Meu riso é tão feliz contigo escrita por Katniss Prior Potter


Capítulo 12
Crescer é necessário


Notas iniciais do capítulo

Olha aí mais um capítulo!



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POV Dorcas

Estava em uma sala qualquer do terceiro andar esperando Remus para nossa primeira aula. Minha ansiedade me fez chegar vinte minutos antes do horário marcado, então agora me encontrava sentada em uma cadeira balançando a perna direita furiosamente.

Fui surpreendida quando a porta se abriu dois minutos depois de eu ter olhado para o relógio pela quinta vez. Pelo visto não era a única a chegar antes do horário.

— Oi, Dorcas – Remus me cumprimentou um tanto quanto ofegante. Provavelmente havia subido as escadas depressa – Está aqui há muito tempo?

— Nada, acabei de chegar – Menti com um sorriso amarelo.

— Que bom, detesto deixar as pessoas esperando – Me deu um sorriso fofo enquanto se sentava próximo a mim. Senti meu coração acelerar quando o cheiro de seu perfume me atingiu, acho que não seria tão fácil assim tentar conquista-lo – Vamos começar?

— Claro – Respondi pegando meu caderno – Mas antes de começarmos queria te agradecer. Você não tem a obrigação de me ajudar, mas mesmo assim está aqui. Poderia estar se divertindo ou algo do tipo...

— É um prazer poder te ajudar, Dorcas – Ele me interrompeu antes que eu continuasse meu falatório. Sua mão voando automaticamente para a minha.

Ao perceber o contato Remus corou e desviou o olhar de mim para o seus cadernos.

— Então vamos lá – Mudou de assunto rapidamente – No que você tem mais dúvida?

— Em tudo? – Disse meio incerta e sem graça, iria dar trabalho pra ele.

— Ok... Então vamos começar pelos conteúdos que tenho certeza que vão cair na prova.

Descobri que Remus era um ótimo professor, por vezes me peguei distraída por sua beleza, mas apesar disso consegui começar a entender muita coisa. Talvez tivesse jeito para mim, afinal.

— A Lei dos Cossenos estabelece que em qualquer triângulo, o quadrado de um dos lados, corresponde à soma dos quadrados dos outros dois lados, menos o dobro do produto desses dois lados pelo cosseno do ângulo entre eles – Remus disse com toda fluência de quem sabe o conteúdo, mas parou ao ver a confusão em meu rosto – Complicado demais?

— Muito, pra que eu tenho que saber disso? Que coisa inútil – Repliquei revoltada com a matéria – Sério mesmo, se eu dependesse disso para viver, morreria.

— Não é tão difícil assim depois que você entende – Disse compassivo – Vamos fazer uns exercícios para ver se você consegue compreender melhor o conceito na prática.

Ficamos ali um bom tempo até que eu entendesse essa parte, mas no fim consegui responder uma questão sozinha.

— Parabéns, o resultado está certo – Remus me parabenizou com um sorriso lindo – Pelo visto você está aprendendo, agora é só treinar mais um pouco para sanar todas as dúvidas que puderem surgir.

— Ai, muito obrigada, de verdade – Exclamei emocionada o abraçando subitamente – Você é a primeira pessoa que consegue me fazer entender isso aqui, Lily e Alice já tentaram milhares de vezes, mas nunca deu certo.

— Desse jeito você me constrange – Retribui meu abraço meio sem jeito – Mas fico feliz por te ver assim.

Me afastei dele, pois já estava ficando íntimo demais e ao constatar as horas levei um susto.

— Já são mais de dez! Nem vi o tempo passar.

Ao lado de Remus as horas voavam, era sempre assim. Recolhemos nossos materiais e saímos dali em direção aos dormitórios. Resolvi que era a hora de jogar um verde.

— Remus – Chamei-o e ele me encarou inquisidor – Você ainda está saindo com a Vance?

— Não – Respondeu direto e com uma cara de asco que me agradou muito – Acho que a gente não tinha muita química.

