Recomeçar escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 14
Leah


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de Recomeçar, espero que gostem.
E se preparem porque sexta teremos uma pequena surpresa.
Beijos e boa leitura.



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—Hora de acordar minha pequena. - ouvi a voz da minha mãe dizer enquanto fazia um suave carinho em meus cabelos.

—Bom dia mamãe. - disse ainda sonolenta e ela sorriu antes de beijar a minha testa. -O que faz aqui tão cedo?

—Seth me contou o que aconteceu ontem e fiquei preocupada. Você está bem? - ela questionou preocupada e me sentei na cama com cuidado, afinal meu pulso ainda não havia se recuperado totalmente.

—Estou mamãe, não vai ser um pulso machucado que irá me prender na cama. - disse e ela sorriu carinhosa.

—Eu sei meu bem, mas você precisa descansar para se recuperar melhor. - ela disse preocupada e revirei os olhos.

—Mãe, sou uma loba. Minha recuperação sempre será mais rápida do que de uma pessoa normal.

—Sei disso, mas para mim, você sempre será a minha pequena garotinha corajosa. Aquela que nunca teve medo do escuro. - ela disse amorosa e sorri antes de abraça-la com carinho. -E tive uma conversa com todos aqueles moleques do bando, principalmente com o Paul. Quem ele pensa que é para machucar minha filha?

—Mãe, não precisava. Eles são uns idiotas. - disse me afastando dela para ver seus olhos.

—Sei disso, mas eles são seus irmãos de bando, deviam respeitar e cuidar de você e não a hostilizar. - ela disse com raiva e acariciei seu rosto de leve.

—Mãe, não podemos mudar as pessoas, tudo que podemos é esperar que elas melhorem, e se isso não acontecer devemos continuar acreditando. Apesar de tudo, eles são meus irmão de bando. - disse e ela me olhou feliz.

—O Elliot realmente operou um milagre em você. Se fosse antes, estaria querendo matar todos.

—Depois dizem que o amor não faz milagres. - brinquei e sorrimos.

—Você pode sorrir, mas sei que está triste, conheço você. O que houve querida?- mamãe perguntou e suspirei cansada.

—Queria poder contar tudo ao Elliot, mãe. Queria poder ficar com ele, mas sei que ele ainda está confuso, mesmo que sinta algo por mim seu amor pela esposa é mais forte do que qualquer coisa. E isso me machuca.

—E isso te faz querer desistir?

—Jamais desistiria do Elliot, ele é a minha vida... E tem a Ária. Eu amo aquela garota como se fosse minha filha... Queria tanto poder ficar com eles. - disse triste por estar longe deles.

—Querida, você precisa ser paciente. Tudo ao seu tempo, quando for a hora certa vocês ficarão juntos.

—É tudo que espero mãe.

—Agora, vamos deixar de tristeza. Fiz aquele bolo de laranja com cobertura de açúcar que você tanto adora.

—A senhora me mima demais mãe. - disse e ela sorriu antes de fazer um carinho em meus cabelos.

—Mãe é para essas coisas, agora levante dessa cama e vá tomar um bom banho antes de descer para o café da manhã.

Depois que fiz minha higiene matinal e tomei um bom banho desci para tomar café, hoje era sábado e por causa do luto o café ainda estaria fechado. O único compromisso que tinha era o almoço na casa de Elliot, o que me deixava nervosa, pois da última vez que havíamos ficado tanto tempo juntos acabamos brigando, e não queria que isso se repetisse.

Tínhamos raros momentos em que podíamos ficar juntos e não queria que eles fossem repletos de brigas.

—O que vieram fazer aqui?- ouvi minha mãe questionar com a porta da frente aberta me tirando dos meus pensamentos.

—O Paul veio pedir desculpas. - ouvi Sam dizer do outro lado da porta.

—Tudo bem, mas se ele aprontar algo vai se entender comigo e não com você, Sam.- mamãe disse severa antes de permitir que eles entrassem.

—Ao que devo a honra da visita de vocês? Por acaso veio ver como ficou o meu pulso depois de ontem Paul?- questionei irônica assim que os dois apareceram na copa onde estava tomando café ao lado da minha prima.

—Não, vim pedir desculpas.- Paul disse depois que olhou para Sam e voltou os olhos para me ver.

—Porque sinto que suas desculpas não são verdadeiras? - Ayla questionou enquanto passava manteiga em sua torrada.

—Porque não são. Tenho certeza que Sam está usando sua autoridade de alfa para obriga-lo a se desculpar.- disse olhando seria para os dois.

—Ele precisa se desculpar pelo que fez Leah.-Sam disse sério enquanto me via.

—Sei disso, mas se não for com sinceridade prefiro nem aceitar. Se foi só isso que vieram fazer aqui podem ir embora. - disse e Paul olhou para Sam como se pedisse autorização para ir embora e o mesmo balançou a cabeça concordando.

