Dear Mr. Potter escrita por JubsFeh


Capítulo 37
Capítulo Trinta e Seis: O Diário do Senhor Sarcasmo


Notas iniciais do capítulo

Aqui se inicia a última fase da história. Agora as narrações são através de um relato, então o ponto de vista agora é de Sirius.

BOA LEITURA!



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Harry resolveu começar pelo diário de capa de couro vermelho envelhecido. Talvez aquilo explicasse o que Molly falava durante o almoço daquele dia. Retirou-o do baú e o abriu, encontrando folhas de papel sem linhas, mas escritas com tinta. Haviam manchas causadas pelo tempo e bordas gastas. Começou a ler a primeira folha, marcada por uma data que se encontrava antes do texto. 

 
3 de novembro de 1978 

Eu realmente não sei o que se escreve nesse tipo de coisa. Alice quase me bateu e me xingou por eu dizer que diário era coisa de gente desocupada e sem amigos. Ela só disse que, como eu estou "amargurado", eu deveria escrever o que eu sinto em algum lugar para desabafar. Eis aqui meu presente de aniversário de 19 anos. Viva! Muito obrigada, Alice. Mas eu acho que uma camisa teria sido beeeem mais útil. 

Não faço ideia do que fazer com isso ou se irei usar esse diário estranho. Acho que só falar sobre o meu dia já deve contar como alguma coisa. Ou talvez eu escreva algo em forma de livro, não sei. Contar sobre meus dias é infantil demais para meu gosto. Queimar também é uma boa opção. 

Mais cedo hoje ocorreu uma pequena reunião entre os amigos aqui na casa de James. Vieram Alice e Frank, Remus, Peter e Lily. Marlene apareceu um pouco mais tarde, já que estava ocupada no Ministério. Foi agradável, eu acho. Estou acostumado a ter as atenções voltadas para mim, mas não quando todos estão perguntando se eu estou bem. Isso é entediante e só demonstra o quanto eles estão tentando parecer interessados. Eu estou ótimo! 

Eu estou muito bem, a propósito. James acha que eu estou quieto demais, meio abatido, mas não vejo isso como sendo ruim. Eles ainda esperam que eu "me abra" com eles e fale sobre sentimentos, só que acho isso totalmente desnecessário. 

Acho que não tem muito o que falar aqui. Talvez minha vida esteja um pouco parada, mas quem sabe eu não escreva mais ou resolva queimar esse livro, caderno, diário, não sei. Vamos ver

 

27 de novembro de 1979 

 

Hoje houve um ataque em New Castle a um bruxo nascido trouxa. Há suspeitas de que se trate de Comensais da Morte rechaçando os “impuros”. 

James ficou preocupado com a notícia. Está com medo do que pode acontecer com Lily. Não o culpo. No lugar dele faria o mesmo. 

Estou tomando nota disso apenas para me recordar da data. Não é como se eu fosse usar esse caderno estranho para mais alguma coisa. 

 
5 de fevereiro de 1979 

Essa semana, mais especificamente seis dias atrás, houve um jantar aqui na mansão dos Potter para anunciar o noivado de Lily com James

Na verdade não foi um anúncio, já que Pontas pediu a ruiva em casamento durante o jantar. E, felizmente, ela aceitou, deixando Pontas com cara de bolo apaixonado e toda a família Potter extremamente feliz. 

Principalmente Euphemia, que estava louca para ver o filho ficar noivo da ruivinha. 

Mas, infelizmente, ontem Euphemia e Fleamont faleceram durante o sono. Eles já estavam com uma idade mais avançada e acho que só estavam esperando ver o filho feliz. E, depois que isso aconteceu, eles vieram a falecer. 

James ficou arrasado, assim como eu, mas com toda certeza ele sofreu bem mais. Lily veio passar a semana aqui por isso, já que meu amigo está bem abatido pela perda dos pais. 

Acabamos de voltar da cerimônia do enterro. Houveram muitas palavras bonitas e desejos de pêsames para nós, coisas típicas de um enterro. Mas estamos bem. 

Acredito que eles estejam em um lugar melhor agora e, ouso acreditarque eles morreram felizes por ver o único filho tão feliz com alguém. Esse era o maior sonho de Euphemia: ver os filhos felizes. 

