A Breaking Song escrita por Mr Mandias


Capítulo 19
Capítulo 16 - O Ladrão Arrependido


Notas iniciais do capítulo

Demorou mais do que eu gostaria, mas aqui estamos.

Update: Essa história está em processo de atualização, os capítulos serão todos revistos e os erros e incoerências mais graves corrigidos e, principalmente, a escrita suavizada; dito isso, esse capitulo já passou pela revisão.



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Novembro chegou.

Acompanhada do novo mês veio a nova reputação de Harry perante seus pares. Era estranho ser tratado como uma celebridade e receber sorrisos encorajadores depois dos acontecimentos que o levaram a deixar a escola no fim do seu segundo ano.

A casa da Grifinória pareceu esquecer rapidamente da desconfiança que ainda havia sobre a sua figura e tratou logo de abraçá-lo como seu campeão. Não que Harry se importasse com isso, a festa que foi dada em sua homenagem na noite após a seleção sentiu, distintamente, a falta de sua presença.

Já fazia quase uma semana e hoje havia chegado a notícia que o garoto esperava.

Mais cedo, naquele mesmo dia, um jovem aluno havia lhe entregado um bilhete que continha instruções sobre em que lugar e em que horas ele deveria encontrar com seu novo instrutor. O diretor havia falado pouco sobre a pessoa que ia ensinar-lhe durante o ano, mas Harry não estava muito ansioso. Seu tempo com Nicholas provou que havia muito pouco que ele não pudesse aprender por sua própria conta e, depois de experimentar o velho alquimista como professor, pouca coisa poderia lhe impressionar ou decepcionar.

Com esses pensamentos o garoto abriu a porta de uma sala vazia no terceiro andar. Dentro do cômodo, sentado em uma mesa com uma postura relaxada e segurando sua varinha de forma quase preguiçosa estava um ruivo.

“Você deve ser Harry Potter.”

Presumiu o ruivo sorrindo de forma neutra.

“Você está certo.” Respondeu Harry com leve curiosidade. “E quem seria você?”

O ruivo riu com gosto.

“Sua nova babá!” Tirou sarro o mais velho. “Me chame de Bill. Dumbledore falou sobre mim?”

“Não muito.” Respondeu o garoto com seus olhos estreitando. “Ele me informou que arranjaria um instrutor.”

“Você não parece contente com isso.”

Apontou Bill com curiosidade.

Harry grunhiu, mas respondeu a provocação.

“Eu não preciso de um professor.” Disse o garoto indiferente enquanto cruzava os braços. “E, sem ofensas, depois de Flamel e Dumbledore eu não acho que haja muito que você possa me ensinar.”

O ruivo voltou a rir.

“O diretor comentou comigo que o animal de estimação estava começando a ficar arrogante.”

A feição de Harry se tornou irritada.

“Não é arrogância se eu puder provar o que falo.”

A varinha de Bill foi rápida demais para o jovem acompanhar, mas, para a surpresa do garoto, não foi um ataque. Uma das mesas velhas foi transfigurada em um cachorro que olhou em volta atordoado.

Era difícil imbuir animais transfigurados de um senso real de consciência. Harry percebeu que o homem em sua frente era habilidoso ou, pelo menos, sabia fingir muito bem.

“Me prove, então.” Disse o homem tirando Harry de seus pensamentos. “Vou colocar uma maldição nesse garoto entusiasmado, bem ali.” Comentou apontando para o cão. “Quero que identifique a maldição, a contenha e, pôr fim, a quebre.”

Instruiu o homem que logo enfeitiçou o cão.

Harry não perdeu tempo. Sua varinha apontou para o cão que, quase imediatamente, começou a grunhir de dor atirado ao chão, sua magia se apertou em volta do ser.

A princípio, a magia usada no animal não era familiar, no entanto, o garoto conseguiu reconhecer os sinais de uma força corrosiva potente.

Fazia algum tempo que ele não exercitava sua capacidade de conter maldições. Por sorte, era uma habilidade bastante básica quando se entendia o conceito por trás dela.

Mas, por outro lado, era um exercício cansativo e frustrante.

