Meu riso é tão feliz contigo escrita por Katniss Prior Potter


Capítulo 14
Caindo na real


Notas iniciais do capítulo

Tem coisa boa nesse capítulo!



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POV James

Estava deitado em minha cama olhando para o teto e pensando no que tinha acabado de acontecer. Fiquei dividido entre socar a cara de Diggory por agir de forma tão idiota, ou agradecê-lo por ter dado motivos para Lily terminar com ele.

Essa notícia me alegrara imensamente. E eu nem sabia que estava tão incomodado com o rolo de Lily e Diggory, até ela terminar com ele. Agora tudo voltaria ao normal.

Remus e Sirius entraram no quarto e quando não os dei atenção resolveram me importunar.

— Que sorriso idiota é esse, James? – Sirius provocou. Até então nem havia percebido que estava sorrindo, mas fechei a cara no momento em que ouvi a pergunta de Sirius.

— Não tem sorriso nenhum – Tentei disfarçar em vão, eles apenas me olharam cínicos.

— Nós vimos como você estava alegre no jantar, conta aí o que aconteceu – Remus apontou enquanto sentava em sua cama sendo acompanhado por Sirius.

— Lily vai terminar com Diggory – Seus olhares inquisidores me fizeram continuar – Enquanto nós dois voltávamos do campo de futebol ouvimos uns sussurros vindos de um armário de vassouras. Quando nos aproximamos percebemos que era Diggory se pegando com outra garota.

— Que sem vergonha! – Remus exclamou raivoso e Sirius concordou com ele – E como Lily está agora?

— Ela está muito bem na verdade – Eles me encararam surpresos como se não acreditassem – Disse que já queria terminar com ele e que isso tornaria as coisas mais fáceis.

— Que ótimo! Então Diggory fez um favor a duas pessoas nessa noite – Sirius comentou maroto enquanto eu e Remus ficamos sem entender. Percebendo nossa confusão revirou os olhos e completou – A Lily e ao James. Lily que já queria terminar e James que não queria nem que tivesse começado.

Fechei a cara enquanto Remus se acabava de rir de mim e Sirius me olhava provocativo.

— Muito engraçado – Retruquei – Não queria mesmo que tivesse começado, só atrapalhou o equilíbrio do nosso grupo.

— Do nosso grupo ou do seu coraçãozinho apaixonado? – Sirius provocou zombeteiro.

— Lembra dos conselhos que te dei, James? Ciúmes era um dos sintomas – Remus apontou divertido e antes que eu pudesse contradizê-lo continuou – E não adianta dizer que não estava com ciúme, todo mundo via você se mordendo todo quando eles estavam juntos e até à simples menção do nome de Diggory.

— Nós entendemos que você ainda esteja negando para si mesmo o fato de estar apaixonado por sua melhor amiga – Sirius interrompeu assim que abri a boca para contradizer – Apenas pedimos que considere essa possibilidade.

— Não é ruim você se apaixonar por Lily. Na verdade é bem normal já que passam tanto tempo juntos.  – Remus disse sustentando um olhar de pena – Mas se eu fosse você tratava de descobrir isso logo.

Não retruquei dessa vez, algo dentro de mim dizia que talvez eles não estivessem tão equivocados assim. No entanto não pude continuar pensando nisso, pois logo Dorcas, Alice e Frank chegaram e ficamos ali conversando.

Mais tarde antes de pegar no sono tive que dar o braço a torcer, pelo menos para mim mesmo, que meus sentimentos por Lily haviam mudado.

Os dias foram passando rápido, logo a escola toda já sabia que Amus Diggory e Lily Evans não estavam mais juntos. Percebi que alguns outros garotos chegaram nela e a chamaram para sair, mas ela recusou todos. Estava extremamente cansado por causa dos treinos e de toda a matéria acumulada, mas muito satisfeito com o desempenho do time.

Quando dei por mim já era sexta-feira e nosso primeiro jogo seria no sábado as três horas da tarde. As aulas da tarde haviam sido canceladas, não que isso fizesse diferença para mim que já tinha esse horário livre. Todo mundo estava no clima dos jogos, quase como se fosse copa do mundo, então o que seria um tempo livre para todos descasarem se tornou uma tarde de confecção de faixas, bandeiras e bandeirolas. A nossa torcida era sempre animada, mas esse ano ia se superar.

