— Onde Sirius e Dorcas estão? – Ouço Remus perguntar desconfiado enquanto almoçávamos.

Encarei Lene perguntando silenciosamente se sabia de algo, mas ela apenas negou com a cabeça.

— Dorcas havia me dito que Sirius a tinha convidado para almoçar. Parece que eles iam para outro lugar, mas ela não sabia onde – Alice respondeu.

Ergui as sobrancelhas surpresa pelo que tinha acabado de ouvir.

— Você sabia disso? – Perguntei sussurrando a James.

— Não fazia ideia – Negou parecendo tão confuso quanto Lene e eu.

O que será que Sirius estava aprontando? O que quer que fosse fez efeito em Remus que deixou a mesa sem terminar o almoço.

POV Remus

Aquilo estava virando piada já.

 Como o Sirius tinha essa cara de pau? Certo, eu nunca admiti que estou apaixonado por Dorcas, mas achei que os caras soubessem. Certas coisas não precisam ser ditas, não é?

E agora mais essa, ele resolve desaparecer com ela, sei bem o que ele faz nesses sumiços que dá. Só de imaginar meu estômago revira e o pior é que eu não posso fazer nada pra impedir simplesmente porque não tenho esse direito.

Mas como poderia ter? Ela nunca demonstrou nada por mim a não ser amizade e eu não sou ousado o suficiente para chegar nela e contar sobre meus sentimentos. Dorcas é aquele tipo de pessoa que a gente quer ter por perto o tempo todo, sempre tranquila, uma ótima ouvinte e também conselheira. Além disso tudo ainda é encantadoramente linda. Com esses atributos todos por que olharia justamente pra mim?

Nessas horas que gostaria de ter a segurança e desenvoltura de James e Sirius, quando eles querem partem pra cima mesmo, mas é porque sabem que dificilmente (leia-se nunca) vão levar um fora. Agora eu, nessa situação, tinha minhas sérias dúvidas de que era correspondido. Vez ou outra eu a pego me encarando, mas tenho certeza de que isso não é nada.

Nós nos tornamos tão próximos no último ano, foi aí que comecei a notá-la de verdade e ver quão maravilhosa ela é.

Tive meus devaneios atrapalhados por uma voz levemente enjoativa me chamando, antes de me virar sabia de quem se tratava.

— Olá, Emmeline – Cumprimentei com um sorriso amarelo – Precisa de algo?

— Oi, Reminho – Dizendo isso se ergueu na ponta dos pés para beijar meu rosto – Estava mesmo querendo falar com você, mas é tão difícil te encontrar.

Mal sabe ela que na verdade estou fugindo para que ela não me encontre. Não me leve a mal, mas não queria sair com Emme desde o início quando ela se autoconvidou para sair comigo na frente de Dorcas. Não sei qual foi o intuito dela com aquela ceninha, mas se foi fazer ciúmes em Doe, falhou miseravelmente. Desde então ando sorrateiro pelo colégio tentando evitar que nos encontremos.

— Queria saber quando vamos repetir o encontro de sábado – Disse com uma voz melosa enquanto seu dedo indicador deslizava sobre meu peito.

Acho que agora era a hora de parar fugir e mandar a real pra ela.

— Então, Emmeline, acho que não rola nada entre nós – Dei um sorriso sem graça – Melhor não termos um próximo encontro.

A reação que ela teve não foi nada do que eu esperava. Com o rosto vermelho exclamou pra quem quisesse ouvir ali no corredor.

— É por causa dela, não é? O que você vê naquela sem sal? Eu detesto a Meadows! – E com isso saiu bufando e pisando com força.

Como ela chegou a uma conclusão tão certeira eu não sei, mas dei um jeito de cair fora rapidinho, não queria ninguém ali me encarando.

Passei a tarde toda na biblioteca curtindo a fossa e tentando estudar, uma combinação que diga-se de passagem, não deu muito certo. Depois de algumas horas resolvi dar um passeio pelo jardins, mal cheguei lá e avistei Sirius. Caminhei decidido em sua direção, agora eu tiro essa história a limpo.

POV Lily

Combinei de encontrar James em seu dormitório às uma e meia da tarde. Estava vestindo meus shorts enquanto ouvia Lene falar com Alice sobre O morro dos ventos uivantes, livro que nossa professora de literatura inglesa havia nos pedido para ler.

— Nossa eu detestei esse livro, sério – Comentei – Parecia que nunca acabava.

