O Diabo do Sertão escrita por Júlio Oliveira


Capítulo 7
Água para os que tem sede


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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Estava descansando há dias e, por mais contraditório que parecesse, estava cansado disso. Diabo era um homem de ação. Estava acostumado a tiroteios, combates físicos, perseguições á cavalo e muito mais. Não era fã da parte administrativa de seu antigo bando, muito menos de ficar parado aguardando. E a verdade é que estava esperando por tempo demais. Não, não adiantaria aguardar ficar totalmente recuperado. Esse “totalmente” nunca viria e, no fim, ele não retornaria a ser o Diabo que já fora. Tinha consciência dos danos sofridos, mas também sabia que agir era o único caminho para ele. Sempre foi assim. Por que seria diferente agora?

Dessa forma, ainda que sentisse uma dor persistente por todo o corpo, o homem ferido fez esforço para se reerguer. Lembrou de seu primeiro encontro com o padre e de como o seu corpo não respondia aos seus desejos. Seus braços estavam desengonçados e suas pernas não o obedeciam de forma alguma. Seu torço ardia e sua cabeça parecia querer explodir. Por sorte, grande parte de tais sintomas foram extirpados em seus dias de recuperação. Claro, a dor ainda marcava presença, mas isso era algo que ele já estava acostumado. “Eu trabalho com a dor”, era uma afirmação que sempre passava por sua cabeça.

— Ei, ei, ei! — João Cego se assustou ao ver Diabo se levantando lentamente. — Peraí, homi!

O homem ferido gesticulou para que o mais velho o deixasse se erguer sozinho. Sim, ele sentia que deveria fazer aquilo sem receber ajuda. Não poderia depender de ninguém. Dependência queria dizer escravidão, e Diabo via a morte como algo mais digno que isso. Apoiando as duas mãos no chão, empurrou e, aos poucos, ergueu-se. Sentiu seus músculos tensos e alguns ossos estalaram, mas conseguiu o que queria. Em pé depois de muito tempo, sentiu um poder que lhe parecia ilimitado. Atento, João Cego segurava a arma no coldre. No entanto, Diabo não ofereceu nenhum risco. Na verdade, ele até mesmo soltou um breve sorriso. Estava de pé e isso por si só já era uma grande conquista.

Olhando para a saída da cabana, começou a caminhar lentamente. Uma certa tontura ainda o afetava, mas seu corpo e sua vista logo se acostumaram. Diabo enxergava-se cada vez mais próximo da plenitude, e aquela era uma imagem que João Cego não esperava ver tão cedo.

— Pra onde tá indo? — Questionou quando viu o homem a um passo da saída da cabana.

— Antônio disse que eu era livre — o homem quase recuperado respondeu. — Você discorda?

João ficou mudo ao ouvir aquilo. Voltando a olhar para o fim da cabana, Diabo caminhou e, em um instante, viu-se do lado de fora. Levou um tempo para suas pupilas se ajustaram a tamanha luminosidade. Ainda assim, o homem se sentiu livre. Passou a enxergar toda a areia do sertão, a cruz central da Lagoa da Esperança, as casinhas de taipa e, principalmente, as pessoas. Estavam todas sentadas a mesa e, pela primeira vez, o ex-cangaceiro sentiu o aroma agradável adentrar suas narinas: era carne de sol na nata, um prato típico e maravilhosamente bem preparado por Socorro de Deus. Foi em direção a mesa enquanto um assustado João o seguia.

Foi um momento estranho. Se todos estavam conversando freneticamente alguns segundos antes, um incômodo silêncio tomou conta da Lagoa da Esperança com a aproximação de Diabo. José – que estava sentado ao lado de Beatriz – arregalou os olhos, mas não se mexeu. Padre Miguel e Antônio ficaram surpresos, mas mantiveram a calma. Os outros, por outro lado, não foram nada discretos em seu espanto. Olhavam fixamente para o ex-cangaceiro enquanto ele parecia ignorar toda aquela atenção. Ele simplesmente seguiu em direção da mesa, esticou-se e viu onde jazia a carne de sol.

