O Portal escrita por LeniVasconcelos
Perguntas rondavam sua cabeça. E não sabia por onde começar.
Rei Edmundo retornou ao seu aposento após o seu breve encontro com a nova visitante. Phebus tinha entregado-lhe todos os pertences da dama que havia acabado de visitar. Resolveu analisá-los.
Uma varinha? Seria uma bruxa? Bruxos e feiticeiros em Nárnia utilizam magia com as mãos... De onde ela veio com este objeto? Olhou para o próximo objeto... um colar de duas voltas dourado com uma ampulheta no meio de círculos dourados, que rodavam a 360 graus. Não sabia decifrar o motivo dela carregar uma ampulheta num colar. Marcar o tempo... de quê? Não deveria ter uma bússola?
Os outros objetos não haviam ligação alguma com os dois primeiros, o que os tornavam igualmente estranhos: tubos de laboratório, com líquidos ou pedras diferentes; e um pergaminho em branco. O Rei não sabia o que pensar perante esses objetos tão distintos. O que esta moça seria? De onde ela veio?
Os alimentos, obviamente, foram colhidos todos em Nárnia, mas não sabia se a moça em questão era aventureira ou se conseguiu ajuda para adquirir estes alimentos... Só aí notou o mapa de Nárnia.
Ela conhecia alguém daqui. Não podia retornar neste exato minuto para questioná-la... Mas também não podia deixar perguntas no ar por muito tempo.
Na manhã seguinte, a primeira coisa que o Rei fez foi aprontar-se e cavalgar com Phillip para organizar suas ideias, mas estava tão aflito, que decidiu ver Danna antes de fazê-lo.
Quando chegou no cômodo da bruxa, reparou que ela estava com os pensamentos bem distantes: seus olhos estavam voltados para o lençol que a cobria, mas não estava olhando-os. Era como se não tivesse ali naquele minuto. O Rei a observava pacientemente. Notou que havia uma bandeja na mesa de cabeceira com o café da manhã. Estavam tratando-a como uma convidada. Isso era bom: deixava a moça à vontade.
Demorou algum tempo para Danna notar a figura de Rei Edmundo encostado em sua porta. Ela deu um sorriso tímido e não sabia como reagir perante a figura dele. Ela não parece muito confortável ainda, pensou o Rei.
— Vo... Vossa Majestade — começou ela.
— Não vais comer? — perguntou ele dando um sorriso torto. Danna desviou o olhar.
— Claro, Vossa...
— Me chame de Edmundo — disse, tentando deixar a conversa mais informal possível.
— Certo... Edmundo — o Rei deu um meio sorriso e serviu o café de Danna tranquilamente. Queria que ela o visse como um amigo, cortejá-la talvez funcionasse.
— Não precisas fazer isso.
— Sentes incomodada?
— Talvez.
— Saibas que só estou fazendo-lhe uma gentileza.
— Eu agradeço.
O Rei esperou olhando a paisagem pela janela do cômodo em silêncio enquanto Danna tomava todo o café da manhã servido pela Rainha Susana. Era um silêncio constrangedor, mas parecia que o Rei não se incomodava com isso.
Quando acabou, ela levantou-se para ir ao outro cômodo. Demorou uns minutos antes de retornar ao cômodo do quarto. Quando retornou, chamou a atenção de Edmundo, perguntando-lhe.
— Vais passear?
Edmundo achou curiosa a pergunta.
— Espero que em sua companhia.
O queixo de Danna caiu. O Rei presumiu que a dama admirou-se com a resposta. Parece que estava conseguindo quebrar a barreira da formalidade.
— Não posso ir deste jeito, presumo.
— Eu posso cuidar disso, srta.
Em questão de minutos, o Rei disparou do cômodo e voltou com a amo que serviu seu café da manhã. Ela entregou-lhe um vestido, fez uma reverência a Danna, retirou a bandeja e fez uma reverência ao Rei antes de sair.
— Estou impressionada com sua eficácia.
— Espero surpreendê-la.
— Já estás — disse Danna bem baixinho. Edmundo viu o rosto dela enrubescer antes da mesma abaixar a cabeça.
— Vais se trocar. Espero-te no corredor.
— Certo.
O Rei Edmundo esperou Danna na porta do cômodo encostado na parede, e pensou nos tipos de perguntas que deveria fazer: primeiro falar de seus pertences? Ou será que era melhor falar de como chegou em Nárnia?
A Rainha Lúcia passou por ele e quase não notou sua presença.
— O que estás fazendo parado a porta de srta. Danna, Edmundo?
— Esperando-a sair.
— Vais sair com ela?
— Vamos cavalgar, apenas. Poderias pedir as botas para srta. Danna?
— Perfeitamente.
Então a Rainha saiu pelos corredores. Danna saiu um momento depois.
— E então?
— Estás esplêndida.
— É uma palavra que não ouço há tempos!
— Espere um pouco. Vossa Majestade, minha irmã, foi buscar suas...
— Minhas coisas?