— Isso é verdade, vocês não combinavam mesmo – Concordei fervorosamente ao passo que ele estranhou minha reação.

— Parece que você já tinha uma opinião formada sobre isso – Replicou com as sobrancelhas erguidas – Por que acha que não combinamos?

Droga porque ele não podia ser um pouquinho menos esperto?

— Pelo seu jeito você parece gostar de garotas mais reservadas – Tipo eu quem sabe? - e a Vance é muito atirada, é mais a cara do Sirius e do James. Mas o que eu posso falar né? Não é como se eu ficasse observando com qual perfil de garotas você costuma sair.

Mentira eu observava sim.

Ele não era como os meninos que ficavam com várias garotas, mas pelo que eu me lembre já saiu com um número bastante considerável. E isso me desanimava, pois geralmente eram meninas bonitas e legais, ou seja uma concorrência um pouco injusta. Não que eu me achasse feia, de forma alguma, mas talvez não fosse o tipo dele.

— Você não está errada, realmente esse é meu tipo de garota – Disse olhando em meus olhos e me deixando um pouco desnorteada – E qual seria o seu tipo?

Opa, fui pega de surpresa com essa.

— Gosto de caras inteligentes – Consegui disfarçar sem precisar mentir, vai que ele pegava a indireta – Aqui em Hogwarts tem poucos.

— Que maldade – Disse divertido, não conseguindo esconder um sorriso – Mas não deixa de ser verdade. Você parece ser bem seletiva, pelo que já percebi não sai com muitos garotos.

Então quer dizer que ele anda reparando com quem eu saio? Bom saber.

— Confesso que não gosto de sair com os caras sem ter o mínimo de sentimento por eles, acho tedioso e constrangedor.

— Interessante – Concluiu parando em frente a porta do meu quarto e como quem não quer nada perguntou –Então me diga, existe alguém aqui com quem você sairia?

— Existe – Respondi antes que pudesse pensar na revelação que essa resposta traria.

Ele não escondeu o sorriso divertido que apareceu em seu rosto, devia se sentir muito sagaz retirando aquela informação de mim tão facilmente.

— Bom saber – E com um beijo em minha bochecha se despediu – Boa noite, Dorcas.

— Boa noite, Remus.

E eu que zoava a Lily por se derreter pelo James, me encontrava da mesma forma naquele momento.

Ao entrar no quarto percebi que Lene não havia chegado ainda, pelo visto não era apenas eu que estava com dificuldade em alguma matéria.

Estava tão cansada que nem vi o momento em que o sono chegou.

POV James

As palavras de Diggory continuavam a martelar em minha cabeça. O que ele quis dizer com aquilo de não ser igual a mim por saber como se trata uma mulher? Eu sei tratar uma mulher e muito bem! É por isso que elas gostam de mim.

 Ok, algumas já tiveram seus corações partidos, mas eu sempre deixei claro que não queria nada sério com elas. Se uma ou outra se iludia o problema era delas!

Meus pensamentos foram interrompidos por Remus que acabava de chegar.

— Pela sua cara a aula foi boa – Zoei não resistindo ao ver sua expressão de bobo apaixonado.

— Acho que ao invés de estudar matemática, eles estudaram biologia – Frank que ainda não tinha pegado no sono também caçoou.

— Não aconteceu nada demais se vocês querem saber – Remus retrucou revirando os olhos enquanto começava a trocar de roupa.

— Então explica pra gente por que chegou com esse sorrisinho – Eu nunca deixava barato, se tinha a oportunidade de pegar no pé de alguém ia até o fim.

— É coisa de gente apaixonada, James, você não entenderia – Ironizou se referindo a nossa última conversa sobre sentimentos – Inclusive Frank fica o tempo todo assim.

Não pude deixar de rir, pois era a mais pura verdade.

— Engraçadinhos, vocês dois – Frank cortou - Conta aí pra gente como foi, cara.

— Só estudamos, já disse, voltando pra cá conversamos um pouco, mas nada muito relevante.

