A Breaking Song escrita por Mr Mandias


Capítulo 18
Capítulo 15 -Na Morte e Culpa


Notas iniciais do capítulo

Update: Essa história está em processo de atualização, os capítulos serão todos revistos e os erros e incoerências mais graves corrigidos e, principalmente, a escrita suavizada; dito isso, esse capitulo já passou pela revisão.



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Harry acordou tarde no dia seguinte.

A maioria dos habitantes da escola escolheu sair da cama o mais cedo possível para que pudessem fazer seus palpites e apostas sobre os candidatos do torneio. Desta forma, não foi surpresa encontrar o salão cheio, algum tempo antes da hora do almoço.

“Ei!”

Cumprimentou Harry chamando a atenção de Neville que estava sentando observando curioso a movimentação atípica.

“Como as coisas estão?”

Neville deu de ombros.

“Nada mal.” Começou o menino entediado. “Os gêmeos estão organizando as apostas, mas parece que os nomes de Durmstrang e Beauxbatons não estão recebendo tanta atenção.”

Disse o garoto apontando para a pequena aglomeração no outro lado do salão.

“Faz sentido.” Assentiu Harry tomando um assento. “Nós não sabemos nada sobre eles. Qualquer aposta seria um tiro no escuro.” Explicou. “E quanto a Hogwarts?”

“A maioria das pessoas que colocou o nome no cálice parece ter algum tipo de apoio.” Disse o garoto Longbottom ainda de olho na movimentação do salão. “No entanto, existem alguns nomes que estão se destacando entre os alunos mais velhos.”

“Me ilumine.”

Pediu o jovem de olhos verdes.

Neville suspirou.

“Bem, os alunos do sétimo ano estão sendo considerados apostas seguras. Os gêmeos estão triplicando o valor de qualquer um que acertar um nome entre eles.” Explicou Neville. “É claro, alguns nomes estão recebendo destaque. O favorito parece ser um Corvinal mais velho, mas Diggory e Johnson também são nomes fortes. Quanto mais popular, menor é a margem de lucro.”

“E quanto aos outros anos?”

“Nada de muito surpreendente.” Continuou Neville. “Os valores aumentam conforme a idade diminui, mas ninguém está apostando em quem ainda não colocou o nome no cálice e poucos alunos mais jovens se atreveram.”

“Entendo.” Disse Harry de forma pensativa, enquanto um sorriso malvado se formava em seu rosto. “Aposte todo seu dinheiro em mim!”

O olhar de Neville se desviou instantaneamente em direção ao seu amigo.

“Sem chance!” Zombou o garoto. “Você nem depositou seu nome.”

Harry continuou sorrindo e balançou a cabeça.

“Faça isso!” Voltou a pedir Harry. “Eu cubro qualquer prejuízo.”

“Isso é idiotice!” Voltou a falar o Longbottom. “Por que você pede que eu aposte em você sem que tenha se inscrito no torneio?” Perguntou o jovem pensativo. Seus olhos se arregalaram. “A não ser que…”

O sorriso de Harry se alargou e ele interrompeu o seu amigo.

“A não ser que eu saiba de algo que você não sabe.” Completou o garoto, não deixando que o outro terminasse a frase. “Agora, aposte tudo em mim e me agradeça depois.”

 “Você pagará se eu tiver prejuízo.” Falou Neville se levantando enquanto mexia em seus bolsos. “Com juros.”

Completou o jovem levantando-se de seu assento.

“É claro!” Zombou Harry atirando na mesa um saco de moedas. “Aproveite e leve isso, eu vou cobrir o seu prejuízo imaginário com meu lucro de verdade.”

Neville riu, mas seguiu a instrução de seu amigo.

Harry não teve que esperar muito até que Neville voltasse.

Ele manteve um olho no aglomerado de pessoas que se formava em volta da banca de apostas improvisada dos Weasley, mas, além de uma breve discussão e de alguns olhares confusos, ele não teve que se preocupar com nada.

“Quanto eles me deram?”

Perguntou Harry curioso assim que viu Neville se reaproximar de seu lugar anterior.

“Quinze vezes, não incluindo o valor apostado.”

Disse Neville simplesmente enquanto se jogava de volta em seu assento.

“Isso é alto.”