— Eu quero — foi o que disse, sem se direcionar a ninguém especificamente.

Socorro, que já percebera que o homem não faria mal algum, logo tratou de pegar um prato e colocar um pouco de comida. Entregou na mão do ex-cangaceiro e abriu um largo sorriso.

— Sente-se ao meu lado, Diabo — ela disse de maneira cordial.

Abrindo espaço na grande mesa, a dona gesticulou para que o homem se aproximasse. Ainda sendo alvo de incansáveis e curiosos olhos, Diabo sentou-se ao lado de Socorro de Deus. Ele logo tratou de se deliciar com o prato a sua frente enquanto, aos poucos, as outras pessoas voltavam a se alimentar. As conversas haviam cessado e a única coisa que se ouvia era o barulho dos talheres e dos pratos. Miguel fez questão de romper esse padrão.

— É bom vê-lo melhor, Diabo — disse com alegria genuína na voz. — Espero que aproveite este almoço.

O homem esfomeado apenas acenou afirmativamente com a cabeça. O padre sorriu. “Isso basta”, pensou enquanto imaginava tudo que poderia ser feito a partir dali. “Com o homem recuperado, nossas fronteiras se abrem. Não há limites para o povo de Lagoa da Esperança e de todo o sertão. Que Deus e Diabo nos ajudem”.

— Mais — Diabo ergueu o prato. Socorro calmamente colocou o último pedaço que restara da carne de sol. Havia também um pouco de farofa e arroz. — Obrigado.

A senhora sorriu, ao mesmo tempo em que os olhares curiosos permaneceram apontados para o homem. O que ele faria depois do almoço? Partiria do assentamento? Se uniria ao grupo? Iria buscar vingança contra as pessoas que o feriram? A verdade é que havia muito mais dúvidas do que qualquer certeza. De toda forma, não tardou para que toda aquela atenção se diluísse. O mesmo valeu para Zé e Bia. Depois das últimas conversas, o casal estava mais tranquilo e, pela primeira vez, pareciam não estar sedentos por uma discussão ou briga. E Socorro já imaginava o porquê.

— Chega — Diabo havia devorado tudo que restara. — Vou capar o gato daqui.

O homem já estava se levantando da mesa quando sentiu a mão do padre sobre seu ombro.

— Como assim? — Miguel questionou. Ainda sentado, Antônio observava calmamente.

— Eu não tenho mais o que fazer aqui — a voz do ex-cangaceiro era grave e sofrida, mas tinha uma força que chamava atenção. — Tenho contas a acertar.

— Todos nós temos — Antônio finalmente levantou a voz. — Mas devemos conhecer o momento certo de fazer a cobrança. Você ainda está ferido e é procurado por aí. Sair do jeito que você está seria suicídio. Pense, Diabo, pense. Você não pode se vingar caso esteja a sete palmos do chão.

Diabo não olhou para o rosto do homem mais velho do assentamento, mas ouviu com atenção. Retirando a mão do padre de seu ombro, soltou ar pela boca e, dando pesados passos, caminhou rumo a cabana. Padre Miguel olhou para Antônio e agradeceu sem precisar dizer qualquer palavra. Paulo, Judite, Saulo e outros curiosos da mesa acompanharam os passos do ex-cangaceiro com os olhos, até ele finalmente adentrar o seu local de descanso. Após aquilo, passaram a juntar os pratos para realizar a arrumação que era necessária. Na outra ponta da mesa, Socorro parecia meio tensa, enquanto José olhava fixamente para seu prato – vazio – e Bia colocava sua mão sobre a perna do namorado, como se fosse um porto seguro.

— Está feito, amigos — Antônio quebrou o silêncio. — Diabo ficará conosco. Ele só precisa de tempo.

Zé de Lima até pensou em dar uma resposta, mas refletiu melhor e optou pelo silêncio. Levantando-se para ajudar na arrumação da mesa, separou-se por um instante de Bia. Isso deu espaço para que Socorro finalmente pudesse conversar com a garota tendo um pouco mais de privacidade.

