Nevasca escrita por Feer


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Idália é uma personagem queridíssima de Thaysa, outra queridíssima ♥



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Nix não julgava as pessoas sem antes conhecê-las, mas não sabia se estava de precipitando em pensar que elas pareciam ser legais. Algo em seu interior lhe dizia que elas eram. Raina tinha atitude — uma qualidade muito comum à Nix, que admirava pessoas que eram capazes de bater o martelo e dizer em voz alta o que iriam fazer e o que queriam. Já Lynae tinha um certo olhar místico, que lhe remetia a mistério. A platinada também não era um livro aberto — e gostava de quem prezava por seus segredos. Não era conveniente sair por aí contando tudo sobre sua vida a todo momento. Embora o estilo lobo solitário lhe fizesse mais sentido, Eriksen sabia que tinha que ter pessoas ao seu lado, mesmo que preferisse a solidão por diversas vezes. 

 

O castelo era segmentado em duas construções: a primeira, onde estavam, que era o perímetro do palácio, ficando envolta da segunda, como uma proteção. Já a do meio lembrava um núcleo, e era ali onde ficavam alojados os professores e onde ocorriam as aulas. Entre as duas construções havia um belo jardim, tanto como caminhos em pedras indicando as portas de entrada e saída. Havia também alguns espaços abertos que serviam como passagem na construção exterior, facilitando a ida até o restante do terreno. 

 

A veterana mostrou o castelo "exterior" primeiro, que era voltado para dormitórios e áreas de lazer, como uma sala de jogos e até mesmo um mini-cinema. Cômodos relacionados à alimentação também ficavam lá, como o salão principal e a cozinha. Os dormitórios ficavam nos andares de cima. No lado de fora havia um enorme ginásio, que possuía não apenas quadras como também uma grande piscina. O que chamava atenção era a grande área verde aos arredores. Eles tinham como uma espécie de floresta dentro de seu extenso território, e Nix podia até mesmo dizer que havia certa energia diferente proveniente de lá. 

 

— Estão vendo aquele galpão abandonado? É lá onde fazemos as nossas festinhas. — anunciou apontando a cabeça em direção a uma pequena construção afastada enquanto já voltava para dentro do castelo, desta vez passando por uma das passagens que as levaram direto para o prédio central. 

 

Raina prosseguiu com a sua tour, terminando de mostrar as salas de aula comuns e específicas. Nix franziu o cenho ao ver a quantidade de atividades que eram exercidas ali, e o que mais lhe chamou atenção foi o fato de não ter encontrado nenhum aluno sequer até então. Parecia que o trio estava sozinho, perambulando sem rumo em um castelo abandonado, recém reformado para venda. 

 

A última parada foi o auditório principal. Já era possível encontrar alguns humanos jogados em poltronas ali. "Ótimo. Agora sim isso parece uma escola". As meninas sentaram-se no fundo, optando por não chamarem muita atenção. Durante este tempo de descobertas de locais, não paparicaram muito. Não tiveram tempo, já que Raina havia sido bem rápida com sua visita guiada. Entretanto, foi só sentarem-se que a curiosidade dela parecia ter desperto. 

 

— E então. De onde vocês são? — perguntou observando-as com um grande sorriso, o entusiasmo sendo visto pela primeira vez em seu rosto. 

 

Foi só então que Nix pode perceber o quão linda ela era. A pele impecável combinava com os olhos claros, tanto quanto com o formato mais triangular de seu rosto. Tinha as sobrancelhas arqueadas finas que, junto de seus olhos mais-pra-azul-do-que-pra-verde, dava um ar de "não dou a mínima para você". Assim como Eriksen, ela transmitia um jeito badass. 

 

Teve que piscar antes de responder-lhe. 

 

— Holstein, Berlim. — de fato, a primeira cidade havia sido sua casa durante seus dez primeiros anos de vida. Conhecia como na palma de sua mão o antigo clube, e sentia falta da localização. 

 

— Eu vim da Noruega! — a loira anunciou entusiasmada. Pelo visto, gostava de falar sobre seu país. Eriksen perguntava a si mesma o por que dela ter vindo para a Alemanha, em especial para aquele internato. Talvez não tivesse escolha, talvez seus parentes a tivessem obrigado a estar ali. 

 

Assim como Henry. 

 

— Bacana. Eu sou de Seattle, Estados Unidos. Minha mãe achou melhor eu vir para cá, embora eu quisesse ter ficado lá. 

 

Em questão de segundos o auditório já estava lotado. Uma outra garota se juntou ao grupo, sentando-se ao lado de Raina e puxando conversa como se fossem muito chegadas. Ela era negra, tinha as orbes da mesma cor dos cabelos: pretos. Tinha um sorriso radiante e vestia roupas vibrantes, afirmando sua personalidade extrovertida. 

 

— Raaaaaai!! Você não sabe o que aconteceu. Eu estava com Celeste discutindo sobre— ela própria se interrompeu ao ver que a amiga tinha companhia — Oh, novaras! Olá, tudo bem com vocês? Meu nome é Idália. Rai, você não me falou que tinha companhia!

 

— Se você me deixasse falar... — murmurou a frase com um largo sorriso no rosto, vendo então a outra encolher-se na cadeira, um tanto quanto sem graça. — Ah, Lia. Me desculpe, ok?

 

— Só se você falar a frase mágica...

 

Raina ficou em silêncio por alguns segundos e, revirando os olhos, praguejou:

 

— Raina e Idalia andando de mãos dadas pelo bosque. 

 

Assim que proferiu a frase, Lia lhe deu um abraço bem apertado, o sorriso radiante novamente presente em seu rosto. Nix estranhou o comportamento da garota, que com certeza iria preferir manter no mínimo um metro de distância. Contato físico? Huh. Ela já estava sendo torturada psicologicamente com a prisão, não precisava de tortura física. 

 

As luzes do fundo se apagaram, e pequenos holofotes apontaram para a figura que apareceu no meio do palco, subitamente. Nix ficou boquiaberta logo assim que seus olhos caíram sobre a mulher elegante que sorria para a plateia. 

 

Era impossível descreve-la. A pele escura em contraste com as roupas claras, mas sociais, dava um ar de maturidade excepcional. O corpo num perfeito físico, de dar inveja. Cabelos longos, enrolados, que traziam uma tonalidade escura, com uma mexa branca em sua fronte. Seus olhos... Era o azul mais celestial que havia visto. Poderia jurar por sua vida que ela parecia uma deusa. Os movimentos graciosos que exercia com as mãos lhe acrescentava uma pureza incapaz de ser contestada. E, para melhorar a situação, a sua voz carregava consigo poder. 

 

— Sejam todos bem vindos, meus caros.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! Não se acanhem em comentar!



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