Wonderwall escrita por Alexyanna


Capítulo 3
Sit Next to Me


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores! Como vocês estão? Espero que bem.
Boa leitura!



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— Eu sabia que isso era uma má ideia — lamento, enquanto sigo o diretor Weatherbee pelo corredor em direção à diretoria. Kevin e Veronica caminham ao meu lado, o garoto visivelmente morrendo de medo, igual a minha própria imagem.

Adentramos a sala do diretor, que possui diversos detalhes em madeira, como o chão e as portas, e Dr. Weatherbee nos orienta a nos sentar nas cadeiras em frente a ele. É claro que nosso plano transgressor foi pelo ralo no momento em que demos a última mordida em nossos maravilhosos hambúrgueres: fomos pegos em nosso crime e agora estamos à caminho de nossa punição.

— Bom, crianças, imagino que eu não precise dizer o quão errado é estar atrás do ginásio em horário escolar, certo? — o homem começa, e sinto-me encolher na cadeira. — Não esperava isso de vocês, sinceramente.

— Desculpe, Diretor, é que estávamos morrendo de fome e não havia dado tempo de almoçar… — inicio em voz baixa, olhando exasperada para o homem negro e de óculos encarando-me impassível. Eu nunca havia estado dentro dessa sala antes, exceto quando fui chamada para receber a medalha de melhor aluna da turma.

— Foi minha ideia — Veronica assume a responsabilidade, e olhamos surpresos para ela. Bom, na verdade foi, e parte de mim está morrendo de raiva dela por isso.

— Mas você não os obrigou a ir com você, certo, Senhorita Lodge? — questiona o diretor, que suaviza a expressão ao olhar nossas posturas amedrontadas. — Como é a primeira vez de vocês, apenas duas horas de detenção devem bastar.

Olho em puro terror para ele, imaginando a reação de minha mãe ao descobrir o motivo do meu atraso hoje. Tudo o que Dr. Weatherbee diz em seguida, sobre a sala que devemos permanecer até às 17 horas passa quase despercebido por mim, que encaro atônita minhas mãos em punho. A dor em minhas palmas torna-se insuportável e sou obrigada a abri-las.

— Espero que isso não se repita. Acredito que seus pais ficarão extremamente desapontados. — Dr. Weatherbee olha diretamente para mim agora, e quase posso ver um lampejo de pena em seus olhos escuros quando caminhamos em direção à saída.

— Acho melhor irmos até a sala dois — Veronica diz em voz baixa, e tenho certeza que ela deve estar sentindo-se extremamente culpada. Pelo menos sua mãe não aparenta ser o demônio, ao contrário da minha.

— Minha mãe vai me matar — murmuro derrotada, enquanto paramos em frente a porta da sala de detenção. Eu nunca estive aqui antes e não faço ideia do que os alunos fazem para cumprir sua sentença.

Levo minha mão até a maçaneta gelada, torcendo-a até escutar o clique de abertura. Um homem de cabelos grisalhos na faixa dos quarenta anos está sentado na mesa do professor, e o reconheço dos corredores. A sala está praticamente vazia, e noto que as mesas são organizadas para serem utilizadas em dupla, porém os dois alunos que habitam o recinto estão distantes um do outro, em lados opostos da sala. Meus olhos estacionam no garoto com as sobrancelhas levantadas em surpresa em nossa direção, e logo Jughead Jones tem um esboço de um sorriso em seus lábios.

— Sente-se ali, Senhorita Cooper — ordena o professor, e cerro os dentes ao constatar que ele me indicou a cadeira em frente a Jughead. Lanço um olhar de desespero para Kevin, que está logo atrás de mim junto com Veronica, igualmente atordoado. — Vocês dois pode ficar lá no fundo. Separados.

Caminho trêmula até minha carteira, só então notando que esqueci meus materiais dentro do armário. Mas percebo que nem Jughead, nem a garota de cabelos curtos do canto da sala, possuem qualquer indício de cadernos ou livros. Bom, talvez nossa punição seja apenas ficar aqui, sem fazer absolutamente nada.

Recuso-me a sustentar o olhar curioso de Jughead e limito-me apenas a sentar encolhida em minha cadeira, com os braços no colo. Ouço o arrastar de cadeiras no fundo da sala e suponho que Kevin e Veronica tenham feito o mesmo. Não posso resistir a curiosidade que desperta dentro de mim, querendo descobrir o motivo do serpente estar aqui nesta sala, pagando seus pecados junto comigo.