— Não sei como você consegue ser tão lerdo – Comentei – Na primeira oportunidade eu teria agarrado ela.

— As coisas não funcionam assim quando você quer mais do que só se aproveitar da garota – Remus agora parecia irritado – Sei que pra você pode parecer simples, mas para se conquistar alguém de verdade um beijo não é suficiente.

— É verdade, se Dorcas é especial, ele tem que saber como trata-la para que ela não se sinta descartável – Frank conseguiu ser profundo dessa vez – Convenhamos que você não é o melhor para opinar sobre isso.

— Exato – Remus concordou.

— O que querem dizer com isso? Que eu não sei como tratar uma mulher? – De novo isso? Não é possível.

— Sim – Por coincidência os dois responderam juntos, mas apenas Remus continuou – Você pode ter muitas garotas querendo uma chance contigo, James. Mas duvido alguma querer algo sério, pode até topar, mas vai viver com medo de ser trocada.

— É verdade, fora que as garotas legais de verdade, correm de caras como você e Sirius – Frank alfinetou – Não sei se vocês já perceberam, mas só pegam meninas fúteis, metidas, arrogantes e sem querer ser maldoso, até burrinhas.

— Garotas como a Lene, Lily, Alice e Dorcas são exemplos claros de que não se rendem ao charme de vocês – Remus apontou inteligentemente – Isso porque elas tem mais do que roupas, maquiagem e festas na cabeça.

— Eu mesmo não iria ter paciência para sair com meninas como Felicity Wright ou Melanie Dickens – Frank continuou – Gosto da sensação de construir um sentimento com alguém, compartilhar experiências e vivências com essa pessoa. Namorar é bacana, cara, um dia você deveria tentar.

— Mas antes ele precisa segurar esses hormônios, ou nenhuma garota legal vai querer ele – Remus caçoou e Frank concordou. Agora eu era vítima de chacota, só faltava isso mesmo.

— Imagine só, James, alguém fazendo com Lily exatamente o que você faz com outras meninas? Digo em todos os aspectos – Frank deixou essa ideia no ar e a verdade me atingiu em cheio.

Realmente eu era um cafajeste.

Quem eu achava que era para usar as garotas daquele jeito? Imaginar Lily sendo tratada da mesma forma que eu tratava outras garotas me revirou o estômago, e se eu achava que ela não merecia aquilo, por que outras garotas mereceriam?

Não consegui responder Remus e Frank, pois fomos interrompidos com a chegada de Sirius que ostentava um sorriso brilhante em seu rosto.

Aproveitei a deixa para me deitar e não precisar voltar ao assunto, já ia me martirizar demais só com o que já ouvi.

Adormeci com um pensamento em mente: eu precisava mudar minhas atitudes e deixar de ser tão moleque.

POV Lily

— Lily! – Ouvi Lene sussurrar meu nome antes de sairmos do quarto para ir tomar café – Preciso falar com você.

Ela parecia nervosa com o que quer que fosse falar então apenas pedi Dorcas e Alice para irem na frente.

— O que você tem, Lene? – Perguntei enquanto a observava andar de um lado para o outro no quarto.

— Você tem que me prometer que o que eu vou te falar agora não vai sair daqui. Eu estou com tanta vergonha! – Disse a última frase com as mãos no rosto e se jogando em sua cama.

— Estou ficando preocupada, fala logo o que aconteceu – Me aproximei dela afastando seus pés para que pudesse sentar em sua cama também.

Ela me olhou fixamente por alguns segundos antes de soltar.

— Eu fiquei com Sirius na festa de James e ontem também – Ela mordia os lábios nervosamente.

— Você o que? – Eu estava em choque – Achei que se odiassem.

Ela apenas me lançou um olhar incrédulo.

— Tá se odiar é demais, mas ficarem se pegando também é – Não conseguia acreditar naquilo – Me conta como isso aconteceu.

— Sei lá como aconteceu, Lily – Ela tinha o olhar perdido como se estivesse tentando se lembrar – Eu só sei que Sirius tem um jeito sedutor irresistível, é impossível não ceder.