Afinal, não importa por quanto tempo uma maldição é contida, se não for imediatamente quebrada os efeitos só serão piores quando ela for liberada.

Era nesse dilema que Harry se encontrava atualmente.

Já fazia alguns segundos que ele estava evitando que o animal à sua frente se tornasse uma bola de fluídos putrefata; mas, por mais que repassasse magia após magia em sua mente, ele não conseguia pensar em nenhuma que causasse esses efeitos exatos.

Para piorar o que já estava ruim, mesmo que ele conhecesse a maldição, nada garantia que ele soubesse como quebrá-la.

“Seu tempo acabou!”

Comentou Bill alertando Harry dos novos acontecimentos.

Para a surpresa do garoto, o cão havia começado a, literalmente, derreter.

Apesar dos seus esforços, a magia da maldição começava a ultrapassar as forças de sua contenção e logo ele se viu sem controle nenhum sobre o animal enfeitiçado. Sem surpresas, o cão se tornou uma poça gosmenta borbulhante em poucos segundos.

“Você parece surpreso.” Disse o ruivo para seu aluno mais jovem que olhava atordoado. “Eu adoro o cheiro da arrogância arrependida.”

“Como isso é possível?” Perguntou Harry confuso e surpreso. “Eu sei como conter maldições! Isso nunca havia acontecido antes!”

Bill balançou a cabeça sem se mover da mesa que ainda ocupava.

“Sua técnica estava correta, mas isso não é suficiente quando se trata de maldições desse tipo.”

“Eu conheço feitiços que geram ácido e nenhum deles tem esse efeito.”

Apontou o jovem incomodado.

“Não seja estúpido! Dumbledore disse que você era esperto!” Alertou o ruivo. “Você viu algum ácido?”

Harry franziu a testa.

“Não! Eu apenas assumi que era algo nesse sentido.”

“Primeira lição.” Apontou o homem, levantando um único dedo.  “Não faça suposições idiotas.” Completou, descendo da mesa. “O que você viu foi uma maldição corrosiva baseada em uma magia antiga africana, muito escura e muito ilegal.” Explicou. “Ao contrário de um feitiço que cria ácido, essa maldição injeta uma magia estrangeria e extremamente corrosiva no sistema do alvo.”

“Isso não explica o motivo de ser tão difícil de contê-la.”

Voltou a questionar Harry.

“Claro que explica.” Zombou Bill. “O efeito corrosivo é tão descontrolado que contamina a magia que você usa para neutralizá-la.

“Parece cruel.” Constatou Harry de forma pensativa. “Por que não é tão conhecida?”

“É bem conhecida no meu ramo de trabalho.” Começou o mais velho. “Acontece que essa maldição só pode ser aplicada por meios indiretos. Isso significa que ela só pode ser usada para amaldiçoar um objeto ou criar uma armadilha.”

O jovem de olhos verdes protestou.

“Você acabou de lançá-la no cão.”

Bill, por sua vez, revirou os olhos.

“Segundo Dumbledore você é um alquimista. Lembre-se das leis da transfiguração básica, isso nunca foi um cão e sim uma mesa.”

Disse o homem balançando sua varinha e transformando a poça de fluidos borbulhantes de volta no móvel que era anteriormente.

“À propósito.” Disse o homem em tom de brincadeira a pontando para a peça recém transfigurada. “Eu não tocaria nisso se fosse você.”

O olhar de Harry ficou sério enquanto ele absorvia as informações.

“Eu estava errado.”

Admitiu o mais jovem.

O sorriso de zombaria do ruivo se abriu.

“Repita isso, por favor.” Pediu para a irritação do mais jovem. “E seja mais específico.”

“Eu estava errado, tudo bem?” Repetiu. “Você tem muito a me ensinar.”

Disse a contragosto.

“Ótimo!” Falou o ruivo com um sorriso satisfeito. “Vamos começar.”

Demorou algumas horas até que Harry se encontrasse jogado ao chão em pura exaustão.

“Ora! Vamos lá!” Suspirou o instrutor mais velho. “Isso é tudo? Você já estaria morto se trabalhasse no meu ramo.”

