High School Darlisa escrita por kicaBh


Capítulo 3
Cap 3 – Cinema


Notas iniciais do capítulo

obrigada a todas que leem...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/774899/chapter/3

2ª FEIRA.

 

Se ela tinha dúvida sobre como Darcy se comportaria com ela na escola, depois do sorvete do fim de semana, ela teve a resposta ao descer do ônibus. Ele a esperava na porta, ela chegou com Ernesto e Darcy disse bom dia acompanhando-a até sua sala. Quando ela se sentou na carteira achou que tinha a cara mais vermelha do mundo e que todas as meninas a olhavam.

Ema e Ludmila trocaram um sorriso cúmplice e Ernesto tinha a cara fechada. Ele veio andando atrás deles ouvindo a conversa sem jeito que eles travavam, Darcy agradecendo, perguntando do domingo dela, e ela respondendo olhando para o chão.

Mas a medida que as semanas passavam eles ficaram mais confortáveis com a “amizade”.  Conversavam nos intervalos, ele dava dicas de inglês para ela, e ela o ensinava algumas técnicas de redação. Briana e as meninas tomavam conta deles, mas não acreditavam que o lorde fosse escolher a bolsista – embora eles parecessem tão a vontade juntos. O ritmo de aulas se intensificou e eles tiveram que adiar o cinema, a escola teve simulados nos fins de semana, e tanto Darcy, quanto Elisabeta ficaram bastante ocupados.

Foi depois das provas bimestrais que a oportunidade surgiu. Elisabeta ria de seu sucesso nas matérias, mesmo com toda dificuldade encontrada e Darcy se gabava de estar escrevendo bem melhor, o que ela creditava aos toques que oferecia a ele. Ema estava radiante e Ludmila dizia que finalmente se encontrava naquela pequena cidade.

No meio disso tudo Elisabeta soltou que havia um filme que ela queria ver - Tomates Verdes Fritos – enquanto Ema combinava de ver a alguma das comedias românticas que todas as meninas do colégio estavam interessadas. Darcy guardou o nome, descobriu o cinema onde estava passando e queria convida-la, mas raramente se viam sozinhos, e faltava coragem a ele, porque se ela disse não, queria estar sozinho. Ele tomou uma decisão, ligaria para Elisabeta. Mas ele não tinha o numero de telefone da casa dela, e faltava coragem para pedir.

A sorte é que ele era um garoto inteligente. Chegou em casa e procurou na lista telefônica a Sorveteria que foram, que era perto da casa dela. Então sabia o bairro. Voltou a lista e encontrou um nome : Felisberto Benedito. Só podia ser esse o pai de Elisabeta. Tomando coragem , torcendo para que estivesse certo, discou os números e aguardou até que uma voz feminina infantil atendeu. Ele perguntou se era da residência de Elisabeta e teve que explicar o que era residência. Então a garotinha gritou “Elisabeeeeta, telefone para você.” “eu não sei quem é, é um homem”, então ele aguardou na linha, o coração aos pulos quando ela disse “alô”.

Elisabeta?

Darcy ?

Sim, perdão por te ligar sem avisar. Eu consegui seu numero no catálogo.

— meu nome não está no catalogo.

— achei que Felisberto Benedito deveria ser seu pai. Ele riu sem graça. Mas ela gargalhou.

achou certo. Ela se calou. Se ele tinha ligado, ele falaria.

bem, outro dia você comentou que gostaria de ver um filme, e bem, o cine Royal tem uma sessão no sábado, as 4 da tarde, e eu pensei que talvez você quisesse ir. Eu me interessei pela historia também. ele disse com a voz tremula.

Elisabeta ficou muda. Ela achou que aquela historia do cinema não renderia.

Cinema... com Darcy.

Ela pesava as consequências, o que diria pros amigos, e para família. Se contasse ao seu pai será que ele deixaria ? Darcy era um garoto mais velho. Possivelmente diria não. Tantas possibilidades se passavam na cabeça dela, e Darcy ficou inseguro.

