Nevasca escrita por Feer


Capítulo 9
Capítulo 9




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Era um novo dia e, junto dele, novos momentos. Nix agradeceu por Lynae ter conversado coisas triviais com ela durante a manhã — como "Ei, você ouviu a nova música do The Killers?" ou "Hoje o dia está bem bonito para tomar um chocolate quente." Ao menos assim se sentia mais em casa, já que tinha que se acostumar que ali agora era o seu lar. O mal humor de ontem já não estava mais presente, e agora a garota só queria ter um dia comum.

E falando na colega de quarto, ela lhe remetia um pouco às garotas do clube. Sempre tão bem arrumada, cabelos claros, olhos grandes, azulados. O corpo muito bem cuidado, valorizado pelas roupas que usava. A única diferença era que Lynae se portava de maneira elegante, chic. Já as moças do clube usufruíam da luxúria e da sensualidade explícita.

— Hoje é dia de ir até o clube secundário, né? — perguntou a loira enquanto andavam pelos corredores, indo em direção à última aula do dia.

— É? Quase me esqueci. — respondeu em um tom neutro, caminhando de maneira lenta — Huh, só quero meu final de semana.

Assim que adentraram a classe, escolheram os lugares do fundo. O seu primeiro dia de aula havia sido, até então, bem tedioso. O dia inteiro era dedicado a matérias de humanas, o que deixava a garota bem sonolenta. Nunca foi fã de história ou geografia — sempre se interessou mais por exatas. Os números lhe chamavam a atenção mais do que placas tectônicas batendo umas nas outras e causando tragédias.

— Bom dia. — um homem alto e esbelto entrou na sala, deixando algumas pastas e um estojo em cima da mesa principal. Ele era negro, tinha olhos escuros e mal possuía cabelos. Era musculoso — muito, muito musculoso. Mas o que mais chamou a atenção de Nix foi que, embora tivesse um corpo bruto, sua feição transmitia paz. — Irei prosseguir com a matéria de Sociologia. Estávamos falando sobre cultura ontem, para os que não estavam presente.

Nix nem sequer pegou a indireta jogada. Assim que seus olhos foram de encontro com o caderno em cima de sua mesa, os seus pensamentos voltaram a focar no que havia lido ontem. 10 pessoas. Quem quer que seja tinha que juntar os 10. Mas quem poderiam ser esses 10? Pra que tinham que existir os 10, quais eram suas finalidades? A qual propósito seguiriam?

— E então, senhora... Eriksen. — o professor tinha a lista de chamada em mãos. Fitou a platinada assim que chamou seu nome. — Para você, o que é cultura?

— Um conjunto de hábitos, ideias, tradições, hobbies. Depende de onde você está e a o que você quer se referir. — falou, dando de ombros.

— Muito bem. Você pode me dar três exemplos de cultura?

— As pessoas que moram em Berlim tem uma cultura. As pessoas que moram em Paris tem uma cultura diferente. Existem culturas menores também, como a dos hippies ou cultura voltada pro pop.

Ele sorriu, e ela apenas voltou a escrever em seu caderno o que ele dizia. Tentou preencher o espaço vago de sua mente para que as dúvidas de ontem não lhe atormentassem. Ao fim da aula, Joe, o professor, pediu para que ela ficasse por alguns minutos.

— Eu gostei muito do seu desempenho na aula hoje, Nix. Você já pensou em seguir alguma carreira mais voltada para ciências humanas? — a sua pergunta arrancou um largo sorriso dela.

— Sem querer ofender, mas eu acho essa área bem chatinha, tediosa. O que eu gosto de fazer nenhuma aula aqui vai me ensinar, professor.

— E o que você gosta de fazer? — indagou ele, curioso.

— Eu gosto de arrancar o dinheiro de maridos infiéis que vão a clubes quando brigam com a mulher ou tem um dia difícil no trabalho. — sorriu de maneira cínica, cruzando os braço.

Achou que o homem ficaria desconfortável e a mandaria embora, mas para sua surpresa, ele prosseguiu a conversa.

— Eu não posso julgar sua escolha, mas devo lhe dizer que conhecimento nunca é demais. Nenhum bem material é levado consigo quando você morre, você leva apenas seu conhecimento. Não estou dizendo para que você... Não siga a vida que almeja. Mas pense além: não pare de estudar. Tudo bem?

Ela franziu o cenho, concordando lentamente com a cabeça. As palavras dele faziam muito sentido. Ela não precisava parar de estudar para dançar à noite. O único empecilho que estava a sua frente no momento era o próprio internato. Por que Henry não havia conversado com Joe antes? Talvez ele tivesse mudado de ideia. Sentir-se presa fazia com que a platinada tivesse calafrios — odiava a sensação de ter sua liberdade privada.

Despediu-se do professor e foi em direção ao clube de Natação. Ao menos poderia nadar um pouco — exercer uma atividade relaxante seria ótimo para ela no momento. Sentiu-se tranquila quando notou que havia nem sequer cinco pessoas ali dispostas na grande piscina. Uma mão tocou seu ombro e, ao virar-se, vislumbrou Uriel.

— Seja bem vinda ao clube de natação. Irei te mostrar onde você pode se trocar e os armários para guardar seus pertences.

Ela apenas concordou, fazendo um movimento curto para que ele desencostasse sua mão dela. Não suportava contato físico inesperado — tinha sérios problemas quanto a isso. Uma vez, Nix quase quebrou um braço de um garoto que a segurou pelo cotovelo de brincadeira.

Seguiram os dois quietos até um espaço cheio de armários e bancos. Uriel indicou o de Nix, e avisou que já haviam colocado alguns maiôs ali. Ela depositou suas coisas no pequeno cubo e pegou seu novo traje de banho, indo se trocar em uma cabine. Quando enfim voltou para a área de piscina, o rapaz estava a sua espera.

— Eu sei que as pessoas muitas vezes escolhem esse clube pra passar o tempo, então, como capitão, não gosto muito de prendê-las a exercícios ou coisas do tipo. Como não temos nenhum campeonato, o grupo fica sendo mais voltado para o lazer mesmo. Enfim. Aproveite o fim da tarde, Nix.

Ela assentiu com a cabeça, e estava para entrar na piscina quando ouviu um grito vindo de sua área mais profunda.


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Notas finais do capítulo

Oi. Aceito feedbacks. ♥



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