Atlântida escrita por Petty Yume Chan


Capítulo 2
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Buenas Tardes amores ♡
Como prometido, cá estamos nós com mais um capítulo desse bb que eu chamo de fic ^^
Espero que gostem ♡
Boa leitura !!



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Um ano antes.

Era de conhecimento geral, entre os homens do mar, que não existia época do ano onde a vida de um marinheiro era fácil. Todavia, existia algo no verão que ia além das demais estações e, de certa forma, ela se tornou uma das estações determinantes para saber se você tinha ou não o que era necessário para subir a bordo.

A estação quente não tinha qualquer piedade com aqueles sob si. Os ventos amenos tornavam as viagens mais lentas, o que não era realmente agradável quando se estava em um lugar pequeno repleto de pessoas com o sol escaldante sobre as suas cabeças, assim multiplicando e muito os casos de insolação, juntamente a dolorosas queimaduras causadas tanto pelo próprio calor do sol quanto pelo fato de tocar, de forma descuidada, a superfície quente dos canhões e das demais peças de ferro espalhadas pela embarcação.

Não contente com apenas isso, verão também trazia consigo as tardes mais tempestuosas. Rápidas e mortais. Era assim que eram conhecidas as famosas chuvas de verão, completamente desinibidas, não se acanhavam quando o assunto era exibir seus raios que dividiam os céus ou mesmo seus trovões que pareciam ser os gritos de fúria da terra.

Com isso, os mares – que adoravam uma deixa para tornarem-se hostis – punham suas ondas para dançar ao som dessa cacofonia natural. Assim era formado o ambiente perfeito para que as tripulações mais despreparadas fossem engolidas pelo caos ou, mesmo que conseguissem voltar para o porto, acabaria por sofrer uma diminuição em seus números, composta de jovens desiludidos a qual percebiam que a vida de aventuras não compensavam os riscos que vinham juntos. Desistindo assim de tirar os seus pés da terra firme.

Mesmo assim, ainda existiam aqueles que eram corajosos, obstinados, ou simplesmente loucos o bastante para não se deixarem amedrontar diante de tais circunstancias. Eram esses os tipos a qual o Corsário de Eros orgulhosamente carregava sobre o seu convés.

— Terra às três horas!

O grito ecoou desde o alto do cesto de gávea para o restante da embarcação. Já estavam próximos de completar três semanas de viagem composta por sede, suor, exaustão e todo o tipo de situação precária que se poderia ter em mente, mas nenhum deles se importava com nada disso, o corpo já calejado por viagens muito mais desgastantes sequer sentiam os efeitos colaterais de tal período de tempo.

O anuncio do gajeiro foi o bastante para dar inicio a chama de euforia no coração dos tripulantes, chama essa que só aumentava à medida que os saltos das botas da capitã ressoavam contra o assoalho em direção à proa do navio. Equilibrada sobre a carranca em formato de anjo, a leve brisa tremulava o tecido da saia juntamente dos longos cachos escuros como a noite. Os olhos de um castanho avermelhado – semelhantes à madeira do mogno – não se desgrudavam da luneta por onde buscava o seu destino.

Não demorou até avistar a formação rochosa disposta em perfeitos arcos, idêntica a que ela viu desenhada em seu mapa, trazendo instantaneamente um sorriso aos lábios finos. Mesmo que já tivesse passado por aquela situação milhões de vezes, o sentimento de excitação ao encontrar o que buscava nunca cessaria.

— Virem o barco a estibordo! Preparem o bote!

Não foi preciso dizer duas vezes. Todos já sabiam para onde ir e o que fazer, e a corrente de adrenalina só aumentava a efetividade do trabalho, fazendo assim que todo o navio se colocasse em movimento rapidamente. Já era possível notar o sentimento mutuo de animação que se espalhava entre todos os presentes, sabiam que ainda não estava ganho, mas poderiam dizer que já haviam superado grande parte dos obstáculos, praticamente nada iria impedi-los de alcançar o seu objetivo.

Todos estavam ansiosos, querendo ser os primeiros a colocar os olhos nas futuras riquezas que lhes aguardavam, mas também tinham consciência de que a capitã não permitiria que mais ninguém a acompanhasse alem dos dois homens a qual haviam se tornado seus braços direitos, estando constantemente ao seu lado de forma fiel e protetora.

O primeiro, de cabelos platinados e aparência galante. Era impossível olhar para tal homem e a primeira imagem a vir a sua cabeça ser a de um pirata perigoso. De poucas palavras, dificilmente se envolvia com o restante da tripulação, comumente visto sozinho em algum canto do barco, absorto no pequeno caderno que carregava consigo para todos os lados. Claro que, a aura pacifica não era sinônimo de calmaria, afinal de contas, não foi por acaso que as pessoas passaram a dizer ser possível ver o momento de sua morte refletido nos olhos heterocromáticos. Uma vez que sua rapieira fosse desembainhada você seria capaz de apreciar a mais bela arte da esgrima, e também rezaria para que nunca fosse o alvo de tal fúria.

Em contrapartida, seu companheiro era o total oposto. Os cabelos vermelhos e a língua afiada eram as principais características que se destacavam no mesmo. Era o principal incitador das apostas entre os marujos, comumente visto provocando os novatos.  Mas a verdade era que, se você acabou como alvo de suas provocações significava que agora ele te considerava parte da família, e não pouparia esforços para lhe proteger com todo o poder de fogo que suas pistolas permitiam.

