Recomeçar escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 13
Elliot


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de Recomeçar, espero que gostem do capitulo, beijos e até quarta.



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Podia sentir o vento frio do começo do inverno nova-iorquino batendo no meu rosto, e isso o feria, meu corpo estava cansado de correr, mas precisava continuar.

Ela precisava de mim.

Era como se algo me atraísse em sua direção, pois sabia que algo de ruim havia lhe acontecido, assim que cheguei ao meu destino e vi um corpo no chão cercado de paramédicos e curiosos, senti que meu mundo estava desabando.

—Deixe-me passar, ela é minha esposa.- disse com a voz embargada enquanto afastava as pessoas para me darem passagem.

Não podia acreditar que algo de ruim havia acontecido a Clara, ontem a noite havia me despedido dela antes de ir para o hospital, e agora nas primeiras horas da manhã, minha esposa estava largada no meio da rua lutando para respirar.

—Por favor, senhor se afaste. - a paramédica disse enquanto prestava os primeiros socorros a minha esposa.

—Não vou me afastar. Ela é a minha esposa e sou médico. - disse sério enquanto ignorava a recomendação da paramédica e me aproximei de Clara.

A paramédica me olhou de cima a baixo e percebeu que ainda usava o meu jaleco e a farda do hospital, afinal havia recebido uma ligação do celular da minha esposa, feita por um dos paramédicos e corri para cá da maneira que estava, apenas avisando a enfermeira de plantão.

—Tudo bem, podem deixa-lo passar. - a paramédica disse e agradeci antes de me aproximar da minha esposa. Mas para a minha surpresa, não era Clara que estava lá e sim Leah.

Assim que a reconheci, meu coração se apertou em meio ao desespero, sem perceber o que estava fazendo e sob o protesto dos paramédicos a peguei no colo, em meio ao desespero, acariciei seu rosto enquanto implorava para que não me deixasse.

Não conseguia falar nada, pois as lagrimas de dor me impediam, tudo que conseguia fazer era abraça-la forte como se assim pudesse segurá-la ali comigo, mas isso era inevitável. Leah já havia me deixado, e jamais teria a chance de lhe dizer novamente o quanto ela significava para mim. Me sentia como se uma parte de mim havia sido arrancada naquele momento, era tão dificiel respirar sem tê-la ao meu lado.

—Leah.- sussurrei assustado assim que abri os olhos e vi que estava na segurança do meu quarto na casa de Cece.

Me sentei na cama assustado, porque ainda conseguia sentir os efeitos daquele pesadelo em mim. Havia sido muito mais assustador e desesperador do que quando fui até o acidente de minha esposa e a encontrei sem vida. E foi ali, que percebi que Leah não era apenas uma amiga para mim, ela estava além disso.

Sem ao menos perceber, peguei meu celular e procurei seu número na minha agenda antes de ligar para ela, sabia que estava tarde para ligar para alguém, mas só conseguiria dormir depois de ouvir a sua voz.

Precisava ter certeza de que ela estava bem, e só ouvir a sua voz me daria essa segurança.

—Leah...- sussurrei assim que ela atendeu depois do quinto toque.

—Elliot, você está bem? - Leah questionou confusa assim que atendeu o celular, e só de ouvir a sua voz meu coração disparou ensandecido.

—Estou, e você está bem? - questionei preocupado e a ouvi reclamar de dor do outro lado da linha, o que me deixou em alerta. -Leah, o que está acontecendo?

—Está tudo bem, só o doutor Cullen que não tem a mão leve. - ela reclamou e parei de respirar enquanto revivia meu pesadelo em minha mente.

—O que você faz com o doutor Cullen? Por acaso se machucou? Você está no hospital? - questionei alarmando me levantando para pegar as chaves do meu carro. -Estou indo ver você, agora. O que está sentindo?

—Elliot, para e respira. - ela pediu e parei no meio do quarto com a chave do carro em mãos. - Eu estou bem, foi só uma acidente bobo, do qual o doutor Cullen já está cuidando.

—Só acredito vendo você com meus próprios olhos. - disse sério e ela ficou calada do outro lado da linha. Como se estivesse tentando compreender o que havia dito, na verdade nem eu estava entendo a necessidade louca de vê-la.- Leah, se for algo grave você não iria esconder de mim, não é?

—Claro que não, estou bem. Não precisa se preocupar, agora tente se acalmar porque agora estou ficando preocupada com você.

—Você é a minha amiga, não me peça para não ficar preocupado.

—Como soube que havia me machucado? - ela questionou curiosa e respirei fundo antes de me sentar em minha cama.

—Sei que não vai acreditar em mim, mas sonhei com o acidente em que minha esposa morreu, mas quando me aproximei dela, era você que estava lá. E quando acordei soube que algo tinha acontecido com você. Tem certeza que está bem?

—Eu tenho, e fico comovida com a sua preocupação. - ela disse com a voz sonolenta, como se estivesse sob o efeito de algum medicamento.

O doutor Cullen deve ter lhe dado algum sedativo para a dor, só podia ser essa a explicação dela começar a falar enrolado.