Não sabia o que dizer, eu não achava Sirius nada irresistível, tudo bem que ele é bem gato e tudo mais, porém não conseguia o ver dessa forma.

— Eu só precisava contar para alguém – Desabafou – Estava com vergonha de falar com as meninas e me senti mais confortável em falar só com você.

Eu já estava entendendo tudo.

— Você está com vergonha de assumir que gostou de ficar com ele porque é demais para seu orgulho, não é? – Eu conhecia Lene bem demais e conseguia ler suas emoções muito facilmente – Mas duas vezes, Lene?

— Na verdade não foram exatamente só duas vezes – A olhei questionadora – Na festa de James foi sim só um beijo, mas ontem, foram vários.

Não consegui segurar a risada, ela estava com uma cara de derrota que era muito cômica.

— Para de rir, Lily! Estamos em um assunto sério aqui.

— Desculpe, Lene – Enxuguei algumas lágrimas de riso e continuei – É que essa situação é um pouco ridícula, você sempre dizia que não ficaria com ele nem que ele fosse o último homem da face da Terra.

— Exatamente por isso que eu estou assim, como pude cair nos encantos dele?

— Não seria a primeira vez, não é? – A olhei com as sobrancelhas erguidas. Como havia dito, conhecia Lene muito bem, sabia que anos atrás ela tinha queda (um precipício talvez) por Sirius. Mas com o tempo a relação deles mudou e se tornou o que é hoje.

— Como você sabe? – Apenas lhe dei um olhar incrédulo que dispensou resposta – Ok, isso não vem ao caso.

— Como vocês vão ficar agora? Sirius quer assumir algo com você ou foi só curtição mesmo? – É claro que a última opção era a mais óbvia, mas não queria ser direta assim.

— É nesse ponto que queria chegar com você – Sua postura passou de levemente desesperada para analista – Sirius não é de ficar com uma garota mais de uma vez, são raros os casos e geralmente se a garota insistir muito. Mas ontem ele deixou claro que vai tentar ficar comigo de novo.

Ela me contou brevemente como tudo havia acontecido e a única coisa que me veio à mente foi James dizendo que Sirius já havia lhe falado que Lene era a única garota que mexia com ele. E eu como a boa amiga que era contei isso a ela.

Um sorriso maléfico apareceu em seu rosto e eu fiquei curiosa para saber o que se passava naquela mentezinha maligna.

— Bom, isso colabora e muito para meu plano dar certo.

— Plano? Que plano, Lene?

— Lily, pensa comigo, do que Sirius mais se gaba por aí?

—  De ser irresistível e ter todas as mulheres aos seus pés – Não estava entendendo onde Lene queria chegar com aquilo.

— Exatamente, de agora em diante se Sirius quiser ficar comigo eu não vou negar, afinal de contas foi bom pra caramba e eu também aproveitei – Lene não estava fazendo muito sentido para mim, mas aguardei que ela continuasse – No entanto eu vou agir como se não fosse nada pra mim, como se não significasse, como se ele fosse só mais um. Pra justamente atingir o ego dele, vou tratar o Sirius da mesma forma que ele trata todas as garotas.

Não pude deixar de ficar preocupada com esse plano, Lene até podia se passar de durona sem sentimentos, mas eu sabia que ela não era assim. O risco de ela sair machucada disso tudo era muito maior do que o de Sirius ser afetado.

— Lene, toma cuidado, você pode acabar se apaixonando e no fim o tiro pode sair pela culatra.

— Fique tranquila, Lily, eu sei cuidar de mim.

Não disse mais nada a ela, quando Lene enfiava algo em sua cabeça, ninguém tirava. Lene deu o assunto por encerrado e nos encaminhamos para tomar café.

— Me conta como você e Amus estão – Ela mudou de assunto agora que nos dirigíamos ao Salão Principal.

— Estamos bem, enquanto não tem sentimento envolvido vai dando certo – Dei de ombros – Só espero que ele não me surpreenda com um pedido de namoro.

