Outro alguém escrita por Aislyn


Capítulo 15
Extra III


Notas iniciais do capítulo

Dentre os 5 extras, essa foi a cena que mais gostei de escrever. Miura foi crescendo aos pouquinhos dentro das histórias e se tornou uma personagem muito amorzinho.
Sem falar que estava passando da hora dela ganhar esse voto de confiança!

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/774053/chapter/15

Miura correu para dentro da cafeteria, guardando o celular e procurando o crachá pela bolsa enquanto subia as escadas, apressada. Havia perdido o primeiro ônibus e precisou esperar um bom tempo pelo próximo, o que causou seu atraso no trabalho.

 

Pelo horário, Izumi e Shiroyama haviam saído para o almoço e, com um rápido olhar enquanto passava pelo salão, notou que Katsuya não estava por ali. Ele devia estar organizando alguma papelada no escritório. Precisava ir até lá guardar a bolsa e dar prosseguimento à atividade que o colega fazia, antes de começar a ronda pelo salão.

 

Entrou esbaforida na sala da gerência, não se incomodando em bater na porta, já que nenhum dos chefes estava presente, mas bolsa, crachá e queixo foram ao chão ao ver que um deles estava sim no ambiente. E beijando seu colega de supervisão. Ou melhor, Kazunari-san estava sendo beijado e pressionado contra a mesa, com as mãos de Katsuya em lugares que Miura nunca imaginou que alguém teria tocado no chefe.

 

— Nossa… eu… ahm… o que… – a moça ficou paralisada enquanto o casal se afastava, Mikaru ficando extremamente corado e virando-lhe as costas enquanto Katsuya se postava à sua frente, passando os dedos pelos lábios.

 

— Miura-san… escuta… – Katsuya se aproximou devagar, tentando acalmar a colega antes de explicar, mas foi cortado pela voz de Mikaru.

 

— Entre e feche a porta.

 

A moça obedeceu em modo automático, pensando se seria processada, demitida ou se estaria viva na manhã seguinte. Será que Kazunari-san estava forçando Katsuya a fazer aquilo? Não era provável. O garoto era fisicamente mais forte, conseguiria afastar… Mas dada a posição que os dois estavam, então era Katsuya quem estava forçando o contato? Mas o chefe tinha status e dinheiro o suficiente para assustar e afastar o outro, se assim quisesse. Talvez um acordo… Katsuya estaria vendendo o corpo? Não! Nunca! Ele era um rapaz muito sensato, uma boa pessoa… que precisava de dinheiro para pagar a faculdade…

 

— Pare de pensar em coisas idiotas! – Mikaru ralhou enquanto se aproximava, deixando Miura mais branca que papel. Pela cara que ela fazia era possível notar que confabulava as mais bizarras situações.

 

— Você está assustando ela… e como sabe o que está pensando? – Katsuya negou com um aceno, encaminhando a colega até o sofá, sentando ao seu lado – Quer um pouco de água?

 

— N-não, tudo bem. Não precisa. Eu não vi nada.

 

— É óbvio que viu. – Mikaru ia falar mais, contudo, preferiu ficar quieto após receber um olhar significativo no namorado – Resolva, então.

 

— Miura-san, Mikaru e eu somos namorados. – Katsuya contou com calma e pausadamente, recebendo um aceno afirmativo da moça.

 

— Ah… namorados… – isso explicava muita coisa… – O quê??? – Noriko não conseguiu evitar o grito de surpresa, intercalando olhares entre os dois homens – Nunca! Ok, de você eu até esperava, Katsuya… já te vi lançando olhares e suspirando pelos cantos, mas achei que fosse unilateral… – como um bebê fofo daqueles estava namorando com o chefe carrasco? Era impossível! – Sempre achei que Kazunari-san namorasse alguma modelo ou atriz famosa super magra e alta, de nariz empinado…

 

— Eu sou gay. – Mikaru deu de ombros, como se aquilo fosse óbvio, sentando-se no sofá de frente para a supervisora, notando quando ela abafou um palavrão – É tão chocante assim? Vai entrar em pânico igual o Izumi fez quando descobriu que eu transava? O que eu pareço pra vocês, sinceramente…

 

— Quando isso começou? – a moça se atreveu a perguntar, agora que já estava com a corda no pescoço, que se enforcasse por um bom motivo.