E ela conseguiu com Pontas. Eu até agia normalmente em casa, como sempre agi. Mas James resolveu dar com a língua nos dentes sobre o que aconteceu nos últimos meses do colégio, o que fez com que eu o odiasse por algum tempo. E ela veio toda preocupada falar comigo sobre relacionamentos serem difíceis. Só de lembrar já me faz rir. Eles farão muita falta. O silêncio dentro da casa me incomoda. 

Lily e Pontas pretendem casar no final do ano, já que o professor Dumbledore disse ter planos para nós. Mas resolveu respeitar o nosso luto por enquanto. 

Agora estou sentado na minha escrivaninha, escrevendo nesse diário que achei que nunca mais usaria. Acho que é porque estou triste. Já chorei o suficiente por um dia e tudo o que posso fazer é aprender a lidar com a situação. Infelizmente. 

Sirius Black, o sofredor amargurado. 

 
21 de fevereiro de 1979 

Hoje foi o dia em que criamos finalmente a Ordem da Fênix. Dumbledore reuniu um grupo de bruxos que ele considera extraordinário para enfrentar o Lord das Trevas e seus seguidores. E eu estava na lista, o que não me surpreendeu muito. Diga-se de passagem, sou um excelente bruxo e incrivelmente bom com feitiços. Apenas achei estranho me chamarem, já que não tenho uma boa fama com o meu comportamento. 

Além de mim, Lily e James, outras pessoas conhecidas foram convocadas a participar. Frank e Alice, Peter e Remus, Elifas Doge, amigo de Dumbledore e jurista no Ministério, nosso antigo professor de Feitiços, senhor Flitwick, a senhora McgonnalMundungo Fletcher (não parece muito confiável) e o próprio Dumbledore, que age de Hogwarts, nos orientando. 

Alice comentou mais cedo que o professor também gostaria que Frida se juntasse a Ordem, já que, por ser uma Malfoy, poderia agir como uma espiã contra o Lord das Trevas. Mas ninguém sabe onde ela está. Já se faz meses que ela sumiu e não deu mais noticias. Que bom pra ela. 

Descobrimos também que Severo Snape e aqueles colegas Sonserinos dele se tornaram comensais, assim como Bellatrix. Sempre soube que Avery e Múlciber não eram coisa boa. Inclusive Ranhoso, já que ele sempre teve um fascínio doentio pela Artes das Trevas. 

Lily não gostou muito disso, já que era amiga dele. Mas não pudemos fazer nada. Pelo menos agora podemos ajudar a acabar de vez com as trevas, lutando contra os comensais. 

Nada como sair acabando com alguns narcisistas sangue-puros metidos a donos do mundo. 

 
16 de julho de 1979 

Ultimamente tudo tem andado complicado. O que era apenas uma luta contra as trevas agora se tornou o que o Ministério e o Profeta Diário chamam de "Guerra Bruxa". Já tivemos muitas perdas de bruxos nos dois lados. Muitos bruxos também vêm se juntando as duas causas. Tudo está um caos. 

Recentemente Gideon e Fabian, juntos com a mãe, senhora Prewett, se juntaram à Ordem. As vezes em nossas reuniões a irmã mais nova, acho que se chama Molly, aparece e faz os jantares, sempre trazendo algum dos seus filhos ruivos. Isso traz ânimo para nós às vezes, quando tudo parece ficar complicado. Mas acho que ela não vai muito com a minha cara. Deve me achar ignorante, imaturo ou irresponsável. Mais provável que seja os três. São esses os elogios que costumava ouvir da minha querida família. 

Semana passada eu e James enfrentamos alguns comensais que estavam rondando próximos ao Beco Diagonal. Fico feliz em dizer que conseguimos  derrotá-los, o que para nós se tornou hábito. Nossa fama cresceu com isso. 

Não é que eu queria me gabar, mas parece que nascemos para fazer isso. Não é a toa que conseguimos nos tornar aurores, antes de nos juntar a Ordem. 

Além das batalhas, a outra coisa que vem tirando meu tempo nesses últimos meses é Alice. Até hoje não sei como somos melhores amigos e ainda não nos matamos. 

