Finalmente entendi porque mamãe insistiu para que eu fizesse ondas no cabelo, a fantasia (ironicamente) era de Ariel da pequena sereia. Até que não era ruim, mas definitivamente não era uma fantasia que eu escolheria se pudesse. Era uma saia rabo de peixe de cintura alta com um brilho verde-arroxeado escamoso, ia justa até um pouco abaixo do joelho onde se abria num tecido semelhante a tule em um tom também roxo. O top era roxo escuro em formato de concha.

— Não está colado demais, não? – Reclamei vendo pelo reflexo do espelho a marcação agressiva que a saia fazia em meu quadril.

— A única coisa que está demais aqui é a sua beleza – Mamãe disse empolgada me fazendo dar uma voltinha.

— Até que não ficou ruim – Cedi – Este top fez meus peitos ficarem maiores.

— Você está maravilhosa e não ouse reclamar – Mamãe ralhou – Agora preciso dar o toque final na sua maquiagem.

Por toque final ela quis dizer simular escamas em meu rosto e colo com sombra, sua meta era realmente me deixar parecendo uma sereia. Por fim, gostei do resultado, definitivamente não era assim que estava me imaginando na festa de James, mas confesso que estava melhor do que eu esperava.

Meus pais estavam fantasiados de Wilma e Fred dos Flintstones, papai por incrível que pareça estava se sentindo extremamente confortável de vestido.

A comemoração estava acontecendo no salão de festas do condomínio em que James e eu moramos. A decoração estava linda, tudo em cores escuras, luzes semelhantes a uma discoteca e um mesa com um bolo enorme e repleta de doces mais a frente. Havia um DJ ao fundo tocando uma música eletrônica qualquer, avistei muitos alunos de Hogwarts, mas nenhum de meus amigos havia chegado ainda.

Dei uma volta pelo salão procurando James, o avistei próximo ao bar, por sorte estava sozinho. Aproveitei que ele estava de costas e cheguei por trás tampando seus olhos com as mãos.

— Advinha quem é? – Brinquei e quando ele se virou o abracei exclamando – Parabéns!

— Lily? – Disse me olhando de cima abaixo e parecendo embasbacado elogiou – Você está linda.

 A ênfase no “linda” me fez corar, mas o momento não durou muito, pois tive que rir de sua fantasia de Cavaleiro Jedi, com direito a sabre de luz e tudo. Sua cara de desentendido frente a minha reação tornou tudo mais engraçado.

— Não entendi o motivo das risadas – Cruzou os braços emburrado.

— Sua fantasia – Disse depois que parei de rir – É genial.

— Gostou? – Perguntou convencido – Ia vir de Darth Vader, mas não queria tapar meu belo rosto com aquela máscara.

Antes que pudesse dizer algo, fomos interrompidos por Lene que havia chegado com Dorcas, Alice e Frank. A primeira estava fantasiada de Mulher Maravilha, Dorcas veio de bonequinha de luxo, Alice estava linda de Pocahontas e Frank parecia desconfortável em sua fantasia de Batman.

Após cumprimentarem James com suas felicitações Lene se manifestou.

— Quem é você e o que fez com minha amiga Lily? – Ela já chega fazendo escândalo.

— Ela está gata não é? – Todos nós estranhamos o comentário de James e ele pareceu perceber que o que disse fora estranho então desconversou – Olha, Remus e Sirius chegaram.

Ao longe víamos uma pequena comoção, Sirius ao que parece viera praticamente sem roupa, de longe não distingui qual era sua fantasia.

— Ele sempre quer aparecer, não é? – Comentou Lene contrariada – Nem na festa do melhor amigo ele deixa de querer a atenção para si.

Chegando perto de nós percebi que ele estava fantasiado de Tarzan, bem como eu James havíamos suposto. Remus estava de smoking e realmente não consegui entender sua fantasia. Pelo visto não fora apenas eu que tive essa dúvida.

— Remus é uma festa a fantasia e não de gala – Todo mundo parecia concordar com o comentário de James.

Revirando os olhos Remus tirou uma arma do cós da calça.

— Estou vestido de James Bond, não percebem? – Seu tom de gênio incompreendido nos fez rir, sua fantasia não podia ser pior. Pelo menos ele e Dorcas estavam fazendo um belo casal.

— Esqueçam ele pessoal e foquem em mim. Estou muito irresistível, não acham? – Sirius interrompeu se mostrando para nós – É hoje que eu pego a Janet, James.