Enquanto arfava deitado, Harry deu-se conta que não sabia quase nada sobre o homem que estava torturando-o e usando o seu aprendizado como um pretexto.

“Você já falou sobre esse emprego misterioso algumas vezes.” Comentou o jovem em meio as respirações pesadas. “O que você faz, exatamente?”

“Eu sou um quebrador de maldições.” Falou o homem simplesmente. “Um nome um tanto quanto inadequado para a função, eu diria.”

“E o que um quebrador de maldições faz, além de torturar estudantes inocentes?”

Perguntou o jovem de cabelos negros legitimamente curioso, mas deixando transparecer a zombaria em sua voz.

O mais velho não pareceu perceber o escárnio de seu aluno, ou ignorou completamente.

“Depende para quem você pergunta.” Explicou. “Os Goblins costumam empregar muitos no ramo, mas esses não são os verdadeiros quebradores de maldições.”

            “O que você quer dizer exatamente?” Voltou a inquirir o garoto. “Achei que as profissões sancionadas pelo Gringotes eram todas respeitáveis.”

“E são!” Respondeu o mais velho suspirando. “Minha família acha que eu trabalho para eles, mas, na verdade, eu sou um trabalhador autônomo.” Explicou. “Os Goblins não sancionam profissionais, digamos, liberais, nós geralmente trabalhamos sozinhos ou em duplas.”

“Entendo.” Disse Harry, apesar da incerteza. “Mas isso ainda não responde minha dúvida original, o que exatamente vocês fazem?”

“Aqueles que tem contratos com Gringotes supervisionam a manutenção dos cofres e das posses. Algumas vezes eles vão a campo para tornar segura alguma propriedade que se tornou um espólio.”

Os olhos de Harry se estreitaram.

“E aqueles que são como você?”

Perguntou com suspeita.

O sorriso de Bill se alargou.

“Nós fazemos a mesma coisa.” Disse em tom brincalhão. “A única diferença é que não temos autorização dos donos e, é claro, nós levamos os artefatos conosco.”

Harry suspirou com leve irritação.

“Então você é um ladrão glorificado? Não seria mais fácil apenas dizer isso? Se bem que Isso explica a razão de você saber mais sobre magia negra do que o próprio Dumbledore.”

“Eu não sou um ladrão.” Protestou Bill de forma severa. “Eu apenas entro em lugares que ninguém se lembra que existem e tomo posse de coisas que todos acham que nunca existiram, para começar. Além disso, não se engane sobre Dumbledore, ele pode muito bem ser o mago mais poderoso por aí, mas ele não é, de maneira alguma, um especialista em magia das trevas.”

“E isso seria você?”

Perguntou o jovem em tom seco.

“Amador entusiasta, se quiser um rótulo.” Comentou o ruivo retornando a zombaria. “Eu não tenho amor pela magia negra, apenas preciso conhecer tudo sobre ela para meu trabalho.”

“Qualquer coisa que lhe faça dormir melhor a noite.” Voltou a zombar o jovem. “O que a sua família acha sobre você ser um ladrão?”

Questionou Harry finalmente levantando do lugar que ocupava no chão.

“Eu já disse, eles acham que eu trabalho para os Goblins.” Respondeu. “Por outro lado, é engraçado você ter citado minha família, eu não tive muito tempo para conversar com meu irmão ainda, mas ele tinha coisas pouco graciosas a dizer sobre você.”

Os olhos do mais jovem se estreitaram em suspeita e irritação.

“E quem seria esse? O seu irmão?” Perguntou. “Algum aluno amargo por não ter sido escolhido como campeão?”

“Ronald Weasley.”

Respondeu o ruivo de forma neutra.

Harry simplesmente grunhiu.

“Você esqueceu de falar que é um Weasley.”

“Você não perguntou.” Disse Bill dando de ombros. “Isso é um problema?”

“Não, desde que você não incentive seu irmãozinho a testar minha paciência mais do que ele já gosta de fazer por conta própria.” Respondeu o mais jovem. “Eu já tive incômodos o suficiente da parte dele durante o episódio da Câmara Secreta.”

