O Diabo do Sertão escrita por Júlio Oliveira


Capítulo 29
Em nome da mãe


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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José de Lima demorou para saber da morte de Valter. Antes disso, teve um sono extremamente tranquilo e recompensador durante a madrugada em que os tiros foram disparados. Abraçado a Maria Beatriz, ele sentia que estava atravessando um novo limiar, como se estivesse finalmente se tornando um homem de fato. Havia adquirido uma confiança que até então desconhecia: sentia que não só seria um bom pai, como também traria de volta a mãe de sua esposa. Acreditava já ter passado por tantas provas que, pela lógica, só podia apostar que a recompensa estava bem próxima.

Com isso em mente, acordou com muita tranquilidade e rapidamente tomou um singelo café da manhã. Conversou brevemente com Bia e então com João Cego, que aparentava estar inquieto. No olho do homem, uma certa tensão cintilava de um lado ao outro. Na sua mente, essa tensão era gerada pelo encontro recente com Gustavo Água-Santa e, principalmente, em como o padre geria as diferentes alianças que criava.

— Tá tudo bem? — O rapaz percebeu a inquietude do mais velho.

— Tá sim — Cego respondeu após um breve silêncio. — Só acho que as coisa tão quieta demais.

— Não pra mim — Zé riu. — Mas até que um pouco de paz é bom, né?

— Paz? Sim. Mas o silêncio me assusta. Fico pensando em quem pode estar escondido.

José encarou aquilo mais como uma metáfora da vida do que qualquer outra coisa, ainda que ele não fizesse ideia do significado da palavra “metáfora”. Despediu-se de Cego, foi até Carlinhos e seguiu pelo calor opressivo do sertão. Seu objetivo? Coletar alguns suprimentos necessários para a manutenção da vida na nova base da Lagoa da Esperança. Primeiro, pensava em cortar alguns cactos para depois retirar sua água. Por último, iria caçar algumas aves para ter um pouco de carne para comer. Para isso, ele contava com uma pequena armadilha montada anteriormente: uma gaiola feita de madeira e palha, acompanhada de algumas minhocas para atrair a atenção das aves que voavam baixo.

Atravessou alguns quilômetros, mas não conversou tanto com Carlinhos quanto de costume. Na verdade, a típica postura infantil de José havia dado lugar a uma seriedade digna de um pai de família. Em sua mente, ele não pensava exatamente no como conseguir a água e a carne – isso tudo ele já sabia muito bem. Ao invés disso, imaginava quais seriam os próximos passos. Pensava em como proteger Bia, Bárbara e a criança que estava para nascer.

Em meio a incontáveis pensamentos, teve Carlinhos apenas como companheiro silencioso. Por fim, chegou em uma área povoada por cactos, xique-xiques e escorpiões. Com muito cuidado, cortou um bom número de cactos e os armazenou numa larguíssima bolsa de couro que Carlinho carregava. Após isso, instalou a armadilha e aguardou que pássaro após pássaro aparecesse. Como um bom caçador e provedor, matou os animais para futuramente alimentar sua própria família. Guardou-os em uma outra bolsa, montou em Carlinhos e decidiu que era a hora de voltar.

Aquele talvez fosse o dia em que José de Lima menos falasse. Enquanto atravessava o sertão no caminho de volta, apenas olhava para frente e se focava no trabalho que deveria fazer. Não se queixou da tarefa cansativa, do calor infernal ou mesmo do desconforto em decorrência da vida que levava. Pelo contrário: alegrou-se ao ver a Lagoa da Esperança próxima mais uma vez. Fez Carlinhos apressar-se e, em instantes, desmontou de seu amigo e retirou as pesadas bolsas que ele carregava.

Com tudo que precisava em mãos, José foi até o pequeno depósito que João Cego havia construído anteriormente. Jogou a coleta do dia lá e comprometeu-se consigo mesmo que depois trataria de retirar a água dos cactos. Antes disso, porém, iria ver sua esposa. Entretanto, teve uma surpresa que lhe provocou calafrios: não via João Cego em lugar algum.