— Você diz isso porque só gosta de romances água com açúcar, Lily – Caçoou Lene.

— Hey, isso não é verdade -  Me defendi – Vocês sabem que meu gosto literário é mais amplo que isso.

Terminei de me arrumar aos som dos argumentos de Lene e Alice tentando provar seu ponto de vista sobre minha preferência para livros.

— Meninas estou indo – Interrompi o falatório delas – Até mais tarde.

— Lily? – Lene me chamou e eu parei na porta olhando-a – Não se esqueça de usar proteção.

Revirei os olhos e fechei a porta abafando o som de suas gargalhadas. É claro que Lene não ia perder a oportunidade de me zoar.

Ao chegar no dormitório dos meninos bati na porta e James me recepcionou com seu sorriso de sempre, iria precisar de muito autocontrole para não dar bandeira hoje.

— E aí já escolheu qual dos filmes vamos ver? – Perguntei entrando no quarto.

— Sim, escolhi o seu preferido: O retorno de Jedi – Respondeu empolgado se jogando no pufe enquanto eu comemorava sua escolha.

— Espero que ainda tenha doces pra mim – Disse olhando avidamente ao redor do quarto procurando os mesmos.

— Interesseira, sabe que não sei que veio aqui só por causa dos doces? – Falou fingindo estar magoado e fazendo um bico ao final.

—  Não faz essa carinha – Pedi me sentando no pufe que estava do seu lado e com um sorriso divertido acrescentei – Eu vim pelo filme também.

Ele revirou os olhos, mas acabou rindo. Se levantou e pegou uma sacola embaixo do travesseiro, quando chegou perto de mim vi que estava cheia de chocolates e outros doces.

— Que coisa maravilhosa! – Exclamei e estendendo os braços pedi – Me dá aí.

— Você acha que vou deixar isso aqui em suas mãos? Nananinanão. Vai ficar aqui no meio – E voltando a sentar no pufe colocou a sacola entre nós.

 Após nos deliciarmos com alguns doces percebi que James estava parecendo um pouco incomodado com algo então resolvi perguntar enquanto pegava um chocolate para comer.

— James, aconteceu alguma coisa? Você está estranho.

— Sou muito transparente não é? – Indagou com um sorriso leve.

— Acho que sou eu que te conheço bem demais – Correspondi seu sorriso com o coração levemente acelerado pela troca de olhares que estávamos tendo.

Ele hesitou um pouco parecendo ponderar o que iria dizer, mas por fim decidiu falar.

— Lily você está afim de alguém?

Oi?

POV James

Eu tinha que perguntar, desde que Sirius tinha insinuado todas aquelas coisas isso em específico não saía da minha mente de jeito nenhum. Porém a reação de Lily não foi o que eu esperava, estava aguardando uma gargalhada como se ela achasse a pergunta um absurdo, seguido de uma negação veemente e convicta. Mas o que aconteceu foi que ela engasgou com o chocolate que estava comendo e após tossir um pouco perguntou desajeitada e gaguejando:

— D-de onde tirou isso, James? – Seu rosto estava completamente vermelho, não sei se pelo engasgo ou pela minha pergunta.

— Oras, não tirei de lugar nenhum. Mas você não me respondeu, sim ou não? – Acho que a vermelhidão era pela pergunta o que me deixava mais desconfiado ainda.

— É c-claro que não – Deu uma risadinha nervosa – Não sei de onde você tira essas coisas.

Obviamente não acreditei nela, estava na cara que ela não estava dizendo a verdade.

— Lily, eu sei que você está mentindo – Disse olhando em seus olhos– Te conheço tão bem quanto você me conhece.

— Isso é coisa da sua cabeça – Com um sorriso amarelo acrescentou – Eu não estou mentindo.

Revirei os olhos para sua insistência em continuar negando, a quem ela queria enganar?

— Desculpe, Lily, mas não está me convencendo – Fui incisivo – Eu sou seu melhor amigo, se não pode confiar em mim para contar esse tipo de coisa então eu não sirvo pra nada.

A observei engolir em seco, parecia ponderar o que havia acabado de dizer.

— Porque você quer saber? – Perguntou franzindo as sobrancelhas. Então eu estava certo, não sei se tinha ficado feliz ou triste com a descoberta, porém a sensação no meu peito não era das melhores. Contudo respondi:

— Lily! Pelos motivos que já disse acima, sou seu melhor amigo e para melhores amigos se conta tudo. E algo dessa magnitude deve ser dito.