Janet é uma prima de James que Sirius tenta conquistar há alguns anos, pelo visto ele esperava que hoje fosse bem sucedido. Mas se não conseguisse nada com ela muitas outras iriam querer, pelos olhares que estava recebendo não passaria a noite sozinho.

James foi dar atenção aos outros convidados, Sirius foi atrás de Janet e eu fui raptada pela Senhora Potter.

— Venha Lily, minhas irmãs querem te ver – Disse me puxando pelo braço – A propósito você está linda.

Murmurei um obrigada pensando na vergonha que teria de passar. Euphemia tinha duas irmãs e dois irmãos, todos mais velhos e com o mesmo sonho: que eu namore James. Então sempre ficava constrangida com os comentários que eles soltavam, principalmente quando estava perto dele.

— Veja se não é a minha candidata a sobrinha favorita – Disse Elizabeth Potter carinhosamente – Você está tão linda, aposto que James quase enfartou ao te ver assim. Ela não está maravilhosa, Abelinne?

— Muito maravilhosa, e veja como cresceu desde a última vez que nos vimos – Comentou parecendo encantada – Não é mais uma garotinha, hein? Que dia você e James vão assumir o namoro?

Euphemia apenas ria do meu constrangimento, eu não sabia onde enfiar a cara, a cada ano que passava elas ficavam mais diretas. Talvez se eu aparecesse com um namorado elas parassem com isso.

— Eu e James não namoramos, então não podemos assumir nada – Acho que estava vermelha como um pimentão.

— Me perdoe Euphemia, mas seu filho é um frouxo – Elizabeth disse indignada – Uma hora Lily arranja um namorado e ele vai ficar chupando dedo.

— É o que sempre digo a ele, minha irmã – Diz? O que essas mulheres tem na cabeça? – Mas você acha que ele me escuta? Sempre argumenta que é jovem e precisa aproveitar, você sabe como são esses adolescentes.

— Esses homens valem cada dia menos – Abelinne comentou ressentida.

Depois disso elas mudaram de assunto e me perguntaram coisas sobre as aulas e o colégio deixando o ambiente menos constrangedor.

Saí dali e resolvi passear pelo salão, Alice e Frank estavam dançando, Lene não estava a vista, Remus e Dorcas estava conversando do outro lado da pista de dança e eu definitivamente não iria atrapalhar qualquer tipo de clima que pudesse estar surgindo entre eles.

— Evans! – Ouço uma voz me chamar, ao me virar deparo com Amus Diggory.

Amus também era do time de futebol, alto, ombros largos, com cabelos em um tom loiro escuro, olhos castanhos e um sorriso cativante.

 Porque, diabos, ele estava me chamando?

— Hey, Diggory – Respondi tímida.

— Me concede uma dança? Talvez mais de uma – Disse com um sorriso torto, com cara de quem sabia que era lindo e que eu não recusaria.

Respondi afirmativamente e fomos para a pista de dança. Amus se mostrou divertido, engraçado e inteligente. Sua conversa era muito envolvente e acabei perdendo a conta de quantas músicas dançamos.

— Preciso de uma água – Disse próxima a seu ouvido, estava ofegante pela dança – Poderíamos ir ao bar um pouco, o que acha?

— Por mim tudo bem – disse segurando em minha mão e nos guiando entre as pessoas rumo ao bar.

POV James

As luzes começavam a se embaralhar e eu já não estava tão sóbrio quanto algumas horas atrás. Espero que meus pais não percebam minha leve alteração ou então levaria uma bronca das boas.

— Quem é aquele dançando com Lily? -  Ouvi meu tio perguntar em meio a balbúrdia de sons.

Procurei aqueles cabelos ruivos na pista de dança e enxerguei Lily dançando animadamente com Amus Diggory. Próximos demais.

— Amus Diggory. Faz parte do time comigo – Respondi sua pergunta. Estava tentando processar, mesmo que lentamente, o que aqueles dois faziam juntos. Nunca ouvi Diggory falando de Lily ou o inverso, então nada justificava eles estarem dançando.

— E já faz um bom tempo que eles estão ali – Meu pai acrescentou me olhando sugestivamente e se dirigindo ao senhor Evans perguntou – Sabe se eles estão juntos ou algo do tipo?

Por que o súbito interesse desses adultos por nossa complicada vida adolescente?

— Se estão ela nunca me falou nada. James deve saber de algo – Agora todos eles me olhavam.

Dei de ombros tentando demonstrar desinteresse na cena adiante de nós. Se eles percebessem o incômodo que estava sentindo não me deixariam em paz.

— Eles não estão juntos se é isso que querem saber, provavelmente só estão dançando.

