Frida estava estática. Falar que gostava dela? Tudo bem, aprendemos a lidar. Falar que está apaixonado? Não é melhor a situação, mas levamos. Agora dizer que a amava? Bem, era muita pressão na cabeça da loira. 

Ela o amava? Isso ela não sabia. Apenas estava fugindo. Talvez por ser uma covarde, mas em sua mente era por uma razão mais importante. Precisava proteger ele e seus amigos do que poderia acontecer com eles se ficassem perto de Frida, assim como aconteceu com a família dela. 

Ela encarava os olhos do rapaz. Ela conseguia enxergar a dor dele e também a raiva que estava sentindo dela naquele momento. E isso a magoou. Queria poder dizer que tudo ficaria bem e que eles poderiam ficar juntos, mas não podiam. 

—Não brigue comigo _ela pediu tentando não emitir emoção pela voz._ A vida não pode ser como cada um quer que ela seja. Isso não é um conto de fadas, Black. 

—Você está fugindo de novo! _Ele exclamou antes de levar as mãos para o cabelo e passar os dedos por ele em nervosismo. Deu dois passos em direção a ela._ Se não sentisse nada não teria fugido em Hogsmeade. Mas você está com medo de se prender, não é? 

—Não me venha com essa história de "se prender", Sirius _Frida começava a ficar irritada. Ele não entendia os motivos dela. E como poderia? A mesma ainda tentava se convencer que o que fazia era algo certo. Mesmo que partisse o coração dele e o dela também.— Você é Sirius Black. Não se prende a nada e a ninguém e agora está tentando me dar uma lição moral sobre relacionamento. Que irônico. 

—Não seja hipócrita, garota _Sirius já estava bem próximo a ela com o semblante raivoso. Se eles tinham uma coisa bem em comum era perder a paciente depressa._ Eu fiz tudo por você. Abri mão de tudo por você. Não venha me dizer que estou sendo irônico falando sobre relacionamento. Você fez isso comigo. 

—Fiz o que?! _Ela perguntou gritando nervosa com as acusações e a aproximação dele. 

—Fez com que eu amasse você! _Ele respondeu alto com o rosto bem próximo. 

"Droga" era o que ela pensava. Sirius estava dominado por sua raiva como sempre que estavam em alguma situação parecida. Os olhos úmidos indicando que também estava decepcionado. 

Tudo o que a loira gostaria de fazer era dizer que sentia muito e pedir perdão. Dizer que tudo voltaria ao normal e que ela estava sendo estúpida. Que eles poderiam viver juntos e serem feliz. Mas não podia. E sabia que isso era para o bem dele. 

—Sinto muito _ela se lamentou se sentindo a pior pessoa do mundo e saiu andando. 

Sirius foi até ela e a impediu, fazendo-a se virar e ele a beijar. Frida pensou em retribuir, quis muito. Ela ansiava por mudar de ideia e desistir de seu plano. Mas não era uma opção. Era o que precisava ser feito. 

Ela então se separou do rapaz, sem dar explicação e continuou andando. Ao chegar no início da escada parou e cogitou se virar e deixar seus planos de lado. Porém, não se virou._ Adeus Sirius. 

E ela começou a descer, deixando não só Sirius para trás, mas toda uma vida que poderia ter não só com ele, mas como todos os seus amigos. As lágrimas rolaram sem hesitar. Em seu ponto de vista ela estava fazendo a coisa certa. 

Caminhou sem rumo com a vista embaçada pelas lágrimas presas até não conseguir mais andar e se escorar em uma parede. Encostou as costas nela e escorregou ao chão. 

Queria gritar, mas não tinha forças para o fazer. Pensou que seria algo fácil de fazer, simplesmente deixar tudo para trás. Mas doía tanto que ela quase não suportava. A dor que sentia no peito era bem próxima ao que sentira com a perda dos pais. 

Frida estava abrindo mão da última família que lhe restava. 

Houve a cerimônia de despedida de Hogwarts, com discurso de Dumbledore e a premiação da Taça das Casas. Por muito pouco a Grifinória conseguiu ganhar. E a comemoração na mesa dos leões foi enorme. 

Logo as malas foram despachadas para o trem e, assim como no primeiro dia de aula de todos os alunos, haveria um último que era o regresso definitivo para casa. E, como todos chegam em pequenos barcos à escola, marcando seu início, iriam embora da mesma forma que chegaram, marcando assim o fim. 

Algumas lágrimas de despedidas rolaram. Muitos abraços e beijos foram vistos. Entraram todos no trem e se acomodaram. 

Frida estava em uma cabine com sua família e Sylvia. Já os marotos estavam em outra, acompanhados de Lily, Marlene, Alice e Frank. A viagem foi silenciosa, porém tranquila. 

—Eu deixei um encantamento para o professor Horácio _disse Lily admirando a paisagem._ Acho que ele irá gostar. 

—Se não for algo ruim, creio que sim _comentou Marlene olhando um relógio que estava em seu pulso. Ela sabia o que estava prestes a acontecer. Nunca imaginou que estaria acobertando uma Malfoy e nem que poderia ser considerada uma espécie de amiga de Frida. 

Estavam quase próximos a estação. Estava na hora. Marlene acenou com a cabeça para Remus, que disse que iria ao banheiro e sai. Lupin caminhou entre os vagões até chegar a cabine onde estava Frida e a família. 