Observo o relógio acima do quadro marcando o total de apenas três minutos de detenção. Ótimo, apenas mais uma hora e cinquenta e sete minutos, suspiro pesadamente, apoiando minha cabeça sob os cotovelos, sentindo-me inesperadamente cansada.

— Ei, Betts. — Levanto a cabeça em um golpe, causando uma dor no meu pescoço pelo movimento repentino. Meus olhos disparam para o relógio e noto que se passaram mais vinte minutos. Excelente, Elizabeth, cochilando na primeira detenção. — Bom dia, Bela Adormecida.

Jughead Jones está agora ao meu lado, ostentando seu clássico sorriso. Olho assustada em direção à mesa do professor e noto que está vazia, e rapidamente concluo que estamos sem supervisão. Olho para trás e vejo as três cabeças apoiadas na mesa, sinalizando que estão todos dormindo profundamente.

— Bem, não é como se isso aqui fosse a coisa mais divertida do mundo — o garoto afirma, também encarando os três adolescentes dormindo no fundo da sala.

— Para onde foi o professor? — questiono, de repente consciente da proximidade de Jughead. Ele está sentado na cadeira ao meu lado, com o cotovelo direito apoiado na mesa, fazendo com que seu tronco esteja totalmente voltado em minha direção.

— Sei lá. — Ele dá ombros, e de repente seus olhos verdes tornam-se brincalhões. — Por que você tá aqui, Senhorita Perfeição?

Reviro os olhos com o apelido ridículo, sentindo a costumeira raiva apossar-se de mim sempre que sou reconhecida por essa característica.

— Matei aula. — Jughead balança a cabeça, concordando e olhando para a janela atrás de mim. — E você?

O garoto puxa o lado esquerdo da jaqueta de couro, revelando um maço de cigarros no bolso interno. Arregalo os olhos como a verdadeira filha de Alice Cooper que sou, mostrando minha opinião sobre todas as substâncias cancerígenas.

— Isso mata, seu idiota — repreendo-o, surpresa comigo mesma por tê-lo insultado assim. Ele não parece ter notado.

— Estamos todos morrendo, não é mesmo?

— Isso é o argumento de todos os drogados — digo, e ele gargalha.

— Você é engraçada — acusa, e sinto-me levemente ofendida. Como ele achou que eu fosse?

— Bom, você não me conhece — respondo, virando-me para frente e encarando o quadro verde com manchas de giz branco. Vejo ele me fitar pelo canto dos olhos, agora sem sorrir.

— Eu costumava conhecer — Jughead fala em um tom mais baixo, ainda com os olhos sobre mim. Remexo-me desconfortável em meu assento, sentindo a súbita tensão no ar. Penso no garotinho magrelo que costumava passar horas brincando comigo e com Archie, os três inseparáveis.

— Faz tanto tempo — murmuro nostálgica. Penso em todas as coisas que mudaram nos últimos cinco anos. Jughead surgindo determinado dia com uma jaqueta de couro ano passado, que arrancou olhares estranhos de todos por várias semanas. Eu escondida atrás de minhas notas e milhares de atividades extracurriculares, estressada demais para me preocupar com ele. Andamos bem ocupados. — Como você está?

Jughead me olha estranho, como se não ouvisse essa pergunta com muita frequência. Questiono quantas pessoas realmente se importam com ele atualmente, e fico chateada ao constatar que provavelmente são poucas.

— Estou ótimo — responde evasivo, dessa vez olhando para o quadro. Uma mecha de seu cabelo escuro cai sob sua testa, e sinto um enorme desejo de tocá-lo com meus dedos para ver se os fios são tão macios quanto aparentam. — Como está sendo sua jornada em busca da perfeição?

— Uma merda. — Ele ri, me encarando novamente e vejo o mesmo menino que eu costumava brincar em seus olhos.

— Sabe, estou aqui se você quiser mudar essa situação — oferece malicioso, e sou obrigada a sorrir.

— Talvez não seja uma má ideia. — Mordo o lábio inferior em um meio sorriso, cogitando momentaneamente jogar tudo para o alto e fazer coisas que garotos como Jughead Jones fazem.