Encontrei Lily debruçada em uma das mesas da biblioteca escrevendo “LENE VOCÊ É DEMAIS” em um cartaz. Fiquei um tempo observando seu jeito concentrado e perfeccionista ao tentar deixar as letras todas do mesmo tamanho. Não pude deixar de notar quão fofa ela ficava daquele ângulo. Aquilo que Remus e Sirius me disseram fazia mais sentido a cada dia. Eu realmente sentia algo mais que amizade por Lily, não saberia definir exatamente o que era ou qual a intensidade. Não tinha ideia de quando havia começado, mas tinha a sensação de que não era tão recente assim. Isso estava me assustando muito, afinal sempre me achei imune a esse tipo de sentimento. Sempre me vi pegador, será que realmente havia me apaixonado? E por minha melhor amiga? A ideia me deixava extremamente nervoso e com um frio enorme na barriga. Logo eu, que nunca tive problemas com garotas, me encontrava inseguro em relação a Lily.

— Vai ficar parado aí o dia todo? – Tive meus pensamentos interrompidos pela sua voz e me aproximei dela.

— Estava apenas contemplando seu sofrimento solitário – Caçoei tentando fingir que não fui pego de surpresa enquanto a observava – Afinal, por onde andam suas amigas? Nenhuma veio te ajudar?

— Lene saiu a cinco minutos atrás para se encontrar com Dearborn, enquanto Dorcas e Alice foram raptadas por seus respectivos namorados – Disse enquanto analisava o cartaz minunciosamente a procura de erros. Dramaticamente acrescentou – Eu como não tenho nenhum namorado/ficante para me raptar desse terrível e tedioso trabalho, fiquei sobrando.

— Para sua sorte eu não tenho nada pra fazer e vou poder te ajudar – Me sentei ao seu lado e peguei um canetão, por fim não pude deixar de jogar uma indireta – Não precisa de namorado nenhum comigo aqui.

— Você não faz o que um namorado faria se estivesse aqui comigo – Disse divertida e completamente alheia aos pensamentos que essa frase gerou em minha mente.

— Eu poderia fazer se você quisesse – Sugeri displicentemente vendo seu rosto atingir um tom de vermelho bem próximo ao de seus cabelos.  Para diminuir seu constrangimento acrescentei piscando – Mas não seria de bom tom aqui na biblioteca.

Ela não respondeu, apenas voltou a atenção ao cartaz, percebi que havia ficado sem graça com meu comentário e que seu rosto ainda estava levemente corado.

— Estou só brincando – Cutuquei-a levemente tentando melhorar o clima de constrangimento que havia ficado – Não faria isso com você.

O que era uma mentira, afinal de contas já havia imaginado e também desejado aquilo algumas vezes. Principalmente agora.

— Eu sei – Respondeu simplesmente iniciando a produção de um novo cartaz.

— Não vai fazer nada pra mim? – Questionei quando percebi que não havia nada com meu nome ainda.

— Acho que você já tem muitos por aí, que diferença vai fazer mais um? – A olhei indignado, ela faria para todo mundo e nada pra mim? Para meu alívio ela completou divertidamente – Brincadeira, vou fazer uma faixa pra você também, só não sei o que escrever nela.

— Como não? – Fingi estar magoado – Com todos os atributos que tenho você não sabe o que pôr? Pode colocar: lindo, cheiroso, espetacular, habilidoso...

— Modesto também? – Me interrompeu irônica – É claro que não vou por nada disso, já basta o que as garotas estão fazendo por aí para você e o Sirius.

— O que elas estão fazendo? – indaguei curioso. Não havia visto nada demais até o momento, apenas cartazes e faixas com palavras de motivação para os times.

— Amanhã você vai ver – Respondeu vagamente me deixando mais curioso ainda. Percebi que seu tom não deixava brechas para continuar então não insisti no assunto.