— Ei — a mais velha disse enquanto recolhia alguns talheres. A jovem retirava o grande pano da mesa para depois lavá-lo. — Parece que aquela saidinha cum Zé foi boa pra ocês dois.

— Ah, sim — Maria Beatriz soltou um belo sorriso. — Foi um caminho e tanto, mas acho que finalmente nos acertamos.

— Então você contou pra ele? Contou da gravidez?

E, quase como uma bala, o silêncio acertou Bia. Pressionando um lábio contra o ouro, ela não queria deixar a verdade escapar. “Não contei nada e ainda tenho medo de contar”, uma voz gritava em sua cabeça, enquanto outra lhe dizia o quanto aquilo era deveras estúpido. “Ele te ama e fará de tudo para dar uma vida digna a essa criança”.

— Eu não acredito — Socorro de Deus interpretou o silêncio de maneira certeira. — Bia, você tá fazendo tudo errado. Por que num contou a José?

— Eu... — a garota parou os afazeres para pensar numa resposta minimamente convincente. Talvez também quisesse se convencer daquilo, o que era uma tarefa difícil. — Nós estamos passando por um momento difícil. Digo, todos nós, sabe? A Lagoa da Esperança. Tem o Diabo e tem esses políticos e eu acho que não é o momento certo pra contar isso pro Zé. Ele vai saber na hora certa.

— Não existe hora certa, minha fia. Sempre vai ter algo acontecendo e você sempre vai querer dar uma desculpa. Conte logo pro Zé, pelo amor de Deus.

— Eu vou... — ela queria fazer uma promessa, mas sabia que não seria capaz de cumpri-la. — No momento certo. Confie em mim.

Respirando fundo, dona Socorro segurou as mãos de Maria Beatriz. Não disse uma palavra sequer, mas olhou profundamente para os olhos da garota, como se quisesse ler a sua alma. Talvez lesse, afinal. No fim, deu uma pequena chacoalhada e, largando as mãos da menina, voltou aos afazeres. Bia não entendeu o que aquilo representava, mas podia sentir que não deveria tardar a agir.

A quilômetros dali, Marcondes já colocava seus planos em prática. Precisava virar o jogo após o atentado contra a vida de Breno Farias. O tempo passava e ele continuava sendo apontado como o mandante, coisa que ele negava a todo instante. No entanto, ele não podia agir ainda: estava aguardando uma visita importante. Caminhando pela sua residência, acreditava estar sozinho. Sua esposa e seus filhos mais novos estavam na escola, enquanto Valter havia sido enviado para buscar algo importante para seus próximos passos como prefeito de Água Funda. Quanto a Guilherme? O que pensar daquele imprestável? Deveria estar desacordado em algum bar ou deitado com uma prostituta qualquer.

Fi duma égua! — Marcondes exclamou no momento em que viu a cena. Estava caminhando pela cozinha quando encontrou o seu filho deitado no chão. Aproximou-se e viu que o rapaz estava desacordado. — Acorde!

Ele não respondia. O prefeito de Água Funda se viu obrigado a encher um copo d’água e jogar sobre o filho. Guilherme despertou em um salto.

— Desgraçado! — O pai estava enfurecido. — Como que faz um negócio desse?!

Guilherme ainda buscava entender o que se passava. Sentado sobre o chão da cozinha, olhava para os lados e buscava pistas sobre as suas últimas horas. Por onde andara? O que fizera? Não saberia responder, muito menos como parara na cozinha. No entanto, tinha a impressão que não estivera por lá por muito tempo. Não, alguém teria o visto antes, disso ele tinha certeza.

— Responda! — A cabeça de Marcondes estava ficando vermelha. — não tem vergonha nessa sua cara pálida não?

