High School Darlisa escrita por kicaBh


Capítulo 14
Cap.14 - Paris


Notas iniciais do capítulo

Então no próximo capítulo finalizo minha história. Feliz por chegar até aqui, não achei que conseguiria. E feliz por todo mundo que leu. Vocês são especiais para mim.



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Darcy deixaria o pager sempre disponível caso ocorresse algum imprevisto em sua casa. Charlote não ficou muito feliz por não poder acompanha-los, mas ele garantiu que nas férias escolares daria uma surpresa a ela.

Ele estaria ausente pelo mesmo intervalo de tempo de quando ia a Cambridge. Nem estaria tão longe, Paris estava a uma hora de voo. Na sexta feira ele teria o almoço de negócios com os empresários franceses, o que costumava demorar incontáveis horas. E então estaria livre para mostrar Paris a Elisabeta, namorar bastante, terem um tempo de privacidade só para os dois. E ainda promoveria um reencontro.

Elisabeta estava linda num casaco leve vermelho e boina. Parecia uma típica francesinha revolucionária. Já ele estava no terno impecável de sempre, um colete para dar um ar mais sério ainda a composição. A gravata vermelha ele achava que combinava com ela. Eles voavam num jatinho particular porque era mais fácil e rápido. E caso fosse necessário voltar a qualquer momento tudo estaria disponível.

Elisa havia se comunicado com Ludmila e a amiga a esperava ansiosa na porta do hotel que Darcy reservou, mesmo com a insistência da ruivinha em hospedá-los. Hoje o dia seria delas, colocariam a conversa em dia e matariam as saudades. A noite teriam uma surpresa, Darcy havia programado.

Ludmila tinha um largo sorriso no rosto e quando viu Elisabeta pulou nos braços da amiga. Ela sentia falta de uma amiga como Elisa, que a entendia e ainda ria de seus casos mais absurdos. Não que na França não existissem garotas assim, mas que conhecer Elisabeta e mesmo Ema, deu equilíbrio a Ludmila. Foram os melhores anos da vida dela, até então.

Eu tenho um apartamento tão simpático aqui, vocês ficariam bem instalados comigo. Ela falou num muxoxo enquanto completava:  Embora Lorde Darcy não tenha economizado, este é o melhor hotel de Paris. Ludmila ria enquanto notava Elisabeta colocar as malas no quarto, completamente íntima dos pertences de Darcy. Ludmila percebia o sorriso no rosto de Elisa, que parecia anos mais leve do que a última vez que a viu no Brasil, quando vir para a Inglaterra já era uma certeza, mas encontrar o homem que a acompanhava não.

Darcy fez questão, disse que tem uma surpresa e acha que você precisará de privacidade. Elisabeta respondeu tão misteriosa quanto Darcy, embora ele não tivesse revelado o segredo.

Enquanto passeavam pelas ruas da cidade luz Ludmila contou estar solteira no momento, alguns namoros começados, uns bons, outros ruins, mas ela queria conhecer o máximo de pessoas que pudesse. E Paris permitia. E que se Elisabeta fosse solteira elas iriam aprontar neste fim de semana.

Me conte tudo de Ema, quando liguei para a baronesinha ela teve a coragem de me dizer que não podia falar muito porque os enjoos não deixavam. Eu bem te avisei, ela seria mãe primeiro que nós. Nós não, você, que eu pretendo não ter filhos nunca, Deus me livre. Já você, bem, você já é praticamente a Condessa de Pemberley. Ludmila ria com Elisabeta, sem perder a chance de desafiar a amiga. Ela não ficou chateada com a escolha de Elisa por Cambridge, mas ela bem gostaria que a amiga fosse mais propensa a muitas aventuras como ela. Ludmila pensava que Elisa e Darcy eram muito novos para serem um amor para a vida toda, no entanto eles agiam como se nunca mais fossem se separar. Darcy agia como marido, Ludmila percebeu. Os registrou como Sr e Sra Williamson, informou a Elisa onde estaria e se ela precisasse de alguma coisa o cartão de crédito dele estava disponível. Namorados? Ludmila ria ao pensar, eles pareciam casadíssimos.  