—Leah, pode passar o telefone para o doutor Cullen, por favor.- pedi suave e ela concordou antes de outra voz voltar a falar.

—Doutor Marshall, como está?- doutor Cullen questionou amável e revirei os olhos, não estava com paciência para ser cordial, nem mesmo com o meu futuro chefe.

Afinal, a mulher por quem me sentia atraído havia se machucado.

—Preocupado, doutor Cullen. O que houve com a Leah? - questionei sério ao telefone, tentando colocar meus sentimentos confuso em outro plano, porque tudo que me importava agora era saber se Leah estava bem.

—Ela me disse que caiu no banheiro. Já a examinei e foi apenas uma torção leve doutor Marshall, já imobilizei o pulso de Leah e a mediquei.- ele me assegurou e concordei.

—Ela está no hospital? Alguém a acompanhou? - questionei esperançoso, afinal precisava vê-la imediatamente.

—Não, ela se acidentou em casa e como moro perto o irmão dela a trouxe. Mas não se preocupe, asseguro que ela está bem apesar do susto.- doutor Cullen me assegurou de forma firme.

—Não estou querendo desconfiar do seu trabalho doutor Cullen. Apenas, fiquei preocupado.- sussurrei sem graça e ele sorriu gentil.

Afinal, ele seria o meu futuro chefe e desconfiar do seu trabalho não seria bom para o nosso futuro relacionamento profissional.

—Não se preocupe, entendo. Qualquer um perde a razão quando envolve alguém com quem nos importamos. - ele disse e concordei. - Gostaria de voltar a falar com a Leah?

—Sim, por favor. - pedi antes dele passar o telefone.

—Estou bem Elliot, foi apenas um acidente bobo.

—Tem certeza que está bem?

—Tenho. Agora, por favor, se acalme e tente voltar a dormir. Estou em boas mãos. - ela assegurou e tentei me acalmar, o que não estava sendo fácil.

Eu precisava vê-la, precisava me assegurar que ela estava bem.

—Só vou ficar mais calmo, se você aceitar almoçar comigo amanhã na casa da Cece.- disse de repente e ela sorriu surpresa antes de concordar.

—E o que estaremos comemorando? - ela questionou confusa.

—Isso você vai ficar sabendo na hora. Depois me passa seu endereço por mensagem e vou pegá-la amanhã.

—Não precisa Elliot, posso pegar carona com a Ayla quando ela for pro plantão. -ela explicou e tentei insistir, mas não consegui convencê-la e acabei aceitando a contra gosto. -A que horas devo estar ai?

—Por volta das onze. Você tem alergia a alguma coisa? - questionei preocupado, afinal não queria que ela passasse mal no meu almoço. Queria que ela se divertisse e talvez, pudéssemos nos conhecer melhor.

—Não que eu saiba.

—Tudo bem.- disse sem vontade de desligar, pois queria continuar ouvido a voz de Leah, mas sabia que estava tarde e ela já estava cansada e sob o efeito de remédios.- Fico esperando você. Boa noite Leah.

—Boa noite Elliot.- ela sussurrou e demoramos um pouco ouvindo a respiração um do outro antes de desligarmos.

—O que você está fazendo Elliot?- sussurrei confuso para mim mesmo enquanto encostava o celular em minha testa, algo que sempre fazia quando estava perdido.

Sem pensar muito sai do meu quarto e fui para o de Cece que dormia profundamente, sabia que ela iria me matar, mas precisava desesperadamente conversar com a minha amiga.

Me aproximei dela e cutuquei seu ombro enquanto chamava seu nome sem parar, mas parecia que minha amiga estava apagada.

—O que foi? A casa tá pegando fogo? Você ou a Ária estão sentindo alguma coisa? -ela questionou alarmada assim que acordou e tirou sua máscara de dormir.

—Não, está tudo bem.- disse e ela me olhou confusa.

—Então porque você está me acordando de madrugada? Espero que tenha um bom motivo. - ela disse seria enquanto se sentava na cama.

—Acho que acabei de fazer uma loucura.- disse meio incerto e ela me olhou surpresa.

—Você? Duvido. A maior loucura que fez foi comer um biscoito de canela que a Ária lhe ofereceu quando era bebê, e olha que você nem sabia que era de canela.- ela disse e estremeci só de lembrar desse momento, o qual pensei que fosse morrer.

—Foi muito mais louco que isso.- disse e ela me olhou preocupada.

—Você não matou ninguém não é?

—O que? Claro que não Cece.- disse chocado por ela pensar isso de mim.

—Que bom, porque não estava afim de desovar ninguém na chuva.- ela disse olhando para sua janela e lá fora caia uma chuva forte, o que não era novidade nessa cidade.

—Eu sonhei com a Leah e liguei para ela.- disse e minha amiga sorriu de forma maliciosa.

—Elli, Elli, não me diga que você teve um sonho erótico com a sua mais nova amiga?- ela questionou curiosa e a olhei envergonhado por seus pensamentos.

—Claro que não Cece, como pode pensar uma coisa dessas de mim?

—E a culpa é minha, se você me acorda no meio da madrugada para dizer que sonhou com a Leah e ligou para ela? O que quer que eu pense depois que você me disse que se sente atraído por ela?