Sussurrou Harry surpreso e contente.

“Bem, você tem quatorze anos e oficialmente nem é um aluno dessa escola.” Explicou o Longbottom. “Além disso, ninguém sabe dizer se seu nome está no cálice. Acho que eles não pensaram que alguém apostaria em você.”

“Eles provavelmente estão pensando que ganharam um dinheiro fácil.”

Ponderou o jovem de olhos verdes se apoiando na mesa.

Neville concordou com a cabeça antes de voltar a falar.

“Você, pelo menos, colocou o nome na maldita taça?”

Perguntou o garoto não segurando sua curiosidade.

“Não!”

Respondeu Harry deixando seu sorriso se alargar.

“Isso é loucura!” Bufou o Longbottom. “Eu espero que tenha algum bom motivo para fazer isso.”

Dessa vez Harry riu com gosto.

“Você não faz ideia.”

Harry realmente não havia colocado seu nome. Afinal, se o seu mestre era tão esperto, ele provavelmente teria previsto essa manobra e tomaria as providências necessárias. Se por acaso Dumbledore não colocasse o nome de Harry no cálice por conta própria, ele sempre poderia alegar que o combinado foi que caso seu nome saísse do cálice ele participaria, mas em momento algum concordou em inscrever-se.

Harry foi tirado de seus pensamentos ao ver a delegação de Beauxbatons se dirigindo até o cálice.

Ele sorriu ao ver a garota loira, com quem havia discutido na noite passada.

A menina não parecia reconhecê-lo, mas ele lembrava claramente de conversar com ela no beco diagonal, há alguns anos. Na época, ele havia achada a garota bonita e intrigante, apesar de um pouco arrogante e esnobe. Certamente foi uma surpresa reencontrá-la alguns anos depois, mas o choque não o impediu de sentir uma vontade incontrolável de provocá-la e a tirar do sério.

 Infelizmente para ele, Neville notou seu olhar e sorriso.

“O que há com você e as garotas mais velhas?”

Perguntou o jovem em tom provocante.

“Eu não sei do que você está falando.”

Desconversou Harry, sem se importar com a obviedade de sua manobra.

“Nem tente, o seu passado fala por você.” Comentou Neville. “Por exemplo, essa história que ouvi algum tempo atrás, sobre uma garota egípcia.”

O olhar surpreso de Harry se desviou instantaneamente para seu amigo que ria de forma maldosa.

“Como você sabe sobre isso?”

Perguntou o Potter, muito mais confuso do que irritado.

“Então é verdade? Isso é ouro puro!” Voltou a rir antes de se explicar. “Eu comecei a espionar as conversas da minha avó para tentar descobrir mais sobre os negócios da família, é quase como um jogo.”

Explicou o Longbottom sem se importar com a zombaria de seu amigo.

“Bem, acontece que ela e Dumbledore são amigos. Eu acho que já havia contado sobre isso.”

Harry assentiu.

“Em um chá da tarde, em que Dumbledore foi visitá-la, eles acabaram conversando sobre você e o velho contou essa história.”

“Soa como algo que ele faria para me irritar.”

Resmungou o garoto.

Neville assentiu e voltou a falar.

“Eu achei que ele só estivesse zombando de você.” Comentou o garoto tentando parar de rir. “Saber que é verdade torna isso ainda mais divertido.”

“Apenas morra.”

“Não ache que desviou o assunto.” Falou Neville de forma perspicaz. “O que há com a garota francesa?”

“Nada!” Falou Harry com um sorriso pequeno. “Eu apenas tenho essa vontade incontrolável de tirar ela do sério, ela fica adorável quando perde a paciência.”

“Você está apaixonado!”

Zombou Neville.

Harry riu alto sem se importar.

“Até parece.”

Os garotos ficaram em silêncio por algum tempo observando alguns alunos que eventualmente se dirigiam até o cálice. A maioria desistia na metade do caminho e apenas ficavam olhando paralisados para o objeto, os mais corajosos se dirigiam até ele e depositavam seu nome nas chamas líquidas.

“Eu acho que provavelmente devia falar sobre algo, agora.” Recomeçou o Longbottom depois de um bom tempo de silêncio. “Eu usurpei seu lugar no time de quadribol no ano passado.”