— ...botas - completou Edmundo. — Tens algo importante naqueles pertences?
— Tirando os alimentos, todos são.
Edmundo pensou na resposta, mas resolveu mudar o rumo da conversa.
— Sabes cavalgar?
— Não. Creio que nunca cavalguei na vida.
— Vais desfrutar de um dos melhores momentos da vida, então.
— Espero que sim — e sorriu.
O Rei não tinha notado o quanto Danna era bonita, principalmente sorrindo. Seus olhos castanhos e cabelos pretos em sua pele levemente bronzeada chamavam muita atenção. Ele ia continuar a conversa, mas foi interrompido pela Rainha Lúcia, que apareceu repentinamente com as botas que pediu.
— Veja srta Danna! Espero que caiba em seus pés. Deduzi que este seria seu tamanho pelos sapatos que trouxeste.
— É muita gentileza sua, Vossa Majestade — a Rainha sorriu e saiu rapidamente do cômodo.
Danna sentou na cama de seu cômodo para calçar as botas que lhe entregaram. Cabiam perfeitamente.
— Podemos? — o Rei Edmundo ofereceu seu braço para Danna.
— Claro.
Edmundo explicou tudo para a bruxa: rédeas, estribo, sela. Ajustou para a moça antes de subir em seu próprio cavalo.
— Estarei ao seu lado. Não acontecerá nada.
— Está bem — disse nervosa.
Edmundo demonstrou como cavalgava antes de Danna começar. Ela é inteligente, pensou ele, observa tudo com muita calma antes de agir.
— Se estiver rápido, converse com o seu cavalo.
Danna franziu a testa, mas logo o cavalo em que estava montada grunhiu:
— Meu nome é Sanchez.
Danna deu uma risada. Essa ela não estava esperando. Olhou a sua volta: que lugar magnífico! Como tinha aproveitado pouco a vista que estava vivendo! Era um local que transparecia magia, além de tê-la. Uma energia sem tamanho. Fácil perder-se de tanta beleza. Como não haviam desmatado isso? Ou criado cidades?
A bruxa concluiu que não havia motivos para destruir um local tão belo e que habitavam animais falantes. O reino não ousaria de fazer algo contra seus... súditos? Ainda achava estranho obter um reinado num local deste.
— Queria saber por que carregas aquelas coisas esquisitas? — começou o Rei, tirando a alquimista de seus pensamentos.
— Oras, são apenas pertences que eu carrego para me facilitar. Mas muitos deles não funcionam em seu reino. Não sei o motivo ainda.
— Se são pertences que facilitam, por que não funcionam em Nárnia? Tem mágica neles, ou tu és uma espécie de Feiticeira?
— Sou uma bruxa alquimista, não feiticeira. Nem todas as pessoas podem saber disso, pois há pessoas não-mágicas — disse Danna de forma assertiva.
— O que é alquimista?
— Alquimista estuda os quatro elementos fundamentais da Natureza com poções e transformação.
— Curioso. Ainda bem que não és uma feiticeira. Em um passado não longe tivemos problemas com uma, Nárnia sofreu na mão dela por anos. O exército de Aslam, liderado por Pedro e por mim a derrotou. Eu inclusive quebrei o seu cedro, quase morri, mas Aslam a matou em tempo.
Desculpe a ousadia, mas que regras esquisitas! Os não-mágicos não saberem que tu és bruxa. Estão em guerra contra eles? És espiã? Podes contar-me, Nárnia não está envolvida nisso, e, caso se envolva, nossos navios e minha espada à protegerão! — Droga, pensou Danna, ele deve estar achando que estou aqui por algum interesse!
— Não sou espiã, de forma alguma! Só escondemos o mundo bruxo para termos paz em nosso mundo — Danna parou um momento antes de perguntar: — Tu sempre esteves em Nárnia? Parece que não há muitos humanos por aqui.
O Rei Edmundo parou para refletir a resposta. Não lembrava de seus tempos antes de encontrar a Feiticeira Branca, o Sr. e Sra Castor ou Sr. Tumnus.
— Não lembro de não estar em Nárnia. Não lembro muito da minha infância, apenas que meu pai morreu.
Danna achou que o rumo da conversa estava ficando incômodo para ambas as partes, mas não sabia o que dizer para mudar o rumo da conversa. Resolveu ficar calada, refletindo tudo que havia ouvido desde então. Olhava a bela paisagem de Nárnia com mais atenção e percebeu que não estava mais tensa como antes de montar na cela e descobrir que Sanchez falava. Ele sabia exatamente o que fazer ao lado do outro cavalo que o acompanhava.
O Rei Edmundo e Danna ouviram trombetas ao longe sendo acionadas. O Rei parou imediatamente seu cavalo.
— Temos que voltar: o Grande Rei Pedro, meu irmão, chegou.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Não esqueçam dos reviews :)
A partir de hoje, estarei postando toda sexta no mesmo horário, como se fosse uma novela e eu poder terminar esta história! Espero que estejam gostando :)