— Não gosta dele o suficiente para assumir esse compromisso?

Apenas neguei com a cabeça em resposta.

— Mas por quanto tempo pretende levar assim?

— Não sei dizer, tudo está tão recente, não vejo porque me preocupar com isso agora.

— Se você pensa assim, então está tudo bem.

Quando chegamos na mesa todos já estavam terminando de comer.

— Demoraram, hein – Alice reclamou com a boca cheia de comida.

— Precisava da ajuda de Lily para um projeto aí – Lene respondeu de modo evasivo. Percebi que ela nem olhou na direção de Sirius, pelo visto já estava pondo seu “projeto” em ação.

Olhei para James que andava estranho nos últimos dias, parecia que era ele quem estava se afastando de mim e não o contrário. Não podia negar que sentia falta dele, nossos momentos juntos eram sempre os melhores e nada os substituía. Sim, fazia pouco tempo que as coisas tinham mudado, mas isso não vem ao caso.

Observei Narcisa Black se aproximar e não tive um bom pressentimento. Ela era uma das maiores vacas desse colégio, sempre desagradável e arrogante, agia como se todo mundo fosse um monte de bosta que ela tinha que desviar para não pisar. Muito diferente do primo, Sirius, que também não a suportava.

O pior disso tudo é que ela era linda de morrer, loira e com um corpo de dar inveja. Não surpreendentemente ela enlaçou o pescoço de James (que não a vira chegar, pois estava de costas) por trás e depositou um beijo em sua bochecha. A atenção da mesa agora estava neles.

— James, fofuxo! – Exclamou com sua voz enjoada e ainda sem soltar seu pescoço – Eu estava pensando se você gostaria de dar um passeio comigo nos jardins mais tarde, relembrar os velhos tempos, sabe?

Só de pensar que James ficou com essa loira aguada me dava nojo, mas isso já tinha um bom tempo.

James que surpreendentemente não esboçou muita reação com todo esse showzinho apenas tirou os braços dela de seu pescoço, a afastou e respondeu calmamente.

— Não estou muito a fim, Narcisa.

Como assim? James Potter rejeitando uma loira gostosona? O mundo estava de pernas para o ar. Aparentemente eu não era a única incrédula ali.

— Como assim não está a fim, James? – A Black parecia furiosa, acho que nunca tinha levado um fora na vida, ainda mais com telespectadores.

— Não estando, não quero sair com você – Respondeu tranquilamente enquanto ajeitava seus óculos no rosto.

Black abria e fechava a boca várias vezes como se não acreditasse naquilo, mas vendo que seria vergonhoso fazer escândalo, saiu batendo os pés.

— Quem é você e o que fez com James Potter? – Foi Sirius quem perguntou, expressando a incredulidade de todos.

— Vocês viram a cara dela? Adorei! – Lene interrompeu tendo um acesso de risada. Os outros que estavam segurando o riso acabaram se rendendo também e eu os segui.

O sino soou avisando que era hora de nos encaminharmos para a primeira aula daquela quarta-feira. Como sempre, pegava essa aula com James e ia aproveitar a deixa para o inquirir a respeito do fora que ele dera em Narcisa.

Tive que correr atrás dele para o alcançar, outra coisa estranha, ele sempre me esperava.

— James, me espera – Chamei já me aproximando e fazendo-o parar – Que pressa é essa pra assistir a aula do professor Binns?

— A pressa é para fugir das perguntas – Respondeu com um sorriso sem graça.

— Lamento, mas isso não será possível – Brinquei – O que deu em você para dar um fora na Black daquele jeito?

— Não deu nada, eu só não quis, oras.

— Isso que é estranho, você não querer – O olhei sem entender – Na verdade nos últimos dias você tem andado diferente, aconteceu algo?

Ele parou e me encarou profundamente com seus olhos castanho-esverdeados escondidos atrás das lentes de seus óculos.