Normalmente, o homem de apenas um olho ficava do lado de fora, vigiando tudo com grande cuidado. Apesar de ter apenas metade da visão de uma pessoa saudável, ele não subestimava os perigos da região, o que o tornava alguém extremamente atento. Era esquisitíssimo não o encontrar fazendo a vigia de sempre. Entretanto, José sabia: nem tudo era tragédia. “Vai ver o véi tá no banheiro”, o rapaz pensou consigo mesmo.

Entretanto, a tensão retornou ao espírito de Zé. Ao se aproximar da porta de sua casa, viu um rastro de sangue que seguia até o lado de dentro. A porta, inclusive, não estava totalmente fechada. Na verdade, estava encostada, tendo ainda uma pequena fresta que permitia que a luz do sol adentrasse a residência. Prendendo a respiração, o rapaz sacou o revólver que levava no coldre. Não gostava da ideia de ter de usá-lo, mas dadas as circunstâncias, o padre havia o convencido a carregá-lo de um lado ao outro.

Caminhando lentamente, sentiu a madeira ranger sob seus pés. Seu coração pulsava como nunca e a mente de José criava as ideias mais nefastas. E se tivessem matado Beatriz? “Na verdade, podem ter feito bem pior”, uma voz maligna falava na cabeça dele. Tentando se desvencilhar daqueles pensamentos, Zé sabia que tinha que se focar apenas no presente. Mantendo a mão que segurava o revólver firme, foi até a porta e a empurrou delicadamente. Olhando para o chão, viu que o rastro de sangue continuava por mais um metro, até que parava no pobre coitado do João Cego.

Deitado, o velho estava muito ferido. O rosto inchado indicava um espancamento, enquanto o sangue que inundava suas vestes parecia provar que ele havia sido baleado. De todas as formas, José de Lima fez um esforço hercúleo para não cair em histeria. Engolindo em seco, olhou fixamente para o homem e viu que ele ainda respirava.

— Cego! — Apesar da voz firme, falava em baixa intensidade. — Acorda!

Como se despertasse de um pesadelo, João Cego abriu seu olho assustado. Quando viu que estava diante de um amigo, rapidamente sentiu um visível alívio. Enquanto isso, José olhava para os lados: sabia que não podia dar sopa para o azar. Em qualquer quarto, em qualquer esquina, algum desgraçado podia estar. Entretanto, não era o caso. Levantando o braço com dificuldade, João pediu para que o rapaz prestasse atenção no que ele tinha para dizer.

— Eles... Eles vieram — ofegante, falava com muita dificuldade.

— Eles? Eles quem? — Zé deixou de economizar na intensidade da voz. — Cadê Bia?!

— Os homens... Os homens de Marcondes — João começou a tossir sangue. Levou um tempo até ele se recompor. — Eles queriam o diário. E então levaram Bia.

— Por que ela?! — Desesperado, José de Lima demonstrava uma raiva nunca presenciada por Cego. — E cadê o diário? Eles pegaram?

— Eles me tort... — vez ou outra, o velho gemia de dor. — Eles me torturaram. Mas não, Zé, eu não entreguei o diário. Dessa vez, eu não entreguei ninguém!

João era sofrimento puro. Toda culpa internalizada parecia ter sido a fundação para ele se manter forte diante de mais uma tortura. Entretanto, o velho ainda se sentia fraco com tudo que ocorrera. Ele respeitava Maria Beatriz e se preocupava enormemente com ela.

— Então eles têm Bia, eu entendi — respirando fundo, Zé tentava manter o controle. — sabe pronde ela foi levada?! E cadê essa desgraça de diário?

— Eles... Eles... — cada vez, a dificuldade de fala era maior. João Cego morria aos poucos. — Eles levaram a minina pra igreja. Mas cuidado, Zé. Disseram que iam matar qualquer um que aparecesse sem o diário.

— E onde ele tá?!

Quase sem forças, o homem de um olho só apontou para o chão. Inicialmente, José de Lima ficou sem entender. Entretanto, os movimentos repetitivos do velho foram o suficiente. Colocando os dedos numa fenda do piso de madeira, o rapaz retirou uma tábua. Abaixo dela, ali estava o que tanto procurava: o diário de Augusto Nunes.

