmente quer e no que senti. Porque a sua felicidade não vai ficar te esperando a vida toda. Promete que vai pensar.

—Prometo. Agora me dê um abraço bem apertado.- pedi abrindo os braços e Ária sorriu antes de me abraçar com força.- Foi um ótimo concelho meu bem, e prometo que vou segui-lo.

—Espero, porque eu te amo demais para vê-lo triste por tanto tempo.

—Eu também te amo.- disse e beijei seus cabelos.

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A viagem para Nova York foi cansativa, afinal enfrentei algumas turbulências e não consegui dormi no avião, assim que entrei em casa e liguei as luzes senti como se aquele lugar não fosse o certo. Era como se não pertencesse mais aquela casa ou aquela cidade, e tudo que desejava era resolver tudo e voltar imediatamente para Forks.

Fui para o meu quarto pois precisava desesperadamente de um bom banho e algumas horas de sono, afinal só poderia resolver algumas das minhas pendencias na segunda-feira. Enquanto estava no banho, foi inevitável não pensar na vida que tinha há oito anos atrás quando Clara era viva e finalmente admite a verdade.

Nosso casamento não estava bem a muito tempo, brigávamos constantemente.

Ela achava que eu trabalhava demais e estava cansada de viver apenas para cuidar da casa e da filha. Não podia negar que mal parava em casa, pois queria dar tudo o que Clara queria, e para isso vivia dobrando plantões, afinal ela queria que usássemos a minha mesada para suprir suas necessidades, mas eu disse que não. Não iria mexer no dinheiro que era para a faculdade da nossa filha, para comprar coisas supérfluas, como um novo modelo de sapato ou trocar seu carro. E essa atitude acabou por desgastar ainda mais o nosso casamento, que já não ia bem desde o nascimento de Ária.

Clara queria viajar, ver o mundo e sabia que ela se sentia frustrada por ter engravidado cedo demais, mas apesar do susto da sua gravidez não esperada, não me arrependia de ter sido pai. Claro que foi assustador na época, ainda estava fazendo residência e estávamos recém casados quando ela descobriu que estava grávida, Clara estava assustada com a mudança dos nossos planos, os quais incluíam uma viagem de lua de mel assim que minha residência acabasse, mas não aconteceu como planejamos.

E a frustação dos seus sonhos foram se acumulando durante anos explodir em uma noite, véspera do acidente que a tiraria de mim.

Jamais iria esquecer das palavras duras que havíamos falado um ao outro, em como ela deixou claro o quanto estava infeliz ao meu lado e isso me magoou profundamente, porque era capaz de tudo por ela sem receber a mesma dedicação em troca. Passava mais tempo no hospital trabalhando do que na minha própria casa para lhe dar tudo o que ela sempre desejou na vida, mas Clara nunca estava satisfeita.

Parecia que eu ou Ária não éramos o suficiente para ela e isso me machucava.

 E agora depois de anos, consegui finalmente perceber que não era feliz como sempre deixava claro para as pessoas. Vivia de aparências porque estava com medo de começar algo novo, de enfrentar o desconhecido, e mesmo que Cece tentasse me abrir os olhos inúmeras vezes, explicando que meu casamento já havia acabado, eu não a ouvia pois tinha medo de ficar sozinho, porque apesar de ser um adulto no fundo ainda me sentia como aquele bebê que havia perdido a família antes mesmo de poder conhecê-la. Um bebê que não queria mais ficar sozinho e se segurou de forma desesperada a um sentimento de duas crianças, que haviam crescido juntas e se apaixonado, um sentimento que não durou muito.

Sai do banho ainda perdido em pensamentos, enrolei a toalha na minha cintura antes de pegar minha medalhinha, que sempre tirava assim como as minhas alianças e os deixava na bancada da pia quando tomava banho. Segundo madre Angélica, cheguei ao orfanato com aquela medalhinha de São Lucas presa em minha roupinha de bebê, o médico que me entregou as informou que essa joia era do meu pai, e desde aquele momento não me separava daquela medalha, era uma forma de ficar perto dos meus pais, mesmo sem saber quem eles eram.

Tudo que tinha deles era aquela medalha que no seu verso possuía as inicias “A.T”, além disso não tinha mais nada, por isso ela era tão importante para mim. Coloquei a medalhinha em meu pescoço e segurei as alianças em minha mão, as olhei por algum tempo antes de coloca-las novamente em seu devido lugar e seguir para colocar uma roupa.

 Depois que me vesti, me joguei na cama para descansar um pouco e olhei para o teto por horas pensando na minha vida. Afinal, não podia ficar nessa indecisão por muito tempo, pois estava fazendo uma pessoa muito especial para mim sofrer e nunca quis isso. Queria que Leah fosse feliz e amada. Enquanto pensava isso, minha mente começou a vagar por lembranças de Leah. Do seu sorriso, do jeito em que ela prendeu o cabelo para me ensinar a fazer pão, da maneira em que ela me olhava, nas sensações que ela despertava em meu corpo sempre que me olhava, na forma em que ela se importava comigo e com a minha filha, ou no dia em que quase nos beijamos quando nos conhecemos no velório da mãe de Cece, na maneira em que me senti quando minha filha sugeriu que Leah poderia ter um namorado. E lembrar de tudo isso fez minha pulsação acelerar, enquanto minha mente processava tudo aquilo que meu coração já sabia desde a primeira vez em que a vi.

Eu havia me apaixonado por Leah.

A amava com todo o meu coração, com tudo que sou e precisava desesperadamente contar isso a ela. Guiado por esse sentimento que tomou conta de mim, selecionei seu nome e segurei a respiração enquanto o telefone chamava e implorava em pensamento que ela me atendesse.


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