Bill assentiu com um olhar sério, parecia levemente irritado pelas palavras pouco lisonjeiras de Harry sobre o mais jovem de sua família.

Os olhos do Potter, por sua vez, se desviaram para a porta antes de adquirirem um brilho pensativo.

“Eu só não entendi uma coisa.” Comentou. “Por que abandonar seu amado trabalho para perder tempo me ensinando? Dumbledore não pode estar oferecendo tanto dinheiro assim.”

Bill riu em voz baixa enquanto balançava a cabeça.

“Na verdade, minha parceira resolveu mudar de vida e estudar para ser uma curandeira.” Explicou o ruivo melancolicamente. “Achei que seria bom tirar umas férias antes de arrumar um novo lacaio, e com o torneio Tribruxo acontecendo percebi que era uma boa hora para visitar a família e aproveitar o espetáculo.”

“E então Dumbledore ofereceu-lhe uma oportunidade de ganhar um pouco de ouro fácil.”

Supôs o mais jovem.

“Basicamente isso.”

Concordou Bill com olhar neutro.

Harry assentiu sorrindo ironicamente e saiu da sala sem dizer mais nada.

A primeira impressão de Harry sobre seu instrutor era que se tratava de um bastardo completo, porém muito competente. Curiosamente, era uma opinião semelhante a que ele tinha sobre si mesmo.

Eles se dariam bem.

Harry descobriu, nos dias seguintes e para seu desgosto, que Bill estava hospedado na escola. Isso significava que a dupla disfuncional que ele possuía com seu amigo Neville, agora era um trio disfuncional.

Bill costumava cumprimentar seus irmãos na mesa da Grifinória e depois se sentar perto dos dois amigos, em um local mais afastado do restante dos alunos da cova do leões.

O mais velho era uma companhia agradável e Neville gostou dele quase instantaneamente. Por outro lado, havia a notícia ruim, os vários irmãos Weasley que estudavam em Hogwarts não aceitaram muito bem ter seu irmão mais velho, que nem era um aluno, sentado ao lado de um estranho.

“Os seus irmãos não parecem felizes com sua escolha de companhia.”

Comentou Neville de forma quase preguiçosa, incomodado com os olhares constantes do grupo de ruivos sentados no lado mais afastado da mesa.

“Não ligue para eles.” Descartou o ruivo com facilidade. “Enquanto você está em um concurso de encarar com meus irmãos, o seu amigo Potter está desperdiçando uma quantia obscena de tempo olhando para a garota loira sentada na outra mesa.”

Neville zombou enquanto Harry revirava os olhos.

“Isso não é uma novidade.” Resmungou o Longbottom entediado. “Potter descobriu, não tão recentemente, uma pequena queda por garotas que o odeiam.”

“Ela não me odeia, nós nem nos conhecemos ainda.” Protestou o jovem de olhos verdes, diante da provocação dos amigos. “Além do mais, eu não tenho uma queda por ela, apenas gosto de provocá-la.”

Bill riu sem culpa alguma.

“E isso é razão para encará-la durante as refeições?”

Questionou o ruivo bem humorado.

“Ela fica irritada quando olho para ela.”

Explicou o mais jovem.

“Como eu disse.” Começou Neville. “Ele tem uma queda por ela.”

O mais velho dentre os três balançou a cabeça sorrindo, enquanto analisava a garota em questão.

“Ela é realmente bonita.” Seus olhos se estreitaram um pouco. “Parece quase antinatural.”

“Ela tem sangue de veela.” Explicou Neville atraindo olhares de seus amigos. “Pelo menos, é o que os boatos dizem.”

“Harry deveria ficar preocupado com seu interesse na garota dele?”

Perguntou Bill curioso.

“Eu precisava saber mais sobre ela para poder provocá-lo.” Explicou o Longbottom. “Além do mais, você começou esse assunto, Harry deveria ficar preocupado com o seu interesse?”

Bill voltou a sorrir de forma misteriosa desviando, novamente, o olhar para a loira.