 

— Faz uns quatro ou cinco anos, eu acho… – Katsuya olhou para os dedos, tentando calcular o tempo, pensativo. Não era muito bom em recordar datas.

 

— Cinco? Mas você trabalha aqui tem só… não acredito… Quando eu te apresentei pra ele no início do seu trabalho, vocês já estavam saindo? Você mentiu pra mim?

 

— Desculpe… foi por isso que ele ficou chateado. – Katsuya confessou envergonhado – Eu não contei pra ele que Izumi-san tinha me convidado pra trabalhar aqui.

 

Miura ficou em silêncio um longo instante, tentando juntar as pontas soltas, procurando por detalhes perdidos… era como se estivesse esquecendo alguma coisa. Ergueu o olhar para o chefe à sua frente, depois encarando o rapaz ao seu lado e uma nova pergunta surgiu à sua mente:

 

— Como esse tipo de informação nunca vazou na cafeteria? Não é possível que ninguém tenha notado nenhum deslize antes, nada?! Como vocês conseguem fingir tão bem?

 

— Nós não ficamos nos agarrando a cada cinco segundos como aqueles outros dois fazem. Discrição é importante no meu ramo. Sem falar que eu quase não fico por aqui.

 

— Vocês dois fingem que nem se conhecem direito… são tão formais… não sei se conseguiria se fosse comigo…

 

Katsuya foi solidário com a colega, dando tapinhas em seu ombro, como se aquilo pudesse motivá-la. Entendia sua indignação, mas não podiam sair contando pra todo mundo. Mikaru prezava muito por sua privacidade.

 

— Se está chocada com isso, quer dizer que também não sabe que o Shiro é meu ex? – a pergunta de Mikaru veio num tom zombeteiro, como raramente acontecia, acompanhada de um sorriso de canto. Como esperado, Miura o encarou atônita, aguardando a confirmação que era uma brincadeira.

 

— Minha vida inteira aqui é uma mentira… – Miura soltou outro palavrão baixinho, pensando qual seria a próxima descoberta. Depois do que ouviu ali, tudo era possível.

 

— Agora que sabe nossa situação, espero contar com você pra manter isso em segredo, Miura. – Kazunari pediu após um instante, atraindo novamente a atenção da supervisora – Eu sei que muitos de vocês ainda falam mal de mim pelas costas, mas não quero isso pro Katsuya. Não quero prejudicar o trabalho dele com comentários maldosos sobre ter conseguido a vaga por minha causa. Eu não teria deixado ele ficar se não tivesse mostrado que era capaz.

 

— Entendi… esse assunto não vai sair daqui. Pode contar comigo.

 

— Ótimo. Agradeço a compreensão. – Mikaru se levantou do sofá, ajeitando a camisa enquanto caminhava até a mesa para pegar sua pasta – Vou voltar pro escritório, se precisar de alguma coisa, pode me ligar.

 

Katsuya se despediu do namorado com um ‘até mais tarde’ e então Miura notou o quanto o contato era discreto. A seguir, o rapaz se despediu dela, pois seu turno já havia terminado e ele precisava ir pra casa estudar.

 

Quando ficou sozinha, Miura ocupou seu lugar na mesa de trabalho, suspirando fundo com a mão no coração, que batia loucamente. Foram muitas descobertas para um dia só e tinha certeza que, depois dessa primeira aproximação, outras novidades iriam surgiam. Uma parte de si estava intrigada, curiosa em como esconderam tão bem, em como ninguém nunca os viu juntos fora da cafeteria, e outra parte estava feliz por ter recebido aquele voto de confiança, principalmente por ter vindo de Kazunari. O que levava a outro pensamento e opinião sobre o chefe…

 

— Que bom gosto pra homem!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Outro alguém" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.