A Breaking Song escrita por Mr Mandias


Capítulo 5
Capítulo 5 - Pecador


Notas iniciais do capítulo

Update: Essa história está em processo de atualização, os capítulos serão todos revistos e os erros e incoerências mais graves corrigidos e, principalmente, a escrita suavizada; dito isso, esse capitulo já passou pela revisão.



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Duas semanas se passaram e Harry evitava pensar na grande conspiração em que ele havia tropeçado.

No fundo sabia que não havia muito tempo e que em breve teria que tomar uma decisão. Sua mente sobrecarregada com aulas e suas preocupações constantes com a pedra trouxeram de volta seu outro problema que não tinha verdadeiramente ido embora.

A oclumência de Harry vinha ficando melhor e seu corpo clamava cada dia mais alto pelo prazer que ele havia sentido uma única vez. No começo ele comparava seus impulsos com crises de abstinência, logo percebeu que tal avaliação era incorreta; pois tais impulsos, ao contrário dessas crises, não melhoravam, apenas ficavam mais violentos com o passar dos dias.

Neville, por sua vez, parecia convencido de que eles deviam a Hagrid alguma coisa. Afinal, na visão dele, eles eram os responsáveis pela separação do meio gigante e sua filha dragão.

Na opinião de Harry, eles apenas haviam salvado a pele do homem e se alguém devia algo a eles era Hagrid.

 No entanto, havia um justo esforço em  desconsiderar os pensamentos egoístas, pois lembra-se com carinho que o homem era seu primeiro amigo no mundo mágico.

Assim, ele e Neville se encontravam do lado de fora da cabana de madeira de seu amigo enorme, que saia pela porta, acompanhado pelo seu cão covarde e, proporcionalmente, tão grande quanto ele.

“Olá, meninos.”

Cumprimentou o meio gigante ao vê-los, ainda parecendo um pouco abatido.

“Olá Hagrid!” Neville respondeu gentil e calorosamente “O que você quer que façamos hoje?”

“Bem, há alguns meses os centauros vem reclamando sobre a morte incomum de alguns unicórnios.” Explicou o homem enquanto abastecia uma grande lamparina de aparência antiga. “O professor Dumbledore me pediu para investigar.”

Completou ele após estar satisfeito com a iluminação oferecida pela sua ferramenta, apontando-a em direção a floresta escura, poucos metros dali.

Harry sentiu uma diversão culpada quando, mesmo encarando a parte de trás da cabeça de Neville, pode observar o sangue de seu amigo sendo drenado do rosto e sua pele empalidecer.

“Certo.”

Gaguejou o menino apresentando os primeiros sinais de arrependimento e dando passos hesitantes na direção apontada por Hagrid.

O homem, não percebendo ou não se importando com o drama de seu acompanhantes menores e menos corajosos, os parou após alguns passos para dentro da floresta.

“Olhem ali.” Apontou ele. “Estão vendo aquela coisa brilhando no chão? Prateada? Aquilo é sangue de unicórnio.”

A revelação veio em um tom grave, Hagrid era um homem sensível com a maioria das criaturas mágicas, mas ferir um unicórnio era um crime particularmente grave.

“Tem um unicórnio ali que foi ferido gravemente por alguma coisa.” Disse ele determinado. “Vamos tentar encontrar o pobrezinho. Talvez a gente precise pôr fim ao sofrimento dele.”

Em termos simples, a floresta era inquietante desde os primeiros passos.

Qualquer dos cantos misteriosos não iluminados diretamente pela lamparina de Hagrid pareciam absorver a luz, criando um ambiente de constante escuridão nociva.

Harry não tinha dúvidas de que havia magia poderosa correndo pelo ar da floresta, impregnada nas raízes e troncos da vegetação fechada.

Fora isso, havia uma constante e desconfortável sensação de ser observado.

O trio, guiado por Canino, que ia à frente despreocupadamente, foi subitamente surpreendido por uma inesperada, ao menos para os dois garotos, bifurcação na trilha serpenteante.

“Certo.” Disse Hagrid de forma sombria. “Vamos nos separar aqui.”

Revelou o homem com certa naturalidade.

“O que?” Questionou Neville incrédulo. “Eu não vou sair de perto de você, Hagrid!”

Harry resolveu acabar com a discussão antes que ela começasse. Ele confiava implicitamente em Hagrid, se o homem achava que estava tudo bem se separar, não deveria haver nenhum perigo real.

“Está tudo bem!” Tranquilizou o jovem de olhos verdes. “Você pode ir com Hagrid, Neville. Eu levo o cão.” Finalizou o garoto. “Eu vou ficar bem.”

A tentativa de tranquilizar pouco servir; afinal, Neville continuava com uma feição horrorizada.

Felizmente o menino não discutiu.

“Muito bem, Harry.” Concordou Hagrid “Conjure faíscas vermelhas se precisar de ajuda, eu e Neville vamos por aqui.”

Concluiu apontando para a direita.