— Até parece que você me conta tudo né? – Foi irônica. Tá isso era verdade, mas algo como isso eu falaria sim.

— Isso não vem ao caso e você ainda não me respondeu – Ela não sairia dali sem confessar.

Ela deu um suspiro profundo enquanto escorregava sobre o pufe ficando com as pernas estiradas, fechou os olhos, passou a mão nos cabelos, hesitou um pouco e só então resolveu dizer.

— Sim, eu estou afim de alguém – Embora eu já suspeitasse ouvi-la falando foi pior. Não acredito que ela guardava aquele segredo de mim, se eu estivesse afim de alguém contaria a ela!

— Quem é ele? – Posso não saber quem é o cara, mas minhas mãos já estão coçando para socá-lo.

— Isso não vem ao caso.

— Como não, Lily? Como não? É claro que vem ao caso – Estava exasperado. Como ela me solta uma bomba dessas e nem ao menos me diz o nome do cara?

— Não vem ao caso porque em breve, pelo menos eu espero, eu não estarei interessada nele – Fiz cara de desentendido e ela se explicou – Digamos que estou num processo de tentar superá-lo.

— Por que? – Não estava entendo, mas gostei de ter ouvido isso.

— Porque ele não gosta de mim também – Disse dando de ombros – Parece que isso é normal quando estou envolvida.

Acho que ela quis se referir a quando ela se declarou para mim. Será que ela havia feito o mesmo com esse cara?

— Você tentou se declarar para ele? – Perguntei com cuidado, tinha medo de sua reação.

— Lógico que não! Ele não sabe que gosto dele – Fiquei mais confuso ainda.

— Então como você pode saber se ele te corresponderia ou não? – Não que eu quisesse que ela se declarasse, é claro – Você não vai tentar, tipo, conquistar ele?

— Não, isso nunca daria certo, por dois motivos: eu não sei fazer isso e não faço o tipo dele, de jeito nenhum – Ela pareceu meio tristonha e meu coração se apertou. Parece que por mais que eu tenha tentado protegê-la das desilusões amorosas isso não foi possível. Precisava animá-la.

— Quer saber, Lily? Esse cara é um babaca e não sabe o que está perdendo – Peguei uma barra de chocolate e entreguei a ela – Agora vamos deixar esse assunto pra lá e assistir nosso filme que é muito melhor.

— Concordo plenamente – Disse já sorridente a abrindo a barra.

Lily, Lily, o que é que eu faço com você?

POV Lily

Caramba, achei que não ia sair dessa. James consegue ser muito insistente quando quer, ainda bem que ele não desconfiou de nada. Imagina se ele descobre que o babaca de quem estávamos falando era ele mesmo? Eu me metia em cada uma que as vezes nem eu acreditava.

Ao final do filme praticamente todos os doces tinham acabado e eu também não aguentava mais nada. Decidimos dar um volta pelos jardins e depois de andar um pouco no sentamos embaixo de uma árvore, para conversar e observar os outros alunos.

— Já decidiu que fantasia vai usar na minha festa? – James perguntou curioso.

— Mamãe comprou a minha, mas não quer me dizer como ela é – Respondi revirando os olhos – Tenho até medo de pensar como essa fantasia será.

— Do jeito que sua mãe é provavelmente será algo que você jamais compraria – Comentou rindo do meu sofrimento. Não pude deixar de concordar com ele.

— E você o que vai usar? – Também estava curiosa pra saber.

— Surpresa – Respondeu com um sorriso misterioso.

Eu tinha medo do que poderia ser.

— Por favor só não me apareça de gogoboy, salva-vidas, Tarzan ou coisa do tipo, as fotos vão ficar ridículas – Pedi fazendo drama.

Com uma risada ele respondeu.

— Isso aí é mais a cara de Sirius do que a minha – Novamente eu só pude concordar imaginando que Sirius provavelmente apareceria desse jeito mesmo.

— E por falar nele aqueles dois ali não são Sirius e Remus? – Comentei ao avistar os dois em um clima aparentemente tenso.

— São sim e eles parecem não estar bem, vamos lá – Disse James já de pé e me ajudando a levantar.

Corremos em direção aos dois e chegando perto comecei a entender o que eles estavam dizendo.

