High School Darlisa escrita por kicaBh


Capítulo 13
Cap.13 – Londres


Notas iniciais do capítulo

Sigo caminhando para o final da história. Feliz por chegar até aqui. Mas ainda tem algumas águas para rolarem.



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Elisabeta estava maravilhada com os trens ingleses. O que ela pegara era confortável, rápido e tinha a promessa de deixa-la em Londres em pouco mais de uma hora. Darcy havia dito que sua família tinha uma pequena porcentagem da empresa, eles eram grandes entusiastas de ferrovias.

Carol fez um interrogatório com ela no dia seguinte, quando mesmo depois porre gigantesco ela apareceu no dormitório quase na hora do almoço com uma face corada. Ela apenas contou que Darcy a socorreu e que ela não o tinha visto hoje porque ele estava em Londres resolvendo algo com o pai. A amiga de quarto pediu desculpas por falar da prima pois não sabia que eles tinham interesse um no outro. Elisabeta não a culpou e disse apenas que ela e Darcy iriam descobrir se o que viveram no Brasil ainda estava vivo neles. Mas a amiga sabia que era balela, conhecia Elisabeta a menos de um mês e sabia bem que tomar um porre não era coisa comum para a brasileira. Darcy valia a ressaca.

Se Susan, que era uma garota vivida, ficou impressionada com ele, então imagina Elisabeta. E ao que parecia Darcy também se interessava por ela porque Susan nunca pode ficar no apartamento dele, muito menos receber as chaves. Menos ainda um convite para ir a Londres, como Elisabeta avisou que faria no próximo final de semana.

Elisa ligou para Darcy no meio da semana confirmando sua ida a Londres. Infelizmente a aula e uma reunião do estágio a fariam embarcar às 19 horas da sexta feira, mas ele não pareceu se importar dizendo que a esperaria na estação. Quando ela disse que sentia muito pelo papelão que tinha feito no último fim de semana Darcy riu gostosamente dizendo que evitariam margueritas dessa vez.

Ela desceu em Londres e subiu as escadas rolantes rumo à saída da estação. Se Darcy dizia que a cidade era linda esqueceu-se de dizer o quanto era fria. Ela precisaria das luvas e meias mais grossas se quisesse sobreviver. Uma bruma constante estava sobre o lugar e um frio que entrava pelos ossos a fazia morrer de saudades do Brasil.

Ela o viu de longe, tamanha altura o fazia se destacar. Pouca gente possuía aquele tamanho todo. Ela sentiu o coração pular uma batida ao vê-lo sorrindo, o terno rigorosamente impecável e um sobretudo grosso preto que dava a ela um ar de detetive particular.

Elisabeta correu para ele sem se importar em estar sendo muito efusiva para os costumes ingleses e o abraçou o mais apertado que conseguiu. Era o que ela devia ter feito o dia no grêmio, ela sabia. Nada da semana passada teria acontecido daquele jeito.

Darcy, eu.. . Ela ia começar a pedir desculpas, mas foi interrompida pelos lábios dele entrando sem pedir permissão e mostrando que dois anos de saudade não seriam mais abafados. O beijo dele tinha gosto de reencontro somado a café e biscoitos. Ela sentia o vento frio batendo nas orelhas enquanto Darcy a beijava sem a menor cerimônia e a esquentava com seu corpo.

Tudo em você mexe comigo também, Elisabeta. Foi o que ele disse quando o beijo terminou.  Ela apenas sorriu pra ele e entrelaçou seus dedos saindo da estação.

Sem motorista ? Elisabeta ralhou dele ao chegarem ao carro estacionado. Uma das coisas que ele mais detestava no Brasil era Donato o carregando de um lugar a outro.

Nem pensar. Eu agora tenho meu próprio carro e sempre que posso caminho por esta cidade. Uma das coisas que mais vou gostar de fazer com você em Londres, Elisabeta, é andar por aí. Em dias menos frios, é óbvio. Ele riu enquanto dirigiam ao restaurante que ele havia reservado.