—Você não vem Sam? - Paul questionou confuso assim que percebeu que Sam não o acompanhou.

—Não, preciso conversar com a Leah. Uma conversa que esperei por muito tempo, mas agora finalmente irá acontecer. - ele sussurrou a última parte e compreendi do que ele falava. -Se ela me permitir.

Era o nosso encerramento, algo que não permiti que tivéssemos antes.

Ayla me olhou preocupada, como se estivesse incerta de eu estar pronta para esse momento, mas precisava disso e Sam também. Havíamos acabado de uma maneira tão dolorosa e cruel, que nos afetou durante anos e refletiu em sua família, já que perdi o convívio com a sua esposa, que era a minha prima e seus filhos.

Precisava fazer isso não só por mim e por ele, mas por todos que estavam envolvidos nesse ciclo de magoas, queria me livrar de toda raiva e dor antes de estar com Elliot, pois ele merecia a melhor versão de mim mesma. Mas iria fazer isso principalmente por mim, já estava cansada de sentir raiva por tanto tempo.

—Tudo bem, acho melhor irmos para a varanda.- disse e ele concordou antes de me seguir para fora.

Me sentei no balanço que havia na varanda da minha casa e ele me acompanhou, ficamos um tempo calados, um ao lado do outro e por incrível que pareça aquele silencio era confortável e agradável, era como se estivéssemos colocando os pensamentos no lugar antes de dizermos algo.

—Esperei tanto tempo por essa conversa que nem sei por onde começar.- Sam disse suave ao meu lado e sorri compreensiva.

—Eu entendo, me sinto dessa forma.

—Me perdoe por ter magoado você Leah. Jamais foi a minha intenção, mas quando um imprinting acontece não conseguimos nos controlar. Não que isso justifique toda dor que causei a você por tanto tempo. - Sam disse com os olhos cheios de lágrimas e naquele momento percebi que não fui a única a estar presa em um ciclo de dor e magoa.

Durante todos esses anos em que fui uma loba, relembrei em meus pensamentos toda a dor que Sam e Emily haviam me proporcionando, fiz com que todos vissem e sentissem o que se passava dentro de mim, pensando que eles estavam ocupados demais com a sua felicidade para se lembrar da dor que haviam deixado para trás. Mas ali, vendo meu ex-namorado chorando percebi que não precisava lembra-lo da dor que me causou, pois ele mesmo já revivia isso durante todos esses anos.

—Sam, eu é que peço perdão. Antes não entendia a força do imprinting, e agora sei como é.- disse segurando as suas mãos.- Sei que você não teve culpa de nada, só fez o que seu coração pedia e quando isso acontece não pensamos direito nas consequências.

—Só quero que saiba, que o antigo Sam... Aquele, antes de se tornar um lobo, amou você.- ele disse e apertei sua mão com carinho.

—Agora sei disso. E a Leah de antes, amou você. Me perdoe por toda dor que causei a você ou a Emily, não sabia lidar com toda raiva que estava sentindo e queria que todos soubessem e sentissem como estava me sentindo.

—Leah, você não precisa me pedir desculpas, mereci toda a sua tortura mental durante anos.- ele disse e sorrimos em meios as lagrimas.

—Não merecia não Sam, você não teve culpa de nada. Nenhum de nós teve. Eu perdoo você de todo o meu coração e desejo toda a felicidade do mundo para você e para a Emily.

—Obrigada pelo seu perdão. E eu perdoo você por tudo que me fez. Será que poderíamos ser amigos? - ele questionou enquanto enxugava as suas lagrimas e concordei o que lhe fez sorrir.

—Espero sinceramente, que o Elliot ame você da maneira que merece. Você mais do que qualquer um merece ser amada de verdade.- ele disse e suspirei triste, afinal sabia que ainda teria um longo caminho para percorrer antes disso ocorrer.

—O que foi?- ele questionou preocupado e fiquei receosa de me abrir com ele.- Somos amigos Leah, pode me contar o que está lhe afligindo, talvez possa ajudar.

—É o Elliot.- disse e ele me olhou preocupado.

—Ele está bem?

—Está. É que...- sussurrei com a voz embargada enquanto as lágrimas molhavam a minha face, pois finalmente iria admitir em voz alto o que tanto me atormentava. - Acho que ele nunca será capaz de me amar, nunca vou estar no coração dele. Elliot é completamente apaixonado pela falecida esposa e dói ver o quanto isso é forte.

—Há Leah.- ele sussurrou com pesar antes de me abraçar com carinho.

—Pode ser forte, mas o imprinting é mais forte que tudo. Apesar dele ser humano, a magia o atingi, não vai demorar muito para que ele a veja de uma forma especial. Apenas, dê um tempo a ele. Talvez, Elliot já esteja sentindo algo por você, mas se senti mal por trair a memória da esposa. - ele disse compreensivo e me separei dele para vê-lo nos olhos.