— Aconteceu algo sim. Ouvi algumas verdades e agora estou repensando umas atitudes minhas – E saiu andando novamente antes que eu dissesse algo. Eu o segui mais curiosa do que nunca.

— E você não vai me dizer o que te falaram e quais atitudes você está repensando? – Indaguei curiosa.

— Você tem os seus segredos e eu tenho os meus – Respondeu piscando marotamente.

— Poxa, James, isso não é justo!

— Relaxa, Lily – Finalizou – Quando eu me sentir à vontade pra falar você vai ser a primeira a saber.

Havíamos chegado na sala e junto com a gente o professor Binns, então não conseguimos continuar com o assunto.

James me deixara encucada, no entanto não poderia exigir que ele me falasse nada, afinal como ele mesmo tinha dito eu também tinha meus segredos. É claro que eu só escondia dele porque era exatamente sobre ele o segredo, mas enfim.

Fiquei o observando pegar no sono, ele sempre dormia nessa aula e só estudava pelas minhas anotações depois, e o idiota ainda conseguia se sair bem. Ele ficava tão lindo assim, dormindo, sereno.

 Ainda achava inacreditável o fato de que havíamos no beijado, eu sempre me pegava lembrando, era inevitável, principalmente antes de dormir. James sempre foi um sonho inalcançável para mim, mesmo estando tão perto. E agora com Amus eu conseguia perceber que nunca seria a mesma coisa, aquele negócio de tentar curar um amor com o outro é pura balela. Meus sentimentos por James não diminuíram nem um milímetro, muito pelo contrário, estava sentindo muita falta de sua companhia, mesmo que fizesse pouco tempo que as coisas haviam mudado.

Estendi minha mão para espantar um bichinho que se aproximou do rosto de James e aproveitei para fazer carinho em seus cabelos, que embora bagunçados, eram sempre macios. Ele abriu os olhos levemente e ao perceber que era eu, apenas deu um sorriso tranquilo e voltou a cochilar. Voltei a prestar atenção na aula, sem deixar de fazer o carinho nele.

Uma hora e dez minutos depois estávamos deixando a sala.

— Seu cafuné é muito bom, Lily – James elogiou passando o braço por cima dos meus ombros enquanto nos encaminhávamos para a aula de biologia no andar de cima – Impossível se manter acordado com ele.

— Nada te mantém acordado na aula de Binns – O contradisse divertida.

— Mas com seu cafuné o sono foi mais profundo – Replicou piscando pra mim – Hey, você quer matar essa aula e dar uma volta nos jardins? Te prometo que não vamos ser pegos.

Eu deveria ter dito não, mas ele estava com uma cara marota tão fofa que eu não resisti.

— Tudo bem, mas se nos pegarem digo que você me obrigou.

— Sim senhora! – Disse sorridente e batendo continência.

James POV

— Estava precisando fazer isso – Comentei quando nos sentamos em uma árvore frente ao lago – Não aguento mais essas aulas, quero férias.

Lily me olhou reprovadora.

— Até parece que você estuda muito assim pra ficar cansado – Revirou os olhos divertida – Só consegue tirar notas boas porque é anormalmente inteligente.

— Isso seria inveja? – Brinquei.

— Pior que sim viu – Ela estava com uma cara desgostosa – Diferente de você eu preciso estudar horrores pra aprender alguma coisa.

— Sei – A olhei desconfiado – Você é a melhor em todas as matérias, ninguém consegue esse feito, as vezes é muito bom em uma ou em outra, não em todas.

— Em física eu não sou tão boa assim – Ela replicou – McGonagall consegue me ferrar. Inclusive, você podia me ajudar com aquelas questões que ela deixou pra gente.

— Seu pedido é uma ordem – Pisquei pra ela. 

Decidi que deitar a cabeça em seu colo seria uma boa ideia, então eu o fiz, já estava com saudade daquele cafuné que tinha recebido agora pouco. Ela apenas me olhou questionadora, acho que indignada com a minha folga, mas como não disse nada resolvi permanecer ali.

