Nevasca escrita por Feer


Capítulo 10
Capítulo 10




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Assustada, Nix olhou para a direção da voz, vendo uma garota pequena se afogando na parte mais funda da piscina, que media por volta de dois metros e meio. Sua mão imergiu na água assim que o grito ficou mais forte — vinham dos colegas que estavam na beira da piscina.

Uriel e a platinada correram até o local. O rapaz se jogou num pulo perfeito para dentro da água, ajudando a garota. A sua amiga, do lado de fora, chorava em desespero, enquanto outros dois mantinham as mãos na cabeça e no rosto, incrédulos, sem saber como reagir.

— Estávamos nadando até onde nos dava pé, e então começamos a brincar de dar pulos para dentro da água... Resolvemos brincar com ela, falamos que íamos fazer sua lição de casa por um mês se ela conseguisse chegar até o fundo da área mais profunda e ficar por dez segundos. Só que ela não voltou mais... — ela não conseguia parar de chorar.

Nix franziu o cenho, encarando os três com raiva. Eles não deviam nem ter 14 anos de idade direito.

— Que tipo de merda vocês têm na cabeça? Não podia pensar em um desafio que não envolvesse risco de vida? E se fosse você na situação dela, você ia gostar? Caralho, pensem um pouco nas consequências dos seus atos antes de realmente fazer algo estúpido. SAIAM DA MINHA FRENTE! VÃO EMBORA! E eu espero que esse episódio fique refletindo diversas vezes na cabeça de vocês, e que os seus pesadelos lhe assombrem. — falou com ódio, vendo os três saindo correndo, chorando. Um até escorregou, correndo meio engatinhando até conseguir achar seu equilíbrio.

Era até um tanto quanto hipócrita para Nix ofendê-los por terem praticado uma "brincadeira" com a menina. Afinal de contas, aquela garota de sua antiga escola sofreu muito em suas mãos. A diferença era que Eriksen tinha um motivo concreto para realizar seus atos, como se fosse um revidamento, um acerto de contas. Nunca agiu de má conduta sem uma explicação plausível. Afundar a mão daquela menina no aquário da sala de ciências teve seus motivos.

Uriel voltou à superfície com a garota em mãos, colocando-a no chão com delicadeza na beira da piscina, saindo da mesma em seguida. Nix ajoelhou-se perto dela, virando seu corpo de forma lateral, para que ela tentasse expelir a água dentro de seus pulmões. Analisou a sua respiração, suspirando pesado ao perceber que ela não estava respirando. Ajeitou seu corpo novamente, deixando-a de barriga para cima.

— Chama algum enfermeiro ou médico, voando — falou calma para Uriel, fitando a garota — e por tudo que é mais sagrado para você, evite que eles tragam um desfibrilador.

Nix rasgou a parte superior do maiô da menina assim que o moreno saiu apressado, ajeitou a posição de suas próprias mãos e de seu corpo, dando início à massagem cardiorrespiratória. Fez o mesmo movimento por trinta vezes de forma constante e firme, voltando a atenção para os lábios dela, ventilando seu corpo duas vezes. Percebeu que ela não reagiu, voltando a fazer a massagem.

Só que dessa vez foi diferente. Uma luz azul bebê emanou de suas mãos, bem fraca. Foi transferida para o corpo da menina, em específico para a área conturbada, fazendo com que Nix parasse de realizar o movimento de compressão. A platinada manteve as mãos no peito dela e, como num passe de mágica, observou o tórax dela subir. Ouviu-a tossir, escondendo as mãos atrás de si. Os olhos dela se abriram e ela se sentou, como se nada tivesse acontecido.

Para sua sorte, Uriel chegou rapidamente com ajuda médica. Eriksen se levantou, afastando-se, atônita. Nem sequer ouviu o que o rapaz lhe disse — ela apenas buscou as suas coisas no armário do local e foi embora correndo.

— A gente precisa conversar — disse Nix, entrando no cômodo que mais parecia um clube secreto, com a porta de veludo.

— Nix! — a acastanhada tomou um susto, largando o cigarro de palha no cinzeiro. — Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu. E eu preciso de respostas.

Ela carregava consigo o livro marrom escrito em norueguês, que pegou na biblioteca no meio do caminho. Ainda vestia o maiô do clube de natação, mas pouco se importava. A verdade é que ela queria saber o que estava acontecendo consigo, e se não fosse ela a responder suas perguntas, não sabia ao certo quem seria. Estavam presentes na sala Will, Idália e Magno, além da própria Raina Coleman e uma garota loira a qual Nix não conhecia.

A platinada abriu o livro, apontando para uma página qualquer. Tentando manter, num ato falho, a calma, seus dedos batucavam algumas frases. A sua voz estava trêmula, a expressão confusa.

— Primeiro, eu sinto que existe um black out que não deveria existir na minha mente. Tá faltando alguma coisa nela. Aí então todo mundo resolve ficar do meu lado e se tornar amiguinho de alguém que vocês nem sequer sabem a história, de uma pessoa que nem sequer completou sete dias dentro deste lugar. Ai o vento me sopra um nome, assim, do nada, e eu descubro sobre mitologia nórdica. E então esse livro praticamente me chama. Aí a menina se afogou, e um FUCKING BRILHO AZUL SAIU DA MINHA MÃO E DE REPENTE ELA LEVANTA COMO SE NADA TIVESSE ACONTECIDO. Quem é Bergelmir? Por que tudo o que você toca é dourado? Quem são vocês? Por que eu estou aqui? Quem são os 10 e por que eles precisam ser reunidos?

A hora havia chegado. Raina suspirou, indo até Eriksen e tirando o livro de suas mãos, com calma. Tocou em seu ombro, guiando-a entre o espaço ali despojado.

— Sente-se, Nix. Nós iremos te contar tudo o que aconteceu. — ela falou, apontando para o sofá, indo até lá com ela. Nix se sentou, recebendo de Idália um copo d'água.

E foi então que a platinada descobriu tudo sobre si.


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Notas finais do capítulo

É agora que Nix descobre a sua verdadeira essência!



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