Que exagero, Lud. Eu e Darcy nos reencontramos a menos de um mês. E então Elisabeta mudou o assunto e falou sobre a Universidade, do quanto gostava do curso e do estágio. E também da saudade de casa. Contou que Ema a convidou para ser madrinha do seu filho, mas Elisa não saberia se teria tempo e dinheiro para ir ao Brasil tão cedo. Ela não queria falar sobre o que aparentava, que ela e Darcy estavam se casando.

Não me parece que Darcy negaria uma passagem a você, Elisa. Aliás, não me parece que ele negaria alguma coisa a você. Olhe só, eu vejo que está tudo muito bom em Cambridge, mas poderia estar na Sobornne, não é mesmo? Eu jamais a imaginei como está agora, aqui em Paris como a esposa de um homem de negócios. Ludmila e Elisa entraram num café parisiense depois de Elisa querer parar, ela gostaria de esperar Darcy para fazerem os passeios românticos juntos. Ele estava bastante empolgado com isso. Não seria justo conhecer a Torre Eiffel ou o Palácio de Versalhes sem ele. Não quero que você se engane novamente. A ruiva terminou a frase.

Quando me enganei? Elisa perguntou não desejando ouvir a resposta. Ludmila podia ser um ferro afiado muitas vezes, fazendo com que você encare seus piores medos de frente.

Quando namorava Darcy no Brasil e falava que eram apenas amigos. Quando disse que não sentia falta dele, mesmo assim não conseguiu namorar Olegário. E agora, quando finge sentada aqui comigo que você e Darcy são um casal de namorados como qualquer outro, como se você não tivesse optado por Cambridge por ele. Ludmila falava seriamente com Elisa. A fama de solteiro cobiçado do Darcy chegava a Paris, mas era sua amiga que estava ao lado dele, mesmo depois de dois anos separados. Muitas pessoas ambos poderiam ter conhecido e se apaixonado. Ludmila apresentou uma gama de amigos para Elisabeta, Olegário foi o único que ela deixou se aproximar um pouco, ainda assim ela o dispensou tão logo a aprovação da universidade inglesa chegou. Elisa sofreu muito quando esteve longe de Darcy, mesmo negando veementemente. Ela se tornou outra garota, mais séria, mais contemplativa, mais diante. Não seria correto que agora que eles haviam se reencontrado e estavam bem, ela negasse que havia feito uma escolha por Darcy. Ludmila não se dava por vencida: Elisabeta, você é das mulheres mais inteligentes que já conheci. Da nossa idade, a mais brilhante. Mas você às vezes é mais cega do que um morcego. Defende sonhos de liberdade, de abraçar o mundo e, no entanto, se hoje alguém te convidasse para um estágio no melhor jornal do mundo, longe de Londres, você iria?  

Elisa ficou olhando para Ludmila, entendendo o que a amiga tentava lhe dizer. Não era por mal, Ludmila apenas fazia ela ser sincera consigo mesma. Ela tinha grandes planos, desde criança. Ela nunca se projetou num relacionamento sério, marido, filhos, mas desde que Darcy cruzou o seu caminho qualquer plano envolvia os braços dele a encontrando do outro lado do mundo que ela abraçaria.

Me perdoe, Elisa, eu não quero pressioná-la, mas estávamos juntas em nossa fossa nos últimos anos. E eu sei a diferença da Elisabeta de lá para a que eu vejo agora. Seus olhos brilham, sua vivacidade está de volta e nos minutos que Darcy esteve comigo ele me pareceu um homem feliz, mesmo com toda a história de vida que você me contou que ele tem atravessado. A vida de Darcy me parece bem traçada e ele me pareceu decidido em relação a você. Mas a sua vida está começando. Ludmila falou muito séria, como poucas vezes na vida. Eu só quero que você reflita sobre sua própria realização e no que está disposta a abrir mão por Darcy.