— Daqui a pouco você vai dormir e eu vou ficar entediada – Lily reclamou começando a mexer em meus cabelos.

— Vou não, já dormi o suficiente por hoje – Lhe lancei um sorriso e peguei uma mecha de seu cabelo para mexer também – Há quanto tempo não corta o cabelo?

— Não sei, acho que uns dez meses. Se não me engano cortei no verão passado – Respondeu parecendo pensar.

— Está enorme – Constatei percebendo que ele começava a chegar ao fim de suas costas – Combina com você.

— Também estou gostando, nunca deixei desse tamanho – Disse analisando as pontas do próprio cabelo – Mas está começando a me dar trabalho.

Não respondi nada, apenas continuei olhando seu rosto que continha mais sardas do que me lembrava. O que mais me chamou atenção foram seus olhos, eu sempre soube que eles eram verdes, mas nunca havia notado o quanto eles eram bonitos e o quanto combinavam com seu cabelo. Por alguns minutos fiquei fascinado com o brilho deles, seria felicidade? Felicidade por causa de Amus Diggory?

— Lily, como você e o Diggory estão? – Minha curiosidade foi mais forte que o bom senso e tive que perguntar. Mas isso seria algo normal de amigos conversarem, não? Sobre seus ficantes, rolos e afins? Certo, nós nunca conversávamos sobre as minhas ficantes, mas meus “namoros” certamente não duravam mais que dois dias – Vocês parecem bem sérios.

Ela corou e desviou o olhar para o lago antes de me responder.

— Depende do seu conceito de sério. Não estamos namorando, pelo menos ele não me pediu.

— E você está bem com isso? – Se Diggory a magoasse iria cumprir aquilo que havia prometido a ele no vestiário sem remorso.

— Muito bem, na verdade se ele pedisse eu não sei se conseguiria responder que sim – E percebendo minha cara de confusão acrescentou – Eu acho que pra namorar tem que envolver algum sentimento, sabe? E por enquanto ainda não sinto isso, estamos só nos conhecendo e nos curtindo por enquanto.

 Lily não estava apaixonada pelo Diggory? Então não era ele o rapaz que ela havia me dito nutrir sentimentos. Isso com certeza alegrou meu dia.

Tentei esconder o sorriso que insistia em se formar no meu rosto, mas não deu muito certo.

— Você está achando isso engraçado? – Ela me perguntou desconfiada.

— Não, não. Só que nunca imaginei que você fosse entrar em um relacionamento desse tipo – Consegui mentir sobre o real motivo do meu sorriso – Quem te viu, quem te vê, Lilian Evans.

Ela corou e deu um tapa em meu braço como que brigando comigo.  Me levantei do seu colo, já que agora não tinha mais seu cafuné, e fiquei sentado em sua frente de costas para o lago.

— Que tipo de relacionamento você achava que eu entraria? – Ela perguntou depois de um tempo.

— Com certeza um namoro sério, com o cara indo lá na sua casa e pedindo permissão aos seus pais.

Ela me olhou incrédula e deu uma risada gostosa, que me permitiu admirar o quanto ela ficava bonita daquela forma espontânea.

Esses pensamentos estavam se tornando normais e isso me assustava. Só conseguia me lembrar dos pontos que Remus elencou sobre o que era estar apaixonado. No entanto não conseguia impedi-los, as vezes nem queria.

— Pedir em namoro? Os meus pais? Você tá de brincadeira né? Eles, minha mãe principalmente, são os maiores incentivadores da minha vida amorosa – Ela conseguiu dizer depois do acesso de risadas – Dona Sarah sempre me encheu o saco pra arranjar alguém. Agora ela está mais animada com isso tudo do que qualquer pessoa, inclusive eu.

— Um pouco parecidos com os meus então – Brinquei – Só que eles pegam no meu pé pra namorar você.

Ela corou graciosamente com meu comentário.

— Já fiquei em cada apuro com sua família, eles me passam muita vergonha – Disse dando uma risadinha e revirando os olhos – Não sei qual deles é pior.

