High School Darlisa escrita por kicaBh


Capítulo 4
Cap 4 – Um convite para um chá




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Naquela segunda feira Elisabeta chegou na Escola mais cedo, ela queria encontrar com Darcy antes das aulas e por isso pegou o ônibus antes de Ernesto- depois falava algo com ele.  E deve ter ocorrido uma transmissão de pensamento, ela desceu no ponto da Escola e o carro que trazia Darcy já estava estacionado. Ele a viu caminhando em direção ao carro e desceu, agradeceu Donato e o motorista foi embora, mesmo contrariando as ordens expressas de Lorde Williamson que era sempre esperar Darcy cruzar os portões da escola. O medo de sequestro do velho lorde era algo real, mas Donato entendia que Darcy precisava dar uns beijinhos na garota do cinema, que mal há nisso ?

Você chegou cedo. Darcy falou pegando na mão de Elisabeta e a beijando. Bom dia.

Você também. Caiu da cama? Ela ralhou, mas não soltou a mão, olhou para o lado procurando mais alguém da escola, e não vendo ninguém, entrelaçou seus dedos nos dele.

Eu queria te ver. Quer dizer, te ver sem ninguém por perto. Então ele deu um beijinho nela, que correspondeu.

Em primeiro lugar, eu sinto muito pela minha mãe. Ela consegue bater todos os níveis da inconveniência. Mas eu gostei do filme, apesar do final triste. E também gostei da sua companhia. Ela falou enquanto caminhavam em direção a porta da escola,  soltando a mão dele quando ouviu as chaves serem viradas. Logo alguém, Dolores ou Januário, abriria a porta para receber os alunos.

Se há uma ordem, eu gostei muito mais da sua companhia. Do filme também, e da sua mãe eu entendo – ela estava preocupada com quem você estava, eu mesmo tive que explicar para o meu pai onde estava e com quem. Eu... Darcy ia falar para repetirem o programa quando Ernesto desceu afoito do ônibus, perguntando porque ela tinha vindo mais cedo. Mas ao ver Darcy parado confortavelmente do lado de Elisabeta, sem intenção de sair, deu Bom dia e entrou. Ela e Darcy também entraram e iam se despedir na porta da sala quando Ema passou sem olhar para ela.

— Problemas com Ema ? Darcy perguntou antes de ir para sala.

Ela estava lá em casa no sábado quando cheguei. Eu não sei, mas achei meio invasivo. E acho que ela ficou chateada porque eu não fui a melhor das anfitriãs, além de não ter falado nada com ela, nada sobre, bem, você sabe.

Darcy abriu um sorrido que Elisabeta já achava que era o mais lindo do mundo, era meio de lado e os olhos dele estavam fixados nela, um verde tão profundo e brilhante, e ela começava a reparar em alguns pelos da barba dele, mas Darcy entendeu que ela o olhava desconfiada , então disse tchau e seguiu em frente.

Ludmila achou que o clima entre Elisabeta e Ema estava pesado , mas não falou nada no intervalo, nem no almoço, mas como teriam um horário vago na tarde resolveu que iria perguntar o que estava acontecendo. Ela ia perguntar a Ema, que falava bem mais que Elisabeta, seria mais fácil, mas quando se aproximou delas viu que elisabeta dizia que tinha ficado surpresa por ter aberto a porta da sala da sua casa, com dona Ofelia a tira colo , e a encontrado no sofá.  Ludmila ia dar meia volta quando Ema gritou:

Pode vir Ludmila, mas talvez você já saiba, já que eu estou no escuro. Eu sou sua amiga, Elisabeta, desde que somos crianças, sempre contamos tudo uma para outra. E você disse que tinha um compromisso, mas seu pai encontrou o meu no sábado e me falou, então eu achei que talvez o compromisso tivesse sido cancelado e então liguei pra sua casa. Sua mãe me contou que você tinha ido ao cinema com Darcy. Ema falava brava, porque realmente achava que Elisabeta estava escondendo as coisas dela. E Ludmila olhava as duas maravilhada, não entendia porque Ema se sentia ofendida, nem porque Elisabeta se justificava.

Então rolou mesmo uma cineminha , hein ? Viram Uma linda Mulher ? ... Ludmila riu, tentando aliviar o clima.

Não, foi Tomates Verdes Fritos, que vocês não queriam ver. E Ema, eu ia te contar, eu só queria guardar um pouco para mim, entender mais as coisas, o que está acontecendo. Elisabeta falou olhando para a amiga. Eu não queria magoar você, nem que pensasse que não me importo, mas Darcy ainda é uma novidade. É diferente, e eu não sei bem o que tem acontecido comigo.

Você confiava mais em mim, Elisabeta. Isso é o que tem acontecido com a gente, você confia mais em Ludmila do que  em mim agora.

Ei, eu não sabia de nada, Ema. A diferença é que eu respeito o tempo da Elisa.