— Escuta aqui, Sirius, eu sou seu amigo, mas se eu souber que você magoou Dorcas as coisas vão ficar feias – Remus ameaçou e eu não pude deixar de ficar assustada.

— E porque você se importa com isso Remus? – Questionou Sirius em um tom insolente – Na verdade, por que você tem estado tão incomodado assim com a minha aproximação com Dorcas? E não venha me dizer que é porque se importa com ela, porque as meninas são muito mais amigas de Dorcas que você e não estou vendo elas no meu pé.

— Oras, Sirius, até parece que você não sabe, você mesmo já insinuou isso tantas vezes. Não achei que fosse capaz de ficar com alguém... alguém que eu estou afim.

Remus estava vermelho não sei se de raiva ou vergonha por ter admitido. James percebeu que era a hora de intervir.

— Sirius acho que já deu, podemos contar a ele. Lily é melhor você contar – Boa, joga essa bomba pra cima de mim.

— Contar o que, James? – Remus resmungou num tom irritado.

— Então, Remus – Nesse momento todos estavam me olhando. Lene ficaria chateadíssima por ter perdido esse showzinho – Sirius não está tentando ficar com Dorcas.

— Como assim? – Ele parecia perdido. Coitado.

— Sirius não está tentando ficar com Dorcas de verdade, a gente só esquematizou isso tudo pra você admitir que realmente gosta dela.

Ele olhava incrédulo para todos nós.

— Vocês são loucos – Disse levemente perturbado.

— É, cara, você acha mesmo que eu faria isso? Eu tenho honra -  Sirius passou os braços sobre os ombros de Remus – Não teria coragem de ficar com uma garota sabendo que meu amigo é afim dela.

— Mas agora me digam, o que vocês ganham por ter feito isso tudo? – Remus questionou olhando cada um de nós com a sobrancelha erguida.

— Nós não ganhamos nada, você é quem vai ganhar uma namorada, Remus – Respondeu Sirius marotamente.

— Não me digam que têm um plano pra isso também? – Perguntou parecendo preocupado.

— Ainda não, mas em breve teremos – Respondi com um sorriso enorme. Estava feliz por imaginar que meus amigos iriam finalmente ficar juntos.

Levantei desanimada no sábado. Passar a manhã inteira estudando química não era uma de minhas atividades preferidas.

Caminhei arrastada para biblioteca após meu café da manhã solitário no salão principal, nenhum de meus amigos haviam acordado ainda, eu também não o faria se pudesse.

Snape já estava me esperando quando cheguei, isso porque estava adiantada alguns minutos.

— Caiu da cama hoje? – Tentei brincar, mas foi em vão.

— Bom dia, Evans – Disse com as bochechas macilentas levemente enrubescidas. Decidindo responder a minha provocação murmurou – Tenho hábitos matutinos.

Não duvidava disso.

— Mãos a obra então!

A manhã foi bastante rentável, ficamos até as 11:30 resolvendo avidamente os exercícios. Snape não perdia tempo jogando conversa fora então a nossa produtividade acabou sendo alta, imagino que se estivesse ali com Lene ou algum dos garotos não estaríamos nem na décima questão. Intimamente agradeci por ter sido sorteada com ele.

Snape estava guardando suas coisas quando vi que ele carregava algo que chamou muito minha atenção.

— Isso aí é O assassinato de Roger Ackroyd de Agatha Christie? – Minha empolgação estava evidente em meu tom de voz – Nunca conheci ninguém da nossa idade que gostasse dos livros dela!

Gostar de Agatha Christie desmentia totalmente o que Lene e Alice afirmaram sobre mim ontem, é certo que também era apaixonada por romances água com açúcar, mas não apenas por eles.

— Sim, é – Respondeu timidamente mostrando o livro – Este é um dos meus favoritos.

— Sou apaixonada em todas as obras dela, dificilmente saberia escolher algum livro preferido, mas devo dizer que E não sobrou nenhum, me cativa.

O assunto que surgiu daí não acabou mais, perdemos a hora conversando e descobri que Snape era uma boa companhia quando falava sobre algo que gostava. Inclusive descobrimos alguns gostos em comum não só em livros, mas séries, filmes e até jogos.

Me assusto com alguém pigarreando atrás de nós.

— Atrapalho? – James não estava com um cara boa, certamente desaprovando meu entrosamento com Snape.

— James! Acredita que ele também gosta de Agatha Christie? – Comentei com empolgação sem nem cumprimentá-lo – Agora tenho com quem conversar já que você não me aguentava mais.