Comentou o garoto orgulhoso.

Harry, por sua vez, ficou chocado.

“Maldição! Isso é sério?”

Perguntou o garoto de olhos verdes incrédulo.

Neville se limitou a assentir contente.

“E como foi?”

A expressão de Neville piorou um pouco.

“Estava indo bem, mas tivemos alguns problemas com dementadores durante alguns jogos.”

Comentou enquanto estremecia ao lembrar.

“Você está dizendo que haviam dementadores em Hogwarts?”

Questionou Harry, levemente descrente, mas deixando escapar um pouco de choque e temor.

“Você não sabia?” Perguntou Neville surpreso. “Isso foi notícia no mundo inteiro. Você estava em uma bolha, por acaso?”

“Tente viver um ano com os Flamel e se manter informado sobre o que acontece no mundo.” Zombou o garoto de olhos verdes. “Me fale sobre os dementadores.”

Demandou o jovem para seu amigo.

Neville deu de ombros enquanto pensava sobre o assunto.

“Não há muito a dizer.” Começou. “O ministro alocou cerca de uma centena deles nos terrenos por alguma razão. O motivo não é de conhecimento comum, mas os professores estavam muito irritados com isso.”

“Eu posso imaginar. Como Fudge segue sendo o ministro depois de uma decisão assim?”

“Foi por pouco.” Explicou o amigo. “Provavelmente as pessoas do governo sabiam de alguma informação que o público em geral não descobriu. Você deveria perguntar a Dumbledore se quiser saber mais sobre o assunto.”

Harry assentiu curioso enquanto pensava no que havia descoberto.

O restante da tarde passou quase sem imprevistos. A dupla de amigos gastou o restante do dia falando sobre o tempo em que ficaram afastados e zombando de alguns dos aspirantes a Campeão Tribruxo.

O dia começou a escurecer e os professores começaram a se reunir no grande salão. Juntaram-se a eles o restante dos alunos que havia optado por fazer algo diferente do que gastar todo seu dia esperando em frente a uma taça mágica.

Quando as delegações estrangeiras entraram o salão, Harry não pôde evitar encarar Fleur Delacour e se deliciar com o olhar irritado que ela enviou-lhe.

Assim que o salão finalmente se encheu, começaram os murmúrios sobre quem seria o campeão de cada escola, haviam até mesmo algumas apostas de última hora, denunciadas pelo ouro trocando de mãos.

Se eles perguntassem a Harry ele diria que era  uma perda de tempo. Apenas ele e Neville lucrariam naquela noite, além dos gêmeos, é claro.

“Senhoras e senhores.”

Começou Dumbledore após todos os pratos sumirem das mesas.

“O cálice está quase pronto para decidir. Antes disso, uma última instrução aos selecionados.” Alertou ele com um olhar brincalhão. “Quando seus nomes saírem da taça se dirijam até a câmara adjacente ao salão, onde receberão as instruções.”

Falou o homem apontando para uma porta que Harry não lembrava de ter visto antes. A magia de Hogwarts nunca deixava de surpreendê-lo.

Após terminar de falar, seu mestre se aproximou do cálice com cuidado. Rodeou o objeto por algum tempo, analisando a magia e esperando que algo acontecesse.

O mago não demorou para ter sua espera recompensada. O cálice se tornou mais vivo, antes que o vermelho tomasse conta de suas chamas. Os alunos explodiram em sussurros e, do fogo hostil, voou um pedaço de pergaminho chamuscado que o diretor agarrou habilmente.

“O campeão de Durmstrang.” Falou causando gemidos ao contingente de Hogwarts. “Será Viktor Krum.”

A audiência não pareceu muito surpresa.

Harry lembrava de já ter ouvido o nome em algum lugar, mas não poderia dizer onde. O garoto mais velho não perdeu tempo em levantar-se do seu assento e se dirigir até a sala apontada. No entanto, fez uma breve pausa para cumprimentar seu diretor, que parecia animado com a escolha.

Os aplausos morreram assim que o cálice voltou a dar sinal de vida. O fogo não demorou a se tornar vermelho novamente e cuspir outro pedaço de pergaminho.

“O campeão de Beauxbatons será Fleur Delacour.”