Eu sei que você está certa em pelo menos um aspecto, Lud. Hoje eu não sairia da Inglaterra. Darcy está num momento difícil da vida dele, tanto com o pai, quanto com Charlote. E eu não quero estar longe deles. Desde que o conheci eu nunca quis estar longe dele, mas isso me amedronte até o ultimo fio de cabelo. Foi o que Elisabeta conseguiu assumir para a amiga. O resto, a vontade de dar o salto no escuro que o amor exigia, ainda a deixava em pânico. Era fácil fingir que namorava Darcy como qualquer outra pessoa normal, mas ela sabia que não era isso. Não era um namoro qualquer, ela e Darcy era algo sério, para a vida toda. O medo e o risco ao assumirem esta verdade era grande. Darcy parecia tão disposto quanto ela, mas e se no meio do caminho as coisas desandassem?

Então, Condessa de Pemberley, quando chegarão os herdeiros? Ludmila riu gostosamente, tirando-a de seu devaneio e dizendo para a amiga não sentir vergonha de ter um amor tão grande. Tanta gente no mundo buscava exatamente o que ela encontrou sem ao menos procurar.

E, por um momento, Elisa pensou em filhos com Darcy, um garotinho mais alto que os outros da sua idade, com os olhos dele e o jeito expansivo dela. Era apaixonante. Na balança de seus sonhos de um lado ela via um mini Darcy e do outro o mundo. O mais estranho era a facilidade que ela decidia quem ganhava essa disputa. Sua mãe ficaria orgulhosa, tantas discussões onde ela dizia que um homem não teria essa importância em sua vida e aqui estava ela, completamente rendida a Darcy.

Elisa já estava de banho tomado quando Darcy chegou, o que ele achou um desperdício já que poderiam tomar banho juntos. Ludmila foi em casa se trocar, Darcy disse que o jantar seria especial. Ele não disse onde iam e Elisabeta estava curiosa, mas também pensava no que a amiga lhe dissera. Ela não estava deixando seus sonhos por ele, estava?

Antes da entrada dele em sua vida ela já sonhava em estudar fora do Brasil, conhecer e viver outras culturas. A Inglaterra sempre fez parte dos seus planos e ela não escolheu a pior faculdade para estudar só porque era no país dele, não era nem a pior faculdade. Mas ela não poderia negar que na escolha final pesou o país de origem dele.

Darcy fez um barulho saindo do banho e ela aprovou vê-lo em roupas casuais. Sim, um emprego que a satisfizesse era o que ela sonhava, realização profissional. E uma vida ao lado dele, que não parecia ser o tipo de cara que a impediria de ir atrás do que desejava.

Você está bonito! Ela o beijou romanticamente, como a cidade pedia. E o sentimento de pertencimento a encheu completamente. Como se os braços dele fossem sua casa. E muito possivelmente ele sentisse o mesmo porque ao terminar o beijo ele a olhava admirado.

Encontraram Ludmila estacionando um Smart na porta do hotel. Era o carro do momento, econômico e pequeno e Darcy realmente gargalhou quando descobriu que não caberia dentro do veículo, fazendo com que um taxi fosse chamado.

A galeria ficava numa área afastada dos pontos turísticos mais tradicionais de Paris. Darcy recebera o endereço a muito tempo, mas nunca pode visitar o lugar. O dono foi amigo de sua mãe, Francisca adorava quadros e François era seu professor. Sua mãe tinha certo talento, mas com o nascimento de Charlote as coisas se complicaram para ela. Mesmo assim François costumava ir a Pemberley para que ela pintasse sob a supervisão dele e também para que ela pudesse se distrair dos pensamentos negativos sobre o avanço de sua condição física.