O garoto, por sua vez, simplesmente assentiu, conjurou um Lumus rápido e se pôs a andar em direção ao desconhecido.

Harry andou por alguns minutos, ora ou outra vendo o brilho distinto de sangue de unicórnio em contato com a luz pálida de sua varinha. A floresta era assustadora, quando mais ele se embrenhava nas entranhas mágicas do bosque mais troncos retorcidos e plantas de aparência ameaçadora entravam em sua linha de visão.

Em certo momento, Harry pensou ter visto um vulto à sua esquerda, examinou a área ao seu redor com um feitiço em seus lábios; mas, não notando nada de anormal, voltou a caminhar.

A curiosidade o fez relaxar sua oclumência por alguns segundos, ele sentia coisas diferentes vindas da floresta, sensações novas; uma magia selvagem misturada com uma um pouco mais escura; e, por fim, uma terceira sensação bem distinta das outras chamou sua atenção, era nitidamente perceptível apesar de esguia, Harry desistiu de decifrá-la, reforçou seus escudos e voltou a se concentrar na tarefa a sua frente.

Já tinha andando algumas centenas de metros e a trilha de sangue de unicórnio parecia ficar mais forte assim como a sensação ruim de ser observado, tentou não pensar muito nisso, era bastante óbvio que a floresta tinha vida, afinal.

Andou por mais meia hora antes da trilha sumir diante de seus olhos, a sua frente estava uma clareira e, ao centro dela, o que Harry procurava.

O unicórnio permanecia estático, claramente morto; mas, ainda assim, brilhando.

O menino não se lembrava de ter visto nada tão lindo. A beleza mórbida da cena causava-lhe tristeza e  uma porção de outros sentimentos indecifráveis.

Ele aproximou-se com cautela.

No entanto, antes que pudesse chegar a uma distância curta do cadáver sentiu seu corpo congelar ao escutar um som distinto.

Uma moita na orla da clareira estremeceu e do meio das sombras saiu um vulto encapuzado.

A criatura se arrastava de quatro pelo chão, como uma fera à caça.

Harry e Canino permaneceram paralisados por alguns segundos, observando a cena chocante.

O vulto encapuzado aproximou-se do unicórnio, abaixou a cabeça sobre um ferimento no flanco do animal e começou a beber o seu sangue abundante.

Diante da visão horripilante, o garoto tentou recuar.

A sorte, entretanto, não estava a seu favor.

Bastou um passo descuidado. Sentiu antes de ouviu o som de um galho partindo em seus pés.

O cão, que até então permaneceu ao seu lado, não ficou para ver os desdobramentos da cena.

A figura encapuzada ergueu a cabeça e olhou diretamente para Harry.

Sangue de unicórnio escorria pelo seu peito.

Ficou de pé e avançou rápido em direção ao garoto indefeso; que, corajosamente, tentou algumas brandas maldições de corte.

Antes que ele pudesse pensar em uma forma mais eficiente de defender-se, uma dor como nunca antes havia sentido varreu seus pensamentos.

Era como se a cicatriz em sua teste houvesse, sem avisos, se incendiado.

Exceto que não havia fogo, calor ou fumaça, apenas uma dor indescritível.

Meio cego, ele recuou cambaleando.

Ouviu cascos batendo em algum lugar às suas costas, galopando, alguma coisa havia saltado por cima dele e atacado o vulto misterioso.

A dor na cabeça de Harry foi tão forte que ele caiu de joelhos.

Demoraram vários minutos para a dor acalmar e o garoto voltar a ter alguma compreensão sobre o mundo à sua volta.

Quando finalmente ergueu os olhos, o vulto já havia, a muito, desaparecido. Em seu lugar, havia um centauro o encarando com interesse.

O meio homem parecia jovem, tinha cabelos louros prateados e um corpo castanho-avermelhado.

“Você está bem?”

Perguntou o centauro enquanto ajudava Harry a se levantar do lugar em que ocupava ao chão da floresta.

“Estou bom, obrigado, o que diabos era aquela coisa?”

Questionou o garoto inquieto, após afirmar que nada de ruim havia acontecido com ele.

O centauro não respondeu de imediato.

Tinha espantosos olhos azuis, como safiras muito claras. Mirou Harry com atenção, demorando o olhar na cicatriz que se destacava em sua testa.

“Você é o menino Potter. É melhor voltar para a companhia de Hagrid.” Ponderou a criatura mágica. “A floresta não é segura a estas horas, principalmente para você. Sabe montar? Será mais rápido.”

O despejo de informações confundiu Harry por alguns instantes, mas o centauro ainda acrescentou uma última informação.

“Meu nome é Firenze, à propósito.”

Antes que Harry tivesse a chance de responder qualquer coisa, o ser dobrou as patas dianteiras, incentivando que o garoto montasse em suas costas amplas.

Trotaram em silêncio por alguns minutos, chegando a um ponto particularmente denso da floresta antes de Firenze diminuir o passo e voltar a falar.