Vendo que não teria solução, sem querer magoar Ema, ou dar corda para Ludmila provoca-la ainda mais Elisabeta simplesmente olhou pra elas e disse :

Ele me beijou. Darcy. E ficou esperando a reação delas. Ludmila já tinha beijado alguns garotos, e até mesmo tentado beijar Januário. Ela falava sobre as experiências, Ema achava que ela se gabava, mas não era nada disso, Ludmila apenas experimentava as oportunidades. E Ludmila a olhava sorrindo, fazendo um sinal positivo com a mão, e Elisabeta já pensava no quanto ela já falaria para aproveitar.

Por outro lado a reação de Ema era mais engraçada, ela ficou muda olhando pra amiga, sem esboçar uma palavra, o que era raro para Ema. Depois sorriu, e ficou com um olhar de quem pensava no que ia dizer, ou queria saber. Sabia que o 1º beijo era importante pra Elisabeta, mesmo que ela dissesse que não ligava tanto assim. Então voltou a si, recuperou a voz e conseguiu dizer : e como foi ?

Ah, eu não sei, foi molhado, foi gelado, foi diferente. Antes de acontecer eu fiquei pensando se eu saberia como fazer, se Darcy gostaria. Mas na hora mesmo, em que ele se virou para mim , eu não sei, tudo parecia tão no lugar, tão certo, foi gostoso, eu não queria parar. E eu não vejo a hora de repetir. Elisabeta concluiu escondendo o rosto nas mãos, com vergonha de olhar para elas. Mas Ema e Ludmila a abraçaram, e Elisa se sentiu acolhida.

E então, vocês estão namorando ? Você vai conhecer o pai dele, porque sua mãe o conheceu, e achou ele bem interessado.

Ema, não. Nós só ficamos. Ficar era o termo da época. As pessoas se conheciam, se abraçavam, beijavam, dançavam, estavam ficando. Não tinham o compromisso do namoro, era algo dessa geração.

Ludmila olhava a interação delas, mas não aguentou. – E então, ele beija bem ? Quer dizer, com aquele tamanho, ele parece forte, quase bruto.  

Ema disse que Ludmila era muito oferecida, que o tamanho de Darcy não significava nada. Mas Elisabeta entendeu, e disse que como ela só tinha beijado ele, para ela ele beijava muito bem. Ludmila disse para ela tirar a prova por aí, mas ela disse que não precisava, ela simplesmente sabia que o beijo dele era bom. Ela sabia antes mesmo de beijá-lo. E a amiga disse que tinha opinião parecida sobre Januário.

Elisabeta e Darcy estavam ficando. Na escola não era permitido namoro explícito entre alunos, agarramentos, mas eles sempre davam um jeito de ficarem próximos, e Darcy começou a entender Ernesto, Ema e Ludmila. E após as aulas Donato sempre atrasava para pegar Darcy para que ele e Elisabeta pudessem curtir uns momentos juntos.

Foi somente no final do semestre, com o inverno já chegando que Darcy sugeriu um chá na casa dele. Elisabeta nunca tinha ido lá, mas ele também não tinha ido a casa dela. Eles se encontravam na escola, as vezes com os amigos em algum evento de fim de semana.

No começo ele ficou em dúvida sobre o convite, mas depois relaxou. Era um costume inglês, um chá onde as pessoas conversavam e se conheciam. Seu pai queria conhecer a garota que ele sempre conversava no telefone, e ele não conseguia mais desviar o assunto – qualquer dia o pai entraria no carro com ele e isso não seria nada legal. Seu pai não era exatamente contra ele ficar conhecer as garotas, mas Darcy gostaria de saber o que o pai acharia de Elisabeta. Embora o que ele queria mesmo era que Charlotte gostasse da amiga colorida, ou ficante. Embora ele começasse a pensar no termo namorada para ela. E namorar era algo que Darcy nunca havia pensado, ainda mais no Brasil, onde havia data de chegar e partir – coisa que ele sempre se forçava a esquecer. Ele queria aproveitar o momento.

Ludmila achou brega o convite de Darcy, dizendo que parecia que eles eram um casal de 50 anos, mas reconhecia que demonstrava interesse. Já Ema, bem, Ema foi Ema e achou romântico e quase um pré noivado, o que fez Elisabeta rir bastante. Ernesto ficou calado, vendo que o romance da amiga ia de vento em popa.

Ernesto pensou que em algum momento da vida eles pudessem ter um romance, mas Elisabeta nunca parecia ver a mesma coisa, embora ela nunca mencionasse outros garotos. Ele ousou achar que ela podia ter uma paixão platônica por ele. Mas Darcy apareceu e ela estava cada vez mais envolvida. E ele resolveu que dali em diante procuraria uma garota pra si.

Darcy tinha sido categórico, ela teria que ser sincera com os pais. Nada de dizer que ia no cinema ou ao parque com os amigos. Ele nunca aceitou que matassem aula para ficarem juntos. E não era nada demais, ele apenas queria mostrar a ela um costume inglês, ela não tinha levado ele para andar de ônibus? Elisa perguntou se o pai dele estaria lá também, e ele disse que sim, mas que ela não precisaria se preocupar, o pai dele não era o bicho papão. E se fosse, ele estaria lá para protege-la. Que o importava mesmo era que ela conheceria Charlote.