Resolveu entrar. Abriu a porta e assim o fez, encontrando a loira como que se despedindo de todos ali. Os olhos dela estava manchados de lágrimas e sua voz parecia um grande soluço. 

—Ainda pode mudar de ideia, Frida _disse Remus ao abraçar a loira. O melhor amigo sentia pensar com sua partida, porém não podia impedir o plano da mesma. 

—Não posso, tem muito em jogo. Vai ser melhor para todos. Só... Toma conta deles, por favor. 

—Irei tomar, sabe disso _Remus sorriu para a loira, afagando suas bochechas de maneira carinhosa.— Eu te amo, Frey. 

—Eu também _ela disse._ Não diga que você sabe de algo. Eles irão te odiar e a mim também. Cuida deles por mim. Sabina já sabe o que irá dizer. Volte para seu vagão. 

Remus secou as lágrimas da amiga e beijou o topo de sua cabeça, abraçando-a um última vez. A loira voltou a se despedir de sua família, sorrindo sempre. 

—Está pronta? _Perguntou Sylvia e a loira se virou para ela, assentindo tentando demonstrar confiança. 

Remus acenou antes de sair e voltou para seu vagão, como se nada houvesse acontecido. Tentou não parecer nervoso, mas sua capacidade adquirida de mentir havia sido bem utilizada. 

O resto da viagem foi curto e alegre no vagão de Aluado. Exceto por Sirius, que estava calado demais. Remus e ele já estavam se falando normalmente, mas não estava tão sólido. A amizade deles parecia ter esfriado e a distância entre os dois era grande. 

Enfim o trem chegou na estação King's Cross. Aos poucos todos os alunos desceram do trem. Muitas famílias esperavam pelos filhos na estação, ansiosos por um tempo juntos antes do retorno das aulas. 

Os rapazes e as meninas desceram na estação. Começaram a pegar suas malas e resolveram se despedir por um tempo antes de irem para suas casas. Estavam todos se despedindo, alguns tristes e outros alegres, até que se deram conta de algo. 

—Onde está Frida? _Perguntou Lily sorrindo enquanto olhava ao redor buscando uma cabeleira loira quase prateada._ Ela já está demorando demais. 

—Ela não vem _disse Sabina ao se aproximar com suas malas. Todos os olhares foram voltados para ela e Marlene e Remus trocaram um olhar rápido. 

—Espera aí _Alice disse sorrindo nervosa indo em direção a Sabina._ Como assim não vem? 

—Ela foi embora _disse Wilhelm colocando as mãos nos bolsos dianteiros da calça em sinal de desconforto._ Disse que precisava passar um tempo longe. 

—E por que ela não simplesmente não nos avisou e se despediu? _Perguntou James cruzando os braços. Sirius já estava com o olhar nervoso olhando em volta, na expectativa de ser apenas uma brincadeira da família Ravenclaw. 

—Frida disse que vocês a impediriam _Sabina disse triste. Seu nariz se encontrava vermelho pelo choro, assim como de Jacob. Wil mantinha uma expressão mais normalizada, apesar de também estar abatido._ Ela disse que precisa nos proteger e para isso foi embora. 

—Ela não se despediu porque não sabe se volta _comentou Jacob com a voz denunciando a tristeza pela rouquidão causada pelo choro. 

—Simplesmente foi embora? _Perguntou Lily iniciando um choro sofrido. James se aproximou dela para lhe envolver em um abraço. 

—E-eu vou indo pra casa _disse Sirius pegando suas malas._ James, avise aos seus pais que eu já fui. 

Sirius não esperou por uma resposta. Apenas atravessou a multidão carregando seu malão, até chegar em uma área mais ampla e aparatar direto para sua sala de estar. Subiu apressadamente levando suas malas e praticamente correndo em direção ao quarto. Abriu a porta em um estrondo e largou as malas no chão. 

Ele começou então a andar pelo quarto em desespero. Pegou vários desenhos que havia feito de Frida quando estavam passando o feriado que estavam sobre sua escrivaninha e os rasgou. Rasgou e amassou o máximo de folhas possíveis. Até que elas acabaram e ele foi em direção à mala, que ele abriu e tirou de lá a câmera que ela havia lhe dado. Jogou-a no chão, fazendo com que quebrasse em vários pedaços. 

Lágrimas começaram e se formar nos olhos do rapaz. Pegou todas as fotos dele junto a garota e começou a rasgar uma por uma. Quando enfim acabaram, pegou as que tirara dela quando a mesma estava distraída ou fazendo qualquer coisa. Ergueu a primeira foto, a que tinha tirado quando ele havia ganhado a câmera e não conseguiu rasgar. 

Olhou então para o chão onde agora só havia pedaços de fotografias ou papéis e se arrependeu. Foi ali então que ele começou a chorar. Chorou como nunca havia feito antes, sentindo todo o seu corpo doer como um reflexo do que estava acontecendo em seu interior. 

Frida havia ido embora. Talvez fosse por isso que não quis continuar com o rapaz. Já estava tudo planejado para ela ir. Sirius se sentia horrível por isso. E a única coisa que ele conseguia repetir para si mesmo era que, não importava quanto você amasse uma pessoa, amor nem sempre é o suficiente. Pois, se fosse, ela não teria o deixado.