Darcy, quando criança, gostava do jeito expansivo de François, um pouco afeminado, mas engraçado, trazia balas para ele e sua mãe dizia que ele era a pessoa com a alma mais bondosa que ela já havia conhecido, capaz de lapidar o talento de qualquer pessoa, de fazê-la extrair o melhor de si mesma.

Diante do falecimento de sua mãe Archiebald pediu para retirar da mansão todos os quadros que Francisca havia adquirido durante a vida, querendo exterminar as lembranças. E então os doou a François. Como alguns quadros eram verdadeiras obras de arte o professor conseguiu montar sua própria galeria e viver do seu talento. Exatamente como o colega que Darcy lhe pediu para ajudar dois anos atrás.

Eles chegaram ao endereço e Ludmila disse que nunca havia estado nesta área de Paris, não que não gostasse de arte, mas ela andava preferindo as festas. Darcy riu e quase pensou estar fazendo a coisa errada, mas seu coração dizia que era o caminho certo.

A Galeria estava aberta e algumas pessoas estavam no ambiente. Eles entraram e ele pode rever alguns quadros que habitaram sua casa quando sua mãe era viva. Ele acabou não ocupando as meninas com essas histórias e se apresentou a uma jovem que trabalhava no lugar. Ela falou que François os aguardava ansiosamente, que ele, Darcy, merecia todas as honras da casa.  

Ludmila só entendeu o que estava acontecendo quando foram levados ao fundo da galeria, na oficina. O homem que devia ser François estava debruçado sobre a mesa analisando um trabalho junto com outro homem, mais jovem, ao seu lado. O coração da ruiva disparou.

Era Januário. Ele parecia mais velho, usava um avental para proteger as roupas da tinta e deu um olhar divertido ao reencontrar Darcy, Elisabeta e Ludmila.

Darcy riu sabendo que fez o correto quando percebeu a emoção nos olhos dos amigos. Então contou a Elisabeta que havia encontrado François no aeroporto numa incrível coincidência, quando retornava a Inglaterra. Enquanto François se encantava com o homem bonito que ele se tornara Darcy comentou sobre um colega brasileiro que tinha bastante talento e mostrou o desenho que Januário o havia presenteado. Era um desenho de Elisabeta. François achou os traços diferenciados e acreditava que com bom treinamento o autor do desenho poderia ir longe. Darcy disse que bancaria a passagem e custos iniciais para que o amigo brasileiro tivesse uma chance, se François estivesse disposto. Dois anos depois aqui estava Januário, integrado a cidade, ganhando um dinheiro para se manter e aprendendo, muito, sobre quadros, pinturas e vida.

Acho que finalmente consegui deixar Ludmila sem ter o que dizer. Darcy ainda disse a Elisabeta quando viu que a ruivinha não tinha reação alguma. Ela olhava Januário com olhos de admiração e Darcy entendia. Ludmila era do mundo, bem-nascida, podia experimentar tudo que a vida oferecesse. Como ele. Januário não, a dois anos atrás ele era um empregado de um colégio de gente grã-fina, que sabia que queria viver de arte, mas não tinha ideia de como. Quando Darcy contou da proposta a ele, Januário não pensou duas vezes. Foi embora de São Paulo dando adeus apenas a sua família. Ludmila estava de férias na Europa e era um sonho distante para um homem que ele ainda não era naquele momento. Mas quem sabe agora os dois pudessem viver uma relação mais equilibrada.

François havia feito um ótimo trabalho, Darcy percebia. Januário parecia mais seguro de si e do seu talento. Darcy pensou que ele e Ludmila era apenas uma diversão, mas conversando com Elisabeta ele sondou se a ruivinha ainda se lembrava do empregado da escola. Diante da admissão dela Darcy ligou para François para saber de Januário, da vida amorosa do brasileiro. Diante da especulação de François, de que Januário parecia esperar alguém especial Darcy se animou. Ainda mais quando François ainda disse que em todo quadro feminino que o aprendiz pintava a mulher possuía cabelos vermelhos.