Dessa vez Harry se juntou ao coro de aplausos. Esse era o único desenvolvimento que poderia potencializar sua vontade de competir. Oportunidades variadas de irritar e frustrar a garota mais velha eram sempre muito bem-vindas.

Como esperado, a loira levantou-se com elegância e ostentando um sorriso gracioso. Não desperdiçou sequer um olhar em direção a Harry antes de cumprimentar sua diretora e dirigir-se até onde deveria.

Harry apenas riu.

Balançava a cabeça enquanto imaginava a surpresa que a jovem teria quando ele entrasse na mesma sala.

A ovação com a seleção da menina foi tanta, que a retirada do último nome do cálice foi quase perdida pelas pessoas no salão.

“O último dos três, o representante da atual campeã do torneio, Hogwarts!”

Gritou Dumbledore com mais pompa do que das outras duas vezes, para o desagrado dos seus colegas estrangeiros.

“Harry Potter!”

Incrível silêncio precedeu a enxurrada de sons indignados e aplausos acalorados.

Neville o encarava em puro choque.

“Você me deve, Longbottom!”

Disse Harry sorrindo enquanto levantava-se e se dirigia até o seu mentor.

Enquanto caminhava para à frente da sala, Harry pôde perceber que havia uma reação mista pelo anúncio de seu nome. Por um lado, os gêmeos pareciam em êxtase enquanto percorriam a mesa da Grifinória recebendo algum dinheiro de última hora, entretanto, a maior parte das outras mesas resmungava descontente e lhe lançava olhares desconfiados enquanto aplaudiam educadamente.

“Você devia ter depositado o seu nome conforme o instruído.”

Falou Dumbledore enquanto apertava sua mão.

A voz do homem era leve e seu sorriso satisfeito, mas Harry pôde sentir que o homem estava levemente descontente com sua travessura.

“Você não ordenou que eu fizesse.”

Disse dando de ombros enquanto fingia uma conversa casual com seu diretor.

“Além do mais, deu tudo certo no final.”

Dumbledore assentiu soltando sua mão e apontando para a porta em suas costas.

“Me espere em meu escritório depois das instruções.”

Foi o último recado do homem.

Harry assentiu e adentrou pela porta.

O aposento era pequeno, um fogo acolhedor brilhava na lareira. Como Harry esperava, os seus dois adversários o encararam com olhares frios.

“O que faz aqui, garotinho malcriado?”

Perguntou a francesa balançando seus cabelos prateados. Ela não parecia surpresa com a presença de Harry.

O garoto, por sua vez, evitou demonstrar seu desagrado pela forma com que ela se referiu a ele.

“Nada demais.” Respondeu com o mesmo tom condescendente que ela havia usado anteriormente. “Apenas ganhando um torneio irrelevante.”

Falou se esforçando em ser o mais irritante possível.

Foi quase impossível segurar o sorriso ao ver os olhos de Fleur se estreitarem e suas bochechas corarem de raiva.

No entanto, antes que a menina pudesse responder, foram interrompidos.

“Ultrajante!”

Rosnou Karkaroff entrando na sala seguido pelos outros dois diretores e todos os responsáveis pelo torneio. Além destes, estavam presentes também a diretora da casa da Grifinória e, escondido em um canto, o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.

“A criança nem mesmo é um aluno de Hogwarts!”

Harry sorriu ao perceber que era o motivo de toda a discussão.

“Ele tem razão Dumbledore.” Comentou a alta bruxa francesa, que parecia tão descontente quanto o seu colega de profissão. “O garoto não pode competir, ele é seu aprendiz e não um aluno de Hogwarts.”

Dumbledore parecia muito pouco aborrecido com toda a cena.

“Isso é interessante.”

Comentou Harry em voz alta. Seu tom chamou a atenção para si e interrompeu qualquer que fosse a resposta que seu mentor tivesse preparado.

“Eu entendo que o histórico de Durmstrang na competição os faça protestar por qualquer pormenor em busca de uma vantagem boba.” Comentou o garoto irritando tanto o professor mais velho quanto o jovem campeão adversário que levantou-se da cadeira com um rosnado. “Mas não esperava que Beauxbatons se borraria de medo de enfrentar uma criança, nas suas palavras.”