“Talvez.”

Respondeu simplesmente desviando de uma cotovelada do jovem de olhos verdes ao seu lado.

“Já que vocês dois estão tão distraídos, falando sobre mim como se eu não estivesse aqui, estou saindo!” Comentou. “Se é que alguém se importa.”

Acrescentou secamente após perceber que seus amigos mal reconheceram sua colocação.

“Deixe de ser um bebê chorão.” Instruiu Bill. “Onde você vai, afinal de contas?”

“Compromisso do torneio.” Falou levantando-se. “Pesagem das varinhas, seja lá o que isso for.”

“Boa sorte!” Zombou Neville. “Tente não tropeçar em algum degrau.”

A saída de Harry foi marcada por um gesto pouco educado em direção ao seu amigo.

Na verdade, Harry ainda tinha algum tempo para gastar antes do seu compromisso. Isso era bom, havia algo que ele precisava fazer e não havia arranjado tempo até agora.

Com um olhar escuro e determinado, o garoto caminhou em direção a um conhecido corredor no segundo andar.

Algum tempo depois, em uma sala iluminada e bastante lotada, Fleur Delacour esperava ansiosamente, ao lado do campeão de Durmstrang e de todos os envolvidos no torneio, a chegada de Harry Potter.

Não surpreendeu-a nem um pouco que o garoto atrasasse em seu compromisso com o torneio. Afinal, o jovem parecia fazer questão de irritar, ao máximo, todos que estavam ao seu redor.

“Dumbledore.” Resmungou Karkaroff. “Já passaram vinte minutos.” Alertou. “Onde está o seu pirralho?”

O velho diretor de Hogwarts não parecia preocupado.

Na verdade, ele tinha uma aparência de tranquilidade em meio aos sussurros impacientes que começavam a tomar a sala.

“Não se preocupe, Igor, ele já deve estar chegando.”

Tranquilizou o homem despreocupadamente.

E ele estava certo.

Antes que mais críticas pudessem ser feitas, o terceiro campeão entrou na sala portando um olhar ilegível.

“Desculpem o atraso.” Desculpou-se o jovem sem demonstrar vergonha alguma. “Um amigo precisava de ajuda com uma tarefa, muito, muito importante.”

Seu tom, desta vez, parecia francamente sincero, o que não impediu Fleur de desconfiar de sua desculpa assim mesmo.

Madame Maxime foi mais vocal em sua desconfiança.

“E o que poderia ser mais importante que uma cerimônia oficial do Torneio Tribruxo?”

Questionou a mulher em tom duro.

O rosto do jovem que antes estava neutro e até mesmo um pouco culpado se abriu em um sorriso zombeteiro.

“O professor de trato das criaturas mágicas precisava de ajuda para alimentar os vermes cegos.” Explicou o garoto em tom obviamente jocoso. “Eu tenho certeza que nosso pequeno torneio escolar amigável não é importante o suficiente para que criaturas mágicas morram de fome por ele, é?”

A resposta indignada que Fleur tinha certeza que viria de sua professora foi interrompida pela ação rápida de Dumbledore.

“Ótima piada, Harry! Excelente, de fato!” Apaziguou o homem com um olhar de advertência em direção ao seu aluno. “Agora que estamos todos aqui, podemos começar a cerimônia.”

Observando que qualquer problema já havia sido apaziguado, Bagman tomou a frente.

“Pois bem, como todos sabem, estamos aqui para a pesagem das varinhas.” Revelou o homem. “Não se preocupem, elas apenas serão inspecionadas por um especialista que atestará sua funcionalidade.” Uma tosse interrompeu o raciocínio do juiz. “E, é claro!” Recomeçou ele após ver a fonte do som. “Depois disso, teremos uma pequena sessão de entrevistas e fotos.”

Fleur tinha certeza de que viu a repórter zombar ao fundo.

Enquanto Bagman continuava seu discurso de preparativos, Fleur percebeu que Harry Potter não parecia feliz em estar ali.

Era a primeira vez que a garota via o menino, normalmente irritante e brincalhão, com uma feição incomodada.

“O que aconteceu?”