“Harry Potter, você sabe para que se usa o sangue de unicórnio?”

“Não.”

Negou categoricamente.

Ele, na verdade, sabia, mas não estava disposto a revelar esse pedaço de informação ou como chegou até ela.

“Só usamos o chifre e a cauda na aula de Poções.”

“É uma coisa monstruosa matar um unicórnio. Só alguém que não tem nada a perder e tudo a ganhar cometeria um crime desses.”

O centauro fez uma breve pausa, encarando os arredores.

“O sangue do unicórnio mantém a pessoa viva, mesmo quando ela está à beira da morte, mas cobra um preço terrível. Ela matou algo puro e indefeso para se salvar e só terá uma semivida, uma vida amaldiçoada, à partir do momento que o sangue lhe tocar os lábios até a derradeira morte.”

Ele sabia disso, o que não impediu de sentir seu estômago protestar ao pensar sobre a situação narrada.

“Quem estaria tão desesperado?” Pensou o garoto em voz alta. “Se a pessoa vai ser amaldiçoada para sempre, é preferível morrer, não é?”

Seu questionamento filosófico era, principalmente, ignorância fingida. O garoto já não era tão ingênuo, não depois de todas as suas leituras na sessão restrita.

Ainda assim, ele estava interessado nos pensamentos do habitante da floresta.

“É.” Concordou Firenze sucintamente “A não ser que ela precise se manter viva o tempo suficiente para beber outra coisa, algo que vai lhe devolver a força e o poder total, algo que significa que jamais poderá morrer.” A pausa etérea deu-lhe tempo para considerar as palavras. “Sr. Potter, o senhor sabe o que é que está escondido na sua escola neste momento?”

“A pedra filosofal.”

Murmurou o garoto com resignação.

“Não consegue pensar em ninguém que talvez esteja esperando por uma chance de voltar à vida a qualquer custo?”

Voltou a questionar o centauro, desta vez de uma forma sombria mais sombria.

Ainda não havia lhe ocorrido que talvez aquele interessado em roubar a pedra, no fim das contas, fosse Voldemort.

Harry, de repente, lembrou-se de uma conversa que havia tido com Hagrid meses atrás. Algumas pessoas pareciam acreditar que o Lorde das Trevas não estava tão morto quanto era comumente aceito pela maioria.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo súbito aparecimento de Neville e Hagrid, este que parecia surpreso sobre o lugar que Harry ocupava confortavelmente, nas costas de Firenze.

“Estou bem.” Afirmou Harry após questionamentos preocupados de Neville. “O unicórnio está por ali Hagrid.” Falou apontando a direção que ele achava que havia vindo. “Infelizmente, está morto.”

“Aqui eu lhe deixo, jovem.” Despediu-se o centauro “Está seguro agora, entre seus amigos.”

Os murmúrios do homem cavalo eram direcionados apenas à ele. Enquanto Hagrid corria em direção ao unicórnio com Neville em seu encalço.

“Boa sorte, Harry Potter.” Disse Firenze enquanto Harry descia de suas costas. “Os planetas já foram mal interpretados antes, até mesmo pelos centauros. Espero que seja o que está ocorrendo agora.”

Virou-se e entrou a trote pela floresta, deixando para trás um Harry cheio de incertezas e mais perguntas do que respostas.

***

“Então é isso!” Disse Neville com medo, após a explicação de Harry. “Voldemort quer a pedra!”

Harry, por sua vez, assentiu enquanto tomava um gole de chá e encarava a lareira da sala comunal da Grifinória.

“Isso foi o que Firenze disse.”

Confirmou ele em tom de voz sombrio.

“Talvez ele esteja errado.”

Argumentou o outro amigo, sem muita confiança.

Harry assentiu, mesmo não acreditando.

“Talvez, mas faz sentido, não acha? Quem mais beberia sangue de unicórnio e tentaria roubar algo bem debaixo dos olhos de Dumbledore?”

Neville foi obrigado a concordar.

“E o que nós vamos fazer?”

Voltou a questionar o Longbottom.

Harry não respondeu.

***

No futuro, Harry nunca conseguiria lembrar muito bem como conseguiu prestar seus exames enquanto esperava Voldemort irromper a qualquer instante pela porta, a oclumência provavelmente ajudou. Contudo, os dias foram se passando lentamente e não havia dúvidas de que Fofo continuava vivo e bem seguro atrás da porta trancada.

Fazia um calor de rachar, principalmente na sala das provas escritas. Os alunos tinham recebido penas novas e especiais para fazê-las, previamente encantadas com um feitiço anti-cola.

Houve exames práticos também. O Professor Flitwick os chamou à sala de aula, um a um, para verificar se conseguiam fazer um abacaxi dançar. A Professora Minerva observou-os transformarem um camundongo em uma caixa e conferiu pontos pela beleza da caixa, e os descontou quando a caixa tinha bigodes. Snape deixou-os nervosos, permanecendo em seu pescoço enquanto tentavam se lembrar de como fazer a poção do esquecimento, ironicamente.