Zombou o garoto maliciosamente.

“Dumbledore.” Rosnou Maxime ultrajada. “Controle o seu pirralho!”

“Não se intrometa, Harry.” Falou o diretor deixando a diversão escapar em seu tom de voz. “Agora, sejamos razoáveis.” Disse o homem em tom apaziguador. “Garanto que a inscrição do jovem não tem nenhuma irregularidade. Vocês podem verificar o contrato de aprendizado se quiserem, posso garantir que o vínculo inclui a instituição de Hogwarts em seus termos.”

Karkaroff não parecia satisfeito.

“Você parece estar bem ciente da condição que seu aprendiz tem de participar do torneio.”

Rosnou o homem tentando se agarrar em fumaça.

“Poupe-nos de suas insinuações, Igor!” Levantou a voz o diretor, em forma de alerta. “Eu mesmo personalizei o contrato, eu sei tudo sobre ele.”

O teatro não durou muito após isso.

Ambos, Karkaroff e Maxime, não estavam surpresos com sua escolha. Seus protestos eram apenas uma tentativa tola de remover uma ameaça antes que ela se tornasse um problema.

“Bem, se está tudo resolvido.” Começou a falar Bagman, que aguardou ansiosamente o fim da discussão. “Aqui vão as instruções. Barty, faça as honras!”

O homem de cara fechada, que até agora havia se mantido atrás de todos, tomou a frente.

“Pois bem.” Disse o homem em tom quase entediado. “A primeira tarefa tem por objetivo testar sua coragem, audácia e inventividade em frente ao desconhecido.”

“Uau, isso é esclarecedor!”

Zombou Harry que recebeu olhares raivosos de quase todos na sala.

“A tarefa vai ocorrer no dia vinte e quatro de novembro, estejam prontos!” Alertou o homem com olhar sério. “Pedir auxílio aos professores é proibido, assim como aceitar ajuda. Os campeões vão encarar o desafio podendo utilizar apenas de suas varinhas. O prêmio pelo sucesso na primeira tarefa é um conjunto de informações privilegiadas sobre a segunda. Além disso, os campeões estão dispensados de todas as aulas e provas finais.”

O que se seguiu foram algumas perguntas tolas que pouco ajudaram a esclarecer qualquer dúvida. Os campeões foram liberados, mas não antes de Harry enviar um sorriso na direção de Fleur Delacour que se limitou a revirar os olhos e devolver um olhar gelado.

Harry tomou o caminho mais rápido em direção ao escritório de seu mestre e esperou lá dentro até que este voltasse.

“Isso foi mais fácil do que eu pensei que seria.” Disse o velho ao entrar na sala, já se dirigindo para sua cadeira confortável. “Nenhum deles parecia surpreso com os desenvolvimentos.”

Comentou o homem.

Harry revirou os olhos.

“Você deixou suas intenções bastante óbvias.” Respondeu o garoto. “No entanto, foi divertido vê-los se contorcer por um tempo. Qual é a primeira tarefa?”

Perguntou Harry com olhar sério pulando todos os rodeios.

Dumbledore riu com gosto e serviu uma taça de uma bebida que Harry não conseguiu identificar, saboreando-a em seguida.

“Você escutou as regras, eu não posso dizer.” Falou o homem sorrindo sutilmente. “No entanto, me vejo em um dilema.” Expôs o homem em tom brincalhão. “Um amigo me perguntou o que eu faria se tivesse que lidar com um dragão irritado por conta própria, me vejo curioso para saber a sua resposta para essa questão, em particular.”

Os olhos de Harry se arregalaram ao receber a pista nada sutil. Seus dedos se fecharam em volta de seu anel como um reflexo.

“É difícil transmutar um dragão.”

Resmungou o garoto em voz cortada, não mais que uma tentativa de piada.

Dumbledore voltou a rir e balançar a cabeça.

“Alquimia nem sempre é a resposta para tudo.” Ressaltou o homem para a zombaria do mais jovem. “Além disso, você acha que é possível? Eu gostaria que você fizesse algo assim. Passaria o recado que estamos procurando.”

O jovem se levantou com uma feição pensativa e andou em círculos em volta do escritório.