Elisabeta pensava que eles iriam para a casa dele, mas Darcy disse que queria conversar com ela longe do entusiasmo de Charlote. O restaurante era no coração de Londres, onde se via a linda roda gigante, London Eye, o Big Ben e o palácio Westminster. Não era um lugar barato, não que Darcy se preocupasse com isso, mas Elisabeta achou que ele gastou algumas libras e algum tempo para conseguir exatamente a mesa onde estavam, que permitia a melhor visão e certa privacidade.  Estava quentinho lá dentro e o garçom perguntou o que eles gostariam de pedir. Darcy escolheu um vinho branco, mas ela pediu apenas água, fazendo com que ele a olhasse divertidamente. Para comida uma massa que ele garantia que era das melhores do mundo.

É linda a vista daqui, Darcy. Londres iluminada diante dela, um mundo de possibilidades e um homem especial. Parecia perfeito se ela não tivesse que começar essa conversa pedindo desculpas. Eu sinto muito pelo final de semana passado. Eu me comportei como uma boba. Poderia culpar a bebida, mas seria errado.

— Então o que foi ? Darcy perguntou, deixando que ela se desculpasse. Na verdade, ele não se incomodava tanto porque era uma diversão lembrar-se dela cambaleante, mas alguns assuntos sérios sairiam das confissões daquela bebedeira. Ele ficou esperando, quase ouvindo as engrenagens do cérebro dela pensando na resposta.

Eu não sei exatamente. Quer dizer, eu falei em voz alta o que não conseguia admitir nem para mim mesma. Eu estava muito frustrada por não ter visto você nos últimos anos e no último mês. Acho que Susan foi a gota d’água. Ela falando de você, eu senti um ciúme maluco, me senti traída, me senti burra por não ter permitido que tivéssemos contato durante este tempo. Além da saudade de casa, de Ema para me aconselhar, de Ludmila para me desafiar. Eu realmente sinto muito por ter estragado a noite. Elisabeta tomou fôlego, porque ela falava sem olhar para ele, nem ao menos entendia de onde vinha tamanha insegurança. Ela imaginava outro cenário para sua chegada, foram muitas novidades juntas.

—  Em primeiro lugar, você não estragou nada. Nós estamos aqui, não estamos ? Na verdade, foi uma noite divertida, embora eu não desejasse estar com sua ressaca no dia seguinte. Não há o que se desculpar, exceto por não conseguirmos construir uma cena de reencontro para nós dois muito mais bonita, como a de hoje. E eu também preciso me desculpar. Sinto muito por ter desaparecido e vou explicar a você ... Então Darcy falou sobre sua vida nos últimos anos, a doença de seu pai, responsabilidade com Charlote. Dos negócios, da rotina, dos estudos. E ela não entendeu como ele estava dando conta. E como pode pensar que ele simplesmente a esquecera.

Oh meu Deus, Darcy. Desculpe-me novamente, e mil vezes mais, eu pensando em mil bobagens e você passando por todos estes problemas. Eu gostaria que você tivesse me ligado. Elisabeta falou com lágrimas nos olhos. Darcy disse que seu pai nunca se recuperou totalmente, fazia fisioterapias diversas e sua mente ficou prejudicada. Era possível que ele mal a reconhecesse. Ele se lembrava da mulher, sabia que ela partira. Dos filhos, de alguns negócios e de coisas mais antigas. Nada além disso ele conseguia se lembrar totalmente. Era um paciente difícil as vezes, especialmente na fisioterapia na água, mas no geral era fácil de administrar. Já a formação de Charlote o preocupava mais, ele sabia que era a única referencia dela.  Mas ele esperava fazer um bom trabalho.

Talvez de todas as coisas que fizemos nos últimos anos esta tenha sido a mais estúpida. Não ter você na minha vida, mesmo de longe, custou muito. Deveríamos ter escrito, ligado e francamente, até uma passagem para você passar férias comigo teria sido válido. Darcy falou limpando as lágrimas dela, que se desculpava pela vida normal que ela levou enquanto ele passava tamanha provação sozinho. Ele então resolveu mudar o rumo da conversa e fez uma pergunta séria, apenas porque ele tinha planos para eles. E então, falaremos sobre este Olegário? Você disse que eu não gostaria nada dele. E Elisabeta quis morrer de vergonha naquele momento. Mas Darcy tinha um sorriso divertido no rosto.

