Nevasca escrita por Feer


Capítulo 15
Capítulo 15




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A noite chegou. Nix estava bem vestida — havia recebido um recado de Raina para que usasse algo elegante. Optou por uma saia longa preta e um cropped azul marinho. Os cabelos perfeitamente escovados escorriam por suas costas, um brilho extremo que apenas comprovava os cuidados que tinha com as madeixas. Lynae não havia voltado da ala hospitalar — sinceramente, Eriksen não imaginava a amiga no quarto até que sua mãe estivesse bem, em Asgard. Morgana não havia contado com ela para a missão — imaginou que gostaria de ficar ao lado de Freya. Nix não a julgava, entretanto, em seu lugar, gostaria de receber o benefício da escolha. Se seu pai estivesse passando por alguma situação parecida, com certeza ela iria adorar socar a cara do filho da puta que o machucou.

Ela já se encontrava no refúgio dos semi-deuses quando recebeu uma nova mensagem de Raina. Desta vez, dizia para que ela fosse até a muralha mais próxima da cidade, com cautela. Revirando os olhos, ergueu-se do sofá confortável, indo para o local indicado nos saltos agulha. Tinha o total controle de seus pés — aprendeu a andar sobre plataformas quando ainda era criança.

— Vocês vão ter que me levar pra um lugar muito foda para que eu não fique de mau humor — comentou assim que avistou Raina e William, tão bem vestidos como ela.

A moça tinha como traje um vestido longo dourado, repleta de acessórios pretos, ornamentando o visual. Os cabelos acastanhados estavam em um penteado de lado, semi-preso, deixando à mostra a orelha esquerda, repleta de brincos. Já o rapaz estava engomadinho em um terno preto, dispondo de uma camisa social roxa. A gravata também era preta, e seus cabelos prosseguiam do mesmo jeito de sempre: um pouco bagunçados naturalmente, como se tivesse ajeitado apenas com algumas passadas de mãos.

— Você veio pra roubar a cena também? — William perguntou, fitando-a dos pés à cabeça.

— "Vista-se para impressionar." Acho que fiz meu trabalho — ela respondeu com um sorrisinho de canto no rosto, voltando a ficar seria — Por que estamos aqui, afinal de contas?

— Vamos dar um rolê em uma das festas mais fodas que está cidade já viu. É clandestina, acontece no sub-solo de uma pousada que você não da nada. Geralmente algumas sub-celebridades dão o ar da graça, mas nós sempre chamamos mais atenção. Sabe como é, né. Essa beleza diferente emanada da gente.

Nix franziu o cenho, tentando absorver o que Coleman havia acabado de dizer. Percebeu instantaneamente como os semi-deuses se destacavam pela multidão. Eles eram mais formosos, tinham uma postura diferente dos demais. Talvez fosse a energia herdada de seus poderes que causasse tal impressão. Ah, sim, no fim das contas, Eriksen até poderia tirar proveito disso. Adorava ser o centro das atrações — quanto mais pessoas lhe admirando, melhor para seu ego.

— E como atravessamos o muro?

— Essa é a melhor parte. Eu vou criar uma camada de sombra que nos deixará invisíveis aos olhos de todos por volta de quinze segundos. E então vocês devem usar os poderes de vocês para passar pelo muro. No meu caso, é só eu me transformar em sombra que já era. — Will falou, preparando-se.

— Certo. — a platinada disse, demonstrando confiança, embora sentisse dentro de si que poderia falhar no ato.

Despreparada, William nem sequer avisou e ja englobou os três em um campo cinzento, que atravessava o muro. Nix observou Raina conjurar uma barra de metal e utilizá-la como apoio para pegar impulso e pular. Observou o rapaz sumindo, deixando em seu lugar um ponto negro, uma sombra, esta que uniu-se ao campo. Por impulso, Eriksen estendeu as mãos para baixo, conjurando rajadas de gelo, que a impulsionaram para cima com força o suficiente para ultrapassar a fronteira materializada. Contudo, não havia pensado em sua queda e, antes que seu corpo estatelasse na gramínea, conjurou embaixo de si um bloco de neve, amortecendo a queda.