Elisabeta ? você ainda está aí  ?

—  sim, sim, estou. Apenas pensando.  

algo errado com o meu convite ? ele falou, completamente inseguro.

nada, absolutamente nada. Ela relaxou. Não era a única sem jeito. Eu adoraria, Darcy. Ela por fim respondeu . Afinal de contas, ela queria ver o filme, ele também. Porque não ?

posso te buscar as 15 ?

— não, eu sei onde é o cinema. Encontro você lá. E eu gosto de andar pela cidade.

— Elisabeta, Donato irá me levar de qualquer jeito. Mas marque um lugar próximo e vamos andando juntos. Eu quero andar com você. Era verdade, essa liberdade dela pela cidade o encantava. O pai insistia que tudo tinha que ter proteção, mas Darcy ansiava por mais espaço.

— ótimo, peça para ele te deixar no Parque Central,  de lá seguimos. Eles se despediram e Elisabeta tinha borboletas no estomago quando desligou. Já ia subir para o quarto quando os pais apareceram diante dela. A pequena Lidia tinha contado a Dona Ofélia que contou a Felisberto e ela foi interrogada sobre quem era o garoto misterioso e o que ela combinava com ele no parque central da cidade num sábado a tarde.

é um amigo da escola, o Darcy, marcamos de ver um filme alternativo que ninguém mais se interessou. Ela optou pela verdade.

Darcy não é o lorde inglês que Ema estava falando aquele dia que ela foi te buscar na sorveteria ?  Jane, sua irmã mais discreta,  saída de não se sabe onde, perguntou. Logo Jane. Ela a fuzilou com o olhar.

— sim. O pai de Darcy é conde. Está no Brasil fechando uns negócios.

E então Elisabeta teve que discorrer sua história com Darcy, enquanto o pai prestava atenção os olhos de sua mãe brilhavam. Imagina, tantas meninas e um nobre, um lorde, estava chamando a filha dela para o cinema. Felisberto pediu para que Ofélia se contivesse, que não era para tanto. Mas disse para Elisa que ela deveria estar de volta as 8 da noite. Ela nem pensou em protestar, embora achasse a hora muito cedo. Ela pensava que após o cinema ela e Darcy podiam tomar um suco, conversar um pouco mais.

Elisa não contou do cinema para Ema e Ludmila , ou Ernesto, por isso quando eles perguntaram se ela tinha algum programa para sábado ela desconversou e disse que seus pais tinham um compromisso para todos da família. Na segunda ela explicava.

SABADO DO CINEMA

Darcy custou a convencer Donato a deixa-lo no parque, mas como o motorista achava mesmo que o garoto precisava acumular experiências de vida, e de namoro, ele cedeu. Mas fez Darcy prometer a voltar no horário combinado e então eles deixariam a garota na casa dela.

Donato só viu Elisabeta de relance, e o Lorde Archiebald o estava pressionando sobre informações sobre a garota. Era um namoro juvenil, mas ele se preocupava com o filho, que mesmo com todo aquele tamanho de homem era apenas um menino no final das contas.

E não gostou muito de saber que a menina andava de ônibus e era filha de um contador. Mas gostou do fato de Darcy não dar assunto para Briana, essa prima distante , filha da parenta de sua finada esposa. Margareth gostava de aparecer de surpresa , em visitas inesperadas e inconvenientes. Era um absurdo pensar em casamento dos seus filhos, uma ideia completamente fora de moda. Seu filho merecia uma sogra menos chata, sendo muito sincero. E também merecia ser feliz, e carregar aquele sorriso no rosto que o deixava cada vez mais bonito. Ele só gostaria de ver mais de perto quem era essa menina que encantava seu primogênito.

 

Dessa vez Darcy tinha se preparado, usava uma bermuda jeans, como a de todos os garotos do colégio. E uma blusa preta com estampa dos Ramones, que ele achou mais bacana pela estampa do que pela banda em si.