Não há muito para dizer, eu nunca consegui me envolver o suficiente. Ele era amigo de Ludmila. Ela respondeu com o rosto vermelho. Não foi nada errado ou escuso o que fez. Mesmo assim ela gostaria de ter outra maturidade para explicar para ele sem se sentir vulnerável como estava naquele momento. Ou sem se incomodar sobre o que ele falasse de Susan.

Então você entende o que Susan foi para mim. Darcy falou tão calmamente que ela ficou olhando sem reação para ele, balançando afirmativamente a cabeça. Então Darcy a beijou, limpando as lágrimas dela e mostrando que o passado ficou para trás. Outro beijo com gosto de saudade e reencontro.

Terminando o beijo ele ficou sério de repente e começou um discurso : -Elisabeta, eu tenho uma vida sem horários no momento, e, mesmo não sendo distantes, eu não consigo estar em Cambridge todo dia. Eu levanto cedo, ajudo a tirar meu pai da cama e o colocar na mesa para o café. O cuidador fica com ele o dia todo. Então eu faço questão de levar Charlote na escola, que é o espaço de tempo que eu tenho com ela, saber como ela está. Passo no escritório e se não há algo muito importante eu sigo para a universidade aqui em Londres onde estudo, vejo algumas aulas virtuais e assim divido meu dia. No final da tarde eu pego a Charlote na escola e vamos para casa, ficamos com meu pai, o divertimos até ele dormir e então conversamos ou eu sigo estudando ou analisando algum negócio. Darcy falava sobre a rotina enquanto Elisa o admirava ainda mais. Quando ele se tornou esse homem ? - O que quero te dizer é que não posso estar com você todo dia, mas meu coração nunca te esquece. Pode não ser a vida que você imagina no momento, mas eu nunca vou me perdoar se não perguntar: Seja minha namorada, Elisabeta Benedito?  

Foi o sim mais fácil da vida dela. Eles não faziam ideia como ia ser na prática, quanto do tempo eles poderiam dedicar um ao outro, mas tentariam. Como tentaram no Brasil quando a partida dele era algo certo e imutável. Agora era diferente, Elisabeta tinha em seu currículo diversas aulas para cumprir, e, ao contrário de Darcy, qualquer deslize ela poderia ser desligada da faculdade. E ele não queria isso, então o combinado era que ela priorizaria a faculdade, e ele sua família. E em qualquer intervalo estariam nos braços um do outro.

Eles chegaram ao bairro onde Darcy morava e Charlote os esperava na maior ansiedade. Elisa ficou surpresa com o tanto que ela cresceu, talvez viesse a ser uma mulher tão alta quanto Darcy. Charlote estava quase do seu tamanho e Elisa não era necessariamente baixa. A menina estava realmente curiosa sobre o Brasil, sobre suas irmãs e principalmente sobre ela e o irmão. Depois de muito falar, inclusive contar a eles que Ema e Ernesto se casaram e tinham um filho a caminho, Elisabeta sentiu o cansaço. Charlote bem pensou que ela poderia dividir o quarto com Elisa, mas Darcy gargalhou mentalmente da ideia da irmã e não abriu mão, Elisabeta era uma hóspede especial e por isso dormiria no quarto com ele. Elisa não discutiu sobre isso, mas disse que estava desejando um banho. Darcy disse que ia colocar Charlote para dormir e que ela ficasse a vontade.