Harry achava que tinha feito bem o suficiente, tinha certeza que a professora Minerva tinha ficado impressionada com sua caixa ricamente decorada. A cor vermelha, leão e dizeres sobre bravura certamente não atrapalharam seu desempenho.

Seu único problema realmente era a dor de cabeça incessante que o assolava desde seu encontro com a sombra na floresta.

Apenas o seu talento crescente em organizar e esvaziar a sua mente tornava sua existência suportável.

Por outro lado, Neville parecia pensar que ele estava nervoso por causa dos exames e aproveitou para tirar sarro de tal absurdo em todas as oportunidades que surgiram.

A verdade é que seu recorrente pesadelo tinha voltado a incomodá-lo e suas crises de abstinência magica eram mais fortes a cada vez que Harry relaxava sua oclumência.

Em alguns momentos ele tinha a sensação de que começava, lentamente, a sentir de forma leve até mesmo com sua mente firmemente no lugar.

Não havia razão para mentir para si mesmo, isso estava tirando seu sono, de forma muito literal.

Após um exame particularmente maçante de história da magia os dois amigos estavam livres para o que devia ser uma semana de relaxamento até a publicação dos resultados de seus testes.

Harry, no entanto, foi interrompido de seus pensamentos e divagações pela professora de transfiguração.

“Sr. Potter.” Chamou atenção a mulher. “O diretor pediu para avisá-lo que não poderá ajudar no seu problema no próximo sábado, mas que encontrara tempo para o senhor na próxima semana.”

A mensagem foi entregue com eficiência e rapidez, antes que Harry pudesse contestar a mulher já estava se dirigindo para longe, ocupada com seus outros afazeres.

A mente de Harry correu rápida tentando interpretar o que acabará de ouvir.

“Professora, espere!”

Gritou ele alguns segundos depois.

“O que foi Sr. Potter?”

Questionou Minerva, curiosa com a interrupção do garoto.

“Por que o diretor não pode me ajudar amanhã?”

Pressionou o mais jovem com uma voz preocupada.

“O diretor é um homem ocupado, Sr. Potter, e tem assuntos sérios a tratar no ministério, ele se ausentou de Hogwarts há, aproximadamente, meia hora e não voltará nos próximos dias.”

As suas piores suspeitas se tornaram realidade.

Minerva, vendo sua aparência preocupada, não tardou a questionar.

“Sr. Potter, o diretor não pode ajudá-lo até voltar a Hogwarts semana que vem, mas se estiver com qualquer problema eu posso tentar resolver.”

Ele tomou uma decisão rápida.

“Alguém vai tentar roubar a pedra.”

Admitiu Harry com pouca hesitação para o absoluto choque de  McGonagall.

“Como você...” Seu rosto voltou rapidamente à feição severa. “Isso não importa, posso assegurá-lo que a pedra está segura, Sr. Potter.”

Descartou ela enquanto se afastava rapidamente.

Não é como se fosse uma surpresa.

Foi então que subitamente ele percebeu, nenhum dos professores o ajudaria, estavam todos convencidos da segurança de pedra, Harry teria que fazer o possível para lidar com o problema com as suas próprias mãos.

***

Harry e Neville estavam prontos, saíram pelo buraco do retrato com uma única intenção.

Mal conseguiram completar dois passos antes de serem parados.

“Harry e Neville! O que estão fazendo?”

Questionou  Sarah, parada às em suas costas com seu distintivo de monitora brilhando.

Harry virou-se lentamente, podia ser a última vez que ele a veria e ele queria guardar bem o momento, não foi o que ele esperava. Sarah tinha as roupas amarotadas, cabelo levemente bagunçado, não era muito perceptível, mas Harry ao longo dos meses observou tudo sobre ela, ele podia imaginar o que ela estava fazendo, anteriormente, e ele sentiu-se mal.

“Não é da sua conta, Sarah, volte para a sala comunal.”

Disse ele com indiferença forçada.

Tinha toda a intenção de virar de costas, mas foi impedido por uma mão segurando sua manga esquerda.

Sabendo que não iria livrar-se tão fácil assim do escrutínio de sua amiga monitora, encarou Neville por um segundo.

Seu amigo entendeu a mensagem não verbal e afastou-se.

“O que você está fazendo, Harry?” Perguntou a garota, agora com preocupação. “Seu rosto está assustador.”

Harry não tinha como saber se a constatação era verdadeira, mas ele não duvidava.

Em um esforço em livrar-se dos sentimentos ruins, o garoto suspirou.

A raiva misturada com ciúmes poderia ser útil mais tarde, caso as coisas ficassem complicadas; portanto, fez questão de guardar os sentimentos na parte de trás de sua mente..

“Preciso fazer algo.” Explicou ele sem esclarecer nada. “Mas estarei de volta em breve.”