Perguntou ela de forma dura e em voz baixa, chamando a atenção do jovem que não havia reconhecido sua presença até aquele momento.

O menino fechou a cara em confusão.

“Você está falando comigo?”

Perguntou ele no mesmo tom sussurrado que ela havia utilizado.

Por um momento, Fleur lamentou ter iniciado a conversa.

“Obviamente!” Se forçou a responder. “Algo parece estar lhe incomodando, finalmente se deu conta que o torneio é um assunto sério?”

O garoto riu sem humor algum.

“Não! É claro que não! Não é nada disso!” Esclareceu. “Tenho muitas coisas em minha mente no momento, é apenas isso.” Fleur assentiu antes que ele continuasse. “É estranho que você tenha percebido a diferença.”

Apontou o jovem, voltando ao tom forçosamente brincalhão.

“Tem prestado muita atenção em mim ultimamente?”

A garota francesa revirou os olhos.

“Ao contrário de você, eu não fico encarando os outros durante as refeições.” Disse ela de forma evasiva. “Isso não é muito elegante de sua parte.”

O mais jovem riu desviando o olhar para os diretores que realizavam os últimos acertos para a cerimônia, entretanto, parecia levemente envergonhado.

“Desculpe.” Disse ele sem parecer arrependido. “É apenas divertido te ver irritada, eu não posso evitar.”

Fleur voltou a revirar o olhos, sem vontade de continuar a conversa estranha.

Por sorte, qualquer preparativo de última hora que restasse já havia sido resolvido e os campeões foram chamados para o início da cerimônia.

“Gostaria de lhes apresentar o Sr. Olivaras.”

Falou Dumbledore apresentando um velho bruxo de olhos azuis assustadores.

“Ele vai verificar suas varinhas e garantir que estejam em pleno funcionamento antes do torneio.” Explicou o homem com um sorriso calmo. “Também gostaria de apresentar nossa segunda especialista.”

Voltou a falar o velho, dessa vez apontando para uma mulher que Fleur não havia percebido até agora.

Ao seu lado, Harry Potter arregalou os olhos em choque. Era a emoção mais natural que a garota havia visto no rosto do jovem até agora.

“Senhora Perenelle Flamel!”

Disse o diretor para o choque de muitos dos presentes.

Era uma mulher bonita.

Não poderia ter mais que quarenta anos, na opinião de Fleur. Possuía cabelos loiros, olhos cor de chocolate e uma feição que variava entre entediada e aborrecida.

O mais impressionante sobre ela era o sorriso sarcástico que enviava em direção ao competidor mais jovem do torneio que, até agora, não havia mudado sua expressão chocada.

“Dumbledore.” Falou Maxime de forma ofendida e irritada. “Por que não fomos informados sobre isso?”

“Olympe!” Falou a mulher, pela primeira vez, se dirigindo a sua diretora por seu primeiro nome. “Eu lembro de você como uma criança educada, se comporte como uma!”

Era a primeira vez que Fleur viu sua diretora corar de vergonha. Isso parecia divertir Dumbledore, assim como a mulher misteriosa.

Pensando com mais cuidado, Fleur percebeu que conhecia o sobrenome da Senhora a sua frente.

“Você é a esposa de Nicholas Flamel!”

Deixou escapar a jovem de olhos azuis, atraindo para si os olhares de todos da sala.

Ao seu lado, Harry Potter suspirou e lhe lançou um olhar de simpatia.

“Você está correta, garotinha.”

Reconheceu a mulher simplesmente, virando seu olhar de volta para o jovem de olhos verdes que parecia tentar se encolher.

Só agora, a loira percebeu que os dois provavelmente já se conheciam. A realização a incomodou, por algum motivo.

“Agora que isso foi resolvido.” Recomeçou Dumbledore tentando atrair a atenção de volta para sua explicação. “A Sra. Flamel se ofereceu gentilmente para substituir seu marido como especialista em focos alquímicos.”

Foi a vez de Karkaroff expressar seu descontentamento.

