Narrador: Hope Adams.

“— Você é telepata?” - Edward leva um susto e sorri, agora mais interessado na minha pessoa.  

Faço sinal de positivo com a cabeça e Edward esfrega as mãos nos cabelos, ainda surpreso com aquilo. Aquela era a primeira vez que ele entrava em contato com uma telepata humana, de fato era raríssimo existir uma pessoa humana com poderes sobrenaturais como eu.

— Incrível. - Edward sorriu e olhou para Bella que estava com um ponto de interrogação gigantesco na testa. — Hope é telepata como eu.

Bella olhou para mim analitica,  enquanto sem perceber se aproximava ficando com o rosto quase colado ao meu. Sem entender o que estava acontecendo, e não conseguindo ler os pensamentos dela, o que era estranho, pois eu conseguia ler a mente de todos naquela casa menos de Bella.

— Como você faz isso? - Bella e eu nos questionamos ao mesmo tempo, provocando risos em Emmett.

— Você é humana, certo! - Bella afirma e continua sua análise sobre mim. — Como consegue ter poderes sobrenaturais?

— Eu sou humana. - Começo a olhar no fundo dos olhos castanho dela vendo minha imagem refletida neles. — Eu nasci com esse dom, isso sempre esteve comigo!

— Isso é incrível, eu nunca imaginei que existissem pessoas como você, humanos com poderes! - Ela dizia tão empolgada  e surpresa que só faltava me abraçar.

— Agora é sua vez, responda… - Digo enquanto tento invadir a cabeça de Bella mais uma vez. — Como eu não consigo ler seus pensamentos?

— Eu não tenho essa resposta para te dar, nem eu mesma sei como acontece. - A garota  responde frustrada voltando para perto do noivo. — Edward também não consegue me ler, o problema é comigo e não com vocês!

— Você é a primeira pessoa que eu não consigo ler. - Forço um sorriso mesmo estando intrigada com aquele bloqueio.

O som de um carro chama a minha atenção, então vejo que um homem de cabelos loiros chega, com  uma maleta de couro preta nas mãos. E, de alguma forma aquele vampiro não me era estranho, nas memórias passadas do meu pai adotivo, eu via aquele homem.

— Carlisle querido, venha dar um olá para a menina Hope! - Esme foi a primeira a receber o loiro, então ela o beijou me mostrando que certamente ele era o patriarca da família.

— Eu sinto muito pelo que aconteceu a sua família. - Carlisle soltou a maleta  no sofá e segurou minhas mãos olhando sempre no fundo dos meus olhos, demonstrando verdade nas palavras. — Eu conheci seu pai no passado bem distante!

— Sim, eu ouvi meu pai contar sobre você, e como o senhor era diferente dos Volturi.

Era difícil dizer o sobrenome Volturi em voz alta sem sentir meu corpo todo tremer, eu estava traumatizada e ainda muito marcada pela dor. Seguro as lágrimas evitando chorar na frente deles, então respiro fundo algumas vezes e volto a encarar Caslisle. Esme Cullen que estava ao lado do marido, estende os braços para acariciar meus cabelos escuros e me transmitir carinho e conforto.

— Acho que você precisa tomar um banho, trocar essas roupas. - Esme segurou meu rosto com cuidado e me fez a olhar nos olhos. — Eu vou mostrar o seu quarto, foi Alice que o decorou, espero que goste!

Carlisle sorriu para mim e deixou que sua esposa me levasse até o andar superior da casa,toda a casa era linda espaçosa e com uma decoração moderna em tons claros  o quarto eu foi dado a mim era grande e claro, com uma grande sacada que dava de vista com a floresta, o meu quarto estava todo decorado com luminárias japonesas em vermelho e branco no teto, todo ele estava pintado em tons claros  que refletem muita luz ao ambiente.

— Gostou da decoração? - Perguntou Alice seguido atrás de nós duas.— Rosalie e Emmett foram que penduraram as luminárias japonesas!

— Está tudo perfeito, adorei! - Dei meu melhor sorriso do momento para Alice e andei mais um pouco pelo quarto.

— Podemos mudar o que não estiver ao seu gosto, e vamos comprar roupas novas para encher o seu closet! - Alice tentava conter a animação o máximo possível, mesmo sendo algo impossível. — Eu já coloquei sua mala aqui.

Noto que minha única mala está sobre a escrivaninha ao lado da cama, e me surpreendo pois não  tinha visto Alice ir até o carro e buscar minhas coisas. Em silêncio Esme e Alice me deixam sozinha no quarto, então pego uma das minhas poucas roupas que trouxe uma toalha que estava sobre a cama e vou para o banho. Aproveitando que estava sozinha deixo as lágrimas que segurei durante meses rolar pelo meu rosto, eu não poderia ficar e colocar outros vampiros em perigo os Volturi continuariam a minha procura eu tinha a certeza disso, então eu devia continuar meu caminho sozinha fugindo para sobreviver.

[...]

No andar inferior o cheiro de comida era intenso, o som de panelas batendo e o programa culinário na televisão me fez sair do quarto rapidamente. A cozinha estava se tornando um campo de batalha, o barulho alto de Emmett amassando uma massa de pão era assustador.

— Emmett ,isso é para ser um pão... - Alertou Jasper sorrindo divertido. — Tenha cuidado,por favor!

— A receita fala que é para amassar bastante, para que o pão fique macio! - Retrucou Emmett maltratando o alimento sobre a mesa da cozinha.

— Hope, venha provar o tempero da carne.- Chamou Rosalie vestindo um avental com uma colher de pau nas mãos. — A Bella já se foi com Edward, ela fugiu do jantar mesmo que Esme tenha insistido para ela ficar aqui!

— Já faz tanto tempo que não cozinho para ninguém. - Esme sorri enquanto corta alguns temperos verdes. — Bella quase nunca come aqui em casa, assim a cozinha nunca é utilizada.

— A sua enfim chegada Hope nos torna um pouco mais normais. - Carlisle que estava retirando a poeira das louças lavando peça por peça, parecia estar muito feliz. — Essa é a primeira vez que estamos cozinhando em familia, acho que devemos fazer mais isso!

Experimento o gosto da carne e percebo que não está tão horrível como o esperado por mim. E, por alguns instantes senti o clima familiar me contagiar, era acolhedor ver todos juntos trabalhando e se divertindo com algo tão cotidiano e simples, Rosalie que na minha chegada trazia no rosto um certo desconforto, enquanto cozinhava parecia leve e feliz. Os vampiros se dividem em unidades organizando-se para fazer um jantar apenas, eles sorriam e transformavam tudo em um pequeno balé cheio de graça e beleza.

Na hora de provar o que havia sido feito todos os presentes ficaram em um silêncio fúnebre. Mas na hora que comi e dei minha aprovação, a tensão real que estava em torno da mesa foi aliviada. Quando terminei de comer limpei a pequena louça suja que eu fiz e me sentei no sofá da sala. A ideia de ir embora ainda estava em minha cabeça, pois não queria ver ninguém morrendo por minha causa, mais talvez passar uma noite com a família Cullen não poderia ser tão ruim assim, com meus olhos pesados de sono subo até o meu quarto, e dormi rapidamente assim que me deito, pois já faziam tantos meses em que não dormia com a cabeça livre de preocupações.