— Se entregar o diário, toda luta do padre vai pro beleléu — João Cego tossiu com ainda mais força. — Mas eu num quero que Bia morra. Não, não quero isso.

Encarando fixamente o diário, José sabia claramente qual era a prioridade. Não se importava com lutas políticas, muito menos com o destino de uma cidade que nunca se importou com ele. Manteve os olhos no objeto por um bom tempo, até que ouviu uma expirada mais intensa. Quando olhou, viu que João Cego já havia partido desta para melhor.

Controlando as emoções, o rapaz fechou os olhos do velho com carinho. Respirou fundo por longos minutos, tudo isso enquanto pedia forças a Deus para prosseguir. Aquele diário era a fonte de toda dor e, mais do que nunca, José de Lima odiava Marcondes Maia com todas as forças. Queria salvar sua esposa, essa era a prioridade máxima. No entanto, seria ótimo se ainda tivesse uma forma de destruir seu maior inimigo. Encarando o diário mais uma vez, teve uma ideia.

A quilômetros dali, a igreja não se parecia nada com um templo de luz e salvação. Com as portas e janelas fechadas, as pessoas ali dentro quase se resumiam a silhuetas. Ainda assim, a penumbra ainda permitia a identificação das figuras presentes. Sentados nas cadeiras, ali estavam Padre Miguel e Marcondes Maia, um ao lado do outro. De pé, quatro pistoleiros sorriam enquanto encaravam a entrada do templo.

— Você vai se arrepender amargamente disso — Miguel mantinha-se frio. Por mais que a situação fosse desesperadora, o religioso sabia que não podia demonstrar qualquer sinal de fraqueza. — Deus e os homens não se esquecerão dos seus pecados, prefeito.

— Eu quero mesmo é que eles lembrem — Marcondes gargalhou. — Assim eles aprendem a não mexer comigo. Agora me diga: quanto tempo você acha que vai levar para esse diário aparecer? Ou serei mesmo obrigado a mandar o dente de ouro estourar a cabeça da menina?

— Não ouse fazer nada com ela! — O padre usou um tom ameaçador que chamou a atenção dos pistoleiros. — Os cangaceiros vão acabar com você, Marcondes. Cedo ou tarde, eles vão fazer isso!

— Cangaceiros? Você confia mesmo nesse tipinho de gente? — A tranquilidade do político era assustadora. Em sua mão direita, um cigarro aceso soltava uma leve fumaça e, vez ou outra, o homem dava uma tragada. — Trabalho com cangaceiros há anos. Não se pode confiar nesse tipinho de gente, estão sempre dispostos a trair. Uma hora ou outra, vão trair você, padre.

Um intenso ódio circulava pela alma do religioso. Por mais que fosse um homem que prezava pelas leis de Deus, podia jurar que estava disposto a acertar um tiro na cabeça de Marcondes. Nesse momento, chegou até mesmo a questionar o valor das leis divinas. Teriam elas utilidade caso não servissem a uma justiça verdadeira? Não, não podia ser assim. Deus, na sua grandiosa e infalível justiça, teria mesmo feito leis falíveis e injustas? Não, não. As leis de Deus eram flexíveis. Elas abarcavam aqueles que mais necessitavam de ajuda, aqueles que mais tinham sede de justiça. O padre tinha certeza: a própria mão de Deus puxaria o gatilho junto dele quando estivessem com o prefeito na mira de uma arma.

— Vamos, Miguel, vamos deixar essa enrolação para trás — Marcondes voltou a falar. — Por que você não diz logo onde deixou o diário? Acha mesmo que eu acredito que você não sabe?

Nós demo uns trato no Cego e ele num contou nada — um dos pistoleiros comentou.

— Ele não devia saber nada mesmo — o prefeito olhou brevemente para o bandido. — Mas o padre aqui? O homi entende das coisas. Vamos, diga logo o que sabe e a gente solta a menina.