Ela ainda está enrolando o coitado do Frank com o casamento dos dois. Diz que está esperando melhorar a situação do mundo bruxo para poder se casar. Eu acho que talvez seja uma desculpa. É claro que ela ama Frank, dá pra ver pela cara de idiota que ela faz toda vez que olha para aquele amante esquisito de herbologia. Mas acho que ela ainda quer aproveitar a juventude dela sem estar totalmente presa. 

Mas não é sobre o casamento dela que Alice vem me tirando do sério. Tantas coisas acontecendo, tantos problemas que estou tendo que lidar com essa guerra e Alice vem me infernizar dizendo que eu estou diferente, que estou meio amargurado, que isso e que aquilo. 

Tanto tempo se passou e ela insiste em perguntar se estou bem, se tenho notícias de Frida, se já esqueci o que aconteceu. É claro que estou bem. Faz um ano que ela foi embora, tem como não estar bem tendo um ano inteiro para superar um pé na bunda? 

Eu acho que Alice tem uma bola de cristal e soube que eu escreveria nesse diário esquisito. Claro que devo ter escrito aqui umas poucas vezes em um ano inteiro. Mas para alguém como eu, esse pouco já é muito. Isso tudo porque pensei em devolver quando ganhei dela. A vida é uma caixinha de surpresas. 

Só não pretendo contar esse pequeno detalhe para ela. 

 
21 de agosto de 1979 

Mal acordei hoje e já tive que aguentar Pontas tendo um ataque de pânico por estar chegando o dia de seu casamento. 

Claro que eu achei um exagero, já que ainda estamos em agosto e o casamento será só no dia 20 de novembro. Mas até parece que James me escuta. 

Semana passada Remus teve noticias da antiga namorada do colégio, acho que o nome dela era Pandora. Eles terminaram pouco tempo depois, já que ela tinha se mudado. Mas eles manterem a amizade e se dão super bem. Estranho. Não acho sensato manter relações com a ex. 

Parece que ela está em um relacionamento com um tal de não sei quem Lovegood. Acho que talvez ele tenha ficado triste. Nem todos ficam feliz em receber uma carta dizendo que a ex está com outro. 

Nós não temos nos falado tão bem desde Hogwarts. Ele tem andado muito evasivo e afastado de todos e, apesar de ser seu amigo tem anos, acho isso um tanto quanto estranho da parte dele. Tenho que lembrar de ficar de olho. 

Voltando a James, ele me fez acordar as sete da manhã para ir atrás de um smoking para o casamento. Faltando três meses! De hoje em diante acho que James será a noiva do casamento e não Lily. 

Também recebi a notícia, quando estava quase dormindo em uma cadeira da loja, de que eu seria o padrinho de casamento e que precisava preparar um discurso. Se eu me assustei? Óbvio. Não esperava por essa. Foram escolher o pior padrinho de casamento que qualquer casamento poderia ter. Colocarem-me para fazer um discurso? Que ótimo será esse casamento. 

O que mais ouvi hoje foi "Sirius, você é meu melhor amigo e Lily concordou que você pode ser nosso padrinho de casamento. Não vejo quem além de você seria bom para esse papel". E sim, esse discurso de "como me convencer a fazer algo que eu não queira", que se resume em fazer um discurso de brinde na frente de várias pessoas, sem envolver sexo, drogas e mulheres, infelizmente me convenceu. Droga! 

Até porque, se eu não aceitasse, teria que conviver com um Pontas manhoso, chateado, usando chantagem emocional até que eu aceitasse ser seu padrinho. E agora estou de volta ao meu quarto, às nove horas, dando glórias à Merlin, por hoje não ter nada planejado para poder voltar a dormir. 

 
4 de novembro de 1979 

Definitivamente hoje deve ser o pior dia da minha vida. Ou ontem, já que logo passará da meia noite. 

O que era para ser um dia legal comemorando meu aniversário de 20 anos com meus amigos, se tornou um dia depressivo, nostálgico e sentimental. Talvez seja por isso que eu esteja chorando até agora. Não que isso seja algo bom de se admitir, mas como ninguém além de mim irá ler essa porcaria aqui, melhor isso do que chorar para James ou Lily. 