— Acho que não é só essa a intenção dele – O senhor Evans disse com o cenho franzido enquanto víamos os dois saindo da pista de dança de mãos dadas.

— Se eu fosse você ia atrás deles, ser passado para trás no próprio aniversário? Eu não deixaria uma coisa dessas acontecer – Meu tio estava me instigando, em outras ocasiões eu não teria dado importância a esse tipo de provocação, mas não sei se por causa da bebida ou por algum motivo desconhecido por mim, acabei indo atrás daqueles dois.

Demorei encontra-los, mas os achei no bar. Amus estava muito próximo ao rosto de Lily, prestes a beijá-la. Apressei o passo para interromper aquela cena grotesca de acontecer. Talvez eu estivesse mais bêbado do que pensei, quantas bebidas eu tomei? Quatro, cinco?

— Liiiiily! – Chamei a atenção para mim. Diggory me lançou um olhar fulminante que ignorei totalmente. Lily estava muito corada e também me encarava com um olhar matador.

— Precisando de alguma coisa, James?

Seu tom de voz me dizia que ela não me queria ali, mas eu me importava? Não, eu que não a queria ali.

— Sim, preciso que você venha comigo agora — As palavras estavam saindo um pouco emboladas, como eu havia conseguido ficar bêbado tão rápido? Ainda nem cantaram os parabéns.

Dando um olhar de desculpas a Diggory ela me seguiu.

— James você está bêbado – Ela constatou obviamente – Está precisando de mim pra que? Não me diga que quer vomitar.

 - Calma, fofinha – Parei bruscamente me virando para ela e ficando tonto no processo – Eu preciso que você me acompanhe até em casa. Preciso pegar uma faca ou uma espátula para cortar o bolo, mamãe esqueceu.

Era uma desculpa muito esfarrapada, mas foi a única coisa que minha mente bêbada conseguiu inventar.

— Não acredito que você me interrompeu só pra isso – Ela me olhava com incredulidade.

— Olha meu estado, Lily! Tem coragem de me deixar sozinho?

— Bem que você merece, mas vamos logo – Disse já indo em direção a saída.

Mas antes que a seguisse peguei mais uma bebida, eu provavelmente não ficaria bem depois dessa.

Lily andava rapidamente logo a frente, sem me esperar. Entretanto dali de trás tinha uma visão privilegiada que não me deixava apressar o passo para alcança-la.

Estava com umas sensações estranhas quanto a Lily e a bebida tinha aumentado elas exponencialmente. Eu nunca a tinha visto numa roupa daquelas (deveria agradecer a senhora Evans mais tarde) e caramba! Como eu nunca havia notado que ela era tão bonita assim? Sério, ela estava muito gata.

Ainda bem que a tirei de perto de Diggory, não deixaria que ela fosse beijada por ninguém, não na minha festa. Eu que deveria ter dançado com ela naquela pista, não ele, eu sou o melhor amigo dela afinal e é meu aniversário.

Voltei a realidade quando meu corpo colidiu com o de Lily, havíamos chegado sem que eu percebesse. O que estávamos fazendo na minha casa mesmo?

— Preste atenção por onde anda, James – Percebendo que perdi meu equilíbrio ela me segurou e perguntou assustada – Você está bem? Por que bebeu desse tanto? Sabe que é meio fraco para bebidas.

Nem respondi, analisava seu rosto que estava bem perto do meu, com nosso esbarrão acabamos ficando muito próximos.

Ela sempre foi tão bonita assim? Ou eu que não havia reparado isso antes? Até o verde de seus olhos estava mais bonito do que nunca. As bochechas coradas me faziam ter vontade de acariciar seu rosto. E foi exatamente isso que eu fiz. Uma batalha interna se travava em minha mente, queria muito beijá-la, minha consciência dizia que não, que aquilo não era certo. Mas como eu nunca fui de ouvi-la o que eu fiz foi me aproximar mais mostrando minha real intenção ali. Acho que o álcool tinha atingido de vez meu raciocínio, jamais em sã consciência eu teria feito aquilo.

— James, o que você está fazendo? – Seu tom era assustado, mas ela não se afastou, considerei isso um sim para o que pretendia fazer.

— Isso aqui – E a beijei.

Dorcas

Remus ficara comigo a festa inteira, e eu? Estava adorando isso.

Dançamos, rimos e nos divertimos. Sem dúvidas ele era uma companhia maravilhosa e estava lindo naquele smoking preto, minha vontade era agarrá-lo bem ali mesmo, mas não tinha coragem nenhuma. No momento eu só aproveitava seu corpo junto ao meu enquanto dançávamos uma música lenta.