“Todos conhecemos as regras Dumbledore.” Falou o homem irritado. “Qual foi a última vez que foi necessário um especialista em focos alquímicos na cerimônia de pesagem das varinhas?”

“Já faz muito tempo.” Respondeu o velho. “Mas considerando a situação, se faz necessário novamente.”

“Por que?”

Dessa vez foi sua diretora a perguntar. A mulher francesa parecia tão incomodada quanto seu colega de Durmstrang.

“Minha aluna certamente não é uma alquimista e eu sei muito bem que a alquimia já não faz parte do currículo de nenhuma das três escolas.”

“Você tem razão.” Disse o velho. “Eu realmente lamento informá-los sobre isso de última hora, mas acontece que descobrimos em um curto espaço de tempo quem seriam os campeões.”

“Corte a ladainha, Albus.” Interrompeu a mulher recém chegada que parecia cada vez mais impaciente. “Estou aqui por causa do garoto.”

Falou ela apontado para o mais jovem dos três que, por sua vez, suspirou em descontentamento.

“Ele foi treinado pelo meu marido!”

A sala ficou silenciosa. Ao seu lado Harry Potter voltou a se mexer incomodado. Fleur nunca havia visto o garoto parecendo tão nervoso. Ambos, Maxime e Karkaroff pareciam preocupados com a revelação. No entanto, Viktor Krum apenas encarava o campeão mais jovem com curiosidade.

“É muito simples.” Voltou a falar a mulher. “Vocês precisam de um especialista em focos alquímicos, porque há um alquimista competindo.”

“Obrigado, Perenelle.” Falou Dumbledore, não parecendo tão agradecido. “Pela explicação graciosa e sutil.” Completou o homem. “Agora, vamos ao que interessa. Sr. Olivaras!”

Chamou atenção o velho.

O velho de aparência assustadora assumiu a frente sorrindo.

“Agora que todas as dúvidas foram sanadas.” Começou ele. “Senhorita Delacour, poderia vir até aqui e entregar a sua varinha?”

A garota fez como foi mandada, sem dizer uma palavra.

Na verdade, sua mente ainda estava distraída com a revelação de ser o garoto que a atormentava diariamente, um alquimista treinado pelo próprio Nicholas Flamel.

Fleur mal notou o homem analisando atentamente um de seus bens mais preciosos, sua atenção só foi desviada quando ele começou a falar.

“Inflexível, vinte e quatro centímetros e feita de jacarandá.” O homem fez uma pausa. “Possuí um núcleo incomum.” Constatou. “Acredito se tratar de um fio de cabelo de uma veela, estou certo?”

“Sim!” Se limitou a dizer Fleur, ainda distraída. “O fio era da minha avó.”

“Entendo.” Falou o homem balançando a cabeça curioso. “É uma escolha interessante, eu nunca usei algo assim. Sempre achei que faria uma combinação muito temperamental.”

Disse o homem escolhendo as palavras com cuidado.

“No entanto, tudo bem se funciona para você.”

Fleur estreitou os olhos diante da frase do artesão, mas não falou nada. O homem usou um feitiço que fez cair ao chão um amontoado de flores.

“Muito bem, ela está em perfeito estado de funcionamento.”

Declarou o homem entregando a varinha a sua proprietária.

“Sr. Krum, por favor.”

Solicitou o homem após uma breve conversa com os jurados.

“Um bom exemplo de uma criação de meu colega Gregorovitch.” Foi a primeira impressão do velho. “Excelente fabricante de varinhas, de fato. Embora, tenhamos uma séria divergência quanto ao estilo.” Acrescentou franzindo a testa. “Bétula e corda de coração de dragão, uma combinação muito confiável e estável.” Disse apreciativamente. “Mais grossa do que eu faria, bastante rígida e possuí vinte seis centímetros. Avis!”

Disse conjurando alguns pássaros.

“É um belo trabalho e está em perfeito funcionamento.”

Constatou o homem, entregando a varinha ao seu dono com um aceno educado.

“Resta o último dos três.” Sorriu o velho virando-se para o garoto que ainda não havia deixado o lado de Fleur. “Sr. Potter, por favor.”