Elisabeta não sabia por que estava surpresa. A família Williamson geralmente morava na maior casa da rua, por assim dizer. Mesmo assim, segundo Darcy, essa não era a maior casa deles. A de Pemberley era a residência oficial e ele não via a hora de leva-la para conhecer. No entanto, ao entrar no quarto de Darcy ela ficou abismada. Darcy dormia num quarto que era do tamanho de uma casa, por isso ele achava os dormitórios universitários minúsculos. O apartamento em Cambridge já era maior do que o necessário para uma única pessoa, mas este quarto abarcava o apartamento e o dormitório de Elisa, com folga. Elisa olhou em volta, havia a cama, um pequeno sofá, uma mesinha para estudos, ou trabalho, uma tv , armários e ainda havia uma sacada considerável. Tanto espaço para uma única pessoa dormir, ela achou graça. Procurou um espaço vago num armário que ocupava uma parede longe da cama e deixou suas coisas, então foi para o banheiro. O que foi outra surpresa. O banheiro do quarto era maior do que muitos quartos que ela já viu em alguns lugares que esteve. Além da banheira superconfortável, que ela gostaria de usar tão logo fosse possível, a bancada de granito possuía um espelho gigantesco que a acompanhava quase até o teto. E Darcy era homem, ela pensava, imagina Ema com um banheiro destes. Ela jamais sairia de dentro do ambiente. Rindo ela resolveu deixar a banheira para outra ocasião e entrou no chuveiro, um pouco ansiosa pelo que a noite reservava, mas tranquila. Se ela não se sentisse confortável para fazer amor com Darcy ele entenderia, ela tinha certeza. Quem não tinha certeza era ela se poderia dormir numa cama com ele sem querer aproveitar.

Darcy até tentou chegar mais rápido, mas Charlote estava realmente ansiosa, então ele garantiu que Elisa iria com ela a apresentação amanhã. E se ela fosse boazinha ele deixaria que Elisa a acompanhasse antes, para ajudá-la a se vestir para a apresentação. Ele ainda passou no quarto de seu pai para saber se estava tudo ok. Archiebald dormia tranquilamente.

Ele abriu a porta de seu próprio quarto com cuidado. Não queria assustar a garota lá dentro, sua namorada. Ela disse sim, ele se sentia aliviado. Olhando ao redor ele desejou ter pensado em pétalas de rosa na cama, mas uma pequena insegurança não deixou levar a ideia adiante, com medo de uma possível negativa dela. Ele ouviu a torneira da pia e soube que ela já havia terminado o banho, em seus devaneios ele se via invadindo o banho dela para aproveitarem. Talvez futuramente, era melhor ir com calma, mas ele não se aguentou e entrou no banheiro.

A fumaça inebriava os vidros da bancada indicando o banho quentinho que Elisabeta havia tomado. Ela guardava a escova de dentes e deu um gritinho quando Darcy a abraçou por trás, roçando a barba no pescoço limpinho dela. Ele levantou os cabelos dela com mão e beijou sua nuca, causando um arrepio em Elisabeta. E ela que pensava se estariam no clima, com esse aconchego e esse beijo ela se sentiu úmida em segundos. Então apoiou a mão no espelho em frente a pia e foi de encontro a Darcy. Ele também já parecia pronto, pelo que ela sentia. Ele beijava seu pescoço e a mordia de leve, apenas para sentir o gosto da pele em seus dentes. E ela fechava os olhos levando os braços para trás, enfiando os dedos nos cabelos macios dele, o puxando para mais perto.

Você está cheirosa. Ele conseguiu dizer depois de um tempo, se alisando nela, deixando as mãos vagarem por todo o corpo grudado nele. Ele pensou em tomar um banho e então encontra-la na cama, mas ela se virou de frente para ele, o surpreendendo com um beijo que demonstrava saudade, desejo e antecipação. E ele não se segurou, puxou-a para si, levantando-a do chão  para que ela passasse as pernas ao redor de sua cintura. Ele a mudou de lugar, sentando-a na bancada de granito enquanto se beijavam como se não houvesse amanhã. O banho teria que esperar.