Sua voz possuía uma firmeza que ele não sentia. De qualquer forma, ele sentia-se grato por isso.

A garota, após alguns segundos de hesitação, assentiu.

“Boa sorte, eu não vou pará-lo, mas não faça nada perigoso.”

A frase foi falada com distanciamento, quando ela já havia soltado seu braço e se virado.

Harry notou que, pela primeira vez em uma despedida, ela não havia beijado seu rosto, isso o feriu mais do que ele gostaria de admitir.

***

A dupla alcançou seu destino com uma surpreendente facilidade, o castelo estava estranhamente calmo. A porta estava destrancada e, em razão disto, os garotos se encararam sabendo que sua missão tinha se tornado ainda mais difícil.

Passar por Fofo foi fácil, o cão estava profundamente adormecido, Neville reforçou o feitiço que mantinha a harpa tocando por via das dúvidas.

Era impossível enxergar o fundo do alçapão, mesmo à justa tentativa de Harry em iluminar o lugar se mostrou inútil.

Os dois saltaram mesmo assim.

“Ótimo.” Comentou Neville ironicamente “Não se mexa, Harry, isso é visgo do diabo. Ele vai deixar você passar se ficar calmo.”

O garoto de olhos verdes obedeceu seu amigo e logo ambos estavam de volta aos seus pés.

“Obrigado, Neville, isso foi incrível.”

Disse impressionado para o garoto que apenas deu de ombros.

Parecia que as horas extra ajudando a professora de herbologia nas estufas estavam, enfim, dando resultados.

Os dois amigos seguiram pelo único caminho disponível, um corredor mal iluminado com aspecto úmido e antigo.

Chegaram, após curta caminhada, até uma câmara.

A sala de aparência incomum estava cheia do que pareciam pássaros, mas, após um olhar mais detalhista, Harry constatou que eram chaves aladas.

Neville astutamente virou-se para a porta, realizando uma tentativa de arrombamento. Sem surpresas, o feitiço falhou.

“Eu precisava tentar.” Explicou o garoto um pouco desanimado. “O que faremos? Vamos procurar a chave?”

Harry olhou em volta antes de voltar seu olhar novamente para a porta.

“Vai demorar muito, se não há como arrombar eu vou simplesmente queimar essa coisa nas dobradiças.” Apontou sua varinha para a porta. “Se afaste, Neville.”

Alertou o jovem em tom de advertência.

Harry reforçou sua oclumência, o que ele estava prestes a fazer não era, necessariamente, magia negra; mas era, sim, um feitiço de fogo bastante potente, sem dúvidas mal visto e considerado, por muitos, uma versão muito mais branda e controlável do fogo maldito.

Foi fácil encontrar a intenção, era algo quase natural pra ele, mas sabia que se sentiria muito mal por fazer isso, mais tarde.

“Euge Inflamae.”

Conjurou o jovem, deixando que suas palavras escorressem com a crueldade e frieza inerentes à aquele tipo de magia.

Cupins feitos de puro fogo saltaram de sua varinha e ele lutou para controlá-los.

Foi assustadoramente rápido, logo não havia mais porta alguma, apenas as dobradiças e tricô, ainda presos a parede, meio derretidos e deformados.

Com um esforço final de sua vontade de ferro os insetos flamejantes sumiram em pleno ar, deixando para trás apenas a fumaça e o cheiro acre que tomou conta do ambiente.

“Está quente aqui.”

Esforçou-se Neville, em uma tentativa de aliviar a tensão.

Harry agradeceu silenciosamente a disposição de seu amigo mais próximo, bem como por ele não perguntar sobre o feitiço.

“Vamos continuar!”

A próxima sala era ainda mais ampla e bem iluminada, parecia um tabuleiro de xadrez gigante, a maioria das peças estavam destruídas e os dois amigos puderam atravessar com poucos problemas.

“O que você acha que era isso?”

Questionou Neville apontando para trás.

“Sinceramente, e prefiro não saber...”

Disse Harry com o olhar focado.

Ao entrar na próxima sala, Harry e Neville viraram as costas em uníssimo e se esconderam rapidamente atrás de pilastras opostas.

Três trolls adultos olhavam em volta estupidamente para qualquer sinal de movimento.

Foi como uma chave virando em sua cabeça.

Em um minuto ele estava calmo e controlado e, no próximo, lhe ocorreu que ele já tinha tido o suficiente das criaturas nojentas por uma vida inteira.

“Como você acha que o ladrão passou por eles?” Perguntou Neville confuso.

Harry não tinha ideia, mas não se importava nem um pouco.

Havia apenas o impulso e a forma familiar com que ele sussurrava em seus pensamentos.

Havia apenas a perspectiva daquela sensação familiar.

“Neville, preciso que você volte.”

Pediu Harry com seriedade, sem tirar os olhos das criaturas estúpidas.

“O que? Não vou te deixar sozinho contra essas coisas, Harry.”

Protestou o garoto.