“Eu não tenho certeza.” Resmungou o garoto. “Talvez com o medalhão de Nicholas.” Considerou. “Você acha que ele me deixaria usá-lo?”

Dumbledore balançou a cabeça.

“Não importa. A Pedra Filosofal não é um foco alquímico permitido no torneio.” Explicou o homem. “Você pode usar o seu anel de rubi como um foco, mas isso é tudo. Os criadores do torneio entenderam que o uso de uma Pedra Filosofal constituiria uma vantagem injusta.”

Harry fez uma careta e voltou a se sentar.

“Sendo assim, transmutar o dragão está fora de questão.”

Murmurou o jovem.

“Você pensará em outra solução.” Disse o velho mudando de assunto. “Eu arranjei um professor que vai continuar seu ensino em maldições de onde eu parei no ano passado. Em breve eu avisarei sobre os horários que vocês se encontrarão. Se for só isso, você está dispensado.”

“Espere! Há mais uma coisa me incomodando.” Disse o jovem. “Neville contou que haviam dementadores em Hogwarts no ano passado.”

O olhar de Dumbledore escureceu.

“Eu fiquei curioso sobre isso.”

“De fato.” Falou o velho em tom neutro, ainda mantendo sua feição fechada. “O que você sabe sobre Sirius Black?”

O sangue de Harry gelou e a raiva nublou sua mente.

“O traidor?”

Perguntou em meio a um rosnado.

Dumbledore assentiu.

“Durante quase todo o ano passado, houve uma preocupação.” Contou o velho. “O homem que você se refere como traidor escapou de Azkaban.” Harry teve que se segurar para não levantar e quebrar algo. “O ministério abafou o caso e organizou uma operação para capturá-lo, vivo ou morto.”

“Isso explica os dementadores.” Comentou o garoto ainda enraivecido. “O que aconteceu?”

“O caso todo foi uma bagunça, o ministério tinha medo que ele se dirigisse para Hogwarts procurando por você.” Explicou o homem. “No fim, Cornelius foi irredutível em colocar dementadores nas redondezas da escola.”

“Por que ele ainda está no cargo?” Perguntou Harry tetando analisar as coisas de forma fria. “Depois de uma decisão como essa deveriam tê-lo chutado nos primeiros meses.”

“Você tem razão.” Afirmou o diretor enquanto tomava mais um gole de sua bebida desconhecida. “Exceto por um detalhe. A operação deu certo e antes do ano terminar Sirius Black foi encontrado e beijado pelos dementadores.

Saber que o homem que havia sido responsável pelo assassinato de seus pais havia sido morto não trouxe o alívio que Harry pensou que traria. Na verdade, saber sobre o destino de seu padrinho amaldiçoado o deixou sentindo-se vazio.

“Ele está morto?”

Seu mentor assentiu com um olhar de entendimento.

Alguns segundos de silêncio total se passaram antes que Harry voltasse a falar.

“Eu agradeço por me contar.”

“Você merece saber. Se trata de sua família, afinal de contas.”

“Ainda assim, eu agradeço.” Disse o jovem com um olhar de gratidão. “Há mais alguma coisa que eu precise saber sobre o caso?”

Dumbledore hesitou brevemente.

“Uma circunstância estranha, apenas.” Falou o velho como se ponderasse o caso. “Perto do seu corpo foi encontrado um rato morto.” Explicou o homem. “Na caverna onde ele se escondia havia uma pilha de carcaças das coisas. Isso diz algo para você?”

Harry fez uma careta.

“Não.” Falou de forma assertiva. “Qual é a explicação oficial?”

            “Oficialmente, Sirius Black morreu em Azkaban.” Disse o homem terminando sua bebida. “Todo fiasco ocorreu por debaixo dos panos, não há relatórios detalhados sobre o caso.”

“Eu entendo!” Disse o garoto levantando-se. Era o suficiente de emoções por um dia. “Boa noite, diretor.”

“Boa noite, Harry.”

Despediu-se o velho enquanto observava atentamente o aluno que deixava a sala atormentado.

O caminho até o corredor que demarcava a sala comunal passou como um borrão. O garoto não conseguia afastar o gosto ruim que se apoderou de sua boca ao saber que Black havia encontrado seu destino.