— Quer dar uma volta nos jardins? – Sussurrou em meu ouvido fazendo um arrepio descer em minha coluna.

Não tive força de espirito para responder apenas balancei a cabeça afirmativamente.

Para melhorar a situação saímos de mãos dadas e assim permanecemos por um bom tempo.

Até que vimos algo totalmente inusitado.

Um casal estava beijando em frente a casa de James, e eles não nos pareciam estranhos. Remus estancou ao meu lado e queria voltar para trás, porém eu continuei me aproximando para ver quem era. Ao perceber que eu continuava andando ele me seguiu.

Ficamos em choque quando finalmente percebemos quem era o casal.

James e Lily estavam se atracando na porta da casa dos Potter! E meus amigos que beijo era aquele.

Ficamos boquiabertos e sem reação. Após o choque peguei meu celular, que estava no meu decote devido a falta de bolsos e bolsas, e abri a câmera.

— O que você está fazendo? – Remus sussurrou.

— Esse momento deve ser registrado – Respondi enquanto me certificava que o flash estava desligado e tirava a foto – Agora sim, o primeiro beijo de Lily pode ser testificado por todas nós.

Me referia as meninas é claro.

— Primeiro? – Remus questionou com as sobrancelhas erguidas parecendo levemente chocado.

— Ops – Deslize dos feios, havia me esquecido que os meninos não tinham ciência desse fato.

Portanto tive que ameaçar Remus.

— O que você viu e ouviu aqui fica aqui e jamais em hipótese alguma pode chegar ao ouvido de outras pessoas, ok? – Tentei ser ameaçadora, mas acho que não consegui, pois Remus apenas me encarava divertido.

— James vai contar para os garotos.

— Isso é problema dele, mas de você não pode sair nada, certo? – Pedi novamente – Isso é confidencial e Lily ficaria constrangida se todos soubessem.

— Tudo bem então.

Voltamos para o salão e eu estava louca para mostrar as meninas o que tinha em mãos.

Lily

Estava chateada por James ter atrapalhado meu momento com Amus. Ele quase havia me beijado!

James tinha que estar bêbado pra fazer essas coisas, não sei porque bebe desse tanto, ele sabe que no outro dia vai acabar não se lembrando do que aconteceu. Era sempre assim quando bebia, ficava mal e no outro dia nem sabia as merdas que tinha feito.

Parei em frente sua casa quando repentinamente o sinto esbarrar em mim. Tive que o segurar quando ele quase caiu, devia estar muito bêbado mesmo.

— Preste atenção por onde anda, James – Reclamei tentando não cair também com o peso do seu corpo– Você está bem? Por que bebeu desse tanto? Sabe que é meio fraco para bebidas.

Estava preocupada, não é saudável um jovem de 17 anos ficar se embebedando assim.

Ele apenas ignorou minhas perguntas e ficou me encarando estranhamente, parecia avaliar meu rosto. Comecei a corar devido sua proximidade, ele parecia não ter percebido que estávamos praticamente colados. Porém a coisa toda ficou mais estranha quando ele começou a acariciar meu rosto com sua mão direita e se curvou em minha direção como se fosse me beijar.

— James, o que você está fazendo? – Questionei meio desesperada quando ele se aproximou ainda mais de mim.

Ele não iria fazer o que pensava que ele ia fazer, ia?

— Isso aqui – Respondeu e me beijou, simples assim.

James me beijou.

James me beijou!

O que fazer agora? Eu que não iria afastá-lo, lidaria com as consequências depois.

Resolvi fechar os olhos porque é isso que todo mundo faz quando beija, senti ele passando os braços ao redor da minha cintura e me trazer pra mais perto dele. Seu corpo estava quente, contrastando com o ar frio ao redor de nós. Estava imitando seus movimentos e parecia estar dando certo, até que esse negócio de beijar não era tão difícil. Confesso que achei ligeiramente estranho no ínicio, mas bom, muito bom.

Senti uma de suas mãos indo ao meu pescoço, enquanto a outra acariciava minha pele nua nas costas. James aprofundou o beijo e aí eu entendi porque tantas garotas falavam da pegada dele.

Simplesmente sensacional.

Estava sem palavras.

 Não poderia querer um primeiro beijo melhor que esse, não sei o que aconteceria no dia seguinte, mas não me importava no momento.

Ele desceu os beijos pelo meu pescoço me deixando toda arrepiada. Recobrei um pouco o raciocínio e percebi que se alguém nos pegasse ali seria extremamente constrangedor.