Tudo começou muito bem com um bolo de chocolate feito por Lily. Infelizmente o recheio era de morangos, o que não me agradou muito. Mas até aí tudo bem. O problema foi outro bem maior e pior que esse. 

James esqueceu que era meu aniversário e só lembrou que dia era quando já estava comendo o bolo. Isso até que é meio normal vindo dele. E até que achei engraçado. Alice se atrasou para chegar, mas não a culpo. Remus não poderia vir por estar resolvendo umas questões com outros membros da Ordem e Peter simplesmente resolveu sumir hoje. 

Mas o pior de tudo nem foram imprevisto que aconteceram. Imprevistos costumam acontecer e não podemos culpar as pessoas por isso. O pior foi algo improvável. 

Uma coruja branca apareceu na janela da mansão com uma carta. Quem a pegou para mim foi Lily, dizendo que a única coisa que estava escrito era meu nome. Achei bem estranho de imediato. Quando se está participando de uma guerra, qualquer coisa é suspeita. 

Nesse instante eu estava no meu quarto e Lily havia ido abrir a porta para Alice que havia acabado de tocar a campainha. Abri a carta e dentro dela encontrei um pergaminho dobrado escrito com uma caligrafia que eu reconheceria em qualquer lugar, "Isso é seu agora". 

Dentro do envelope da carta havia algo um pouco pesado para ser somente o papel. E, quando eu peguei e vi o que era, quase devo ter apagado ali mesmo, sentado na cama. 

No exato momento que peguei o objeto Alice entrou no quarto. Ela estava toda sorridente e trazendo várias sacolas de presentes. Mas, quando me viu, mudou totalmente a expressão. 

"O que houve?" Ela perguntou para mim e eu só ergui a carta, mostrando para ela. Ela largou as sacolas e veio se sentar ao meu lado da cama, pegando a carta e o envelope, deixando-me com o que era uma pulseira na mão. 

"O quê isso significa?" Ela perguntou se referindo à pulseira. Expliquei para ela que havia dado uma pulseira para Frida no dia em que os pais dela faleceram. Naquela pulseira continha três pingentes. Um era um livro, simbolizando a biblioteca, outro uma pera, que representava a cozinha e por último uma meia lua, que era a torre de astronomia. 

Só que, nessa pulseira que eu recebi, haviam seis pingentes. Haviam três novos que eu nunca tinha visto. Um era uma vassoura, outra  era um pequeno unicórnio e o último o que parecia um copo de cerveja. Todos em prata somente, combinando com os outros. 

Alice perguntou o que significa e eu deduzi que a vassoura, ou representava os jogos de quadribol ou os armários de vassouras (não precisei falar o motivo de ser um armário de vassouras, Alice era suficiente inteligente para deduzir o que seria), o unicórnio seria a Floresta Proibida, onde eu fiquei com Frida quando os pais dela faleceram e o último, a cerveja, o bar Três Vassouras, onde começou o fim. 

"Por que ela te mandaria isso depois de todo esse tempo?" Alice perguntou. "Será que ela ainda pensa em você para ter te enviado isso?" 

"Eu não sei" foi o que eu respondi, com a voz já embargada pelo choro reprimido. "Só sei que eu estava bem e superando tudo o que aconteceu... Mas agora... Acho que ainda a amo demais". 

E tudo que eu fiz foi agir como o homem de verdade que eu era e chorar nos braços da minha melhor amiga. Ótimo aniversário que você teve, Sirius. Depois de um tempo Lily apareceu também, perguntando o motivo de nossa demora e, depois de ver qual era a situação, ficou conosco ali. 

E agora estou na cama, ainda segurando essa maldita pulseira que trouxe de volta do canto mais sombrio do meu coração, todo o amor que eu sentia pela mulher que me deixou, sem conseguir jogar fora. Apenas chorando como uma criança, revendo todas as fotos que sobraram dela comigo. 

Esse é o Sirius Black, o garoto mais popular de Hogwarts, com 20 anos, chorando como se tivesse 6 e ainda sentisse medo do escuro. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Serão poucos capítulos narrados por Sirius (já que estamos na reta final), mas espero que gostem dessa nova perspectiva da história.

Comentem o que acharam, favoritem, acompanhem a história! Qualquer forma de feedback é muito bem aceita.

Até o próximo capítulo!



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