Nos demoramos ali por mais uma hora, Lily fez uma pequena poesia na faixa dedicada a mim. Particularmente achei que faltou sensibilidade de sua parte, mas ela disse que me faria sentir desafiado, melhorando assim, o meu desempenho no jogo. A faixa continha os seguintes dizeres:

“James, espero que a taça o time ganhe. Hogwarts te pede: não nos envergonhe.”

Nada de “Potter você arrasa” ou algo carinhoso como o que ela fez para os outros. Decidi fingir, até para mim mesmo, que não fiquei levemente incomodado com aquilo, afinal de contas era apenas uma provocação entre amigos, certo?

Não fizemos mais nada de importante o resto do dia e fui dormir cedo para estar descansado no sábado. Essa tentativa se mostrou um tanto quanto ineficaz quando acordei algumas vezes durante a noite, ora pensando em Lily e seu sorriso meigo direcionado a mim, ora lembrando do jogo e das táticas que tanto treinei com o time.

Acho que por causa da noite mal dormida acordei já na hora do almoço. Na verdade fui acordado por Sirius que sempre ficava extremamente eufórico em dias de jogo.

— Levanta daí, seu bundão! – Sirius me acordou carinhosamente puxando meus pés e consequentemente derrubando metade do meu corpo para fora da cama – Você precisa se alimentar ou então vai desmaiar em campo.

— Que horas são? – Perguntei atordoado enquanto colocava meu óculos e me levantava.

— São onze e meia, mas ouvi dizer que hoje vão parar de servir mais cedo, então se eu fosse você me apressava.

Corri para o banheiro e quando voltei ao quarto Sirius não estava mais lá. Chegando a mesa com meu prato cheio de comida vi que todos já estavam se alimentando.

— Espero que tenha dormido bem, capitão. Quero uma festa de comemoração a nossa vitória hoje à noite – Lene que era fanática cobrou mal tinha me sentado.

— O jogo não depende só de mim, Lene, tem um time inteiro responsável pela nossa vitória – Respondi antes de encher minha boca de lasanha. Só percebi que estava com fome quando senti o cheiro da comida, ficar sem o café da manhã tem suas consequências. Entretanto não poderia comer muito ou então até a hora do jogo não teria feito a digestão direito.

— Mas é você quem treina o time, logo a maior responsabilidade é sua – Lene apontou teimosamente. Para ela perder não era uma possibilidade. Não que eu pudesse falar alguma coisa, não saio desse campeonato sem a taça de forma alguma.

— Deixa ele, Lene, não vê que todo mundo está o pressionando? – Lily, que estava linda a propósito, me defendeu – Nós que somos seus amigos devemos apenas incentivá-lo.

— Obrigado, Lily – Agradeci e quando vi estava dando um beijo em sua bochecha, essa atitude ocasionou sensações até então desconhecidas pelo meu corpo. Senti um solavanco no meu estômago e o coração acelerar por estar tão próximo dela, mesmo que por apenas uns segundos. Sentir seu cheiro, que sempre era maravilhoso, me trouxe uma sensação familiar e gostosa. Me afastei um pouco corado e abaixei o rosto para que ninguém percebesse, estaria morto se alguém comentasse algo.

— Você está com um pouco de olheiras, dormiu mal a noite? – Lily me perguntou discretamente uns minutos depois.  Ela parecia preocupada comigo e eu não pude deixar de acha-la fofa por isso.

— Um pouco ansioso – Dei um sorriso pequeno ao responder, em parte era verdade, mas ela mal sabia que a noite mal dormida era indiretamente culpa dela também.

— Vai dar tudo certo – Ela tentou me confortar.

— Eu sei que vai. Você está falando com o melhor jogador que Hogwarts já teve – Não pude deixar de brincar fingindo uma pose arrogante. Dei uma piscadela e ela apenas revirou os olhos para o que eu havia dito.

Saímos do salão principal perto de uma hora da tarde, o colégio estava em polvorosa. Vi garotas com faixas nas cabeças escrito “James gostosão” e eu entendi o que Lily quis dizer no dia anterior. Eu e os garotos passamos no dormitório antes de nos encaminharmos para o campo para que Sirius e eu pegássemos nossos uniformes. Remus e Frank jogavam vôlei, então hoje ficariam apenas na torcida.