O garoto deu dois passos largos parando em frente ao homem e lhe entregando sua varinha sem cerimônias. Os olhos do velho pareceram brilhar ao segurar o pedaço de madeira.

“Oh sim, eu me lembro bem desta aqui.” Começou o homem em tom misterioso. “Uma das minhas próprias criações, eu estava particularmente orgulhoso dela.”

Falou enquanto segurava a varinha de forma quase carinhosa.

Estranhamente, Fleur se viu curiosa para saber mais sobre a varinha do garoto irritante.

“Pinheiro, trinta e cinco centímetros contendo um núcleo de pena da asa de um hipogrifo.” O velho riu para si mesmo. “Flexível! Uma escolha muito boa para transfiguração e magia ofensiva, de modo geral.” Analisou o velho como se olhasse para o passado. “Parece ter lhe servido bem até agora.”

Harry Potter sorriu tristemente em confirmação.

“Está em perfeito estado de funcionamento.” Disse o velho sem nem mesmo testar a varinha. “E lembre-se, meu jovem.” Chamou atenção enquanto devolvia a varinha ao seu dono. “Há sempre uma segunda opção.”

Harry Potter, ao contrário dos outros ocupantes da sala, parecia ter entendido as palavras misteriosas do homem, portanto balançou a cabeça enquanto se afastava.

“Não pense que acabou, criança!” Falou a Sra. Flamel chamando a atenção de Harry para si mesma. “Venha até aqui e me mostre esse anel!”

Comandou duramente.

O jovem hesitou por um momento antes de obedecer e entregar o anel a contragosto.

A mulher observou a joia com um olhar crítico e sem desviar o olhar.

 “Eu não achei que Nicholas lhe deixaria usar o rubi tão cedo, aconselhei-o a não permitir, na verdade.” Disse de repente. “Eu, definitivamente, não queria que ele deixasse você avançar tanto em tão pouco tempo.”

Voltou a falar, para a confusão dos presentes.

Ao contrário do restante das pessoas na sala, o garoto de olhos verdes parecia compreender perfeitamente sobre o que a mulher falava.

“No fim das contas, eu acho que eu estava certa!” Disse ela entregando o anel de volta ao garoto. “Você não está praticando tanto quanto deveria! Nicholas não ficará satisfeito ao saber disso!”

“Só se você contar.”

Protestou o garoto em voz baixa e tom amargo.

“Pode ter certeza que eu vou!” Retornou a mulher rispidamente. “Está tudo certo com o anel dele, não é uma pedra filosofal e isso parece ser a única coisa que importa para seu regulamento estúpido. Se trata apenas de um bom foco de rubi, muito mais do que o suficiente para um alquimista medíocre como ele.”

A mulher virou-se e saiu da sala sem se importar com os olhares e sussurros confusos.

“Não se preocupem.” Falou Dumbledore retomando o controle da situação. “Se houvesse qualquer problema ela teria deixado claro.”

“Bom, sendo assim.” Disse Bagman incerto, diante dos insultos, não tão velados, deixados pela mulher. “Acho que isso concluí nossas obrigações, por hoje.”

Dumbledore assentiu.

“Encerramos por enquanto.” Disse ele. “Vocês podem voltar para suas aulas.” Todos começaram a se dirigir para a saída. “Depois da sessão de fotos e entrevistas, é claro!”

Fleur escutou Harry Potter gemer, mesmo que esse já estivesse com metade do corpo para fora da porta.

A jovem loira sorriu, o garotinho conseguia ser um pouco engraçado, as vezes.


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Notas finais do capítulo

Capítulo difícil de escrever. Não ficou bem como eu gostaria, mas tudo bem.
Aqui foram apresentados dois personagens novos que serão importantes no decorrer da história. Também foi revelada qual das varinhas Harry escolheu no primeiro capítulo. A varinha não chega a ser importante, mas é simbólica de certa forma.

Dito isso, obrigado aos que estão lendo. Não se esqueçam de comentar a história. Ficarei feliz em dizer o que acho sobre seus pensamentos e teorias. Agradeço pela atenção e até a próxima.



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