Harry balançou a cabeça.

“É sério, Neville, se quisermos alguma chance de impedir o roubo vamos precisar de ajuda.” Raciocinou o garoto de improviso, desesperado em se livrar da presença de seu amigo. “Ache Snape ou Flitwick, qualquer pessoa, vou tentar atrasar o ladrão.”

Neville não parecia feliz com aquilo, mas pareceu entender o raciocínio de Harry.

“Certo, eu confio em você e volto logo.”

Disse o rapaz correndo pelo corredor que tinham chegado.

Harry voltou os olhos para seu objetivo. Os trolls não o deixariam passar e ele, tampouco, estava interessado na perspectiva de ignorá-los.

Uma última respiração e assim ele agiu.

Correu em direção à uma parede, os trolls o perceberam na mesma hora. Harry concentrou-se na sua magia e na criatura que estava mais próxima.

“Carpe Retractum.”

O monstro, convocado pelo garoto, voou brutalmente em direção a ele, forçado pelo feitiço.

Harry, por sua vez, pouco interessado pela perspectiva de ser esmagado pela criatura nojenta, se atirou para o lado, bem a tempo de ver a cabeça monstruosa chocando-se contra a parede mais próxima.

Não havia tempo à perder.

Não havia razão para lamentar-se por um mero troll, morto como estava.

Mirou o corpo morto do troll e continuou seu plano.

“Duro.”

O feitiço pareceu funcionar, a pele áspera do corpo do troll adquiriu uma aparência ainda mais rígida e ameaçadora.

“Everte Statium.”

O corpo inerte do troll voou em direção a um de seus semelhantes quebrando como se fosse pedra quebradiça. O troll atingido pelo impacto e pelos fragmentos soltou um grito horrendo antes de chocar-se violentamente contra a parede, em meio a uma nuvem de destroços.

O último dos monstros rugiu irritado enquanto fazia seu caminho em direção a Harry.

“Incarcerous.”

O monstro tropeçou em suas próprias pernas e foi ao chão, mais ainda não havia terminado. As suas pernas se libertaram em segundos e o troll se preparou para levantar e continuar seu ataque implacável.

Não teve chance, no entanto.

“Nasuclaudere.”

Finalizou Harry de forma fria.

Virou-se em direção a porta deixando suas vítimas para trás com um rosto de pedra. O último feitiço usado estava na fronteira, um feitiço parecido com o que ele havia usado com sucesso do troll do banheiro. A diferença era meramente que enquanto o primeiro agia inutilizando os pulmões da vítima,  o segundo trancava as vias nasais. Honestamente, era difícil dizer qual dos dois feitiços proporcionava uma morte mais lenta e agonizante, mas ambos causavam o mesmo resultado, isso era inegável.

Estranhamente ele não se importava.

Desde que entrou na sala havia uma clareza incaracterística em seus pensamentos.

Qual era o sentido de tanta contenção? De tanto cuidado?

Ele estava mesmo tão interessado em mentir para si mesmo? Negar sua verdadeira natureza?

Era bem verdade que ele poderia ter evitado usar tal artifício, mas por quê?

Magia branda por magia branda, Harry caminhava lentamente em direção à sua própria e inevitável desgraça, talvez na próxima ele fosse obrigado a recorrer às artes, e depois do quarto troll morto em sua vida, ele pensava que estava bem com isso.

Estava calmo, de uma forma quase antinatural.

A próxima sala apresentava um enigma. A mente de Harry pela primeira vez depois de meses estava limpa e tranquila.

Ele nem mesmo percebeu, em primeiro momento, mas sua oclumência foi esquecida em algum lugar nas salas anteriores. Sendo assim, pela primeira vez em meses, seu dom estava em plena potência.

Bastou um olhar rápido para o pergaminho que oferecia as instruções, de menor importância, e uma cuidadosa consulta às sensações emanando dos líquidos dispostos sobre a mesa e Harry sabia, perfeitamente,, quase que por instinto, qual poção deveria ser ingerida.

Respirou fundo e bebeu a poção.

Viu as chamas negras lamberem seu corpo, mas não sentiu dor alguma. Por um instante, não viu nada exceto o fogo, mas então surgiu em sua visão o outro lado, o corredor que abrir caminho para à última, e mais ampla, das salas.

Já havia alguém lá, mas não era quem ele esperava.

“Professor Quirrell.”

Cumprimentou Harry quase que automaticamente.

O homem, todavia, não tirou os olhos do que estava olhando. Harry notou com uma pitada de surpresa que o objeto não era nada mais nada menos que o espelho de Ojesed. O mesmo que havia atormentado seus sonhos durante diversas noites, ao longo daquele ano.

Não importa, não havia mais medo em seus pensamentos. Não havia receio sobre a figura no espelho.

Se algo, havia antecipação.