Eu não costumo ficar muito nervoso antes dos jogos, geralmente a adrenalina e a empolgação superavam, dessa vez não estava diferente. Fiz meu discurso de sempre no vestiário com muito entusiasmo e saímos em direção ao campo. Quando nos viram, toda a arquibancada, que torcia para Hogwarts é claro, explodiu em gritos. Nosso primeiro jogo seria contra Durmstrang.

O árbitro apitou e deu início a partida, a posse iniciou com o time adversário, após alguns toques conseguimos tomar a bola deles. Sirius e eu éramos artilheiros e também um dos melhores do time, então além de sermos os mais visados erámos também os que mais recebiam a bola.

Igor Karkaroff estava se aproximando do nosso gol após cinco minutos de partida, mas teve seu avanço interceptado por Diggory que cruzou a bola para mim. Avancei fazendo alguns dribles e então chutei para Edgar Bones que estava próximo ao gol de Durmstrang. Para minha infelicidade a bola foi interceptada, no entanto Sirius conseguir retomar a posse dela e avançar novamente.

Já fazia meia hora de partida e não havíamos feito nenhum gol, os jogadores começavam a demonstrar cansaço, o time de de Durmstrang estava com uma performance muito melhor que a do ano passado. Já haviam três tentativas de gol da parte deles e 4 nossas. Eles também estavam um pouco mais brutos, já haviam levado dois cartões amarelos, enquanto nós seguíamos irrepreensíveis na medida do possível.

Faltando três minutos para o primeiro tempo acabar fiquei irritado e saí correndo a toda em direção ao goleiro adversário e gritei pedindo a bola, quando estava para pegar fui atingido por Igor Karkaroff (ele estava me marcando desde o ínicio) que havia trombado intencionalmente em mim. Iria bater falta em frente ao gol, era nossa chance, mais que depressa me concentrei em dar o meu melhor chute de forma que fosse impossível a barreira ou o goleiro defenderem. Me afastei um pouco, peguei impulso correndo e meti o chute, só vi a bola acertando a rede e a torcida de Hogwarts gritando animadamente frente ao gol. Era o fim do primeiro tempo.

  Fui para o vestiário e encontrei Lily lá segurando uma garrafa de água, assim que me aproximei ela a estendeu para mim. Bebi quase toda a garrafinha e o que restou joguei em minha cabeça e rosto para refrescar. Assim que havia matado minha sede observei que Lily usava a faixa escrito “James gostosão” que as outras garotas estavam usando. Notando meu olhar divertido ela corou e tentou se retratar.

— Lene me obrigou a usar – Murmurou revirando os olhos – Disse que eu fui muito rude na minha faixa em homenagem a você e que precisava me retratar de alguma forma.

— Gostei da atitude de Lene – Brinquei. É claro que havia gostado de vê-la usando aquilo, mas agora não sabia se ela concordava com o que estava escrito ou não. Tive que me segurar para não perguntar, seria no mínimo estranho.

— Você está bem? Levou uma trombada feia lá fora – De novo o olhar preocupado que fazia ter vontade de abraça-la. Precisava seriamente me controlar ou em algum momento iria cometer uma gafe. Lily Evans, por que tão fofa?

— Aquilo? Não foi nada, nem fiquei dolorido – Era verdade, Karkaroff era magro então seu empurrão embora tenha me derrubado não causou mais nada. E exibindo meus músculos adicionei – Sou uma muralha.

— Você é tão convencido – Replicou divertidamente revirando os olhos novamente, ela fazia muito isso em minha presença – Só vim desejar sorte e o parabenizar pelo belo gol.

— Obrigado – Respondi com um sorriso. Ambos ficamos hesitantes sem saber se nos abraçávamos ou não, como estava suado não dei o primeiro passo, ela também não o fez então ficamos apenas nos encarando.

— Vou voltar para a torcida, a partida já está quase recomeçando. Até mais – Se despediu e saiu rapidamente me deixando embriagado com o cheiro de seu perfume que ficou no ar. Eu precisava seriamente de um médico.