Darcy tinha cheiro de rua e excitação. E gosto de vinho branco e desejo, algo que despertava nela um lado desconhecido e selvagem. Não conseguiu parar suas mãos ao desabotoar a camisa social dele e os botões da calça. E quando sentiu ele descendo suas roupas, e as dela, simplesmente cedeu ao instinto que sentia naquele momento. O grudou pelas pernas, sentindo ele invadi-la sem dúvidas ou aviso. O granito frio não incomodava o bastante para pará-los e Elisabeta e Darcy se viram fazendo amor num banheiro esfumaçado sem interromper o beijo. Foi sem delicadeza, quente e intenso. Nenhum deles imaginava que pudessem se amar com tanta pressa. Era saudade e libertação da frustração de anos onde o outro não estava. Nem Darcy nem Elisabeta conseguiu pensar em palavras para dizer que não fossem mais, mais fundo, não para, por favor, continua. O calor estava em nível máximo naquele ambiente fechado, Darcy não conseguia solta-la e não sabia se conseguiria se segurar muito mais tempo, não com ela se mexendo daquele jeito e dizendo que queria mais dele. As ondas de prazer a pegaram de surpresa e ela soltou um gemido alto, o que rendeu Darcy para se soltar e se derramar nela, sentindo as ondas do prazer dela o rodearem.

Nenhum dos dois conseguiu dizer nada, apenas se olharam numa sensação de pertencimento. Darcy sentia as pernas bambas do esforço e ambos buscavam regularizar a respiração e as batidas do coração.

Quando Darcy se lembrou como se raciocinava, carregou Elisabeta e a depositou na cama, como uma joia preciosa e disse que tomaria um banho e voltaria. Elisabeta se aninhou debaixo das cobertas, mas retirou as peças do pijama para espera-lo. Seu namorado, seu homem. Essa não era uma noite para roupas.

O dia nasceu e Elisabeta acordou com Darcy se mexendo na cama, surpresa por dormir com um homem numa cama grande e quente, ambos sem nenhuma roupa. Ele havia grudado nela a noite toda, a amando algumas vezes enquanto dizia o quanto sentiu sua falta. Não foi um amor romântico, ela ainda ficava surpresa com o sentimento de posse sobre ele, com a vontade de que ele a possuísse sem receio e do quanto correspondia a essa vontade incontrolável de estar com ele dentro de si. Talvez fosse isso, dois anos se controlando, o último mês pensando se era possível, se foi a coisa certa, não havia como ser diferente. Ela e Darcy extravasaram e agora vê-lo caminhar nu pelo quarto e admira-lo era algo muito poderoso. Ele era um homem bonito, ela sabia, ele sabia.

Você vai ver seu pai ? Ela perguntou sonolenta enquanto o via procurar uma calça de pijama e vestir sem se preocupar com o olhar de admiração dela.

Sim. Ainda é muito cedo, não precisa se preocupar. Descanse a vontade porque daqui a poucas horas Charlote vai invadir este quarto exigindo sua atenção. Eu ontem consegui roubar você para mim, mas hoje terei que te dividir, o que me entristece profundamente. Ele mandou um beijo para ela e saiu do quarto. Elisabeta aguardou um pouco, depois vestiu um conjunto de moletom e foi em direção as vozes que ouvia.

Darcy e um jovem conversavam, aparentemente eles já haviam colocado Archiebald no banho e o vestiam. Quando abriram a porta a viram parada, aguardando. Darcy sorriu e então ela viu ele perguntar ao pai se sabia quem era a garota bonita que o olhava.

Elisa tentou não parecer chocada como estava, o pai de Darcy, outrora um homem tão alto quanto o filho, agora era um senhor encolhido numa cadeira de rodas. Bem mais magro do que ela se lembrava e tinha um sorriso confuso. Ele não a reconheceu e isso não a surpreendeu. Ela os acompanhou para o café da manhã, desejando fazer algo para ajudar, mas Archiebald conseguia se alimentar sozinho. Darcy tomava café com o pai, lia algumas notícias dos jornais para ele, que emitia algumas opiniões com uma voz fraca. Ele perguntou ao filho quem era ela.

É minha namorada, pai. Darcy respondeu, paciente.

Então finalmente você esqueceu aquela garota brasileira do colegial ? Archiebald perguntou olhando para Elisabeta. Bonita garota, muito bonita.

Pai, esta é Elisabeta, a mulher da minha vida. Darcy respondeu, não conseguindo esconder os olhos molhados enquanto o velho Archiebald dava um sorriso genuíno.

Eles terminaram o café e o jovem cuidador de Archiebald o levou para um banho de sol, logo chegaria a fisioterapeuta da fala, Darcy explicou.

