Nevasca escrita por Feer


Capítulo 13
Capítulo 13




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— Você deveria deixar de ser teimosa.

A ala hospitalar ficava cada vez mais para trás, conforme Nix e Raina andavam até os dormitórios.

— Você deveria parar de se preocupar tanto. Já não me disse que, além da conjuração e o caralho a quatro que posso fazer com o gelo, eu ainda tenho poderes de cura? Então. Daqui a pouco eu vou estar 100%. Aí não tem pra ninguém.

— Eu entendi que você só está com os pulsos ainda queimados. Mas já percebeu que você não consegue fazer muitas coisas sem esse movimento? — ela então girou os pulsos, vendo a platinada revirar os olhos 

Nix tentou imitá-la, mas parou assim que sentiu a dor aguda na região ainda com lesões.

— Viu? Como você vai treinar com a gente se não consegue fazer esse movimento?

— Raina. Eu vou treinar. Independente se eu tiver com pulsos ou não. — ela franziu o cenho, fechando sua expressão.

A acastanhada resolveu não falar mais nada, concordando com a cabeça. Se era isso que ela queria, não podia fazer nada para mudar sua cabeça. Nix era muito teimosa, não havia jeito nenhum que pudesse mudar seu pensamento.

— E a Tyra? — a platinada perguntou, com um sorrisinho de canto.

— O que tem ela?

— Você sabe, Rai. Eu não a vi na ala hospitalar.

— Ah, sim... É, você fez um estrago bonito nela também. Só que a Friggs tem um xodó inexplicável por essa garota, então assim que você desmaiou, a gente te trouxe pra cá e ela curou a Tyra. E antes de você fazer essa cara feia, Friggs deixou bem claro que não ia te ajudar porque você tem que desenvolver sua regeneração celular.

Ela concordou com a cabeça, mesmo achando injusto. Prosseguiram o caminho conversando sobre assuntos aleatório e, ao chegarem na área externa do campus, Nix parou.

— Todos os alunos da escola são semi-deuses? — perguntou, imaginando o quanto de gente poderia achar pelo campo arbóreo.

— Não, não. A princípio o internato ia ser exclusivo para a gente, mas Friggs tem uma paixão doida por ensinar, então ela resolveu acolher geral. Nenhum humano sabe sobre nós, a não ser nossa família biológica e amigos muito próximos, sabe? É meio que impossível você não contar a alguém que você ama sobre quem você realmente é.

Nix então imaginou qual seria a reação de Henry e Pandora ao saberem sobre sua verdadeira essência. Já estava com saudades deles, mas não podia imaginar quando iriam se encontrar novamente.

Prosseguiram o caminho até uma área mais afastada do castelo. Lá estavam todos: Joe, Celeste, Iris, Will, Idalia, Lynae, Uriel, Frank, Tyra, Magno e Friggs/Morgana. Era engraçado como Eriksen não conseguia associar a deusa a seu verdadeiro nome. Talvez quando ela mudasse de aparência pudesse imaginá-la realmente como Friggs, e não Morgana.

— Existe algumas coisinhas básicas que você precisa saber. Em resumo, alguns deuses são melhores do que outros em aspectos específicos. Você e a Idalia, por exemplo. Seus pais são gigantes, o que lhes dão vantagem na resistência. Lynae, Frank e Tyra, por terem poderes psíquicos/de ilusão, são mais evoluídos na parte mental da coisa. O resto de nós temos nossas vantagens em conjuração de poder. Você já percebeu que, em atividades físicas, muito provavelmente você é a última a se cansar? Pois é. Expliquei o motivo.

Ela ficou surpresa com a breve explicação dada por Raina enquanto se aproximavam do grupo. Podia imaginar o quão resistente seria caso treinasse. Talvez fosse a última a ficar de pé em uma árdua batalha? Isso só o tempo poderia lhe responder.

Assim que se uniram aos demais, Friggs e Magno deram início ao treino, após um discurso motivacional feito pela deusa. Juntaram os semi-deuses em dupla, atribuindo um objetivo para cada. A única que não iria praticar era a própria Friggs. Nix caiu com Uriel, e o objetivo da dupla era treinar a conjuração de seus elementos.

— Eu preciso conjurar uma esfera de água, e você deve transformá-la em neve. Pode ser? — perguntou o moreno enquanto se aproximava de Nix.

— Neve? Fácil. — respondeu, arregaçando as mangas de sua blusa.

O rapaz demonstrava facilidade ao conjurar uma esfera perfeita de água. Parecia que já sabia disso há anos — o que fez com que Eriksen erguesse um questionamento em sua mente. Por quanto tempo os demais estavam treinando ali? Quem havia sido o primeiro?

Perdida em pensamentos, ela apenas voltou a realidade após receber a esfera de água em seu rosto, molhando-se.

— Você tá louco?! — perguntou, o susto levado lhe resultou a uma resposta agressiva.

— Acorda, Nix! Você deve se concentrar nos treinos. Pode parecer algo bobo, mas imagina quando você tiver que mover toneladas de neve.

Ela revirou os olhos, concordando mentalmente com ele. Sabia que tinha que aprimorar seus poderes, e não era parada que conseguiria.

Assim que a segunda esfera de água foi conjurada por Uriel, a platinada a transformou em neve. Não havia ficado perfeito, mas com certeza serviria como uma cabeça de um boneco de neve. Ou talvez doesse caso fosse atirado com força em alguém.

Seguiram nesse ritmo por volta de trinta minutos. Ela alterava entre pedras de gelo e bolas de neve, ele inovava nos formatos da água, que era sempre conjurada com uma espécie de película feita com a tensão do elemento. Passavam um tempo ameno juntos — Uriel era um cara gente boa, no fim das contas. Era engraçado, sabia fazer piadas inteligentes com certo cunho maldoso sem perder a feição de bom moço.

— Você tem planos para mais tarde? — ele perguntou, sendo interrompido por William, que apareceu num supetão, como se tivesse surgido das sombras.

— Sim. Nix hoje vai dar uma volta comigo, para um lugar bem especial. Não adianta me dizer não, as surpresas fazem parte do processo de iniciação.

Ela franziu o cenho, confusa. Iniciação? Já estava sendo integrada no grupo dos semi-deuses. O que mais faltava? Teria que fazer algum tipo de ritual bizarro para ser aceita por eles? Ela nem sequer buscava por aceitação — não estava nem aí para os que a repudiavam.

Suas teorias sobre rituais se agravou quando o céu azul tornou-se púrpura, e dele uma irradiação espectral desceu pelo campo, revelando uma mulher alta, loira de olhos azuis, formosa. Vestida com uma peça fina em tom carmesim, a expressão de preocupação em seu rosto lhe diminuía a feição sensual que possuía. Ela exalava luxúria de longe — embora não parecesse estar no humor para. Uma leve aura em um tom róseo podia ser observado por seu corpo, comprovando para Nix que ela não se tratava de uma humana ou uma meio-sangue. Era uma deusa. Era Freya.

Todos pararam para observá-la, surpresos com sua aparição repentina. Lynae correu até a mãe, parando a poucos centímetros dela. A mulher mal conseguiu olhar para a filha direito — suas pálpebras se fecharam instantaneamente e seu corpo foi de encontro à gramínea.

Observando mais de perto, era possível notar os diversos cortes transparentes por sua pele. As olheiras embaixo dos olhos apenas davam indícios de que ela havia passado noites em claro. Possuía um pergaminho em mãos, este que rolou até os pés de Syn quando sua mãe desabou. Correndo até a figura materna, a loira começou a gritar, em desespero:

— ALGUÉM AJUDA!!


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