Foi um reencontro delicioso, ou suculento como diria Ema. Nem Ludmila, nem Januário souberam bem como se comportar, mas a ruiva logo começou a fazer piadas para quebrar o clima.

Eles jantaram na casa de Januário, que não aceitou uma negativa. Era um lugar pequeno, aconchegante, numa espécie de cortiço parisiense. Um quarto, cozinha e banheiro, num espaço lotado dos desenhos do brasileiro. François o ajudava na formação, ele trabalhava na galeria restaurando e montando exposições. Uma oportunidade que não havia preço. Ele ganhava um salário que podia enviar um pouquinho para sua família brasileira e pagar um curso de arte na Escola Nacional Superior de Belas Artes, a mais famosa de Paris.

Prometam que vamos repetir isso mais vezes, meus amigos. Não sabe como sinto falta de falar português, de relembrar Campinas. Esta cidade é maravilhosa, respira arte, mas as vezes tudo que eu quero é uma boa conversa brasileira. Januário falava com olhos marejados. Elisabeta entendia, era tão fácil identificar o quão brasileiro somos quando estamos no exterior.

Fale por você, meu querido, eu estou em Paris a quase 6 meses sem pretensões de retorno. E poderia ter a companhia de Elisabeta desde o início. Ela foi aprovada na Sobornne. Ludmila disse.

Januário felicitou Elisabeta e brincou, dizendo que não conhecia Londres, mas que com certeza Paris era muito melhor. E que entendia, olhando para Darcy, ela ter escolhido a universidade inglesa.

Me diga, senhor Darcy, o que faria se Elisa tivesse escolhido a França? Ludmila, já com bastante vinho na cabeça, perguntou. Elisabeta parou para prestar atenção ao que ele responderia.

Até que me mudasse definitivamente, visitaria Paris toda semana. Darcy fez com que todos rissem. E Elisabeta entendeu, ele era o tipo de cara que abraçaria o mundo com ela.

No voo de volta Elisabeta pensava no fim de semana que viveram. Paris era realmente maravilhosa e além do Louvre o que ela mais havia gostado foi a Pont des Arts. Ela e Darcy colocaram um cadeado simbolizando o amor deles. Era definitivamente uma cidade romântica e o quarto de hotel deles não deixava dúvida. No domingo eles só saíram lá de dentro porque Ludmila e Januário marcaram um almoço.

Ludmila ficou impactada por reencontrar Januário tão mudado, ela já se sentia a cidadã bem resolvida mundial, mas Elisa sabia que era mais fácil para a amiga quando não havia muito sentimento envolvido. Ela havia ficado bastante chateada quando Januário foi embora sem sequer se despedir. Reencontrá-lo agora abria um mar de possibilidades. E Darcy havia sido um cupido maravilhoso.

O que você fez foi muito nobre, Darcy. Elisabeta falou chamando a atenção dele. Darcy olhava o mar pela janela do avião, pensando em quanto o fim de semana passou rápido. E no quanto a mulher ao seu lado era importante.  Viver esses dias com ela e ter que deixa-la numa cidade que, mesmo perto o impedia de vê-la todo dia, era algo que ele não queria fazer.

Foi uma coincidência encontrar François na conexão e estar com o desenho de Januário. Mas talvez fosse para ser. Sabe, eu tenho participado de leilões para a caridade e fico me perguntando se metade das pessoas que estão naquele lugar promovem a pessoas próximas a oportunidade de mudar de vida. Ele falou sério. Igualdade social era assunto sério para ele, ele gostava de pensar num mundo mais igualitário. Ele insistia que Mercedes usasse o tempo livre para se aprimorar, fazia com que Charlote a ensinasse fluência no idioma. De nada adiantava possuir tamanha fortuna se não fosse possível realmente fazer algo de relevante para as pessoas que trabalhavam para ele, que o serviam tornando sua vida mais fácil. Seu avô ensinou a seu pai e Archiebald ensinou a ele que: Negócios, dinheiro, investimento, tudo é importante, mas ética e compaixão humana fazem a diferença.