Ele apenas ergueu uma sobrancelha com a última frase.

— Que coisa boa, não? – Seu tom de voz não condizia com sua afirmação, mas decidi ignorar.

— O que é que você está fazendo aqui? – Indaguei curiosa, ele quase nunca ia a biblioteca.

— Vim te chamar para almoçar já que aparentemente você se esqueceu que precisa fazer isso – Sua resposta foi levemente irônica, mas me fez olhar as horas.

— Uau já são 12:30? Nem vi o tempo passar e agora que você falou percebi que estou com fome mesmo – Exclamei com a mão na barriga sentindo meu estômago roncar.

Terminei de arrumar minhas coisas e chamei Snape para nos acompanhar. Ele obviamente não quis, mas marcamos de terminar os exercícios que faltaram na segunda-feira novamente.  Depois disso James e eu seguimos para o Salão principal.

— Que confraternização com o inimigo foi aquela que flagrei agora pouco, Lílian Evans? – James me questionou mal saímos da biblioteca.

— Seu inimigo, James, não meu – Respondi insolente – Só estávamos conversando, não tem nada de mais nisso.

— Sei – Disse emburrado - Pra você pode não ter sido nada, mas pare ele foi o ápice de sua vida sem graça.

— Pare com essa implicância boba, James – Já estava começando ficar impaciente, isso combinado a minha fome não seria nada legal – Se tem problemas com Snape resolva com ele e não queira me envolver nisso.

Percebendo meu tom alterado decidiu não continuar no assunto, pouco depois chegamos no salão principal e pude acalmar meus nervos com o delicioso almoço que estava sendo servido.

Naquela tarde Lene resolveu conversar comigo sobre a operação cupido. Ambas chegamos à conclusão de que estava na hora de marcar o encontro dos dois, os bilhetes estavam dando certo então a chance do encontro ser um sucesso era grande.

As cartas tinham o mesmo conteúdo só o remetente que mudava.

Espero que tenha gostado dos bilhetes, mas chegou a hora de expressar meus sentimentos pessoalmente. Que tal um encontro hoje as sete e meia na sala do sétimo andar?

— Alice.

Lene leu em voz alta após decidirmos o que mandaríamos.

— Acho que ficou bom, agora só fazer uma com a assinatura de Frank e depois podemos entregar para os dois – Comentei – Precisamos decorar a sala para o encontro dos dois e deixar tudo pronto

Só comentamos com James e Sirius depois de já estar com o plano todo elaborado, mas eles não se opuseram. Deixamos a carta de Alice nas coisas dela e os meninos fizeram o mesmo com a carta de Frank.

A sala que escolhemos tinha uma sacada aberta aos jardins para quem quisesse observar o céu e os astros com telescópios, nós a apelidamos de “sala de astronomia” e era um dos lugares mais românticos que havia ali no colégio.

Nós quatros, os idealizadores desse plano maluco, fomos arrumar o local para que quando eles chegassem estivesse tudo pronto. Colocamos algumas flores espalhadas pelo ambiente, um forro no chão para eles sentarem e fotos dos dois, que Lene brilhantemente pensou em imprimir, penduradas no teto acima de onde eles ficariam sentados.  Enquanto isso os garotos conseguiram comida e bebida na cantina do colégio além de uma cesta para colocar tudo, seria como um piquenique a luz do luar. Para complementar colocamos uma caixinha de som que tocaria músicas que sabíamos ser as preferidas de Alice.

— Acho que terminamos – Lene afirmou parecendo feliz pela obra de arte que tinha feito – Espero que eles venham mesmo e só saiam daqui namorando.

— Relaxa, Lene, vai dar tudo certo – Disse empolgada. Estava tudo tão lindo, Alice ia amar.

— Ficou ótimo isso aqui, não sabiam que tinham esse talento todo – James nos parabenizou, até Sirius teve que concordar com ele.

— Óbvio né, comigo aqui não tinha jeito de ficar feio – Lene disse convencida.

— Até parece que fez isso tudo sozinha – Repreendi a olhando feio, em resposta ela só deu um sorrisinho sem graça.

Depois desse momento contemplativo saímos dali em direção ao Salão principal. Já eram sete horas e nem havíamos percebido, então enquanto nós jantávamos Alice e Frank se preparavam para seu encontro. Lene e eu mal nos aguentávamos de curiosidade para saber qual seria desfecho disso tudo.