Em pouco tempo a figura imponente da embarcação foi ancorada a poucos metros da ilha. Agora, na água que exibia um brilho cegante por conta do sol das onze, apenas um pequeno bote carregava o trio, a medida que cortava as ondas em direção da costa da ilha.

— Essa ilha esta localizada muito próximo das principais linhas de navegação. Tem certeza que o que você esta procurando ainda esta lá?

— Duvida das minhas capacidades, Castiel?

— Só garantindo que a minha capitã não enlouqueceu por completo.

Um leve cutucão na costela foi o tipo de resposta que ele recebeu. Ambos não olhavam um para o outro, mas mesmo assim ela poderia saber que no momento o rapaz sustentava um sorriso debochado e ele, por sua vez, sabia que ela estaria tentando sufocar o sorriso que provavelmente queria surgir em seus lábios. Era esse o tipo de relacionamento que os dois haviam acabado por construir no passar dos anos.

— Apenas continue remando, antes que eu descida te jogar para os peixes.

— Você não teria coragem.

— Não me teste.

Seu olhar não se desgrudou da ilha em nenhum momento, não porque estava realmente olhando para tal, era apenas um método de tentar esconder o sorriso satisfeito que carregava no rosto. Era orgulhosa demais para admitir e demonstrar qualquer sentimento, e nunca admitiria que realmente não fosse capaz de simplesmente abandonar um dos seus mais fieis homens ao mar. Sua esperança é que ele nunca a desse motivo.

Não demorou até que chegassem a costa da ilha. A enorme floresta se estendia a frente da areia branca de forma pacifica. Pacifica até demais. A quietude extrema era sempre um motivo para se ficar em alerta. Ainda assim, não era motivo para simplesmente voltar atrás, seguiu de forma convicta por entre as arvores, todos os passos necessários estavam gravados de forma precisa em sua mente, assim facilmente localizando o ponto que procurava.

— Deve ser aqui.

Os homens se puseram a cavar no local indicado, quatro ou cinco movimentos foram o bastante para sentirem as pás baterem contra a madeira. Um sorriso correu pelo rosto de todos, as mentes já arquitetando as possíveis riquezas ali presentes. O restante da terra foi retirado, possibilitando assim que o baú fosse puxado em um único movimento, coisa que acabou por trazer um olhar intrigado ao rosto dos homens. Olhar esse que não passou despercebido pela mulher.

— Qual o problema?

Os dois se entreolharam novamente, todos os movimentos parecendo tensos à medida que o baú era cuidadosamente disposto no chão.

— Só parece muito leve.

Foi a vez de o platinado falar, a voz que se mantinha calma e resoluta não combinava com a expressão cismada do mesmo. Os braços da mulher se cruzaram em um aperto forte, a sobrancelha erguida em apreensão, ela entendia onde o parceiro queria chegar com tal observação, mas ela se recusava a cogitar tal hipótese, principalmente depois de todas as precauções que havia tomado.

— Bem, então vocês deveriam se orgulhar do físico de vocês. Agora chega de conversa, abram logo isso.

A adaga foi nocauteada pela traseira da arma, causando um estalo alto e uma fechadura quebrada. O nervosismo era palpável no ar à medida que os finos e trêmulos dedos da moça erguiam a tampa do baú para então encontra-lo completamente vazio.

Um calafrio lhe desceu a espinha. Como poderia ser possível? Ela havia tido todas as garantias necessárias antes de partir, não havia erro, o baú estava ali, então por quê? Onde havia errado? E que explicação daria a todos os homens que confiaram e a seguiram até ali? Muito além da sua reputação estava em jogo naquele momento.

Os pensamentos corriam por sua mente como uma enchente, fazendo quase com que ela não notasse o pequeno papel que se encontrava de forma solitária no fundo do baú. Era aquilo, sua salvação, provavelmente aquela era só a primeira parte, na realidade ali ela encontraria uma nova localização para algo ainda maior. Sim, tinha que ser isso. Desdobrou o papel para poder vislumbrar o único símbolo ali presente, símbolo esse que fez o seu sangue ferver de raiva quase que instantaneamente.

Uma caveira branca cruzada por duas espadas, disposta sobre enormes asas de corvo. Era tudo o que o papel continha.

— Aquele maldito desgraçado!

Seu ataque de fúria fez com que ela não pensasse duas vezes antes de chutar o baú com toda a sua força, fazendo com que o mesmo rolasse para longe de si, aquilo provavelmente lhe daria um horrível hematoma na perna mais tarde, mas o seu cérebro não se importava com isso, no momento ela só precisava se livrar da raiva que a queimava por dentro. Os dois piratas observavam de uma distancia segura, sabiam que quando sua capitã perdia a cabeça ela poderia ser tão destrutiva quanto às chuvas de verão.

— Cretino! Ele me paga!

Os gritos ecoavam pela floresta onde as aves gorjearam em resposta. Pés inquietos andavam de lá para cá, os dedos massageando as têmporas à medida que os lábios soltavam murmúrios de grunhidos e xingamentos. Ela estava claramente chegando ao seu limite.

— As ordens capitã.

A voz serena trouxe-a de volta a realidade, tornando-se novamente consciente da presença de seus subordinados que se mostravam tão irritados quanto ela, mas os olhares ainda se mostravam cheios de determinação. Respirou fundo tentando recuperar a compostura, não era hora de perder a cabeça, aquele assunto não estava acabado.

— Estamos indo para Jack Ketch.


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Notas finais do capítulo

Se possível, digam o que estão achando ^^
Obrigada pelo seu comentário.
Kissus da yume ♡



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