— Minha mãe com certeza. Quase todos os dias ela me liga e pergunta por que não estamos juntos ainda – Mamãe era uma romântica incurável e pelo visto ela via em mim e em Lily um ótimo casal – Por falar nisso ela está muito triste comigo por ter te “perdido” para Diggory. Nas palavras dela eu deixei uma pedra preciosa escapar.

— Fico feliz que ela me tenha em tão alta conta assim, mas tenho pena de alguma futura namorada sua.

— Por que?

— Bom, Dona Euphemia não sabe ser discreta, provavelmente vai ficar comparando a pobre moça comigo – Não pude deixar de rir ao imaginar a cena – Um dia tente levar alguém para jantar lá e veja se isso não acontece.

— Essa eu passo, não pretendo levar nenhuma garota para conhecer meus pais se não for extremamente sério.

— Com toda sua aversão a compromissos isso provavelmente nunca vai acontecer – Ela alfinetou divertida.

— Hey! Eu não tenho aversão a compromissos – Emburrei – Só não achei nenhuma garota que valesse a pena.

Ela apenas me encarou sem expressão alguma e depois deu uma gargalhada.

— Me poupe, James, você mesmo me disse várias vezes que não entende porque as pessoas namoram se é muito melhor ter várias bocas pra beijar ao invés de só uma.      

Eu realmente havia dito aquilo?  Que ridículo!

— Eu mudei de ideia – Disse anormalmente sério. Remus e Frank de fato me fizeram repensar minhas atitudes.

Lily estava me olhando de forma incrédula já havia alguns segundos o que me fez corar levemente.

— Okay, está explicada a situação com Narcisa no café da manhã – Disse de forma lenta como se estivesse processando a informação – Mas isso é duradouro ou é só uma fase?

— Acredito que seja duradouro – Respondi estranhando sua pergunta – Não acredita que eu possa mudar, Lily?

— Acreditar, acredito. Mas de uma hora para outra, acho estranho.

— Não foi bem de uma hora para outra – Fui honesto – Já tem alguns dias que ando com as ideias meio confusas.

— E por que não falou comigo? – Perguntou de forma carinhosa. É claro que eu não iria responder a verdade, visto que ela tem grande participação nessa minha mudança.

— Não é como se tivéssemos tido muito tempo para conversar né – Ela realmente andava sumida esses dias, provavelmente estava se pegando com Diggory— E são coisas que prefiro conversar com os caras.

Percebi que sua expressão caiu um pouco e ela apenas murmurou um “ah sim” baixinho.

— E essa sua mudança não tem a ver com nenhuma garota? – Perguntou cautelosa.

— Um pouco, digamos que tem uma certa influência sim – Decidi responder afinal de contas ela jamais imaginaria qual garota.

— E você me diria quem é ela? – Mas é claro que ela não deixaria de tentar descobrir quem é. Entretanto eu tinha uma carta na manga.

— Você vai me dizer quem é o garoto por quem você nutre sentimentos? – Ela apenas balançou a cabeça negativamente – Então eu também não falo.

Lily apenas bufou frustrada.

Permanecemos ali até um pouco antes do horário da próxima aula e então nos dirigimos de volta ao prédio. Nunca tinha notado antes, mas com Lily não precisava de beijo ou amasso para ser o melhor momento do meu dia.

As palavras de Remus continuavam a ressoar em minha mente.


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Notas finais do capítulo

N.A: E aí, meus leitores ~fantasmas~ hahaha. Alguém por aí ainda? Vejo que tem gente lendo, mas não vejo comentários.

Não se sintam acanhados e me digam o que estão achando, sim?

Mais um capítulo para vocês, espero que gostem!

Quero aproveitar esse espaço para divulgar algo que descobri esses dias. Existe uma galera produzindo uma websérie sobre os marotos, e é brasileira! Quem se interessar é só copiar e colar o seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=wx0f1IsdA6c&t=889s

Deem uma conferida, está muito legal *-*



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