Elisabeta por outro lado chegou com uma calça jeans e uma camiseta vermelha com uma estampa de um desenho que Charlotte via muito, Meninas Superpoderosas, a camiseta era do tamanho que deixava o umbigo dela a mostra. O cabelo estava num rabo de cavalo bem alto, e os tênis vermelhos que ele já achava um encanto. Vermelho era a cor dela, não só porque ela gostava, mas porque combinava com o espírito daquele corpo. Elisabeta era livre, e era impossível cruzar com ela e não sentir vontade de ser livre também. E ele não sabia se era para todo mundo, mas ele ainda sentia uma vontade maluca de beija-la. Deus o ajudasse ele teria coragem hoje.

— meu Deus, quem é você e o que fez com Darcy Williamson ? ele é um Conde, não pode andar por aí com uma camiseta demoníaca. Elisabeta riu com vontade enquanto o admirava. Mas ele apenas explicou que queria se misturar a plebe. Ela riu mais ainda. Então Elisabeta o tomou pela mão e o puxou para o ponto de ônibus. E ele olhou maravilhado os dedos entrelaçados enquanto ela o arguia se já havia na vida andado de ônibus. Ele disse que uma vez em Londres,mas ele era bem jovem.

Foi uma experiência interessante já que mesmo disfarçado, ele não seria jamais anônimo. Ter quase 2 metros de altura, e uma beleza que chamava a atenção  faziam com que ele fosse notado onde estivesse. Mas ele se divertiu.

Desta vez ele não deixou Elisabeta pagar nada. Os ingressos, suco, pipoca, balas e tudo mais que ele insistiu para o cinema foi tudo custeado por ele.

A sala era relativamente pequena e Darcy optou pelas cadeiras do fundo, seu tamanho dificultaria a visão de quem se sentasse atrás, embora ele não achasse que a sessão fosse encher bastante. O filme do momento era Uma lInda Mulher, algo como uma cinderela moderna, que Ema convenceu Ludmila e Ernesto a acompanha-la. Ele e Elisabeta estavam vendo o filme sobre relações familiares diversas e suas consequências.

Acomodados nas cadeiras da última fileira eles comeram, se emocionaram e prestaram atenção no filme. Até a parte onde Darcy tomou coragem e passou o braço por cima da cabeça de Elisabeta e a abraçou. Ela pensou no que fazer, mas simplesmente relaxou e apoiou a cabeça no antebraço dele. Findo a pipoca ele ainda aproveitou a mão livre para enlaçar seus dedos nos dela, com o um típico casal de namorados. Era algo novo , e totalmente delicioso. Elisabeta se sentia feliz e segura, e tudo que queria era virar o rosto para que ele a beijasse. Mas não o fez, dali em diante tentou prestar atenção na historia mas seu coração não deixava, pois cada vez que Darcy brincava com seus dedos nela , algo acontecia.

Darcy também estava em feliz, pensava se estava fazendo a coisa certa, mas Elisabeta não correu dele. Ao contrário, se aconchegou, de forma que ele podia sentir o cheiro dos cabelos dela.

O filme terminou e enquanto algumas pessoas choravam pelo final trágico da historia eles se encararam e sentiam que era a chance que precisavam. Darcy tomou coragem para tocar o rosto de Elisabeta e chegar seus lábios próximos do dela, num selinho demorado, mas cheio de significado. Ele não teve coragem de beija-la como sabia que deveria, como via nos filmes proibidos, e nas revistas que os colegas contrabandeavam para a escola. Ele até gostaria, mas todo seu corpo parecia feito de gelo naquele momento. Ele só conseguia sentir o gosto de menta dos lábios de Elisabeta e das balas que chuparam. Diante dele Elisabeta sorria enigmática, e levou os dedos aos lábios, numa expressão abobalhada , mas feliz. Então simplesmente aproximou-se dele e fez o mesmo, colou seu lábios nos dele. Mas dessa vez Darcy não deixou ela se afastar e a beijou adequadamente. O beijo tinha gosto de pipoca, suco de uva e bala de menta, e algo que deveria ser o gosto de Elisabeta,  e ele pensou que nunca havia provado combinação mais maravilhosa. Não fosse a necessidade de saírem do cinema teria realmente a beijado por horas e horas.