— Você tem razão. Porque sou tão confuso?-questionei e me joguei ao seu lado na cama de forma teatral o que a fez rir.

—Deve fazer parte do seu charme, vai saber. As mulheres são loucas. -ela disse dando de ombros como se eu não fosse nem um pouco atraente o que me fez rir.- E então, sobre o que foi o sonho?

Respirei fundo e comecei a contar sobre o meu sonho para ela que ouvia atentamente.

—Elliot, você está praticamente apaixonado por ela.- ela disse e sorri nervoso.

—Não estou não. Não nego que me sinto atraído por ela, mas apaixonado, isso não.

—O pior cego é aquele que não quer ver.

—A gente não combina Cece, e além do mais a Leah pode ser linda, mas não é o meu tipo de mulher.- disse e Cece riu até chorar.

—Qual é a graça?

—Quem escuta, pensa que você pega várias mulheres. Elliot, na sua cabeça, seu tipo de mulher tem nome, e ela se chamava Clara.- ela disse seria enquanto me olhava nos olhos e não pode desmentir.- Mas particularmente, acho que nem ela era o seu tipo de mulher.

—Claro que era, fiquei casado com ela por sete anos e teria ficado pelo resto da minha vida se não fosse o acidente.- disse e minha amiga suspirou.

—Elliot, nós dois sabemos que seu casamento não era um mar de rosas, estava mais para uma tormenta.- ela me alertou seria e revirei os olhos, não iria começar uma briga com Cece.

—Não quero brigar com você, só vim dizer que convidei a Leah para almoçar aqui amanhã. Tem algum problema?

—Então, o flerte está realmente sério. Você está convidando sua paquera para almoçar na sua “casa” com a sua filha e a sua amiga, em pleno sábado. -ela disse mudando de assunto e agradeci mentalmente.

—Não estou flertando com ela.

—Sei, acho que nessa história concordo com a Ária.

—Será que ninguém acredita no que digo?

—Tudo bem, vou fingir que acredito. Só vou lhe dizer uma coisa, não demora muito para abrir os olhos e perceber o que senti por ela ou vai acabar perdendo-a.- ela disse seria e quando tentei argumentar algo fui interrompido. - É claro que não tem problema algum, essa casa também é sua pelo tempo que precisar.

—Obrigado Cece.- disse suave e me levantei da sua cama, mas ela segurou a minha mão me impedindo de ir.

—Elli, sei que estou te pressionando um pouco...- ela começou a dizer e a interrompi.

—Um pouco não, muito.- disse e ela revirou os olhos.

—Mas só desejo te ver feliz. E me doei ver que você pode estar jogando fora a sua melhor chance de ser feliz, porque tem medo de se arriscar.

—Eu já fui muito feliz Cece.- disse e ela me olhou seria, como se discordasse de mim.

—Elliot, sou eu a Cece. Sei muito bem que seu casamento não ia muito bem, você pode esconder isso da sua filha, afinal ela era uma criança na época. Mas de mim não. Sou sua confidente, e sabia que as coisas não iam bem. Sempre achei que você se casou com a Clara porque não queria ficar sozinho, ela era a sua segurança a sua chance de ter uma família, afinal se conheciam desde pequenos.- ela disse suave e me afastei do seu toque de forma ríspida.

— Eu me casei com a Clara por amor. Tínhamos brigas como qualquer outro casal, afinal casamos jovens demais, só tínhamos vinte dois anos e alguns meses depois a Clara engravidou da Ária. E sabia que é errado falar mal de alguém que não está aqui para se defender? - lhe informei e ela me pediu desculpas, mas a ignorei antes de sair do quarto, pois não iria admitir que as coisas realmente não iam bem entre mim e Clara antes dela morrer.

Ninguém era perfeito nessa vida, e a minha falecida esposa tinha os defeitos dela assim como eu, mas havíamos vivido uma linda história que teve como fruto Ária, e apesar de tudo ainda amava a minha esposa, mesmo que ela não estivesse mais presente.

Mas havia Leah... E ela ocupava bastante espaço em minha mente.

O que sentia por ela não chegava a ser amor, mas era forte demais para ser ignorado e isso me torturava, porque queria cumprir coma promessa que havia feito a Clara, mas por outro lado queria viver esse sentimento que a cada dia se tornava mais forte dentro de mim. Era como se ele estivesse tomando vida própria, e estava cada vez mais dificiel tentar bloqueá-lo.

Eu precisava me decidir, não podia passar a minha vida toda indeciso e com medo do desconhecido.

—Talvez só precise dar um salto de fé.- sussurrei para mim mesmo assim que me deitei em minha cama e comecei a girar minhas alianças no dedo pensando nas minhas alternativas. -Apenas isso Elliot, um pequeno salto de fé.

E eu precisava desesperadamente conversar com a única pessoa que me conhecia desde que era bebê. Precisa conversar com a mulher que havia me dado todo carinho e amor que uma criança precisava, necessitava conversar com madre Angélica.

Precisava dos seus concelhos e do seu colo de mãe, pois me sentia perdido no mundo.


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