— Jones, direto para seu lugar, agora! — Adverte o professor, adentrando novamente na sala. Sua voz alta faz os alunos despertarem no fundo da sala, assustados. Jughead limita-se a obedecer, provavelmente não desejando passar mais horas desnecessárias nesta sala abafada. Ele me lança uma última piscadela antes de dirigir-se ao seu lugar, deixando-me com um sorriso estúpido no rosto.

Noto o olhar malicioso no rosto de Veronica e de Kevin no fundo da sala, e viro para frente, sentindo-me subitamente constrangida. Não que eu esteja fazendo algo errado, oras.

Os minutos se arrastam no costumeiro silêncio, interrompido vez ou outra por um suspiro pesaroso, muitos deles originados de meus próprios lábios. Com o passar do tempo fui ficando cada vez mais inquieta, pensando na reação de minha mãe quando descobrir o que eu fiz nas últimas horas.

▼△▼

Abro a porta de entrada de minha casa o mais silenciosamente que consigo, consciente que meus pais provavelmente estão na cozinha preparando o jantar. Entro no hall, caminhando em direção à escada com passos leves, porém sou interrompida com um pigarrear logo atrás de mim.

— Onde você esteve, Betty? — A voz de minha mãe é rígida, e sei que ela está brava antes mesmo de eu respondê-la. Vasculho minha mente em busca de uma resposta boa o suficiente, sentindo o suor brotar em minha testa.

— Ham... eu estava com o Kevin — começo, segurando o corrimão de madeira. Completo logo em seguida. — ...em uma reunião do Blue and Gold.

Minha mãe me encara por alguns segundos, avaliando se estou falando a verdade. Bem, eu nunca havia mentido para ela antes, então não há verdadeiros motivos para desconfiar de mim. E a desculpa envolvendo o jornal da escola, o qual sou diretora, foi bastante plausível.

— Tome um banho e desça para jantar — minha mãe instrui, antes de voltar para cozinha. Suspiro aliviada, subindo os degraus rapidamente, o que me faz ofegar no topo da escada. Droga, eu estou fodidamente sedentária.

Adentro o quarto de cores rosadas, jogando a mochila em um canto do chão e mergulho entre os travesseiros que cobrem minha cama. Um sorriso estampa meu rosto, e sinto-me estranhamente bem por ter mentido para minha mãe. Meu celular dispara em meu bolso, anunciando uma nova mensagem de um número desconhecido.

“Me desculpe mais uma vez, Betty. Haverá uma festa na casa de Reggie, acho que seria legal se nós fossemos juntos. Kev já confirmou. Nos encontre em frente à casa dele às 21hrs.

Beijo, Ronnie. ”

Encaro a tela do celular indecisa, decidindo se isso seria uma boa ideia. Eu nunca fui a uma festa antes, e não tenho certeza se minha mãe permitiria. Não que isso seja exatamente um problema, tendo em vista que ela toma remédios fortíssimos para enxaqueca e meu pai é dono de um sono extremamente pesado.

Vejo a janela do quarto de Archie apagada, e pergunto-me se ele irá. Provavelmente sim, já que Reggie também é do time de futebol. Na verdade, acredito que toda a escola estará nessa maldita festa.

Digito rapidamente a resposta para Veronica, confirmando que estarei na frente da casa de Kevin no horário combinado, enquanto vou em direção ao chuveiro. A água morna bate contra meus músculos tensos, relaxando-os imediatamente. Trato de usar o sabonete mais cheiroso que encontro, e capricho no perfume.

Espero que não me arrependa desta decisão.

 

I'm saying come over here sit next to me
We can see where things go naturally
Just say the word and I'll part the sea
(Sit Next to Me - Foster the People)


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Notas finais do capítulo

Tradução:
Estou dizendo venha aqui sente-se ao meu lado
Nós podemos ver onde as coisas vão naturalmente
Apenas diga a palavra e eu vou abrir o mar

E ai, o que acharam? Será que ir à essa festa é uma boa ideia?? O que será que acontecerá lá?

Pergunta de hoje: Vocês assistem outros seriados além de Riverdale? Quais?

Minha resposta: Bem, a única série que também acompanho é The Big Bang Theory, e recentemente maratonei The O.C. Também adoro Friends (estou sempre revendo algum episódio, vendo o Cole criança, awn), Gossip Girl e outras mil, que estou com preguiça de falar.
PS: eu era uma fã de carteirinha de The Walking Dead, inclusive já escrevi três fanfics, kkk. Porém, o rumo que a série tomou me desanimou e acabei abandonando :(

Enfim, até mais!
beijos