O segundo tempo foi um pouco pior que o primeiro em relação a agressividade dos jogadores, tivemos uma baixa, pois um dos nossos foi lesionado. No entanto com todos os contratempos conseguimos vencer de 2x0. O outro gol foi feito por Sirius e é claro que ele não pode deixar de sentir o máximo por isso.

— Festa no sétimo andar! – Sirius gritou quando toda a arquibancada desceu para abraçar o time. Nesse andar tínhamos uma sala que chamávamos de “sala precisa”, toda vez que precisávamos de algum lugar para algo, ela era útil.

Após recebermos os parabéns da galera passei no vestiário e peguei minhas roupas, iria tomar banho no dormitório. Não encontrei Lily ou alguma das garotas, provavelmente não quiseram se embrenhar na multidão só para nos abraçar.

Encontrei o dormitório vazio, Sirius havia ido conseguir bebidas (ele sempre dava um jeito de fugir do colégio e ir até Hogsmead. Geralmente íamos os dois, mas hoje não estava afim). Tomei meu banho tranquilamente, havia suado muito com o jogo e detestava ficar pegajoso. Quando sai do banheiro Remus mexia no celular com a toalha na mão, assim que me viu sair saiu correndo para o banheiro sem falar nada, de modo que fiquei sem entender.

— Dor de barriga – Remus gritou dentro do banheiro, provavelmente imaginando que eu estranharia sua atitude.

Me troquei colocando uma roupa bonita, confesso que quando a vesti estava pensando o que Lily acharia, tentaria ficar a maior parte da festa ao seu lado lhe fazendo companhia, sei que ela não curte muito as festas que Sirius organiza e acaba ficando um pouco sozinha.

Sentei na cama de Remus para calçar meu tênis, que misteriosamente estava jogado lá perto, e vi que seu celular estava aberto na conversa com Dorcas. Estava desligando a tela quando algo me chamou a atenção. Era a foto de um casal e Dorcas dizia “o que eu quero fazer com você hoje a noite”. Cliquei na foto e aumentei o brilho da tela para reconhecer quem era, o choque tomou conta de mim quando percebi que erámos eu e Lily.

Ela estava em sua fantasia de Ariel e estávamos na frente da minha casa. Estávamos nos beijando. Intensamente. Ou pelo menos parecia na foto. E então de uma hora para outra várias memórias encheram minha mente. Eu com raiva de Diggory por estar dançando com Lily e enchendo a cara, logo depois inventando uma desculpa esfarrapada para a tirar de perto dele. Nós dois indo até a minha casa e a vontade louca que senti de beijá-la quando ela estava perto demais de mim. E então o beijo, um senhor beijo. Como eu havia esquecido daqueles lábios macios, das mãos pequenas e quentinhas me acariciando e daquele cheiro maravilhoso que ela exalava? E por que ela não me disse nada no outro dia em sua casa? Ela certamente se lembrava.

Mas, se ela não quis citar o ocorrido, provavelmente não havia gostado e se aproveitou do meu esquecimento para não trazer isso à tona e nos deixar constrangidos. Como iria conseguir encará-la agora? E se já era difícil ficar perto dela sem fazer nada antes, agora seria muito pior. O desespero começou a me invadir quando ouvi a porta do banheiro sendo fechada e a voz de Remus me trazendo a realidade.

— O que você está olhando no meu celular? – Questionou enquanto pegava o aparelho de minha mão e via o que eu estava vendo. Seu olhos se arregalaram e então ele me olhou culpado sem saber o que dizer.

— Há quanto tempo você sabe disso? – Perguntei ainda em choque com tudo que havia me lembrado.

— Sei desde o momento que essa foto foi tirada. Eu e Dorcas estávamos passeando quando encontramos vocês e ela resolveu que era um momento digno de registro – Respondeu parecendo sem graça por ter escondido aquilo de mim – Ela me fez jurar que não contaria a não ser que você iniciasse o assunto primeiro, no caso, se você se lembrasse do ocorrido.

— Quem mais sabe? – Questionei imaginando se Sirius teve a capacidade de conseguir esconder esse segredo de mim.

— Apenas eu e as garotas, Sirius e Frank não sabem – Me tranquilizou. Seria muito ridículo todo mundo saber de algo que eu fiz quando eu mesmo não me lembrava.