Em silêncio, o religioso parecia mais um túmulo do que uma casca que escondia vida. Vez ou outra, olhava para a porta como se aguardasse a chegada de um salvador. Sempre que fazia isso, ouvia a risada zombeteira do prefeito e os olhares sarcásticos dos pistoleiros. Em sua mente, rezava para que um milagre ocorresse e a vida de Maria Beatriz fosse salva. Entretanto, algo o deixava mais temeroso que a morte: a possibilidade de perder aquele jogo político para Marcondes. As prioridades do religioso divergiam bastante das de José de Lima.

O rapaz, inclusive, bateu na porta da igreja com certa timidez. Do lado de fora, o mistério alimentava os mais profundos medos em sua mente. O que haveria do outro lado? Encontraria Bia sã e salva? Será que o padre teria pensado em algo de útil? E os cangaceiros? Por onde andariam? Dominado por dúvidas, Zé não tinha outra opção a não ser abrir a porta.

Sentiu um arrepio quase mortal quando se deparou com as seis figuras obscurecidas. Entretanto, não se acovardou. Encarou o medo de frente da mesma forma que encarou os quatro pistoleiros. Caminhando lentamente, resistiu aos olhares ameaçadores e às armas. Olhou para o lado e viu, sentados, Padre Miguel e Marcondes Maia. Engoliu em seco e levantou as mãos vazias, indicando que viera em paz, ao menos dentro do possível. Com um sorriso no rosto, Marcondes se virou para o rapaz.

— O minino nem barba direito tem, mas é o mais macho do seu grupinho, padre — Marcondes brincou. Miguel encarava Zé com certa preocupação. — Vamos, o diário.

— Não — José de Lima se impôs. — O diário não. Primeiro a minha esposa.

O rosto do prefeito expressou diferentes sentimentos em poucos segundos. Primeiro, o ultraje. Depois, o desprezo. Por fim, uma certa admiração.

— O garoto tem culhões de aço — o político brincou enquanto se levantava. Temendo qualquer reação mais violenta do rapaz, os pistoleiros sacaram as armas. — Sua menina não está longe. Me mostre o diário primeiro.

— Não! — Ao dizer isso, Zé viu os pistoleiros apontarem as armas para ele. — Podem meter bala em mim. Eu não vou dizer nada até ter Maria Beatriz de Medeiros sã e salva.

Nem mesmo José conseguia explicar de onde vinha aquela coragem. Ele não se sentia dono das próprias palavras, mas agradecia a Deus pela coragem divina que havia ganho. Impressionado, Padre Miguel não viu outra opção possível a não ser manter um silêncio quase fúnebre. Silêncio esse, vale salientar, que foi adotado por Marcondes Maia e seus capangas. Eles pareciam não acreditar que aquele rapaz magro tinha tanta coragem incutida na alma. Parecia impossível: José não era exatamente o maior exemplo de força e hombridade. Não era alto e sua voz não era lá muito grossa. Ainda assim, contra canos de revólveres e olhares ameaçadores, ele parecia mais alto e mais forte que qualquer um presente. Era possível até mesmo apostar que ele era à prova de balas.

— Tá certo — Marcondes cedeu. — Apareça com a menina!

Deu um grito. Surgindo atrás do sacrário, o pistoleiro com o dente de ouro acompanhava uma assustada Maria Beatriz. O homem apontava a arma para a cabeça dela, que caminhava lentamente enquanto era empurrada pelo cano do revólver. Vendo a cena, o coração de José pulsou mais forte. Ainda assim, ele se conteve.

— O diário, agora! — O prefeito ordenou mais uma vez.

— Ainda não! — A coragem de José atraía olhares espantados tanto do padre como da sua esposa. — Eu quero ela do meu lado e todos com as arma no chão. Menos do que isso e eu num entrego nada.

Irritado, um dos pistoleiros se aproximou de José com a arma levantada. Chegou perto e o cano encostou na testa do rapaz, que permaneceu imóvel. Com um olhar quase psicopático, o pistoleiro encarou os olhos de Zé com todo ódio que podia transmitir. O rapaz, entretanto, parecia um abismo. E ele, em toda sua grandiosidade, olhou de volta para o homem armado. Ficaram assim por longos segundos, até que Marcondes se cansou.