Harry não costumava pensar sobre seus pais ou sobre os acontecimentos que culminarão em ele se tornar um órfão, mas no fundo ele sempre pensou que teria a oportunidade de olhar no fundo dos olhos do verme que entregou o destino de sua família nas mãos de um monstro.

Sempre achou que poderia tirar satisfações e quem sabe até decidir o destino do homem que selou a morte de Lily e James Potter. A decisão, mais uma vez, foi tirada de suas mãos.

Os seus pensamentos sombrios foram abruptamente interrompidos por uma pessoa muito inesperada.

“Potter.” Cumprimentou Hermione Granger parada ao lado do buraco do retrato com o rosto tenso. “Eu preciso falar com você.”.

Harry suspirou em cansaço e aborrecimento.

“Eu sei que você me odeia com todas as suas forças, Granger.” Comentou o garoto de maneira casual. “Mas eu tenho outras coisas em minha mente. Não tenho tempo para isso.”

Disse ele passando pela garota e indo em direção ao retrato.

“Espere!” Disse a jovem com a voz magoada. “Eu estou tentando me desculpar.”

A revelação surpreendeu o garoto e fez com que ele prestasse atenção.

A menina voltou a falar ao notar que estava sendo ouvida.

“Eu fui uma idiota.”

“Você foi!”

Concordou o garoto em tom seco.

“Não me interrompa!” Voltou a jovem irritada. “Eu espalhei todos aqueles rumores e coloquei a Grifinória contra você.” Explicou a menina sentindo-se culpada. “Na época, parecia a coisa certa a se fazer. Estavam todos falando sobre como você era esquisito e suspeito. Depois ainda ouve o incidente com a cobra.”

“Você está tentando se desculpar ou se explicar?”

Interrompeu Harry olhando para a garota pela primeira vez em toda a troca.

“Desculpe!” Disse a menina de uma vez. “Eu estava errada.” A admissão foi dada a contragosto enquanto a menina se aproximava lentamente. “Eu fui egoísta e ciumenta. Quando eu cheguei nessa escola eu pensei que não teria chances. Me esforcei, li todos os livros em que pude colocar as mãos.”

Harry assentiu, como se entendesse o sentimento.

“Você não tem ideia de quão contente eu estava quando percebi que eu poderia ser a melhor mesmo com toda a desvantagem.” Explicou a garota. “No entanto, antes que eu pudesse estufar o peito com orgulho, você apareceu.” Dessa vez o tom da garota se tornou amargo. “Parecia ser melhor em tudo, sem nem mesmo se esforçar.”

Harry zombou, mas permaneceu em silêncio.

“Então, quando as pessoas começaram a falar sobre como você estava atacando os alunos eu apenas acreditei.” Comentou segurando os próprios ombros em uma posição que exalava insegurança. “Era conveniente, e parecia que você estava zombando de mim, sendo melhor em tudo e atacando crianças trouxas. Apenas me perdoe, eu estava errada.”

Quando terminou o seu discurso, a garota estava com os olhos baixos e portava uma feição derrotada.

“Isso é perda de tempo.” Disse o jovem de olhos verdes implacáveis, surpreendendo a menina vulnerável. “Isso não muda o que aconteceu e como as coisas terminaram. Você transformou minha vida em um inferno, naquele ano.”

“Eu sei, me desculpe.”

Sussurrou a garota envergonhada.

Harry levantou a voz.

“Pare de se desculpar!” Gritou irritado fazendo a garota na sua frente recuar. “Aceite que você fez besteira e faça melhor da próxima vez, desculpas não importam. Desculpas não trazem as pessoas de volta.”

Disse o garoto trazendo sua voz de volta ao tom normal.

“Isso é sobre a menina que morreu? Você me culpa?”

Perguntou a garota confusa e machucada.

“Não fale sobre ela!” Sussurrou Harry venenosamente, como se tivesse sido socado, enquanto virava as costas. “E não! Eu não culpo você, mas eu também não aceito suas desculpas inúteis, lide com isso!”

Terminou o jovem adentrando a sala comunal e deixando para trás a garota machucada e pensativa.


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Notas finais do capítulo

Pois bem, obrigado a todos por lerem as besteiras que eu escrevo. Espero que estejam gostando da história.

Deixem comentários para que eu saiba como as coisas estão indo.



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