— Eu... — Guilherme buscaria as justificativas e gozações de sempre, mas o garoto logo sentiu uma ânsia de vômito se apoderar de seu corpo. Sentiu aquele líquido nojento subir por sua garganta, mas ele freou antes de encontrar o piso da casa. Sentindo um ardor por todo corpo, o garoto engoliu aquela porcaria quente e, ainda desnorteado, continuou. — Eu acho que tinha algo naquelas bebidas. Tinha algo, sim.

— Claro que tinha — sem nenhum carinho, Marcondes Maia ergueu seu filho. — Tinha álcool!

Apoiado no pai, Guilherme Maia caminhava com dificuldade. Foi conduzido até o seu quarto, sendo deixado na cama pelo prefeito.

— Hoje eu terei uma conversa importante. É melhor que você não estrague tudo. Fique nessa sua bagunça, seu disgraçado — Marcondes pontuou com todo amor que podia dar. — Nada de ir pra porcaria do bar!

E, fechando a porta com força, Maia deixou seu filho para trás. Enquanto olhava para o teto, Guilherme refletia sobre a vida que levava. “Pai metido com bandidos, eu metido com bandidos, uma família de bandidos. ‘Maia?’. Um belo nome de merd...”, pensava até o sono se abater sobre ele mais uma vez.

 Na sala de estar, Marcondes abria a porta para o delegado Augusto Nunes.

— Delegado — a cabeça do prefeito ainda estava vermelha, mas ele já havia encontrado calma em sua voz. — Entre, por favor.

De maneira muito gentil, Augusto adentrou a grande residência. Marcondes o conduziu e, como de costume, ele se sentou no sofá das visitas, enquanto o prefeito ficava a sua frente. Não era a primeira ver do delegado ali, mas ele sempre se impressionava com o tamanho do lugar. Ficava apreciando os quadros, móveis, espaços e até mesmo o luxuoso piso.

— Sempre cuidando das suas coisas, prefeito — Augusto comentou. — Isso é muito bom.

— Devemos cuidar do que é nosso, não acha? — Maia soltou. — Nossas famílias, casas e convicções. Mas enfim, eu imagino sobre o que você veio falar. É sobre o tiro no garoto, né?

— Protocolo — a voz de Nunes saiu mais fraca que o de costume. Ele segurava o seu diário com a capa de couro, eterno companheiro. — O que tem a dizer sobre o ocorrido?

— O que há para falar? O homem estava em público dando declarações polêmicas. Ele conhecia o risco. Mas se quer saber se eu participei da tentativa de assassinato, a resposta é não — Marcondes se levantou, quase como se quisesse demonstrar poder. — Eu sou um bom cristão, delegado Augusto. Tenho minha família e me importo com o povo de Água Funda. Ainda que Breno discorde de mim em muitas questões, ele também faz parte do povo. Ele também é Água Funda, de certa forma. Na verdade, eu fiquei horrorizado quando soube da notícia.

Augusto anotava tudo com atenção. O prefeito sorriu ao ver o velho diário. O delegado o tinha há anos e isso não passava despercebido por ninguém.

— Você acha que há alguém que queira Breno Farias morto? — O delegado questionou com elegância. — Alguém que tiraria vantagem disso?

— Pelo amor de Deus — Marcondes deixou escapar uma visível irritação. — Sejamos francos: eu teria vantagens e você sabe disso. Você também teria, já que eu sou de grande valia para sua família, hein?

Augusto Nunes parou de escrever por um breve momento, expressando um certo incômodo em seu rosto.

— A questão é: vivemos em terras perigosas — o prefeito continuou. — Há esses bandidos por aí, como é que chamam mesmo? Cangaceiros. Pra piorar, eu ouvi falar que o tal do Diabo está a solta. Parece que anda por essas bandas.

— Diabo? — O delegado sentiu um calafrio. As histórias sobre o ex-cangaceiro eram pavorosas. Imaginar o homem nas proximidades da cidade era algo medonho, ainda mais quando se era um homem da lei com uma família para criar.

— Sim — Marcondes acenou com a cabeça e lentamente se sentou mais uma vez. — Ele está por aí. Deve estar apenas aguardando o momento certo pra agir. Para atacar. E, se eu pudesse chutar, diria que ele atirou no Breno.