Eu não falava apenas disso. No tempo em que convivemos você nunca fez distinção entre Januário e qualquer outra pessoa. Mas promover o reencontro dele e Ludmila foi um ato de extremo romantismo. Ela nunca o esqueceu totalmente. Ela pensava que não significou nada para ele e então sempre fazia piada da história. Era a forma dela lidar com o assunto. Elisabeta explicou.

Ela nunca percebeu o quanto o impactava. Diante do olhar de dúvida que ela lhe lançou ele continuou. Não me olhe assim, Elisabeta, éramos todos garotos. As meninas sempre nos impactavam.

— Januário eu posso entender. Ludmila era linda, rica, avançada e ele apenas um funcionário de um colégio de classe alta. Mas você, Darcy, você era o centro das atenções daquela escola. Você impactava as garotas. Ela falou como se fosse óbvio para ele. Ele apenas riu quando respondeu a ela que não era assim que as coisas funcionavam, que o mundo dos garotos era diferente. E que ele se preocupava, justamente pela posição social, que as garotas não gostassem dele realmente, apenas do que ele poderia oferecer. Até ela aparecer na porta da escola e desafiar a importância que ele se dava. Antes dela nenhuma garota o havia levado em seu mundo. Ele se lembrou deles na sorveteria, ou andando de ônibus, comendo cachorro quente na rua, deitados no parque, cinema lotado. Ele nunca havia se sentido tão especial antes, apenas por ser ele, não importando o título ou seu parentesco.

Elisa, você pensou em vir para Paris? Ele de repente quis saber. Ela o olhava de um jeito diferente, mas diante dessa pergunta fixou a janela do outro lado do pequeno avião.

Sim. Algumas vezes. Quando Ludmila foi aprovada eu quase fiz minha opção. Não havia notícias suas e eu fiquei em dúvida se a Inglaterra era a coisa certa. Mas a minha mãe me deu um jornal onde aparecia sua foto. Ela segurou a mão dele, entrelaçando os dedos, ainda sem conseguir olhar para ele.

Sério? Ele se interessou mais pelo que ela falava. E esperou ela terminar a resposta. Sua Elisabeta, que estava ali por ele. Ela que poderia ter ficado no Brasil com sua família, ou na França com sua amiga que esteve ao lado dela nos últimos anos, mas não, ela escolheu vir para ele.

Sim. Uma matéria sobre um evento de caridade que você participava. Um repórter brasileiro o abordou e você falou sobre as lembranças do Brasil. E eu ousei sonhar que você falava de nós. Ela falou sem olhar para ele, se lembrando daquela noite no quarto, depois de ler a matéria e sentir seu coração batendo forte, quase gritando, para que ela o escutasse. Então eu tomei uma decisão baseada no meu sentimento. E vim até onde o meu amor estava. Ela finalmente conseguiu se virou para Darcy, olhando fundo nos olhos dele, tendo a certeza de que qualquer escolha que ela fizesse para sua vida Darcy teria importância. Eu te amo, Darcy. Ela sorriu, insegura por entregar tudo que seu coração dizia a dois anos para ela.

Darcy segurou a face dela com uma das mãos, completamente emocionado pelas palavras que ela disse.

Eu também. Te amo, te amo, te amo. Darcy dizia enquanto beijava suas bochechas e sua testa, sem se importar com as lágrimas que ambos derramavam. Então a olhou firme nos olhos e abriu seu coração:  Anseio que não fiquemos separados a partir de agora.


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Notas finais do capítulo

Usei descaradamente a última frase do filme de 2005, porque é linda.



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