— Menos mal – Comentei enquanto começava a calçar meu tênis.

— James, tem algo mais que você precisa saber – Ele continuou parecendo levemente preocupado – Você supostamente não deveria saber disso, mas eu preciso te contar.

— Fala logo que eu estou ficando tenso – Mais tenso se isso era possível.

— Foi o primeiro beijo dela.

Foi como um balde de água fria e um tapa na minha cara. Tudo junto. Eu realmente havia agido daquela maneira? Eu que sempre tentei protege-la de caras que se aproveitariam dela em um momento e no outro a descartariam, acabei agindo de forma pior. Se possível, a culpa me atingiu mais forte ainda, eu havia sido um cafajeste de primeira classe. Beijei a garota, que nunca tinha beijado ninguém, bêbado, de uma forma nada delicada para um primeiro beijo e ainda tive a capacidade de não me lembrar. Eu, certamente, não teria coragem de encará-la pelos próximos dias.

— Remus, eu sou horrível – Foi a única coisa que consegui dizer – Não vou ter coragem de ir pra aquela festa e a encontrar.

— Você vai ter que ir, todos te esperam lá. E você sabe que a chance dela vir te procurar é muito grande – Remus como sempre observou inteligentemente – O que você prefere, encontrar ela aqui sozinho ou lá embaixo rodeado de pessoas?

Senti um calafrio ao imaginar nós dois aqui sozinhos, com certeza preferia encontrá-la na festa.

— Você sabe que precisa falar com ela – Ele pontuou enquanto vestia sua camiseta.

— Eu preciso? – Questionei temeroso mesmo sabendo a resposta. Remus apenas confirmou com a cabeça mantendo um olhar sério – Não sei se tenho tanta coragem.

— Vai ter que encontrar em algum lugar. Pelo que eu sei garotas costumam valorizar o primeiro beijo e Lily faz esse tipo, ainda mais porque o dela foi com dezesseis anos. – Seu olhar me fazia sentir ainda pior, mas ele continuou – E o fato de você nem se quer ter lembrado no outro dia pode tê-la magoado. É claro que ela esconde isso bem, em prol da amizade de vocês, mas é algo que está ali e seria bom se você se retratasse.

Apenas gemi tampando o rosto com seu travesseiro, era difícil assumir, mas ele estava certo.

Quando Sirius chegou já estávamos prontos, não citamos o assunto para não expor Lily, mas com certeza quando ele descobrisse iria ficar chateado comigo por não ter contado.

Pelo jeito meu eu bêbado sabia que eu estava apaixonado (ainda era estranho usar essa palavra) por ela a mais tempo do que meu eu sóbrio. Ou talvez ele só tivesse menos orgulho para engolir.

Quando Sirius terminou já estávamos 40 minutos atrasados para o horário de início da festa, Frank havia chegado um pouco depois e também desceu conosco.

Estava nervoso ao entrar na sala precisa e a primeira pessoa que vi sentada em um canto mais distante juntamente com Dorcas e Alice, foi Lily. No entanto do nada surgiram várias garotas que se amontoaram em cima de mim e Sirius e então minha atenção foi desviada de uma certa ruiva de olhos verdes.

Para minha sorte as pessoas não me deixaram sozinho um minuto se quer, então não consegui ir até Lily em momento algum, uma ótima desculpa para minha mente que se martirizava em culpa pelo que havia feito. No entanto após algum tempo observei que ela havia ficado sozinha, Dorcas e Alice estavam com seus namorados enquanto Lene havia desaparecido, Sirius também não se encontrava a vista.

Observei pelo canto de olho que alguns garotos a chamaram para dançar, mas ela não aceitou fazer par com nenhum. Ainda estava sem coragem para falar com ela quando fui abordado por mais um grupo de colegas.

Depois de uns 30 minutos em que as garotas a deixaram sozinha percebi que ela me encarava. Quando a encarei de volta ela apenas deu um sorriso, que fez meu coração bater mais rápido, e sinalizou me chamando para ir até ela.