De mãos entrelaçadas eles deixaram o cine e foram caminhando até o parque Central, onde Donato buscaria Darcy. Ele insistia em deixa-la em casa.

A conversa fluiu gostosa, sem nenhum deles cobrar alguma definição do que estava acontecendo. E enquanto atravessavam o parque  Darcy a parou e a beijou novamente. 

Donato os pegou na entrada do parque e Elisabeta ensinou o caminho de sua casa, o motorista riu ao ver os dois quase sem graça , mas felizes, então  esperaria que Darcy descesse do carro e a deixasse na porta, com um beijinho de despedida. Ele mesmo já fez isso tantas vezes.

Mas quando estava estacionando o carro foram surpreendidos por Dona Ofélia parada no portão. Elisabeta queria enfiar a cabeça no chão, e Darcy estava tão vermelho quando ela simplesmente enfiou a cabeça dentro do carro da família Williamson, olhou bem para a cara do garoto, e o fez descer. Elisabeta ainda tentou falar que não era preciso, mas Darcy não se viu negando.

Ele gentilmente desceu, se apresentou a mãe de Elisabeta, que falou como ele era bonito, alto, garboso, e todos os adjetivos que ela encontrou. Custou 5 minutos , cinco longos minutos para Elisabeta conseguir puxa-la para dentro de casa e Darcy conseguir ir embora, transformando o beijo de despedida em um aceno simplório.

mamãe, francamente, a senhora hoje passou de todos os limites. Era possível ouvir as duas discutindo até abrirem a porta da sala.

mas porque, Elisabeta. Eu sou sua mãe, queria saber quem é o rapaz que quer te namorar.

— ele não quer me namorar. Ela falou raivosa. Espumando pela boca, como dizemos.

eu discordo. Ele me pareceu muito interessado. E minha filha, que rapaz alto, por São Judas, como pode.  Ofélia falou e Elisa estava com vontade de ir direto pro quarto quando viu Ema sentada no sofá da sala observando a cena.

Ema ?

Sim, Elisabeta. Eu liguei para você, porque papai encontrou seu Felisberto mais cedo e ele disse que vocês ficariam em casa, então sua mãe me disse que você foi ao cinema com Darcy. Então estou aqui, querendo saber das novidades.

Elisabeta olhou para Ema com olhos tão furiosos que a amiga ficou o mínimo de tempo possível na casa dela, ligando logo para Aurélio vir busca-la.

Imagina, quantas pessoas Elisa tinha ao redor tomando conta dela e de Darcy. Até seu pai veio perguntar se estava tudo bem.

Estava, estaria, se a noite tivesse terminado como havia começado. Se tivesse terminado com Darcy a beijando no portão de casa, desejando bons sonhos, e ela retribuindo. Mas não, sua mãe, seu pai, suas irmãs e sua melhor amiga estavam ali como enxames. E ela contou a versão resumida dos fatos, o filme era lindo, Darcy um cavalheiro. E foi para seu quarto.

Fechou a porta, deitou na cama. E finalmente sorriu para o teto.

Então era assim que era beijar alguém  ? ela conversava consigo mesma.

Será que ela beijou certo ? será que ela beijava bem ? porque Darcy era mais velho, ele sabia como fazer as coisas. Mas e ela ? será que ele ligaria para ela novamente, a chamaria para um novo cinema , ou sorvete ? ...  ele a beijaria novamente ?

Nessa noite ela teve doces sonhos. E torceu para que a segunda feira chegasse logo.

Darcy também. Foi difícil tirar o sorrido dos olhos dele no domingo. Ele achava que tinha mandado bem, como diziam os brasileiros. Se a mãe dela não estivesse na porta ainda poderia ter dados mais uns beijinhos, Donato concordou com ele.

Mas isso era o apenas o começo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "High School Darlisa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.