Então você não esqueceu a garota do colegial, hein ? Elisabeta falou, se levantando e sentando no colo dele na mesa do café da manha. Algo tão pouco inglês, ela refletiu. Ele riu a beijando gostosamente. Depois de uma noite tão intensa era bom um beijo calmo, delicado e romântico.

Charlote chegou falando efusivamente sobre o dia e Elisa foi “alugada” para ela, vendo a roupa que ela usaria na apresentação, o quanto deveria chegar antes da hora, que não poderia se atrasar. Darcy disse que depois da apresentação eles levariam Elisabeta para passear por Londres, bater perna, ver as lojas, mas que jantariam aqui com seu pai. Depois ele e Elisabeta fariam um programa de adulto e no domingo, depois da fisioterapia na água de Archiebald eles iriam a roda gigante e passariam o domingo onde Elisabeta quisesse.

Charlote não era uma grande dançarina, Elisabeta se reconheceu nela ao ver a apresentação. Mas ela estava tão feliz com a presença de Darcy e dela que não fazia diferença. Elisa foi vê-la se aprontar, conversou com as outras mães e todas ficaram muito impressionadas por Lorde Williamson ter uma namorada íntima da família. E que Charlote gostasse tanto, sendo a garota tímida que era. Ele era motivo de admiração das mães das amiguinhas de Charlote e Elisa se sentiu realmente especial por estar representando algo como uma futura mãe de Charlote, embora nem de longe tivesse idade para isso.

Depois do ballet eles seguiram com Elisabeta pelas ruas. Darcy observava sua irmã se soltar com sua namorada. Charlote era naturalmente reservada, assim como ele, mas Elisa tinha uma maneira de trata-la, como se ela fosse uma menina capaz de tudo, que fazia sua irmã ganhar auto confiança. Talvez fosse isso o famoso jeitinho brasileiro, essa informalidade que permitia que todos se sentissem a vontade ao lado de Elisabeta. E também admitir um desejo incontrolável de liberdade que ela despertava em quem cruzasse o seu caminho.

Eles tomaram chocolate quente, foram a livrarias, Elisabeta comprou mais luvas e Darcy insistiu em pagar um casaco de inverno quente o suficiente para que ela não adoecesse. Quando chegaram para o jantar havia comida brasileira na mansão de Londres. Darcy pediu para Mercedes preparar arroz e feijão e demais iguarias que ele sabia que Elisabeta adorava. Eles comeram e Darcy e Charlote ficaram no quarto com Archiebald enquanto ele se preparava para dormir. Era um momento de carinho dos filhos com o pai, uma repetição do cuidado que pais devotam aos filhos bebes. Elisabeta não quis invadir esse momento de família e foi conversar um pouco com Mercedes.

Quando Darcy voltou ele ria dizendo a Charlote que ele sentia muito, mas o programa dele e de Elisabeta seria para adultos. Mas amanha ela estaria incluída na programação.

Darcy e Elisa foram a um legitimo pub inglês. Um barzinho simpático, com boa música e perfeito para namorar. A banda revezava entre clássicos de rock e algumas baladas, o que permitia aos casais usarem a pista para se soltarem.

Tem ideia do quanto estou feliz por ter você aqui comigo ? Darcy falou no ouvido dela, a banda tocava um som americano antigo, Dolly Parton. Ele e Elisabeta balançavam juntinhos ao som da música e ela até arriscou a tomar um único drink, para deixar a noite mais leve.

Acho que temos o mesmo tamanho de felicidade. Ela se aconchegou nele, ouvindo as batidas do seu coração e sabendo que não era exagero dizer que o amava. Assim que a música mais agitada voltou ela o puxou para mesa, sentando coladinha nele. — Você não sabe o tamanho da admiração que tenho por você, pelo tanto que você amadureceu nestes dois anos. Como tem dado conta, Darcy ?