— Muito bem, novata. Agora a gente pode ir até o clube — sorridente, Raina tomou a iniciativa, partindo em direção ao centro — E antes que pergunte como vamos atravessar o rio, existe um corredor de terra que contorna a situação. Ali está ele.

Demoraram cerca de 15 minutos até chegarem à pousada Sunset Paradise. Foram atendidos por uma bela senhora, simples, modesta.

— Sejam bem-vindas, crianças. Desejam quantos quartos?

— Reverso — Raina falou, piscando para a mulher. Ergueu o punho, deixando à mostra a única pulseira diferente que tinha no braço, verde fluorescente.

Com um grande sorriso, a senhora apontou para a escadaria fixa que levava ao subsolo. Seguindo os dois colegas, Nix analisava a decoração simples de lugar se tornar luzes extravagantes. Nada conectava o subsolo com o térreo: pessoas muito bem vestidas e cheirosas desfilavam por corredores de mesas, direcionando-se aos locais indicados por garçons vestidos com termos de ultima linha. Ao fundo, uma pista de dança que chamava a atenção pelo jogo de luzes dispostos tanto no chão quanto no teto. Uma cabine de DJ estava colada à parede e, em suas laterais, dois bares se dispunham de bebidas exóticas. A platinada sentou-se com os demais na mesa 16, que possuía mais três lugares vagos.

— Hm, então teremos companhia. É sério que Friggs não sabe sobre essa saidinha? — questionou Nix com curiosidade. Não ligava para regras de bom convívio — sempre foi uma rebelde sem causa.

— Daqui a pouco eles estão chegando. São nossos fornecedores. Disseram que trariam uma pessoa nova hoje para apresentar para a gente. Sobre Friggs, se ela sabe, não se importa, pois nunca comentou nada com a gente — a acastanhada falava enquanto depositava sua atenção nas pessoas, apontando com a cabeça para a mesa 19 — Olha ali. James Franco. Ele gosta de aparecer por aqui de vez em quando. — Raina sorriu para o ator, vendo que ele encarava diretamente a platinada — Você realmente se vestiu para impressionar, querida.

A alemã sorriu, sentindo seu ego inflar por uma fração de segundos — até ver as figuras que se juntaram à mesa. O primeiro era um homem — grande, másculo e barbudo. Ao seu lado havia uma garota latina, de cabelos longos e lisos, castanhos. O olhar dela era sedutor tanto quanto ameaçador. Havia algo a mais na moça, mas não conseguiu distinguir no momento, já que sua atenção foi direto para a terceira pessoa que se uniu à mesa: Pandora.

— O que você está fazendo aqui? — as duas disseram em uníssono, franzindo o cenho.
— Então você anda comprando drogas, Nix Eriksen?

— Então você anda vendendo drogas, Pandora Salvatore?

As duas caíram no riso. Eriksen não gostava de contato físico, portanto decidiu ficar em seu assento, da mesma forma que  a amiga, que tão bem a conhecia.

— Ótimo saber que vocês se conhecem. Nix, este é Carl, um antigo amigo nosso e de Magnus. Pandora é sua assistente, e aparentemente esta é a nova estagiária deles. — Raina falava enquanto William encarava a moça com uma expressão de confusão.

Eles conversaram sobre negócios durante uns 30 minutos. Aparentemente, Carl não era um homem que gostava de perder tempo. Em contra-partida, Pandora divagava em ideias. Um completava o outro. A moça do meio, entretanto, não sabia muito bem a língua inglesa, tampouco alemã, o que dificultava o entendimento, ao menos nos assuntos mais complexos.

— Então, Angelique. De onde você vem? — Raina perguntou enquanto contava o dinheiro que havia trago, passando para Pandora.

— México. Soy mexicana. — comentou, sem desviar o olhar de William.

— Huh, sério. Se vocês dois quiserem ir dar uns pegas, acho que tem uns espaços bem maneiros pra lá — Nix comentou de forma natural, apontando para a pista de dança.

Antes que William pudesse ter tempo de retrucar, quatro rapazes cercaram a mesa. Todos sentados trocavam olhares entre si.

— Os três, para de baixo da mesa. — sussurrou William para os humanos enquanto encarava uma das ameaças.

Estavam sendo atacados. Por quem?


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