“Bem Harry, imagino que esteja surpreso” Disse Quirrell com desdém sem olhar para ele. “Eu via seu olhar de desinteresse nas minhas aulas, nunca pensou que eu fosse uma ameaça não é mesmo? Veja só onde estamos agora.” Falou o homem finalmente olhando para Harry.

Harry não respondeu.

“Esse espelho parece ser a chave para pegar a pedra...”

Falou Quirrell, reconhecendo, finalmente, a presença do jovem.

“Eu a vejo, mas não posso pegá-la.”

Cuspiu com o rosto retorcido de raiva.

“Onde está Voldemort, professor?”

Perguntou Harry com evidente desprezo escorrendo em suas palavras.

Isso tomou a atenção do professor de defesa, que riu despreocupadamente.

“Meu mestre?” Perguntou ele em tom de irônia. “Ele está aqui, evidentemente, ele está comigo em todos os lugares.”

O homem começou a tirar o turbante enquanto falava.

“Conheci-o quando estava viajando pelo mundo. Eu era um rapaz tolo naquela época, cheio de ideias ridículas sobre o bem e o mal. Lorde Voldemort me mostrou como eu estava errado. Não existe bem nem mal, só existe o poder, e aqueles que são muito fracos para o desejarem. Desde então, eu o tenho servido com fidelidade, embora o desaponte muitas vezes. Por isso tem precisado ser muito severo comigo”

A pausa em seu monólogo foi ocasionada por um sutil e súbito estremecimento.

“Não perdoa erros com muita facilidade. Quando não consegui roubar a pedra de Gringotes, ele ficou muito aborrecido. Castigou-me e resolveu me vigiar mais de perto.”

O turbante caiu ao chão e Harry viu, refletido no espelho, projetando-se para fora da cabeça do homem à sua frente, o rosto do monstro que assassinou seu pai e sua mãe.

Harry se aproximou com cautela, segurando firmemente sua varinha familiar, até estar frente ao espelho, ao lado do senhor das trevas.

O que ele viu o surpreendeu, não havia dois dele refletidos no espelho, apenas um.

Havia sumido, sem deixar qualquer vestígio, a figura inocente e imaculada.

Havia apenas um.

Harry viu seu olhos, não os de um futuro hipotético, mas os seus. Eles brilhavam em um verde tóxico de forma anormal. Suas feições mais selvagens do que ele lembrava e foi aí que ele entendeu o que Dumbledore quis dizer naquela noite em frente ao espelho.

Ele havia se tornado o monstro que queria ser e, naquele momento, não possuía mais desejo algum.

A estranheza do pensamento o puxou, por um instante, para fora de seu estupor. A situação mudou quando ele lembrou-se do que o trouxe até aqui e o sorriso de seu reflexo cresceu enquanto apontava para o volume, não familiar, em seu bolso.

Harry estava com a pedra.

“Harry Potter.” Finalmente falou Voldemort. “Faz muito tempo desde à última vez, muito tempo mesmo.”

As palavras da criatura deformada tinham um tom amargo.

“Está vendo no que me transformei?”

Perguntou, retoricamente, o rosto sem corpo próprio.

“Apenas uma sombra vaporosa. Só tenho forma quando posso compartilhar o corpo de alguém. Mas sempre houve gente disposta a me deixar entrar no seu coração e na sua mente. O sangue do unicórnio me fortaleceu, nessas últimas semanas. Você viu o fiel Quirrell bebendo-o por mim na floresta. E uma vez que eu tenha o elixir da vida, poderei criar um corpo só meu. Agora... Por que você não me dá essa pedra no seu bolso?”

Harry se arrependia de algumas coisas em sua vida, mas não deixaria aquela ser uma delas.

“Lacero.”

Conjurou Harry em meio a um grito de desobediência.

Quirrel desviou com facilidade, mas o feitiço serviu para que ele tomasse distância e sentisse, depois de muitos meses, as ondas de prazer, familiares, decorrentes da magia das trevas descuidada.

Voldemort riu com gosto.

“Eu estava esperando por isso!” Berrou a criatura em contentamento. “Então a criança quer brincar com artes das trevas, pois bem! Quirinus, acabe com isso!”

O homem não perdeu tempo, conjurando uma série de maldições.

Harry reconheceu algumas deles e não havia, de jeito nenhum, nenhuma chance de ele tentar se defender disso.

Desviou, cuidadosamente  de todas elas, aproveitando-se de seu corpo ágil e reflexos afiados.

“Viacidum!”

Retrucou o garoto com um jato de água ácida que transformaria qualquer um atingido em uma poça gosmenta de sangue e órgãos.

O homem à sua frente defendeu-se de forma habilidosa, conjurando uma parede de pedra sólida.

No entanto, Harry havia passado muitas noites na sessão restrita, traduzindo tomos antigos e desvendando os segredos por trás dos alguns poucos feitiços que teve acesso.

A defesa conjurada pelo monstro não poderia sobreviver à sua próxima investida.

“Exitium!”

Conjurou Harry, mantendo-se na ofensiva.

