Assim que acabei meu banho, fui para o quarto me arrumar. Coloquei uma blusa cinza de manga comprida soltinha e uma calça jeans preta simples. Fiz um rabo de cavalo em meu cabelo, passei meu perfume preferido, e desci.

A casa deles realmente era bonita. A decoração, feita toda em tons de branco, dava um ar chique e casual em todos os cômodos por onde se passava. A sala era de um esplendor indescritível, com seus sofás aconchegantes e sua lareira sempre acesa. Permiti-me ficar apreciando aquele ambiente, sabendo o que me esperava quando voltasse para minha casa.

Quando cheguei ao andar de baixo, ouvi Alice xingando Edward de tudo quanto se possa imaginar, mas dei razão a ela. Se fosse meu irmão, já estava morto e enterrado! Apesar de que... Não sei, Edward tem um corpo impossível de se desprezar, então acho que só daria uma surra mesmo, nada demais... Hã? O que acabei de pensar? FOCO BELLA, FOCO!

Cheguei à cozinha e acenei para todos. Pude ver que o clima entre eles não estava muito bom, e me arrependi de ter passado a noite aqui. Afinal, a família deles já era problemática o suficiente para ter uma garota rebelde no mesmo teto!

- BELLITA! Senta aqui! – Disse Alice, apontando para o lugar ao seu lado.

Espiei de canto de olho um Edward totalmente acabado. Hum, bem feito pra ele! Quem mandou beber demais?

- Bella! Que bom te receber aqui! – Disse Esme, visivelmente contente.

- Ah, Bella, esses são Rosalie e Emmett, meus outros irmãos. E esse é meu pai, Carlisle. – Disse Allie

- Muito prazer em conhecê-la, Isabella. – Disse Carlisle.

- Pode me chamar de Bella, senhor.

- Então só me chame de Carlisle. Não sou tão velho para me chamar de senhor!

O resto do café da manhã ocorreu normalmente. Emmett era um ótimo garoto e passamos o café da manhã todo conversando asneiras. Ás vezes percebia o olhar ressentido de Edward para seu pai, e me lembrei das coisas que Jacob tinha me contado. É, realmente o Edward não gostava muito do seu pai!

Enfim, quando finalmente já estávamos prontos para ir para a escola, fomos para a enorme garagem dos Cullen. Lá, cada casal ia num carro. O único que estava sozinho era... Edward. E lá vou eu, fazer o quê? Segurar vela não é meu forte mesmo!

- Edward, posso pegar carona com você?

- Claro, Isabella.

- É BELLA!

- Que tal... Filhote de cruz credo?

- Hunpf! Saiba que só estou pegando carona com você porque não tenho paciência para virar castiçal!

- E eu só estou dando carona porque tenho medo da sua cara!

Entrei no carro de Edward, bufando. Quem ele achava que era para mexer com Isabella Swan?

- E aí, Senhor Certinho? Tem certeza que quer continuar mexendo comigo?

- Isabella, você realmente acha que sou certinho né?

- Com certeza! Tanto que nunca tinha bebido na vida até anteontem!

- Então aquele beijo na boate não adiantou?

- Foi mais uma prova do quão infantil e certinho você é! Se fosse eu, tinha agarrado e ido mais fundo!

- Hum... Você fala isso como se fosse uma vadia qualquer.

- NÃO ME CHAMA DE VADIA!

- Então, não fale coisas que uma falaria!

- Ah, quer saber de uma coisa? Pára esse carro! Prefiro ir andando a ter que te agüentar! PÁRA O CARRO! AGORA! – Gritei.

Instantaneamente o carro parou.

- Bella, me desc...

- Não ouse pedir desculpas! O que você pensa que é? Fala merda e agora vem pedir desculpas! Faça-me o favor!

Bati a porta do carro com a máxima força que pude e saí andando. Aquela conversa foi a gota d’água para mim. Se ele achava que aquilo iria passar despercebido por mim, ele que esperasse para ver. Ele ia me pagar.

Fui andando calmamente até chegar à escola. Nesse momento eu não queria ver nem escutar ninguém. As palavras de Edward eram repetidas na minha mente cada vez mais altas e eu não agüentava mais. Quem era ele para me julgar sem ao menos me conhecer direito?

Passei por uma praça que tinha perto da escola e resolvi me sentar embaixo de uma árvore. Apesar de odiar grama e árvores, aquilo me acalmava. Fazia-me lembrar da minha infância, quando tudo era muito mais fácil.

Estava tão calma e desligada que nem notei Edward se aproximando e se sentando junto a mim.

- O quê? Veio aqui me ofender? Vai, fala! Me chama de vadia de novo! – Disse, com a voz embargada.

Eu não posso chorar... Eu não posso chorar... Eu não posso chorar...

- Bella, por favor, me desculpe! Agi por impulso! Você sabe que eu nunca falaria isso para você!

- Não, Edward. Eu realmente não sei se você falaria isso para mim... Nem te conheço direito!

- Então nos dê essa oportunidade! Conheça-me melhor antes de julgar! A minha vida não é tão fácil quanto parece!

- E você acha que a minha vida é fácil? Você não sabe metade das coisas que passei por causa da merda do dinheiro dos meus pais!  Você não sabe o que é ver uma irmã morrer na sua frente e não poder fazer nada!

- Como assim, Bella?

- Esquece Edward...

- Pode confiar em mim, Bella. Agora, me conta essa história direito.

- Ok. Eu tinha uma irmã gêmea. O nome dela era Renesmee, mas chamávamos ela de Nessie. Éramos praticamente grudadas uma na outra, as duas em perfeita sintonia. Quando nós tínhamos 6 anos... – Não agüentei contar o resto, chorava desesperadamente me lembrando da cena.

- Então, Nessie... Tira a roupinha pro titio ver sua barriguinha! – Dizia o sujeito.

- Mas eu não quero! – Nessie chorava.

- Nessie... Seja boazinha! Titio não vai te machucar... – Ele a pegou pelo pequeno bracinho e tentou arrastar ela para outro quarto.

- Larga a minha irmã! – Eu disse, dando um chute em suas partes íntimas.

Apesar de o chute ter sido forte, ele ainda teve forças o suficiente para dizer:

- Por sua causa, a sua irmãzinha vai pagar! – E ele atirou nela.

- Calma Bella.... Estou aqui com você, pequena. Nada vai acontecer...

- Edward, por minha causa a minha irmã está morta!

- Bella, não é sua culpa! Você só estava tentando ajudar!

E foi assim que Edward ficou me consolando até eu adormecer de cansaço em seus braços.