O Portal escrita por LeniVasconcelos
Rei Pedro foi coroado muito jovem, juntamente com seus irmãos. Por ser o primogênito, tornou-se o Grande Rei, e governava em Cair Paravel juntamente com seus irmãos. Nárnia estava numa era de ouro: era uma terra segura, feliz e em paz.
Os cavalos trotaram depressa. Danna não sabia o que fazer a não ser segurar o pescoço do cavalo. Chegaram em seu destino mais rápido que poderia imaginar. O Rei Edmundo desceu rapidamente de seu cavalo e parecia tenso: ombros duros e muito calado.
— Estás bem? — perguntou Danna muito preocupada.
— Sim, sim… Só apenas preocupado com meu irmão. Ele acabou de sair de uma guerra no Norte.
Verdade, pensou Danna. Lembrou-se de Rainha Lúcia ter falado que Pedro estava em uma Guerra. Lembrou-se de mais uma coisa que ouviu de Teko:
— E tu estavas onde?
— Arquelândia, resolvendo um pequeno desentendimento com as Rainhas, minhas irmãs.
— Certo. E…
— Podemos? — interrompeu Rei Edmundo mostrando o caminho para Danna.
— Ah… Sim! Claro!
O casal subiu as escadas em direção ao salão principal, em silêncio. Enquanto caminhava pelos corredores, Edmundo repentinamente perguntou:
— De qual reino és?
— Venho de um reino onde o Rei não governa. Não é nem um pouco perto daqui, pelo que vi.
— Quero saber mais sobre este reino. Um rei que não governa? Então não tem leis? Onde fica este reino? Me deixas confuso com esses paradoxos!
— Estou tão confusa quanto você. Venho da Inglaterra: vivemos num parlamentarismo. O rei existe, mas quem governa é o primeiro ministro. E tem leis mágicas e não-mágicas por lá, devo saber as duas para conviver em paz com os não-mágicos.
— E eu achava que apenas o nosso modo de reinar confuso. É difícil explicar aos outros que eu sou rei mas apenas Pedro é o supremo, mas pelo visto o reino da Inglaterra também é confuso.
— Ao menos tu és compreensivo.
Edmundo lança um olhar penetrante a Danna e dá um leve sorriso. A bruxa fica um pouco apreensiva.
— Falei algo errado?
— Não, nada. Só chegamos onde deveríamos estar.
Danna desviou o olhar para o chão, saindo do rápido transe em que Edmundo havia lhe deixado. Só aí percebeu que haviam dois centauros próximos a eles, prontos para abrir os portões. Edmundo acenou a cabeça e prontamente foi obedecido. O Rei entrou no salão de cabeça erguida.
— Meu real irmão, seja bem vindo de volta a Cair Paravel!
— Agradeço, meu excelso irmão — respondeu o Grande Rei Pedro. — Percebo que estás acompanhado esta tarde.
O Grande Rei Pedro olha para os portões em que Rei Edmundo havia acabado de sair. Edmundo acompanhou o olhar do irmão.
Danna, ao invés de segui-lo, parou em frente aos portões, não sabendo o que fazer. Deu um sorriso nervoso quando os dois reis olharam para ela.
— Ah, claro! Senhor, esta é srta. Danna, uma visitante de Nárnia. Venha, Danna — disse acenando a cabeça para chamá-la.
Danna entrou devagar no Salão Principal, com receio de Rei Pedro achar que ela era uma intrusa. Não sabia para onde olhar, pois ambos os reis a deixavam encabulada. Quando parou ao lado do Rei Edmundo, resolveu observar o Grande Rei Pedro.
Era um homem alto e parrudo, cabelos dourados e barba fechada. Usava uma coroa grande e pesada de ouro, e tinha um ar de superioridade perante os demais, apesar de tratar com humildade e respeitar como iguais. Ele abriu um grande sorriso a Danna assim que ela olhou nos olhos dele.
Danna deu uma risadinha de nervoso. Como este homem, tratando este povo desta forma, conseguiu seu poder como Grande Rei? Ele era…
— Srta. Danna, este é o Grande Rei Pedro, o Magnífico — apresentou-lhe Edmundo.
Magnífico. Exatamente o que ela pensava. Danna fez uma reverência ao Grande Rei e voltou a admirá-lo como uma escultura de arte. Voltou aos pensamentos quando Rei Edmundo pigarreou ao seu lado, incomodado com a situação que estava acontecendo.
— Seja bem-vinda, srta Danna, a Cair Paravel
— Agradeço a hospitalidade, Vossa Majestade.
— Srta. Danna, de qual reino tu vieste? — perguntou o Grande Rei Pedro, curioso.
— Inglaterra, Vossa Majestade.
— Onde fica este reino, srta.? — O Grande Rei ajeitou-se em seu trono, incomodado.
— Fica na Europa… Mas parece que Nárnia é em outro mundo, senhor.
— Tu entrastes por magia?
— De certa forma, sim senhor.
— Já acomodou a vossa visita, meu irmão? — disse o Grande Rei ao Rei Edmundo.
— Ontem a noite, senhor. Quando foi encontrada pelos centauros na Floresta.
— Já mostrastes nosso reino, senhor?
— Sim, meu nobre irmão.
— Espero que estejas à vontade, srta. Danna — virou-se o Grande Rei para ela.
— Estou sendo muito bem recebida pelo seu irmão, Vossa Majestade — afirmou Danna com toda a convicção, mas apressou-se a dizer quando viu o leve sorriso que Edmundo acabara de esboçar. — Ah, e de Vossa Majestades, suas irmãs também, claramente.
O Grande Rei Pedro deu uma leve risada.
— Certo, minha senhora. Levem-na aos seus aposentos para que descanse de seu passeio.
O Grande Rei esperou os portões se fecharem atrás de Danna para virar-se para seu irmão e cochichar:
— Achas que é perigosa, senhor?
— De forma alguma. Parece que ela está encantada com tanta novidade, fala com muita naturalidade o que eu pergunto.
— Bom, assim sendo… Não vejo motivos para não ficar. Se me permite, meu jovem irmão, retirar-me-ei para meus aposentos.
— Perfeitamente, senhor.
Rei Edmundo também retirou-se da sala, afundado em seus pensamentos. Passou pelos corredores parando na porta de Danna. Estava obcecado por respostas, mas sabia que não seria apropriado pressioná-la tanto para um dia.
Danna, por sua vez, tomou um banho e largou-se na cama de seu novo quarto, como ela havia nomeado. Quarto… Um dia antes estava desesperada para achar a saída e, agora estava completamente fascinada pelo reinado de Nárnia e por seus governantes.
A bruxa pegou no sono rapidamente e entrou em um sonho profundo. Por mais uma vez, o Leão estava lá. Observava Danna com tranquilidade e parecia sorrir para ela.
— Srta. Danna.
— Aslam. O que está havendo?
— Ora, vejo que acreditas em Nárnia tanto quanto seu mundo.
— Sim. Vejo que é real, mas por que não posso fazer magia?
— A magia de Nárnia é diferente da tua, srta. Danna. Muito mais poderosa e de outro mundo. Assim como a Feiticeira Branca veio a Nárnia com todos os seus poderes, e no seu mundo, enfraqueceu, tu enfraquecesse quando chegou a este mundo.
— Quem essa Feiticeira Branca? E como ela saiu daqui para o meu mundo?
— Estas respostas, tu deves buscar consigo mesma. Nada acontece por um acaso nem ao menos duas vezes.
O Leão olhou profundamente em seus olhos e assoprou seu rosto. Danna acordou imediatamente.
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