O raio de energia amarelo transformou a sólida parede em migalhas, e o garoto, não pela primeira vez, se perguntou o que faria com um ser humano.

Entretanto, não deixou-se distrair por pensamentos errantes.

“Total Sanguinis!”

Continuou ele, frustrado.

Nada parecia surtir o efeito que ele esperava.

Ele era tão incompetente assim? Havia tanta diferença? Seus feitiços era piores que o do monstro? Sua magia era menos valiosa?

O garoto gritou em meio a raiva, sentindo a interminável calma que, até então, havia servido uma utilidade, esgotar-se.

Voldemort a rir, enquanto rebatia, feitiço a feitiço, todo o arsenal do garoto e se deleitava com as ondas de ódio que ele começava a emanar.

Os olhos de ambos oponentes brilhavam.

Havia magia negra correndo por seus sistemas, nublando as suas mentes.

A loucura causada pelas artes das trevas, pouco a pouco, tomava conta de ambos os inimigo.

Quando já se esgotavam as possibilidades, Harry viu à chance que esperava.

Quirrell, apesar de um bruxo adulto e muito bem educado magicamente, não era, e nunca seria, um lutador.

Ele não era Voldemort.

Não tinha os instintos, não tinha a inquietação que fazia o seu corpo mover na hora certa.

E não tinha, sobretudo, a experiência que compensaria suas deficiências.

Harry viu a sua chance.

Ele conhecia aquele feitiço, sussurrado rapidamente pelo professor de defesa, muito fora de seu ambiente.

Harry sabia que não conseguiria desviar daquilo, mas também sabia que exigia tempo e concentração.

Tempo e concentração muito escassos em uma batalha como aquela.

Seu ódio, até aquele ponto, foi construído e destilado em uma proporção que as palavras deslizaram de sua boca antes mesmo de ele saber o que havia acontecido.

“Avada Kedavra.”

A luz verde doentia expulsa por sua varinha pareceu trazer Harry de volta a realidade.

Lembrou-se, subitamente, dos seus exercícios e limpou sua mente, mas era muito tarde.

Quirrell, com uma demonstração invejável de controle, bloqueou a maldição convocando o espelho em frente a sua trajetória mortal.

O objeto, altamente impregnado magia esotérica, resistiu por um único segundo, absorvendo o feitiço e se desfazendo em pó de vidro no momento seguinte.

Os resquícios, fragmentos altamente cortantes e comprimidos, explodiram ao redor de Quirrell que gritou de dor e agonia, enquanto cerrava os olhos.

Seus braços e corpo foram subitamente pintados de vermelho com o próprio sangue, liquido vital que vazava abundantemente dos ferimentos; assim como, o lado esquerdo de seu rosto que havia recebido os estilhaços em cheio.

“Seu idiota!”

Assoviava Voldemort, compartilhando a dor de seu anfitrião.

“O garoto está no chão! Mate-o agora, tire o ar de seus pulmões, aperte seu maldito pescoço até que morra!”

Era verdade, o jovem Harry estava estirado ao chão, incrédulo pelo que acabará de fazer, seus olhos pulsavam verde e a sensação mágica ao seu redor era vívida e fétida, saturada com magia da pior espécie.

Quirrell, em meio à agonia, se atirou no garoto à sua frente, suas mãos ensanguentadas envolveram o pescoço do jovem que engasgou frente à impossibilidade de respirar.

Harry lutou com todas as suas forças contra a asfixia e contra o medo.

O rosto de seu inimigo ensanguentado e desfigurado era aterrorizante.

Sufocando e tentando agarrar as mãos de seu captor, o garoto notou que um dos olhos de Quirrell não existia mais, resumia-se a uma massa sangrenta e irreparável.

Subitamente os gritos agonizantes de Quirrell se intensificaram, assim como a dor.

Diante da visão embaçada de Harry, que já quase rendia-se a inconsciência.

 Inconsciência essa que seria mortal nas mãos de Quirrell, se estas não começassem, lentamente, a se desfazer em cinzas.

O garoto tossiu ao finalmente conseguir respirar, livrando-se dos pontos negros que começavam a se formar em sua visão.

Uma de suas mãos instintivamente foi ao rosto de seu antigo professor, que gritou em meio a dor.

Na sua frente, Harry observou seu adversário se desfazer, por completo e membro por membro, em cinzas; deixando pra trás uma pilha de vestes e sujeira.

Mesmo que estivesse em seu mais perfeito controle e com sua mente tão organizada quanto conseguia, o garoto ainda teria vomitado.

E vomitou.

Sentia-se, com razão, exausto.

Deitado no chão frio, prestes a desmaiar, mas sabia que precisava fazer mais uma coisa antes de sucumbir ao cansaço.

“Ignis.”

Falou com a voz e mão trêmula, apontando sua varinha para os restos de seu inimigo, que desapareceram em meio ao fogo.

Seu esforço final o levou, finalmente, para a completa inconsciência.


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