Por um breve instante esqueci a cagada que havia feito e fui até o lugar em que ela estava sentada, assim que fiquei ao seu lado ela me abraçou dando-me os parabéns pelo jogo. No momento em que senti seu perfume me lembrei do ocorrido, logo culpa e vergonha me assolaram. Como ela ainda me tratava normalmente? Deveria estar com raiva de mim por ter sido tão hipócrita e insensível com ela.

— Agora só tem que ganhar os próximos três jogos para levar a taça – Comentou sorridente assim que se afastou de mim. Ao olhar seus olhos a única coisa que consegui lembrar foi da minha voz dizendo “por que eu nunca fiz isso antes?” durante nosso beijo. Alheia a toda a confusão que se passava em minha mente ela continuou – Mas não vai ser difícil para vocês, não depois de hoje.

Dei um sorriso amarelo querendo realmente focar na conversa e calar meus pensamentos de vez, mas estava difícil.

— Realmente, estreamos com chave de ouro – Comentei bobamente tentando não parecer lesado.

— Que milagre é esse que você não está bebendo? – Perguntou com uma carinha fofa de curiosidade e diversão.

— Na última vez exagerei demais, estou dando um tempo – Tentei citar indiretamente minha festa e averiguar sua reação, mas foi inútil, ela não demonstrou absolutamente nada.

— Fico feliz, você bêbado é um saco. – Ainda por cima teve a capacidade de me implicar.

Aos poucos consegui relaxar em sua presença e esquecer o que havia acontecido, não totalmente é claro, vez ou outra me pegava admirando sua boca.

— Tem alguma coisa no meu dente? – Ela perguntou após alguns minutos de conversa, para minha vergonha ela percebeu meus olhares. A única coisa que queria nesse momento era ter onde enfiar a minha cara para ela não me ver corando.  Como isso não era possível apenas inventei que ela tinha batom no dente.

Tirei ela para dançar enquanto não criava coragem para falar sobre minha descoberta de mais cedo. Porém, se já estava difícil não dar bandeira sobre meus sentimentos quando estávamos alguns centímetros de distância, ficou mais difícil ainda com ela abraçada a mim enquanto dançávamos uma música lenta.

Aos poucos o pessoal foi indo embora e fomos ficando apenas nós, Lene e Sirius apareceram algum tempo depois e ambos pareciam alterados pela bebida.

Todos já haviam retornado aos seus dormitórios e por fim restaram para arrumar toda a bagunça eu, Lily, Sirius, Lene, Alice, Frank, Dorcas e Remus.

— Gente, eu tenho uma ideia – Lene tentou falar com sua voz enrolada – O que acham de brincar de Eu Nunca?

— Acho uma ótima ideia! – Dorcas exclamou animadamente, também parecendo ter bebido um pouco demais.

Sirius se apressou para pegar a bebida e senti Lily ficar tensa ao meu lado.

— Eu não vou beber isso aí! – Ela realmente parecia nervosa com o que poderia acontecer caso ela tivesse que beber. Confesso que também estava um pouco tenso com o que poderia sair daquela brincadeira, mas não daria para não participar sem parecer suspeito.

— Deixa de ser sem graça, Lily! – Foi Alice quem disse já se sentando e sendo seguida pelos demais.

Fizemos um círculo, colocamos uma garrafa no meio e copos para cada um.

— Todos já sabem as regras, certo? O mais velho começa dizendo algo que nunca fez, quem já tiver feito vai ter que virar o copo. Depois disso em sentido horário a brincadeira continua – Lene confirmou antes de iniciarmos e se direcionando a Lily finalizou – Não quero ninguém roubando, não se esqueça que sei tudo sobre você.

Em resposta ela apenas revirou os olhos e soltou um muxoxo que eu não consegui entender. Frank o mais velho deu início ao jogo.

Não sei porque, mas tinha a sensação de que aquele jogo não seria divertido para todo mundo.


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Notas finais do capítulo

Oii, olha eu de novo!
Finalmente James admitiu, hein? E o que será que vai rolar nesse jogo?
Espero que tenham gostado, coloquei só o ponto de visto do James para entendermos melhor seus sentimentos.

Beijos e até o próximo capítulo!



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