Eu não sei direito, apenas sigo um dia de cada vez. Há épocas mais difíceis, outras nem tanto e vou aprendendo um pouco de coisas que nem imaginava. Charlote terá sua primeira menstruacao em breve e ela foi tirar dúvidas comigo. Foi um momento delicado para ela e um pouco estranho para mim, mas ela pareceu entender, exceto que a parte prática eu pedi para que Mercedes a orientasse . Hoje entendo perfeitamente meus pais. Imagina quando for sexo o assunto ? Lembro-me do meu pai completamente sem saber como agir comigo para falar sobre nós. Ele riu gostosamente lembrando do ano no Brasil quando a única preocupação dele era estar com Elisabeta.

E assim eles namoraram, presos na bolha de amor que os envolvia.

Darcy quase perdeu a hora no domingo, ele e Elisa não chegaram tão tarde, mas a temperatura do quarto a noite toda não diminuiu. Ambos estavam numa descoberta maravilhosa do quanto poderiam se dar de prazer. Mas a fisioterapia do seu pai gastava sua presença. Archiebald detestava água, mas os resultados eram maravilhosos. E Darcy fazia a aula com ele por empatia, a piscina era aquecida e eles gastavam algumas horas lá dentro.

Quando voltou para o quarto, depois da aula, Elisabeta ainda dormia, mesmo com Charlote ansiosa para a saída deles. Ela abriu os olhos, ainda sonolenta e dolorida da noite anterior. E dessa vez Darcy invadiu o banho dela e quase se atrasaram para sair com a irmã dele por toda a cidade.

O dia foi maravilhoso e quando eles foram deixar Elisabeta na estação já era noite. Elisa teria aula cedo na 2ª feira e tanto Darcy quanto Charlote tinha olhos tristonhos ao se despedirem dela.

Quando eu te vejo de novo, Elisa ? ele perguntou ansioso.

Eu não sei, no próximo final de semana terei que terminar meus trabalhos e recuperar o tempo de estudo perdido. E você estará no interior com seu funcionário para vistoriarem propriedades rurais. Acho que daqui a 15 dias, talvez.

Eu não sei se aguentarei tanto tempo. Ele a beijou, deixando Charlote com vergonha de tamanha demonstração de afeto.

Elisabeta teve uma semana cheia na Universidade. Além dos olhares curiosos dos amigos do grêmio e de sua sala sobre seu romance com Darcy. E ela que imaginava que os ingleses eram discretos. Aparentemente debaixo de tamanha indiferença habitavam pessoas tão curiosas quanto os brasileiros.

Na quarta feira ela não teria as aulas da tarde, Carol estava miserável numa gripe que impossibilitava Elisabeta de estudar no dormitório porque a amiga precisava de repouso e silencio. Elisabeta pensou em usar o apartamento de Darcy quando a amiga sugeriu com a voz fanha :

Porque você não tira a tarde de folga e vai ver seu namorado ? Eu não queria dizer, mas você anda miserável aqui sem ele. Carol falou com tanta sinceridade algo que Elisabeta negava desde que chegara no domingo tarde da noite. Os dias sem Darcy estavam mais tristes, mesmo ela a menos de duas horas de distancia. Então ela teve o click. Juntou umas roupas , desejou melhoras e menos de 3 dias depois de sair de Londres, voltou pra ver Darcy.

Ela o procurou na sede da Williamson Co e não ficou surpresa pela curiosidade que despertou quando anunciou seu nome. Pelo visto Darcy andara falando dela com frequência.

Ele estava em reunião e depois estaria liberado, a secretária avisou. Ela se controlou quando ele saiu da sala aparentando ser o mais competente dos empresários, mas assim que a porta do escritório se fechou ela pulou nos braços dele assumindo que estava com muitas saudades.

Se você me surpreender assim, Elisabeta, serei o homem mais feliz do planeta. Darcy disse correspondendo ao beijo apaixonado dela. Eu terei que ir a Paris na próxima semana porque os empresários franceses querem me conhecer. Eu sei que Cambridge terá uma pausa pelas celebrações de fundação, que são solenidades enfadonhas. Se você não tiver nada para fazer podemos partir na 6ª feira pela manha. Voltamos domingo a noite e ainda poderemos encontrar Ludmila. Eu tenho uma grande surpresa para ela. Darcy falou esperançoso que a garota ao seu lado não recusasse.

Chego quinta no final da noite.  

 


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