— Por que eu nunca fiz isso antes? – Perguntou, me olhando intensamente, antes de voltar a me beijar sem que eu tivesse a chance de responder.

Eu já havia imaginado, até sonhado, como seria beijar James, mas nada se comparava a realidade. Meu coração batia muito forte e eu estava com medo de desmaiar assim como Alice disse que eu faria caso isso acontecesse.

Mas isso não aconteceu e o beijo foi se encerrando aos poucos, sendo finalizado com alguns selinhos.

— Isso deve ter sido uma alucinação muito louca da minha mente – James comentou ainda abraçado a mim e com a testa colada na minha.

— Eu que o diga – murmurei.

Ficamos um tempo parados absorvendo o que acabara de acontecer, mas fomos surpreendidos pelo senhor Potter chamando James.

— Estamos te procurando há um tempão, meu filho, já está na hora de cantar o parabéns – Ele tentava parecer sério, mas dava pra ver o sorrisinho escondido em seus lábios.  Espero que só ele tenha nos visto ali, ninguém mais, principalmente do colégio.

Voltamos pro salão de festas, James foi para a mesa do bolo e eu fui procurar as meninas. As encontrei conversando em círculo e o assunto parecia muito secreto.

— O que estão falando aí? – Interrompi a conversa sem nem fazer cerimônia.

— Você! – Lene gritou puxando meu braço – Era você mesma que queríamos aqui.

Não estava entendendo nada até o momento em que ela me mostrou uma foto tirada agora há pouco no celular de Dorcas.

Uma foto minha e de James. Beijando.

Corada até a raiz dos cabelos não conseguia encarar seus olhares inquisidores.

— Acho que não preciso contar nada pra vocês – Foi a única coisa que consegui dizer com um sorriso sem graça. Por sorte fomos interrompidos pela voz do senhor Potter substituindo a música e chamando todos para ficarem ao redor da mesa para os parabéns.

Após o coro de parabéns ser entoado e as velas apagadas era o momento de cortar o bolo. Curiosamente, mesmo não tendo pegado a espátula, ela estava lá. James devia estar muito confuso mesmo.

— Pra quem vai o primeiro pedaço? – Ouço alguém perguntar, mas não consigo identificar quem.

James me encara e sinto um frio na barriga.

Ergueu o bolo como se fosse a taça de um campeonato e disse pra quem quisesse ouvir:

— O primeiro pedaço vai para Lily Evans.

Se eu pudesse me afundar no chão o teria feito, mas apenas peguei o bolo sentindo o olhar de todos em mim, principalmente das garotas e saí dali antes que a situação piorasse. Um pouco depois as meninas surgiram e começaram o interrogatório.

— Desembucha, Evans. O que está rolando entre você e James? – Lene me olhou acusadoramente – E por que não estamos sabendo de nada?

— É mesmo, Lily, você sempre negou que James sentia algo por você. Então como foram parar aos beijos lá fora? – Dorcas também me questionava e Alice apenas concordava fervorosamente.

Expliquei a elas desde o momento que James me encontrou com Amus, o papo estranho sobre ir até sua casa, e então o beijo.

— E a amizade de vocês, como vai ficar agora? – Alice perguntou curiosamente.

— Provavelmente do mesmo jeito – Dei de ombros – Ele está bêbado e como vocês bem sabem ele costuma esquecer as coisas no outro dia. Então é como se isso aqui nunca tivesse acontecido.

Tinha o fato de que o senhor Potter nos viu, mas com sorte ele não nos viu beijando de fato.

— Mas e se ele não esquecer? – Dorcas perguntou com as sobrancelhas levantadas – Eu no seu lugar iria ficar muito chateada se ele não lembrasse.

— Estou aliviada isso sim – Mas com certa chateação acrescentei – Ele só me beijou porque não estava sóbrio, se não jamais teria feito isso.

— Eu duvido – Lene se exaltou – Você não vê que essa historinha que ele criou para vocês irem até a casa dele era pura balela? Com certeza ficou enciumado ao ver você com Amus.

Fiquei ligeiramente tentada a acreditar nisso, mas não me permitia. Iria esperar até amanhã, se ele se lembrasse provavelmente faria algo, se não, eu é que não iria trazer isso à tona.

Não encontrei Amus depois, então aproveitei o restante da festa com as meninas, dançamos até as bolhas em nossos pés não deixarem mais.

E enquanto não pegava no sono em minha cama fiquei revivendo os momentos dessa noite e pensando em como iria encarar James Potter no dia seguinte.