—Você acha isso?

—Acho, só tenha um pouco de paciência.

—Mais?- questionei e Sam riu.

—Sim. Ele precisa aceitar o que senti por você, precisa perceber que não é errado estar com você e quando ele estiver pronto os dois irão saber.

—Obrigada pelo concelho Sam.

—De nada, amigos são para isso.- ele disse e sorrimos como antigamente.

E naquele momento soube que havíamos tido o nosso encerramento, que estávamos finalmente livres para os nossos imprinting e foi ali que entendi, que Elliot precisava disso.

Precisava do seu encerramento para que pudesse estar livre para mim, mas como isso poderia acontecer se sua esposa estava morta há oito anos?

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—Tem certeza que está pronta? - Ayla questionou assim que estacionou na porta de Cece cinco para as onze.

—Está tão na cara assim que estou apavorada? - questionei nervosa e ela sorriu.

—Não. Mas foi uma semana bem agitada para você. Num dia sua chefe e amiga morre, no outro você tem um imprinting pelo melhor amigo da filha da sua chefe, depois você faz as pazes com a sua prima e agora perdoou seu ex-namorado. Só acho que foi coisa demais para duas semanas. - ela disse e sorri concordando.

—E tudo por causa do Elliot. - disse e logo senti seu cheiro vindo da casa, e a urgência de sempre se apoderou de mim.

—Espero que ele seja tão bom quanto os milagres que está operando. - Ayla comentou e olhei feio para ela.

—Tudo bem, já entendi. Nada de tecer comentários maliciosos a respeito dele, afinal não quero que você vire uma loba territorialista em defesa do seu macho.

—Ayla.- disse sem graça e ela sorriu.

—Estava só brincando. - ela disse e olhou para a roupa que eu usa, um vestido rosa claro arrematado por um cinto do mesmo tecido que o vestido, sapatinhas beges e uma jaqueta de couro na cor caramelo. - Quem diria que um dia voltaria a ver a velha Leah de antes. Achei que tinha jogado suas roupas antigas foras. E você está usando maquiagem?

—Jamais iria jogar minhas roupas foras, algumas delas foram feitas pela minha mãe. Antes não me sentia bem para usá-las, e agora quero ser uma nova pessoa, nada de ser a Leah amargurada. Nós dois merecemos uma chance de recomeçar.

—Você tem razão, espero que seu almoço seja incrível. Boa sorte.

—Obrigada.

—E não se preocupe porque venho buscar você, só vou tirar a metade de um plantão hoje. Vou te mandar mensagem quando estiver saindo do hospital.

—Não precisa se preocupar Ayla, posso muito bem pegar um taxi, ou ir para a casa da minha mamãe. Afinal, algumas horas de caminhada não fariam mal a ninguém.

—Nada disso, venho buscar você. - ela disse seria e concordei antes de sair do carro.

Respirei fundo algumas vezes antes de caminhar em direção a casa de Cece, e a cada passo que dava meu coração batia acelerado como se quisesse sair do peito, e sabia porquê. Seu dono estava próximo, era como se ele se oferecesse para Elliot.

—Você precisa assumir o controle Leah. - sussurrei parada na frente da porta e respirei fundo algumas vezes tentando retomar o controle de mim mesma, não podia deixar meus instintos assumirem o controle dessa vez.

Assim que me senti segura de mim mesma toquei a campainha com a mão esquerda, já que a direita estava imobilizada para que todos os ossos nascessem em seus devidos lugares, afinal o idiota do Paul havia quebrado a minha mão e tive que mentir, pois saberia que mamãe iria surtar se soubesse da verdade e Elliot também.

—Você veio. - Elliot disse feliz e sorridente assim que abriu a porta e me viu.

E foi inevitável meu corpo não reagir a presença dele.

Meu coração acelerou enlouquecidamente ao vê-lo tão lindo, usando uma camisa xadrez e com o cabelo ainda úmido, revelando que ele devia ter acabado de sair do banho, e seu cheiro característico de madeira, homem e mel invadiu minhas narinas me embriagando, destruindo todo o meu auto controle, me fazendo perder as forças.

—Leah, está tudo bem? - ele perguntou preocupado assim que me segurou nos braços, evitando que caísse.

—Não, parece que tudo está rodando. - sussurrei ainda afetada pelo seu perfume, e estar em seus braços não contribuía para que recuperasse meu equilíbrio.

Sem dizer uma palavra Elliot me pegou no colo, como se eu não pesasse nada e me levou para dentro, e ali nos seus braços tive que fazer uma força sobre humana para não enlouquecer com o seu cheiro e o seu calor tão perto de mim.


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