Dona Ofélia achou tudo magnífico, até já se sentia convidada, mas Elisabeta disse que se ela fosse, cancelaria tudo. Com muito custo ela cedeu, mas obrigou Jane a acompanhar a irmã, afinal não ia deixar sua filha sozinha com um garoto tão grande, ele já era um homem, pelo menos no corpo. Felisberto concordou, e aproveitou aquela noite para ter uma conversa privada e séria com a esposa, para que ela conversasse com a filha sobre sexo e prevenção.

Felisberto já sabia que o convite para o chá aconteceria, e achava que essa “amizade” da filha com o inglês estava ficando séria, mesmo que Elisa desconversasse. Ele perguntou na escola, e Dolores disse que eles estavam sempre juntos. Um dia ele foi observa-la na porta da escola, no fim das aulas, e os viu se beijando enquanto Darcy esperava o motorista dele. Não era nada demais, era uma coisa de jovem. Mas ele já havia sido jovem um dia, e sabia bem como os hormônios funcionavam. O que o tranquilizou foi uma coincidência.

Archiebald estava numa reunião sobre gado onde Felisberto explicava a contabilização do produto. Ele estava vendendo as fazendas da família Williamson na região e por isso foi avaliar possíveis compradores. Vendo o sobrenome do contador que falou, e lembrando da amiga do filho, ele perguntou se eram parentes. Felisberto explicou que era pai de Elisabeta e ele e o Lorde tomaram um café enquanto percebiam que tinham as mesmas preocupações sobre seus filhos. Nenhum deles queria ter um neto de filhos tão jovens, e Felisberto não tomou isso por ofensa, nem o Lorde entendeu que o filho era tomado como aproveitador. Eram apenas preocupações genuínas de pais que sabiam como a vida funcionava. Ele mesmo garantiu que ia conversar com Darcy, instruí-lo para ter cuidado e respeitar Elisabeta. E que estariam no Brasil somente neste ano, o que Felisberto entendeu de imediato. Era preciso observar para que a filha não se envolvesse muito. Ele não tinha a resposta se já era muito tarde, o que percebia conversando com o lorde era que ele também nunca vira o filho tão empolgado com uma garota.

Foi após esta conversa que Archiebald resolveu realmente conhecer Elisabeta, uma vez que o pai dela também admitiu que nunca vira a filha tão empolgada para um relacionamento. Ele conheceria a menina, e os observaria, e tomaria cuidado para lembrar ao filho que não havia escolha, partiriam de volta no final do ano. Encerrar as atividades no Brasil era algo que ele adiou durante um tempo, as duras lembranças da esposa adiavam esta viagem. Agora que a ferida estava no lugar ele vinha terminar um assunto que não rendeu o que ele esperava financeiramente. O governo brasileiro não tinha interesse em ferrovias para escoar o café na região, e sim incentivar o gado. O que no momento não interessava aos seus investimentos.

Elisabeta disse a Darcy que teria que levar Jane para o chá, foi uma exigência de sua mãe já que ela não poderia ir. Darcy achou muita graça , mas falou algo que ela jamais esperava:

Ótimo, leve Lídia também. Ela tem a idade de Charlotte e vão se divertir muito. E na minha casa também estará um garoto que deve ter a mesma idade de Jane. É Camilo, filho de Julieta. Ele está de férias do colégio interno da Europa e precisa de amigos. Acho que ele e sua irmã vão se entender muito bem. Darcy falou casualmente, não mencionando a conversa que seu pai tentara ter com ele dias antes, para falar sobre sexo. Darcy sabia sobre sexo, na escola os garotos tinham as revistas, e as fitas de vídeo pirateadas que faziam a festa deles, já que não podiam frequentar a sessão privada das locadoras. Mas ele nunca havia transado, apenas dado uns amasso mais apertados na ruivinha que estudou com ele no último ano na Inglaterra. Ele agora nem lembrava mais o nome dela. Ah sim, e havia aquela Suzana, uma empregada de Julieta que o seduzia com decotes, e o que seu pai deu um jeito de tira-la do convívio deles. Ela era uma mulher estonteante, e ele um garoto ávido por experimentar. Teria sido um desastre que seu pai impediu muito sutilmente.

Elisabeta também não contou da conversa de Dona Ofelia com ela. Nunca vira sua mãe tão vermelha, tudo para tentar explicar a ela sobre proteção, camisinha, estas coisas. Foi bastante surreal e Elisabeta saiu do quarto dizendo que tinha entendido o que ela queria dizer.

Bem, ela entendia mais ou menos.

Será que seus pais achavam que ela iria fazer amor com Darcy ?  Mas eles apenas estavam se conhecendo, se beijando. Embora ela começasse a sentir que os beijos estavam ficando cada vez mais demorados, e as mãos, as dele principalmente, estavam sempre avançando mais pelo corpo dela.

Será que isso significava que ela dormiria com ele? Por via das dúvidas ela não falou nada com Darcy também. Talvez no dia do chá eles conversassem sobre isso. Se surgisse a oportunidade.


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