— Que seja. Vamos, entregue a garota — ordenou ao pistoleiro.

Bastaram alguns segundos para Zé ver a sua esposa ao seu lado, assim como as armas no chão. Miguel não acreditava no que via e, naquele momento, agradeceu a Deus pelo milagre.

— O diário agora — Maia estava ficando impaciente. — Ou quer que eu tire a roupa também?

— No momento certo — José disse enquanto, segurando a mão da sua esposa, caminhava para trás. — Vamos, padre.

— Espera! — Marcondes sentiu uma grande desconfiança. — O que pensa que está fazendo?!

Com o dedo em riste, José de Lima disse algo que nunca imaginaria dizer:

— Eu que mando aqui. Escute e espere.

Os pistoleiros se entreolharam enquanto o prefeito se afogava em raiva. Entretanto, não reagiu de forma violenta. Levantando-se, Miguel foi até o rapaz e a garota. Caminharam atentamente até a saída. Quando abriram a porta, José colocou a mão na parte de trás da calça e retirou o diário.

— Agora nos deixem em paz! — Gritou antes de arremessar o objeto na direção de Marcondes e seus capangas.

Do lado de fora, Zé finalmente sentiu o impacto de suas ações. Trêmulo, não tardou para que começasse a chorar como uma criança. Havia sido um homem forte por tempo demais. Bia, que ainda não havia soltado uma palavra sequer, confortou seu marido enquanto tentava encontrar a própria calma que tanto precisava. O padre, por outro lado, parecia preocupado pensando nas consequências da perda do diário.

Obviamente, deixaram Água Funda rapidamente. O silêncio foi predominante por grande parte do caminho. As lágrimas precisaram secar antes que José recuperasse o poder de fala.

— Os cangaceiros, cadê eles? E por que o Valter não nos avisou do que aconteceu? — Havia revolta na voz do rapaz.

Ainda sentindo o grande peso dos eventos recentes, levou um certo tempo para o religioso responder.

— Valter está morto, Zé — Miguel viu o medo tomar conta dos olhos do rapaz e da moça. — Levy encontrou o corpo do homem enquanto caçava. O coitado estava completamente crivado de balas. Obviamente, Queimado avisou isso aos cangaceiros, que começaram a investigar. Marcondes deve ter planejado tudo. Nos pegou quando estávamos mais fracos.

Cheio de raiva, José tinha uma postura que o padre não havia visto até então. A esposa do rapaz, que segurava sua mão, podia sentir o calor que o dominava. Na mente dele, duas coisas se faziam presentes: primeiro, o alívio por ter salvo sua esposa e sua criança. Entretanto, o ódio era o segundo sentimento mais presente. Marcondes não só infernizava a vida dos pobres e coitados, mas ameaçara a existência da pessoa que José de Lima mais amava. Não, aquele tipo de pessoa, o prefeito, não merecia conquistar nada na vida, muito menos um cargo importante como o de líder de Água Funda.

Parando a viagem por um breve momento, Zé atraiu os olhares do padre e de Bia. Colocando a mão no bolso, ele parecia estar pronto para tirar algo muito importante.

— Eu num aguento mais o Marcondes, padre. Ele tá acabando com a nossa vida — José tirou algo que o religioso não entendera do que se tratava. — Eu não gosto desse negócio de política, mas sei que o senhor gosta. Acabe logo com ele!

José estendeu a mão. Padre Miguel não esperava encontrar aquilo: eram páginas do diário, especificamente as que revelavam a verdade do nascimento de Guilherme Maia.

— Eu vi que o diário tinha aquelas costura chique — Zé explicou. — Tirei com jeitinho. O disgraçado nem vai notar.

Com os olhos brilhando, o religioso não acreditava que tinha aquilo em mãos. Maria Beatriz, ainda muito assustada com o que recém-vivera, só almejava a paz. Entretanto, não podia negar: uma vingança contra Marcondes Maia viria a calhar.

— Nós vamos acabar com ele de uma vez por todas — Miguel prometeu.


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Notas finais do capítulo

Promessas e mais promessas. Será que agora vai?



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