— Por que ele faria isso?

— E eu vou saber? — O homem com poucos cabelos soltou uma gargalhada histérica. — Jesus, o homi é um cangaceiro, um doido. Esses daí só gostam de bagunçar as coisas, é isso. Matar Breno traria muita bagunça, tenha certeza disso.

— Eu tenho — Augusto afirmou de forma sombria. Anotando os últimos detalhes em seu diário, apertou a mão do prefeito e agradeceu o tempo que lhe fora dedicado. — Espero que passe por isso da melhor forma possível, prefeito Maia.

— Eu digo o mesmo para você e toda sua família, delegado Augusto — Marcondes se utilizou de simpatia com uma parcela de cinismo.

Pouco tempo depois de Nunes deixar a casa, Valter finalmente apareceu. Parecia cansado, mas havia uma certa satisfação em seu rosto.

— Consegui — afirmou olhando para o chefe. — Tá tudo na carroça e já tem uma ruma de gente na praça.

— Perfeito — a cabeça de Marcondes já havia retornado a sua coloração normal. — Vamos fazer isso.

A dupla foi até a carroça. Ela estava lotada de baldes cheios d’água, estando ainda parcialmente coberta. Marcondes havia pedido para seu funcionário coletasse um pouco de água do poço o qual estava vigiando. O prefeito ficou feliz com o resultado que viu e, em instantes, estava na praça central. O local contava com uma boa quantidade de pessoas, pois Valter havia alertado os moradores que o prefeito daria um importante pronunciamento em instantes. A curiosidade tomava conta daqueles corações e mentes: todos queriam saber o que Marcondes Maria tinha a dizer. O próprio local também tinha o seu charme mórbido: fora ali que Breno Faria levara um tiro no braço, evento que assustou parte da população e levantou uma conversa sobre violência, conversa essa que não durou nem uma semana.

De toda forma, ali estava o prefeito Marcondes. As pessoas o encaravam com um misto de medo e admiração. O homem era forte, tinha um sobrenome tradicional e não parecia ser do tipo que desistiria da reeleição, independente do quanto Breno Farias falasse. Finalmente descendo da carroça, o homem passou a acenar para todos os presentes. E, os mesmos que o vaiavam dias atrás, estavam agora o aplaudindo como se fossem fãs apaixonados.

— Muito obrigado, povo de Água Funda! — Maia sentia sua voz falhar, mas ela ainda tinha a força de um político, a força de um sobrenome. — Serei breve em minhas palavras.

Da carroça, Valter observava tudo com atenção. Olhava para os lados e, ao mesmo tempo, se divertia com o plano bolado pelo chefe.

— Eu sei o que andam falando de mim — Marcondes prosseguiu. — Dizem que sou um assassino, um ladrão, um louco que quer roubar a água do povo de Água Funda. Mas não se enganem: eu do lado de vocês!

Mais aplausos. Nem mesmo ele acreditava que estava sendo ovacionado daquela forma.

— Querem saber a verdade? Eu fui enganado! Enganado pelos ambiciosos donos da água! Como pode isso? Alguém mandar em nosso bens naturais? Isso está errado! — A voz do prefeito já havia ganho forças e ele se empolgava a cada sílaba falada. — Água-Santa enganou a mim e enganou ao povo. Eu sei que existem contratos, mas também existe o meu dever como prefeito. E é por isso que estou aqui. Sedento povo de Água Funda, que vocês tenham acesso à água da vida!

Apontado para Valter, Marcondes Maia viu seu empregado revelar toda a água que trazia na carroça. As pessoas ficaram em polvorosa e logo correram para conseguir aquela preciosidade sem cor e sem cheio. Valter olhou de volta para o prefeito e deu um sorriso cínico. “Ah, Valter”, o poderoso pensou. “As pessoas tem a memória curta. Muito curta”.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigado por ter lido até aqui :)

Até breve!



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