Nevasca escrita por Feer


Capítulo 14
Capítulo 14




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A chegada inesperada da deusa nórdica fez com que o clima entre os semi-deuses ficasse mais pesado. Ainda não sabiam ao certo o que havia acontecido com Freya, já que ela estava trancada na ala hospitalar com Friggs por mais de três horas.

— Já chega. Eu não aguento mais esperar. Eu preciso saber da minha mãe! — Lynae não conseguia mais manter os ânimos calmos.

Ela nunca havia visto a sua figura materna, já que os deuses sempre estão muito ocupados tentando manter a ordem em Asgard e os demais reinos — ao menos, este é o pensamento que lhe ronda desde que descobriu que sua mãe estava viva e era um ser mitológico. Sonhava com o dia em que pudesse abraçá-la, sentir seu cheiro e passar um tempo juntas discutindo sobre a importância de uma bela figura masculina ao seu lado. A primeira vez ao lado de sua mãe nunca tinha sido imaginada de forma trágica.

Ao seu lado, Frank Genovese lhe servia como um ombro amigo. O moreno havia se aproximado dela desde a primeira vez em que se viram — e agora, em um momento difícil para a loira, lá estava ele: segurando sua mão esquerda, servindo-lhe como apoio. Não esperava isso de alguém que não conhecia direito, mas já podia saber que ele era especial, diferente dos demais.

E não estavam sozinhos. Nix Eriksen, Raina Coleman e William Tilney mantinham-se ali, um pouco distraídos com alguma conversa aleatória sobre "onde estão localizados os piercings da Nix". Não importava para ela qual era o assunto discutido entre o trio — apenas a intenção deles de ficarem ao seu lado em um momento crítico já lhe valia mais do que qualquer outro gesto.

— Friggs está cuidando de sua mãe, Lyn. Eu sei que pedir isso é demais, mas tente manter a calma. — Frank apertou um pouco mais forte a mão da loira, acariciando-a com o polegar.

Foi então que a porta do leito se abriu. Morgana saiu de lá, olhando fixamente para a descendente de Freya. Mantinha uma expressão neutra, incapaz de ser lida. A perna de Lynae não parava de tremer — era impossível conter a ansiedade que tomava seu corpo.

— Você pode visitar a sua mãe, criança. Ela está cansada, então não force sua memória. Aproveite o tempo juntas. Aos demais, me acompanhem. Precisamos conversar.

A loira fitou Frank, sorrindo para ele antes se levantar e ir até Friggs. Meneou em positivo com a cabeça, como se aceitasse os termos impostos por ela, e atravessou o vão da porta, entrando no local.

Estava escuro devido às luzes apagadas, o quarto iluminado apenas pelos raios de sol que adentravam pela janela. Imaginou que era melhor para a mãe, já que a luminosidade em excesso poderia irritá-la, talvez. Aproximou-se com cautela, vislumbrando a deusa deitada de maneira glamurosa na cama hospitalar. Ela nem sequer parecia ter sofrido alguma injúria — os longos cabelos lisos tinham um brilho incomum, assim como a pele perfeita não mais carregava marcas de cicatrizes.

Lynae não queria incomodá-la. Os olhos fechados indicavam o que Friggs havia confirmado — embora ela parecesse fisicamente intacta, poderia estar cansada psicologicamente. A loira, que estava próxima do leito de sua mãe, suspirou pesado. Não queria tocar em sua mão para não incomodá-la da mesma forma que queria jogar-se em cima dela e nunca mais a soltar. Optou por apenas se contentar com o estado de saúde dela, dando meia-volta para ir embora.

— Eu sinto sua presença, minha filha.

A voz da mãe fez surgir lágrimas nos olhos de Syn. Com um curto sorriso no rosto, ela virou-se lentamente, encontrando as orbes azuis da mais velha encarando-lhe.

— Não tenha medo, aproxime-se.

E então ela o fez, sentando-se em um banco ao lado da cama. A mão estendida de Freya foi um sinal para que ela a tocasse. Uniu seus dedos aos da mãe, seu coração quase explodia pela boca. 

— Por muito tempo esperei esse momento... E agora você está aqui, na minha frente. Mãe... Mãe, eu...

— Não tens de me dizer nada, minha pequena. — ela interrompeu-a de forma doce, sorrindo para a primogênita. — Eu sei que seu coração carrega diversas perguntas. Responder-lhe-ei, contanto que não chores. A beleza de Freya também é presente nas lágrimas, mas prefiro encarar a minha filha com um doce sorriso em seu semblante.

Ainda sem acreditar que estava diante de sua figura materna, Lynae abriu um largo sorriso, de ponta a ponta, e então engoliu o choro, iniciando uma conversa amena e muito bem aproveitada com a mãe. Um momento que ficará pra sempre em seu coração, aquele que apenas elas duas irão saber.

~

— Acho que a gente ainda vai conseguir ir naquele compromisso que eu comentei mais cedo, só não vamos poder levar a Lynae — William comentou conforme andavam pelos corredores, indo em direção à sala de reuniões.

— Como você ainda consegue pensar em sair sendo que tem uma fucking deusa nórdica entre nós? — Nix comentou, indignada. Deveriam eles aproveitar o momento? Seria algum tipo de sinal?

— Will está certo. Querendo ou não, não é como se Freya fosse ficar amigona nossa e jogar poker com a gente. Pra falar a verdade, acho que mais tarde mesmo ela volta pra Asgard. — Raina proferiu, adentrando na sala com os outros três.

Morgana estava sentada na ponta, com uma feição séria. Frank foi o único que manteve-se calado durante o caminho, sentando-se ao lado de Friggs. Os outros três permaneceram juntos, um pouco mais afastados da deusa. Passado um tempo, todos os semi-deuses já estavam reunidos, em exceção Lynae.

— Irei poupar os detalhes desta vez. Vocês irão à uma missão, muito em breve. Temos uma situação muito delicada aqui, não podemos demorar muito. Frey foi sequestrado, e está sendo mantido em cativeiro por criaturas insolentes. Dentro de alguns dias, vocês irão receber alguns materiais necessários para sua jornada. Assim que eu planejar nossa estratégia, convocarei uma nova reunião. Por hora, estão dispensados. Menos você, Iris.

Nix ficou imaginando para onde iriam. Como deveria ser aquele lugar? Frio e escuro, como uma caverna? Ou estaria Frey sendo mantido como prisioneiro no meio de um deserto? Era impossível saber, ao menos agora. Vendo os demais levantarem, a platinada também o fez, tendo a mão segurada por William.

— O que você quer? — direcionou a pergunta de forma neutra, olhando para trás.

— Você vem com a gente, querida. Suas boas vindas não podem esperar.


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